24/03/2012

MAIS UM INTERLÚDIO - OS CÓMICOS 323

Novo interlúdio  -  Crónica a publicar no Diário do Sul de 26.3.2012.
Segue-se, hoje mesmo, mais texto de O EROTISMO A NU.


DIÁLOGO DE SURDOS
           
Os dois cafezinhos iam arrefecendo nas chávenas, meio bebidos e meio esquecidos, enquanto eles discutiam animadamente. Dizia UM: – Não percebo, pronto! Não percebo a lógica da coisa! E dizia o OUTRO: – Pois eu acho que é muito fácil de perceber! Se a gente não fizer qualquer coisa, isto nunca mais muda! E a conversa continuava. UM: – Eu até concordo com a ideia de que isto tem de mudar, mas acho que, assim, não muda coisíssima nenhuma! OUTRO: – Eu acho que é a única maneira! Se a gente não se junta para refilar contra estes tipos, eles cada vez nos vão sacando mais e nos vão subtraindo o que tanto nos custou a conseguir! UM: – Está bem, eu também acho que devemos refilar; mas desta maneira é que não! OUTRO: – Qual maneira, não me dirás? UM: – Ora, esta treta da greve! OUTRO: – A greve é uma conquista da Democracia! Faz parte dos sagrados direitos dos trabalhadores! UM: – Pois sim, mas lá por ser um direito, pode acabar por dar para o torto! OUTRO: – Então, tu estás contra a greve? Quer dizer, estás feito com os patrões, é o que é! UM: – Não digas parvoíces! Eu não estou nada feito com os patrões, só que não acho que uma greve resolva seja o que for… OUTRO: – Ora essa! Há para aí uma data de empresas que não pagam os ordenados há três meses! A fábrica onde eu trabalho, por exemplo! Se eu não fizer greve, como é que vou receber os meus ordenados em atraso? UM: – O que me parece é que, fazendo greve, ainda tens menos hipóteses de os receber… OUTRO: – Como assim? UM: – Se o teu patrão não tem dinheiro agora, para te pagar o que te deve, o que é certo é que, por cada dia de greve que façam, tu e os outros trabalhadores lá da fábrica, ele ainda fica mais encravado e com menos dinheiro para pagar seja o que for! OUTRO: – Ora, isso é problema dele! O meu problema é não receber! UM: – E o dele é não ter como pagar… OUTRO: – Estás mesmo feito com ele, não é?... UM: – Eu nem o conheço! Só o que me parece, é que isto das greves não resolve o teu problema, nem o problema de ninguém – e, ainda por cima, por cada dia em que vocês não trabalham, também não recebem, não é? OUTRO: – Sim, lá isso… UM: – Então, fazendo greve, em vez de resolverem o problema, só tornam o problema mais bicudo! OUTRO: – Mas é fazendo greve que mostramos a nossa força! É isso que nos ensinam os nossos amigos sindicalistas! UM: – Então, perguntem aos vossos amigos sindicalistas para que é que serve uma força que dedica um dia a não trabalhar, e depois não tira daí resultado nenhum, a não ser complicar a vida aos que querem trabalhar, para não perderem um dia de salário, que tanta falta lhes faz… OUTRO: – Estás a falar dos fura-greves, esses que não aderem ao movimento destinado a modificar completamente estas políticas que nos levam à ruína? UM: – Não, estou a falar dos que acham que não é por não trabalhar um dia que se resolvem os problemas. OUTRO: – Já vi que não respeitas os sagrados direitos conquistados na justa luta que… UM: – Desculpa interromper-te, mas eu já conheço de cor e salteado esse palavreado que vem nas cartilhas revolucionárias, e que já cheira a bolor… E acho que isso nunca levou a nada, em parte alguma do mundo. OUTRO: – Então, se achas que não devíamos fazer greve, o que é que achas que nós devíamos fazer? UM: – Acho que deviam fazer precisamente o contrário. Olha, por exemplo, oferecer um dia de trabalho, voluntário e gratuito, para ajudar a elevar a economia. OUTRO: – Tu estás maluco ou quê? Isso só ia servir para eles terem mais lucros! UM: – E isso não era bom? Se tivessem mais lucros, podiam pagar os ordenados atrasados… OUTRO: – Nem pensar! Trabalhar um dia, de borla, ou para além do horário, é imoral! UM: – E não trabalhar um dia, para exigir o pagamento do trabalho, é o quê?
Como os cafezinhos já estavam frios, UM e OUTRO mandaram então vir duas minis…          

O EROTISMO A NU - De "LUPANAR" a "MUDANÇA DE SEXO"

LUPANAR – É uma designação, menos usual, para “prostíbulo” ou “bordel” – mas significa o mesmo: lugar onde se pratica a prostituição. Mais especificamente, pode ser o lugar arranjado pela alcoviteira para encontros amorosos.

LUVA – Peça de vestuário que serve para cobrir ou proteger a mão. Mas também pode significar (no plural, luvas) uma retribuição ou gratificação extra, por qualquer serviço prestado, ou como recompensa por algum acto que mereça reconhecimento – sendo que, neste caso, se trata de uma acção ilegal e, frequentemente, contrário à moral. “Assentar (ou cair) como uma luva” significa “ajustar-se perfeitamente”. “Atirar a luva” significa “desafiar”, e tem origem nos hábitos medievais, em que o cavaleiro lançava a sua manopla àquele a quem desafiava para uma luta, e, se este a apanhava, isso significava que aceitava o desafio. Nos tempos actuais, estes hábitos caíram em desuso, mas ainda existem muitas luvas especiais, como, por exemplo, as “luvas de boxe”, as “luvas cirúrgicas”, e a “luva branca”, que define uma atitude requintada, cheia de tacto e delicadeza. “Afagar com luva” significa masturbar

LUXO – Ostentação. Maneira de viver em que se mostram sinais de riqueza, abundância de aspectos requintados e caros, e grande profusão de elementos faustosos e supérfluos. Por vezes, as manifestações de luxo destinam-se apenas a criar sentimentos de inveja. Outras vezes, porém, pretendem aliciar as outras pessoas, acenando-lhes com a possibilidade de partilharem um tipo de vida deslumbrante, um ambiente amável e rico em que elas gostariam de viver, atraindo-as assim, habilidosamente, para uma aproximação que não é mais do que uma manobra de sedução.

LUXÚRIA – Comportamento sem regras, em tudo o que se refere ao sexo, demonstrando um apetite sexual desmedido. Abandono completo aos chamados “pecados da carne”, através de uma sensualidade exagerada. De acordo com a doutrina cristã, a luxúria é um dos sete pecados capitais – mas, curiosamente, um dos mais praticados, talvez por ser um dos mais agradáveis e fascinantes, entre todos os que os homens e as mulheres conhecem... Como tema literário, a luxúria foi glosada, em prosa e em verso, por inúmeros autores, alguns deles famosos, outros nem tanto. E, também, por letristas de canções – como, por exemplo, aquela que, sob esse mesmo título (“A Luxúria”), foi composta por Isabella Taviani para a novela da Globo “Sete Pecados”:

Dobro os joelhos
Quando você me pega, me amassa, me quebra
Me usa demais
Perco as rédeas
Quando você demora, devora, implora sempre por mais
Eu sou navalha cortando na carne
Eu sou a boca que a língua invade
Sou o desejo maldito e bendito, profano e covarde
Desfaça assim de mim
Que eu gosto e desgosto, me dobro
Nem lhe cobro, rapaz
Ordene e não peça
Muito me interessa a sua potência, seu calibre e seu gás
Sou o encaixe, o lacre violado
E tantas pernas por todos os lados
Eu sou o preço cobrado e bem pago
Eu sou um pecado capital
Eu quero é derrapar nas curvas do seu corpo
Surpreender seus movimentos
Virar o jogo
Quero beber o que dele escorre pela pele
E nunca mais esfriar minha febre

MAMAS – É terrível ter que definir, do ponto de vista anatómico, estas partes do corpo humano, que existem tanto nos homens como nas mulheres, embora, neles, tenham uma importância muito relativa. Na verdade, explicar que a mama é um "órgão glandular característico dos mamíferos, capaz de segregar leite", é tirar-lhe todo o encanto que ela tem. Ainda pior é esta outra definição, que diz ser a mama "cada uma das duas projecções hemisféricas situadas sobre a camada subcutânea por cima do músculo peitoral maior". Perante este palavreado tão técnico, até pode desaparecer por completo o impulso, que parece ser inato na maioria dos homens, e em muitas mulheres, para agarrar, apalpar, acariciar umas mamas bem modeladas, rijas e firmes. De notar que se fala delas, quase sempre, no plural: isto porque uma mama, sozinha, tem pouco interesse ou nenhum; um par de mamas, pelo contrário, é um fortíssimo excitante sexual, que pode ser usado de variadas formas, nos jogos eróticos. Claro que as mamas servem para mamar, acto que está longe de ficar reservado apenas aos bebés. Estes mamam para obter leite, ao passo que os adultos mamam para obter prazer, embora, segundo os psicanalistas, se trate de um prazer que remete para as recordações da primeira infância. De qualquer forma, as mamas são um dos atractivos mais salientes do corpo das mulheres, tão importante como o rabo, ou superior a este, dependendo das preferências de cada um.
Por analogia de formas, as mamas também são designadas por nomes que as comparam a certas frutas, como, por exemplo, "marmelos", e outros.
Uma mamada é a quantidade de leite que se mama de cada vez – mas, num significado mais abrangente, este termo pode designar um fellatio, também vulgarmente designado por broche. São palavras não muito elegantes, mas muito frequentes na linguagem corrente – tão frequentes como os actos a que se referem, e que se praticam aí por todo o lado, e a toda a hora. 

MAQUILHAGEM – Conjunto de produtos cosméticos que se aplicam para embelezar e disfarçar pormenores do aspecto físico. As rugas podem ser disfarçadas, as estrias eliminadas, os sinais da pele apagados, os olhos valorizados, as pestanas e sobrancelhas retocadas. São inúmeros os produtos de maquilhagem existentes no mercado (que é um rico mercado, deve dizer-se), e que incluem cremes, loções, tintas, tratamentos sofisticados como o botox e outros, caros e aplicados em estabelecimentos também caros. No fim de todas essas operações, com uma maquilhagem bem feita, uma pessoa velha pode iludir quem a vê, aparentando uma idade muito inferior à real. O pior é quando chega a altura de usar os produtos desmaquilhantes e aparece, por trás da linda máscara desfeita, uma imagem que mete medo.

MARMELADA – Em Culinária, é um doce obtido a partir dos marmelos. No mundo dos negócios, uma marmelada é uma combinação através da qual se aldraba o resultado de um negócio ou de um jogo, de um concurso, de um combate de box ou de um desafio de futebol. Porém, no sentido que mais nos interessa, a marmelada designa uma troca de intimidades e de carícias mais ou menos atrevidas, sem chegar aos limites mais sérios. É o que fazem os namorados quando se apanham sozinhos, na comodidade de um sofá ou de um banco de automóvel. Os ingleses chamam a isso petting em vez de marmelada, talvez porque entre eles seja mais consumido o doce de framboesas, em vez do doce dos nossos marmelos, que nós, por cá, tão bem conhecemos. 

MASOQUISMO – Modalidade sexual da algolagnia passiva, baseada na obtenção do prazer a partir do sofrimento ou da humilhação, conforme se descreve em cenas de livros do conde Leopold von Sacher-Masoch, de cujo nome deriva a palavra. Os masoquistas só dificilmente conseguem atingir um clímax, a não ser quando são maltratados ou aviltados. Do cenário habitual do masoquismo fazem parte roupas de couro, usadas pela parceira ou parceiro dominante, e acessórios como chicotes, coleiras, correntes e instrumentos de tortura para castigar o dominado, o passivo, o qual se comporta de forma subserviente e rasteira, prestando-se obedientemente aos caprichos mais cruéis, como rastejar, lamber servilmente as botas de quem o domina, e cumprir todas as suas ordens.

MASTURBAÇÃO – Manipulação dos órgãos genitais, com a intenção de atingir o orgasmo. Nos homens, trata-se de manipular o pénis em movimentos de vai-vem, até ao clímax. Nas mulheres, o clítoris é acariciado e esfregado, com a mão ou com um instrumento apropriado (por exemplo, um vibrador). A masturbação é uma forma alternativa de praticar sexo sem os incómodos e os perigos de uma penetração, que pode não ser desejada, por vários motivos. A masturbação mútua, entre pares hetero ou homossexuais, é uma prática comum. Durante muito tempo, acreditou-se que a masturbação, especialmente a dos rapazes, e que é natural quando atingem a puberdade e começam a descobrir o corpo e os prazeres que este pode proporcionar, acarretaria doenças terríveis, além de, por exemplo, o nascimento de pêlos nas palmas das mãos... Era a consequência de preconceitos morais inculcados pela ignorância e pela religião. As penitências medievais impostas aos masturbadores, e em particular aos religiosos, eram assustadoras. São Tomás de Aquino considerava este pecado mais grave que a fornicação. Actualmente, o fenómeno é encarado com naturalidade e, mesmo, como uma forma de aliviar tensões, particularmente quando os indivíduos estão em situações de isolamento (prisões, navios, etc.). Mas já em tempos mais antigos foi considerado normal e corrente: conta-se que Diógenes e os seus discípulos se masturbavam nas praças de Atenas.

MATRIMÓNIO – Durante séculos, os dicionários definiam matrimónio ou o seu sinónimo casamento como "vínculo conjugal entre um homem e uma mulher". Com a evolução dos tempos, dos costumes, da moral e da sexualidade, foi necessário corrigir e actualizar o conceito, já que o casamento pode, actualmente, e em certos países, ser celebrado, também, entre indivíduos do mesmo sexo. Alguns cínicos definem o matrimónio como "cerimónia preparatória para o divórcio"...

MEMBRO – Nas suas definições mais inocentes, um membro pode ser uma destas duas coisas: ou um dos quatro apêndices mais evidentes no corpo humano, chamando-se braços aos membros superiores e pernas aos membros inferiores; ou o filiado num clube, grupo social, família ou associação com interesses comuns. Numa definição mais conotada com aspectos sexuais, chama-se membro ao outro apêndice (o quinto), evidente no corpo dos homens, ou seja, o pénis, também conhecido como "membro genital" ou "membro viril". Enquanto os outros 4 membros servem, respectivamente, para uma pessoa mexer (os braços) e se mexer (as pernas), este outro membro serve, por uma curiosa poupança da Natureza, para duas funções tão diferentes como urinar e fazer meninos...

MÉNAGE-À-TROIS – Arranjo segundo o qual três pessoas partilham a mesma casa e, especialmente, a mesma cama. A situação clássica envolve um marido, uma mulher e um (ou uma) amante, todos praticando sexo alegremente, uns com os outros, sem complexos e sem ciúmes. É uma situação mais frequentemente praticada do que geralmente se pensa e, para os que a vivem, pode ser muito agradável, pelo menos até surgirem as primeiras zangas e o ménage passar a ser à-deux... ou à-un...

MENOPAUSA – É uma fase difícil na vida da mulher, quando se dá a interrupção fisiológica dos seus ciclos menstruais. Os ovários deixam de segregar a sua secreção hormonal e a mulher já não pode conceber. Isto provoca, por vezes, alguns problemas psíquicos. A mulher sente que está a envelhecer e isso perturba-a. No entanto, há fenómenos curiosos ligados à menstruação, como os casos de mulheres frígidas que se tornam subitamente apaixonadas, ou de mulheres muito sensuais que se desinteressam do sexo. Também, por vezes, ressurgem nesta fase tendências homossexuais escondidas desde a puberdade. Com o tempo, tudo volta a acalmar e, para muitas mulheres, a consciência de que não vão poder engravidar torna-as bem mais atrevidas do que jamais tinham sido até então.

MENSTRUAÇÃO – Também chamada "regras" ou, popularmente, "a história", trata-se de um fenómeno fisiológico ligado à função de reprodução, que se manifesta nas mulheres, desde a puberdade até à menopausa, e que consiste num derramamento sanguíneo de origem uterina, que se repete por períodos de cerca de 4 semanas. Depois de uma ovulação, ou seja, do período em que a mulher está fértil, a menstruação é o sinal de que o óvulo não foi fecundado. Manteve-se, durante muito tempo, a ideia de que não deveria haver relações sexuais durante a menstruação, mas, para além dos aspectos higiénicos e estéticos, não há, na verdade, nenhuma contra-indicação nesse sentido. Aliás, durante este período, os instintos sexuais da mulher até se intensificam.

MESTIÇO – Pessoa que provém do cruzamento de pais de raças diferentes. Os mestiços podem subdividir-se em variadíssimas classes ou categorias, conforme as raças que se misturaram para os fazer nascer: branco com negra, ou negro com branca (resultando em mulato), índio com branca, mulato com branca, etc. À medida que os cruzamentos se vão sucedendo, misturando os genes e diluindo as características próprias de cada raça, surgem outras sub-classes, entre as quais se contam as "cabritas", as "cabrochas" e outras, com diferenças mais fortes ou mais ligeiras, quanto aos tons de pele – mas, geralmente, quanto mais misturadas, mais bonitas e sensuais são essas pessoas.

MESSALINA – Era o nome da mulher do imperador romano Cláudio, que se tornou famosa pela sua vida dissoluta e libertina. Teve inúmeros amantes: da longa lista fizeram parte Políbio, homem de confiança do imperador; o seu sobrinho Vinícius; Vitélio, antigo governador da Síria; Traulus Montanus, que ela mandou matar; Calixto, antigo secretário de Calígula; Myron, que depois de assassinar Políbio foi envenenado à sua ordem; etc. Não desdenhava os gladiadores nem os pescadores, e diz a lenda que esteve numa casa pública, tomando o lugar de uma prostituta. Repelida por Valerius Asiaticus, que se cobrira de glória na Bretanha, fê-lo condenar por Cláudio ao suicídio. Acabou por ficar freneticamente apaixonada pelo jovem Caius Silius, a quem incutiu a ideia de matar o imperador para casar com ela. Como resultado desta sua imagem, o seu nome aplica-se às meretrizes, nome mais ou menos erudito que se dá às prostitutas. Messalina acabou por ser mandada executar pelo marido, não tanto por causa da sua devassidão, mas por ter tentado assassiná-lo.

MINI-SAIA – Genial invenção, lançada em França, nos anos 60 do século XX, pela inglesa Mary Quant, e que veio revolucionar a moda dessa época. Com a nova forma de vestir dos jovens (foi, também, a época dos "jeans", das calças à boca de sino, etc.) o aspecto visual das pessoas de todo o mundo levou então uma grande volta – além da volta que deram as cabeças dos homens dessa época, cada vez que viam passar umas belas pernas, audaciosamente descobertas por uma mini (por vezes "micro") saia bem atrevida...

MISSA NEGRA – Simulacro perverso da missa tradicional, cuja origem provém das homenagens prestadas ao Diabo por diversas seitas heréticas. Remonta provavelmente a antigas cerimónias pagãs, como as bacanais e outras, que se mantiveram no Ocidente cristão até cerca do século X. Segundo alguns historiadores, a missa negra representava uma reacção contra a opressão da Igreja e dos seus senhores de então. Com algumas variantes, seguia aproximadamente os passos da missa católica, mas adaptados ao culto demoníaco. O formoso corpo nu de Madame de Montespan, amante do rei Luís XIV, de quem teve 7 filhos, e mulher ardilosa e ousada, teria servido de altar, sobre o qual teriam sido celebradas práticas sexuais violentas e cerimónias sádicas terríveis. Mais tarde, as missas negras passaram a simples pretextos para reuniões, mais ou menos secretas, em clubes privados, reservadas a uma elite de consumidores de drogas, pervertidos sexuais e amantes do insólito.

MISSIONÁRIO – Evangelizador, normalmente destacado para ir prégar junto dos povos pagãos, tentando convertê-los à sua religião. À primeira vista, é difícil descobrir a relação entre estas pessoas e uma das posições sexuais mais populares e mais praticadas – a posição do "missionário" – mas, na verdade, o nome justifica-se, porque eram os missionários, pelo menos os mais ousados, capazes de se atreverem a abordar tais assuntos, que recomendavam essa posição como a mais favorável à concepção dos filhos. Não se sabe onde eles teriam ido colher estes ensinamentos (uma vez que, como missionários, supunha-se que não deveriam saber nada sobre sexo...). De qualquer forma, a posição de missionário é aquela em que o homem está deitado de frente sobre a mulher, que está de costas, com as pernas abertas, para facilitar a penetração. Não será uma posição particularmente erótica, mas é cómoda.

MONOGAMIA – Estado matrimonial, ou de união de facto, implicando apenas dois parceiros, por oposição à poligamia, em que são admitidos vários, sendo que, na maioria dos países, esta é ilegal. Apesar de ser a monogamia a situação considerada tradicionalmente como normal, não corresponde ao que seria mais natural acontecer. Biologicamente, nem o homem nem a mulher são monogâmicos, embora uma boa parte das mulheres tenha uma tendência maior para a monogamia. É evidente que esta apresenta grandes vantagens sociais e emocionais, para a estabilidade do lar e a criação dos filhos. Mas as "escapadinhas" que acontecem frequentemente são a resposta a uma certa monotonia que a vida a dois acaba por provocar, ao fim de algum tempo de vida em comum, sempre com a mesma pessoa.          

MONTE DE VÉNUS – Designa, na mulher, a pequena "almofada" que recobre a face anterior do púbis, entre as duas pregas inguinais. Vulgarmente, chama-se-lhe por extensão púbis, e cobre-se de pêlos púbicos na puberdade. Em baixo, confunde-se com a origem dos grandes lábios. Destina-se a proteger o clítoris contra os golpes do púbis masculino, durante o coito. Quanto aos pêlos púbicos que o ornamentam, podem ser raros ou formar um matagal espesso, havendo admiradores masculinos para ambas as modalidades e, ainda, para a modalidade rapada, totalmente ou deixando pêlos suficientes para desenhar formas como um coração, uma seta, etc.

MORAL – Conjunto de regras que dirigem a actividade livre dos homens e das mulheres, mostrando-lhes que têm deveres e direitos, e quais eles são. Não existe uma moral genérica, aplicável a tudo: cada um tem a sua própria moral, embora influenciada pelo meio cultural, pela sociedade, pelos costumes, pela religião e por outros factores externos. Acontece com a moral sexual que a sua formulação depende desses factores, aplicando-se-lhe o princípio de que "cada um é livre de fazer sexo como quiser e lhe der prazer, desde que não entre em choque com a forma de fazer sexo dos outros".

MORDIDELA – Uma dentadinha pode ser um estimulante precioso, nos preliminares de um acto sexual, ou durante este. O seu efeito depende, no entanto, de vários factores: do local onde se morde (orelha, mamilo, clítoris, pénis, nádega); da intensidade (se for violenta, pode magoar e fazer parar imediatamente a acção); e de a pessoa mordida ser ou não sensível a tais estímulos, que nem toda a gente aprecia. Um conselho: morder devagarinho e com meiguice.

MUDANÇA DE SEXO – Há pessoas que nascem homens mas que, física e psicologicamente, se sentem e reagem como se fossem mulheres. O inverso também acontece, naturalmente: mulheres que apresentam características nitidamente masculinas e, portanto, não se sentem bem como mulheres. Uns e outras acabam, muitas vezes, por pedir ajuda cirúrgica para modificarem os seus corpos, de maneira a passarem a aparentar o sexo em que se sentem mais à vontade. Deve dizer-se, no entanto, que a modificação não significa uma transformação radical, completa, em que os respectivos órgãos sexuais sejam perfeitamente transformados e adaptados para o novo estado. São feitas operações muito delicadas, de remoção de pénis, construção de falsas vaginas, desenvolvimento de clítoris para simular o órgão masculino, etc., Mas a mudança sempre acaba por ser mais psicológica do que física, embora haja casos notáveis, com resultados capazes de iludir completamente quem não esteja prevenido.

21/03/2012

O EROTISMO A NU - De "LENÇOL" a "LÚDICO"

LENÇOL – Peça de pano que cobre o colchão da cama, completada com outro, idêntico, que cobre o corpo da pessoa deitada, e o separa dos cobertores ou mantas. O lençol tem ainda um importante papel nos jogos eróticos: é com ele que se tapam, ou destapam, as partes do corpo que convém, momentaneamente, esconder ou revelar; é muitas vezes com ele que se enrola o corpo para ir até à casa de banho; e, em certos casamentos convencionais, é nele que fica registada a prova de virgindade da noiva (v. hímen e virgem).

LÉSBICA -  Mulher com atracção sexual dominante por outras mulheres (o nome tem origem na ilha grega de Lesbos). A homossexualidade feminina manifesta-se, em geral, desde a infância, através dos jogos eróticos preferencialmente praticados com outras raparigas. Não se trata de um desvio ou aberração, como se pensou durante muito tempo, mas de uma tendência, independente da vontade – embora certos psicólogos falem do lesbianismo como um mecanismo de fuga em relação às responsabilidades que acompanham o casamento e a maternidade. Muitas lésbicas escondem essa tendência, podendo mesmo casar-se, ou ter relações com homens, o que, afinal, as transforma em bissexuais. As que assumem a sua condição, escolhendo uma parceira com a qual formam um par idêntico a um casal heterossexual, acabam, normalmente, por ser aceites socialmente, tal como acontece com os casais homossexuais formados por dois homens. Mas, curiosamente, no caso das lésbicas, a sua situação costuma ser admitida com maior facilidade. O mais que lhes acontece é serem referidas como “aquelas duas fufas”... Nestes casais, por vezes, uma delas manifesta características de tipo mais viril, sendo o elemento dominante. As técnicas do lesbianismo incluem beijos, carícias manuais sobre os corpos, particularmente sobre os seios e o clítoris, masturbação mútua, cunnilinctus, imitação do coito por fricção dos clítoris (tribadismo) e, menos frequentemente, utilização de pénis artificiais (olisbos). Também é relativamente frequente a prática sexual a três, com a inclusão de um homem, ou de outra mulher, nos jogos eróticos.

LÉU – “Andar ao léu” ou “andar no laréu” significa “andar na vadiagem”, ou “andar nu”. Ou seja, trata-se de uma situação que, para muita gente, é muitíssimo agradável. E para quem observa, também!...

LEVAR – Gramaticalmente, pode significar “transportar”, “deslocar”, “conduzir”, etc. Mas, em sentido figurado mais livre, pode ter outros significados. “Levar pancada” é um deles – e dói. “Levar a mal” é outro. “Levar água no bico”, mais um. “Levar couro e cabelo” ou o seu equivalente, “levar muito caro”, não fazem ninguém feliz. “Levar a melhor” é o que toda a gente quer. “Ser levado do diabo” pode ser irritante. Mas, dentro do âmbito do Erotismo, a pior coisa que pode acontecer a uma pessoa é encontrar outra em quem julga poder confiar e que, afinal, é capaz de a “levar à certa”... Em linguagem popular, diz-se de um homossexual passivo que “leva no cu”.

LIBERDADE – Condição de uma pessoa poder dispor de si. Do ponto de vista do Erotismo, a liberdade sexual significa a possibilidade de cada um gozar o sexo da forma que achar mais agradável e mais gratificante. A única limitação admissível é a mesma que se aplica a todas as liberdades: é preciso que a sua prática não prejudique nem agrida outras pessoas. Esta condição é mais difícil de cumprir do que parece à primeira vista. Um exemplo entre vários: dois homossexuais podem achar que têm liberdade para se beijarem em público. No entanto, pode acontecer que, na terra onde o fazem, exista uma lei local que proíba essa manifestação de amor. Ou que, mesmo sem haver qualquer lei restritiva, as pessoas que assistam a esse acto o achem chocante, segundo os seus parâmetros morais. Estas limitações tornam impossível (tanto na primeira restrição como na segunda) afirmar que existe verdadeira liberdade, no caso apresentado como exemplo.

LIBERTINO – Aquele que não se sujeita, nem às crenças nem às práticas comuns, tanto no aspecto religioso como no sexual. Na sua vida amorosa, o libertino não se preocupa com aspectos sentimentais, não dá qualquer importância ao amor romanesco, e ainda menos a questões de continuação da espécie – mas sim, quase exclusivamente, à satisfação do seu próprio prazer. A figura de Casanova é geralmente referida como o exemplo mais paradigmático do perfeito libertino. Ele é considerado um modelo, do ponto de vista histórico, que continua a ser seguido entusiasticamente por homens de todas as épocas e de todos os países.

LÍBIDO – É a energia que leva à procura do prazer erótico. Engloba tudo o que tem a ver com o apetite sexual, desde a imaginação, em tudo o que nela se relaciona com a sensualidade, até às emoções provocadas por estímulos exteriores de todo o tipo. Em psicanálise, analisa-se a líbido e a sua energia segundo dois tipos de nevróticos, o introvertido e o extrovertido, conforme a resposta de cada um aos seus instintos. Uma íibido forte, mas recalcada por receio dos preconceitos e da censura alheia, pode dar origem a explosões sexuais inesperadas.

LICENCIOSIDADE – O mesmo que libertinagem. Desregramento em questões de sexo. Depravação, devassidão. Aquilo que as pessoas mais conservadoras recriminam noutras que, praticando livremente o amor, sem se preocuparem com regras, morais ou outras, visam apenas a satisfação dos seus instintos.

LIGA – Fita, geralmente elástica, que serve para apertar a meia à perna. Nos tempos em que o corpo feminino andava geralmente muito tapado, a visão fugaz de uma liga, quando o vento ou uma distracção momentânea erguiam as saias, excitava extraordinariamente os homens, que, através daquela visão, imaginavam tudo o resto que ficava escondido. Retirar delicadamente a liga de uma mulher era, para o homem que tinha esse privilégio, um acto altamente erótico. Tudo isto se devia ao mistério que então constituíam as partes escondidas do corpo feminino. Havia ligas muito ricas e trabalhadas, com rendas e enfeites variados, que serviam, precisamente, para aumentar a excitação através da sua descoberta. Só as mulheres modestas, de hábitos mais severamente reprimidos, usavam ligas pobres e sem graça, que não tinham qualquer papel erotisante, limitando-se à sua função prática de segurar as meias. Curiosamente, nos casamentos modernos, instalou-se o hábito um pouco ridículo de fazer o leilão da liga da noiva – mas nada que tenha a ver com cenas devassas: trata-se, apenas, de arranjar, por esse meio, dinheiro para ajudar a pagar a lua-de-mel...

LIGAÇÃO – Em qualquer sentido da palavra, significa “união”. No sentido que nos interessa, falamos da união entre duas pessoas, que mantêm, assim, uma ligação de tipo físico, sentimental, ou ambos. A palavra pode aplicar-se, naturalmente, a um casamento – mas o sentido mais comum vai para um tipo de união menos formal. Quando se diz “eles têm uma ligação”, isso equivale a dizer “eles não são casados, mas dormem um com o outro”. 

LINDO – Bonito, airoso, agradável, formoso... e mais uma dezena de outros sinónimos, que, quando aplicados a uma pessoa, significam admiração por ela. Quando um homem diz a uma mulher: “Estás linda!”, isso significa, muitas vezes, que ela passou uma boa hora a maquilhar-se. Quando uma mulher diz a um homem: “Estás lindo!”, isso pode significar, por vezes, que ele está num estado lastimável...

LINGERIE – Conjunto de roupas interiores, destinadas a valorizar o corpo, realçando as partes mais apetitosas e velando outras partes que convém manter num certo mistério. É imensa a variedade de peças de lingerie que estão à disposição de quem queira realçar os seus atributos físicos, excitando o parceiro através da exibição do corpo. Numa lista, sempre incompleta, podem citar-se as seguintes peças de lingerie: baby-dolls, bikinis, bodies, camisas de noite, catsuits, cintos de ligas, collants, combinações, corpetes, cuecas, espartilhos, fios dentais, kimonos, ligas, luvas, robes, shirts, shorts, sutiãs, strings, tangas, tomara-que-caia, topes – e uma infinidade de outras peças que tapam e destapam os corpos, tornando-os mais desejáveis.

LÍNGUA – Órgão musculoso, móvel, existente na boca, e que serve para deglutir, para falar e, ainda, para certas acções eróticas específicas (v. cunnilinctus, fellatio, lamber). Também pode significar “idioma”. Faz parte de expressões, algumas pitorescas, como “língua de palmo”, “língua materna”, “língua morta”, “língua viperina”, “língua de trapos”, “não ter papas na língua”, “puxar pela língua”, etc. Uma pessoa linguareira é aquela que usa a língua para espalhar palavras inconvenientes. Uma "língua-de-gato" é uma espécie de biscoitinho, e uma "língua-da-sogra" é algo que todos os genros detestam. As gerações mais antigas tendiam a pensar que o uso da língua para fins eróticos era pouco dignificante para um homem; mas a popularidade, cada vez maior, do "sexo oral" veio modificar essas ideias e, assim, a língua passou a ser considerada um órgão essencial nas relações amorosas actuais.  

LINGUADO – Peixe da família dos pleuronectídios, muito apreciado, especialmente quando é bem grelhado e temperado com manteiga. Mas a palavra tem outros significados. Também se dá o nome de linguado a uma tira de papel em que os escritores e os jornalistas escreviam os seus textos, antes de começarem a redigi-los directamente nos computadores, como acontece actualmente. Mas, no contexto que nos interessa abordar, aquilo a que se chama linguado é um beijo libidinoso, em que as línguas dos intervenientes se tocam e enroscam mutuamente, causando prazer erótico aos dois.

LISONJEAR – Elogiar, com algum exagero e, geralmente, com uma segunda intenção. Louvar de forma fingida, para obter alguma vantagem. É o que faz, por exemplo, o homem que diz, para uma mulher: “Os seus seios são lindíssimos!...” com a esperança de que ela lhos mostre e os deixe acariciar...

LIVRE – Diz-se de alguém que tem liberdade, que tem independência – e isso aplica-se, tanto a um país que não está sujeito à soberania de outro país, como a uma pessoa que não está constrangida por um contrato de casamento, ou semelhante, e pode usar o seu corpo como bem lhe apeteça. Fala-se de “uma mulher livre”, em tom que pode ser depreciativo (por parte das pessoas invejosas) ou, pelo contrário, bastante lisonjeiro (por parte de quem tem espírito aberto), quando se trata de uma mulher que dispõe da sua vida, corajosamente e sem preconceitos, não dando importância a convencionalismos e limitações sociais.

LIXO – Porcarias, detritos, imundícies – isto em sentido literal, porque lixo pode ser muito mais do que isso. Por exemplo, uma pessoa que está deprimida, que se acha feia, horrorosa, sem qualquer interesse, diz que “está um lixo!”. No entanto, com as modernas possibilidades de reciclar as coisas que, dantes, iam para as lixeiras e por lá se degradavam até acabarem por desaparecer, pode afirmar-se que tudo é hoje reaproveitável – seja uma garrafa vazia, seja uma mulher que, aparentemente, já perdeu o sex-appeal.

LODO – Lama. Terra misturada com detritos, no fundo da água. Aparentemente, perante estas definições, o lodo parece coisa desprezível – até porque, em frases como “ele está no lodo”, isso significa que “ele está completamente desgraçado”. No entanto, sob a forma de “lama” é usado para tratamentos de beleza, havendo lodos especiais que regeneram a pele e a curam de certas maleitas desagradáveis. Na verdade, os tratamentos com determinados lodos são, além de caríssimos, bastante eficientes.
 
LOIÇA – Também se pode dizer e escrever “louça”, e designa artefactos de barro, porcelana, metal ou ferro esmaltado, geralmente usados para serviço de mesa. É motivo de vaidade apresentar, em refeições de certo requinte, loiça de boas marcas. Frases populares, como “isto agora é outra loiça” significam que se está a falar de algo superior. O conceito também se pode aplicar às pessoas – isto é, quando se diz “a nova mulher dele é outra loiça!”, isso significa que a nova companheira do sujeito é muito melhor que a anterior...

LOIRA – Ou “loura”, é uma mulher que tem cabelos amarelos. Também pode significar “papagaio”, ou “cerveja”, mas não nos interessa analisar aqui estes conceitos. Quanto à mulher, tem sido objecto de numerosas histórias, que partem todas do pressuposto (de origem incerta) de que todas as loiras são estúpidas.
É infindável o número de “anedotas de loiras”, entre as quais algumas já são clássicas, como, por exemplo, a da loira que toma banho com o chuveiro desligado, porque o champô dizia no rótulo “para cabelos secos”; ou a da loira que pede uma pizza pelo telefone e, quando lhe perguntam se a quer cortada em 4 ou em 8 fatias, responde: “Em 4, porque eu nunca aguentaria comer 8 fatias de pizza!”...

LUA – Satélite da Terra. Popularmente, “uma lua” é o espaço de um mês (embora, para sermos rigorosos, o ciclo lunar dure 29 dias, que é, também, o espaço de tempo entre duas menstruações). Nos animais, “estar com a lua”, ou “estar aluado”, é o mesmo que “estar com o cio”. “Estar na lua” é “estar muito distraído”. Quanto à "lua-de-mel", é aquele período de tempo, logo a seguir ao casamento, em que toda a gente acredita que eles vão ser muito felizes para sempre...

LÚBRICO – Lascivo, sensual, afrodisíaco. Tudo o que excita e incita a praticar actos sexuais. Também se refere a tudo o que possui humidade, ou que é próprio para escorregar, provocando quedas com facilidade.

LUBRIFICANTES – Produtos que servem para tornar húmidas e escorregadias as superfícies em contacto. Sem lubrificação, a vagina é pouco menos que impraticável. Por isso, é necessário obter previamente a lubrificação vaginal, através da estimulação, por meios físicos ou psicológicos. Trata-se da manifestação mais importante da excitação sexual feminina, e será tanto maior e mais visível quanto mais eficaz for essa excitação. Esta lubrificação inclui a combinação da secreção de certas glândulas que lubrificam o orifício vaginal com a transudação das paredes da vagina. Durante o orgasmo, é frequente o aumento desta lubrificação, por vezes em grande abundância, confundindo-se com uma verdadeira ejaculação. Por outro lado, esta resposta física da mulher às manobras do seu parceiro ou parceira dá, a este segundo elemento do par, um acréscimo de excitação muito apreciável.

LUCRÉCIA BÓRGIA – Na sua juventude, ficou conhecida como uma das mulheres mais cruéis e mais devassas da História, embora uma boa parte da sua má fama se deva mais à vida de seu pai e de seus irmãos do que à dela própria. Nasceu em 1480, filha de Joana Cattanei e do Cardeal Rodrigo Bórgia, que viria a ser o Papa Alexandre VI. Era uma mulher belíssima, de cabelos de oiro, que fascinava os homens. Durante a sua vida, teve vários maridos e amantes, e criou fama de envenenar quem não lhe agradava, com um misterioso pó que guardaria num compartimento secreto do seu anel. Mesmo no século XVI, em que a devassidão reinava, a sua vida foi marcada pelo escândalo das suas alegadas orgias, no Vaticano, com os seus irmãos e, segundo se murmurava, com o próprio pai. Casou pela primeira vez, aos 13 anos, com Giovanni Sforza, mas o seu marido, que parece nunca ter consumado o matrimónio, acabaria mais tarde por ser morto por um dos ciumentos irmãos de Lucrécia, César Bórgia, então Cardeal. (Este serviria de modelo a Maquiavel para o seu livro “O Príncipe”). Lucrécia teve então um filho, que César reconheceu como seu, depois de ter largado a batina. Casou mais duas vezes, primeiro aos 18 anos, com Afonso de Aragão, que seria morto, diz-se que a mando de César Bórgia; e depois com Afonso d’Este, de quem teria vários filhos. A sua má fama deve-se, em grande parte, ao que dela contava o satirista Filofila, a quem se devem as histórias mais escabrosas da sua vida, que ele afirmava estar sempre envolvida em escândalos de sangue e de sexo. Lucrécia morreu com 39 anos, em 1519, em Ferrara, onde teve um papel importante na vida cultural, respeitada e admirada, não só pela sua beleza, como pela sua inteligência e talento. Lucrécia Bórgia passou assim à História como uma mulher frívola e maldosa, mas quem a conheceu de perto, na idade madura, descrevia-a como uma mulher sensível, inteligente e culta, preocupada com os pobres. Assim, a sua vida foi romanceada, dela ressaltando, como é natural, os aspectos mais escandalosos, envolvendo sexo e episódios de luxúria, escamoteando os que não atraíam o público. Victor Hugo escreveu uma tragédia que daria origem ao libreto para a ópera de Donizetti “Lucrezia Borgia”. No cinema, entre outras, Paulette Godard fez o papel de Lucrécia em “O Veneno dos Bórgias”. A sua vida deu origem a numerosas obras teatrais e cinematográficas e, até, a histórias em Banda Desenhada, em que aparece sempre como o símbolo da mulher devassa.

LÚDICO – Aquilo que se faz, apenas, por prazer, por divertimento, por gosto, sem qualquer outra preocupação que não seja a de gozar aquilo que se faz. Do ponto de vista erótico, é a tendência, que surge, na infância ou na adolescência, sob a forma de jogo ou de divertimento, sem qualquer outro propósito mais profundo. Por exemplo, a masturbação é um divertimento lúdico com o próprio corpo.    

17/03/2012

O EROTISMO A NU - De "KÂMA-SÛTRA" a "LEITO"

K

KÂMA-SÛTRA – Tratado, escrito pelo sábio indu Vâtsyâyana, em que o prazer sexual é considerado como o símbolo da beatitude suprema e um dos meios de atingi-la. Esta obra pretende explicar, com clareza, o erotismo (tendo em vista que a curiosidade sexual mal satisfeita é uma das causas principais da perversão mental), e conduzindo à fruição do sexo, de uma maneira sã. Contém capítulos específicos, como a “Arte de ganhar a confiança da sua mulher”, analisando a “Forma de abordar a recém-casada”, “Necessidade de ganhar o amor da mulher antes de ter com ela relações conjugais”, “O beijo”, “As relações íntimas”, “A titilação dos seios”, “A manipulação”, e outros. O capítulo “Classificação das uniões sexuais” compreende instruções sobre “Os dois aspectos da união sexual, classificação segundo as dimensões dos órgãos, os diversos géneros de união que justificam o tamanho, a natureza das paixões e a sua duração, e quatro categorias de gozo sexual”. No capítulo sobre “A arte de abraçar” fala-se dos “sessenta e quatro acessórios” para as relações, e de como abraçar durante o coito, as pressões e outras técnicas agradáveis. Outros capítulos tratam da “Arte e técnica do beijo”; “Atitudes durante a comunhão sexual – três atitudes em união estreita, quatro atitudes em união frouxa, outras atitudes durante a união sexual, atitude em que a mulher volta as costas ao homem, atitude da caça ou dos quadrúpedes, coito em grupo nas sociedades matriarcais”; “Inversão das atitudes nomais – em que se fala das formas de a mulher poder jogar um papel activo, como se revelam os sinais do aumento da paixão da mulher, dez formas de introdução do pénis, três formas de inverter atitudes”; “Conduta a observar antes e depois das relações sexuais”, e vários outros temas que fazem deste tratado, traduzido há séculos em todas as línguas, uma obra fundamental para orientação, não só dos ignorantes absolutos em questões sexuais, mas dos que pensam possuir vasta experiência na matéria, mas encontram, neste livro, novas e inesperadas sugestões.
            Todos os temas do Kâma-Sûtra estão representados, sob a forma de esculturas medievais, extraordinariamente explícitas, nos templos de Konarak, Pataliputra, Khajurâho, Bhuvanechouar ou Puri, em que se manifesta a supremacia de Shiva  (ou Siva, divindade da Fecundação, a qual, juntamente com Brama, o Criador, e Vixnu, o Conservador, integra a suprema trindade do hinduísmo). É neste livro e nestes templos que se misturam a vida espiritual e a emoção erótica dos hindus, elevadas a alturas verdadeiramente singulares. 


L

LÁBIA – Manha, palavreado, ronha, conversa, para convencer gente ingénua. “Ter muita lábia” é ser capaz de levar alguém a acreditar nas boas intenções do bem-falante, que nem sempre são tão genuínas como parecem. A expressão é muito usada no processo da conquista amorosa, quando se argumenta, por exemplo: “Ele tem muita lábia, diz que quer casar com ela, mas só quer levá-la para a cama!”...

LÁBIOS – Partes exteriores da boca, também conhecidas por “beiços”. Há outros lábios, situados noutro local do corpo da mulher, que são os grandes lábios e os pequenos lábios, existentes, respectivamente, no exterior e no interior da vagina. Mas estes, aqui referidos, são os que formam a boca, e que têm um papel importante nos jogos amorosos – tanto no beijo como nas diferentes modalidades do “sexo oral”, o fellatio ou o cunnilinctus. Um dado geralmente aceite é o de que um indivíduo com os lábios grossos revela tendências eróticas mais elevadas que uma pessoa com lábios finos – mas não há provas científicas de tal facto, e abundam os exemplos de gente que parece nem ter lábios, tão apertados eles são, e revela, inesperadamente, um temperamento vulcânico durante os actos amorosos em que intervém. 

LACRIMEJAR – Choramingar. Situação, menos evidente do que o choro, em que alguém deixa escapar uma ou outra lágrima, talvez mais para impressionar os circunstantes do que para mostrar verdadeiro desgosto ou pena. Artifício muito usado em velórios e funerais.

LÁGRIMAS – Gotas de humor lacrimal. Choro, pranto, que se manifesta, tanto em situações de desgosto como em ocasiões de alegria – pelo que é difícil de distinguir lágrimas verdadeiras das chamadas "lágrimas de crocodilo". Estas são definidas como lágrimas fingidas, usadas para tentar impressionar os circunstantes, mas sem corresponderem a algum sentimento real de dor ou de pena. Profissionalmente, este tipo de lágrimas é usado pelas “carpideiras”, pessoas que, em certas circunstâncias, são contratadas e pagas para chorarem abundantemente, com gritos lamentosos e braços no ar, dando um tom mais dramático ao acontecimento e transformando-o numa boa tragédia. Chora-se muito em funerais e missas de defuntos – mas, curiosamente, não se chora menos em casamentos, baptizados e outras cerimónias que, por definição, deviam ser alegres.
Existe uma variedade botânica de lágrima, a lágrima-de-sangue, que é uma planta também conhecida pelo nome de “casadinhos” – o que talvez seja uma subtil alusão à choraminguice que é uma constante em certos matrimónios...

LAMBAREIRO – Comilão, lambão, glutão – mas também se chama assim o indivíduo que dá à língua, ou seja, o tagarela mexeriqueiro. Não confundir com o que dá à língua noutras circunstâncias e em certos actos em que, por princípio, fica impedido de falar.

LAMBER – Uma das técnicas mais usadas nas práticas libidinosas. Usar a língua para saborear o corpo da pessoa amada, em todos os seus recantos, principalmente os mais íntimos, é um dos prazeres mais requintados entre os actos do amor físico. Há quem o prefira em substituição de outros prazeres mais convencionais, e quem faça do acto de lamber a única forma de satisfação plena. Tal opção é de respeitar, pois todos os prazeres são legítimos, excepto, naturalmente, os que prejudicam ou maltratam outras pessoas – o que não acontece, supõe-se, neste caso, a não ser que se verifique o fenómeno da chamada língua-de-pau, tão dura que chega a arranhar.

LAMBISGÓIA – Nome habitualmente aplicado, por uma esposa traída, à rival que lhe roubou o marido traidor. Há outros nomes piores, mas este é, sem dúvida, o mais tradicional, na língua Portuguesa. Designa-se assim uma mulher intrometida e mexeriqueira, cujo assassinato chega a ser seriamente encarado.

LAMBUZAR – Pode ter um sentido negativo, como sinónimo de “sujar” ou de “emporcalhar”, mas também pode ter um significado um pouco menos duro, quando se refere a lamber, já que este acto pode até contribuir para a limpeza de certos locais do corpo humano que, em certos casos, não são lavados com a frequência desejável. Então, nestes casos, lambuzá-los até pode considerar-se um “acto higiénico”.  

LAMECHA – Significa “piegas”, “pateta”, “baboso”, mas esta designação também se usa com o sentido de “namorado ridículo”, ou seja, aquele choramingas que nenhuma mulher leva a sério, nenhuma mulher aprecia – e nenhuma mulher quererá levar para a sua cama.

LÂMINA – Pequena folha de metal fino, cortante, que os homens usam, entre outras finalidades, para rapar os pêlos da cara ("lâmina de barbear") e as mulheres usam para rapar os pêlos das pernas – embora esta última utilização não seja recomendável, pois os pêlos voltam a nascer, e com maior força (é preferível usar cera depilatória, ou outro processo mais radical). Além disso, como as mulheres, frequentemente, usam as lâminas de barbear dos maridos sem lhes dizerem nada, estes ficam muito zangados quando pretendem barbear-se e descobrem que a lâmina já não corta nada, porque foi usada, por exemplo, para cortar pêlos púbicos...

LAMÚRIA - Choradeira mais ou menos lamentosa, destinada a comover as outras pessoas, sem que isso signifique obrigatoriamente a existência de fundamentos para o choro. Método muito usado para massacrar os circunstantes, até os convencer da veracidade das queixas apresentadas.

LÂNGUIDO – Estilo mórbido, dengoso, frouxo e flácido, mas que, curiosamente, atrai algumas pessoas, convencidas de que tal característica corresponde a tendências voluptuosas. Descobrem depois que corresponde a um estado de espírito e de corpo que mais propriamente se pode definir como “murcho”.

LANTEJOULAS – Palhetas metálicas brilhantes, para enfeitar trajos, por vezes modestos e desengraçados, mas que, com estes artifícios, ficam a parecer riquíssimos. Muito usadas no mundo do espectáculo, em que é preciso “encher o olho” do espectador, com um brilho falso e barato – mas também, simbolicamente, na vida social, em que as pessoas se enfeitam e se exibem com cintilações que depois se revelam enganosas.      

LAQUEAR – Tem dois sentidos: “aplicar laca”, coisa que muita gente faz aos cabelos, para manter os penteados fixos, sem madeixas desarrumadas; e “ligar” uma artéria cortada ou ferida. Neste último exemplo, pode citar-se a “laqueação das trompas”, operação delicada cuja finalidade é evitar que as mulheres possam ter filhos. É uma operação que vulgarmente se recomenda quando a família já é muito numerosa e começa a faltar verba para criar e alimentar tantas bocas... E é aí que surgem as “bocas” (agora em calão: “piadas”, “sugestões foleiras”) para que se use uma solução radical e assim se ponha travão ao excesso de filharada. 

LAR – Em tempos mais antigos, o lar era a parte da cozinha onde se acendia o fogo para cozinhar. Era a lareira. Desse elemento, do calor do fogo, junto ao qual se reunia a família, para as refeições e para o convívio, partiu-se para uma definição mais social: o lar é a casa, a residência onde a família habita. É, por isso, um elemento muito importante na vida familiar; daí as preocupações em possuir um lar seguro, confortável – e, de preferência, com uma renda, ou uma prestação de compra, o mais baixa possível... Um lar estável pressupõe, não apenas um bom ambiente físico, mas, também, um bom ambiente familiar, sem o qual se transforma num local odioso – o que pode ser provocado por causas de toda a ordem, entre as quais ressaltam, muitas vezes, os problemas sexuais: incompatibilidades na cama, ciúmes, adultério, etc., que o transformam facilmente num lar desfeito.   

LASCA – Durante séculos, esta palavra referia-se a um fragmento, um estilhaço de qualquer material: madeira, pedra, metal. No século XX, porém, passou a designar uma mulher excepcionalmente bonita e bem feita. A expressão “Que grande lasca!” entrou na gíria corrente e nunca mais de lá saiu...

LASCÍVIA – Sinónimo de luxúria, impudicícia, voluptuosidade, concupiscência, libidinagem, sensualidade. Esta palavra implica uma excitação sem medida, muito profunda e muito absorvente. Mas, no fundo, todas estas expressões definem praticamente o mesmo: esse impulso universal que leva todos os homens e mulheres deste mundo a praticarem sexo e a darem ao erotismo um papel essencial nas suas vidas.

LATA – Mais uma palavra com dois significados completamente diferentes. Por um lado, é uma folha de ferro estanhado, relativamente delgada; ou uma caixa feita desse material, onde se guardam coisas: a "lata do pão", a "lata das bolachas", a "lata do chá", etc. Por outro lado, e em gíria corrente, significa “descaramento”, “desplante”, como, por exemplo, na frase “Ela tem cá uma lata para nos tentar convencer que ainda é virgem!...”

LATAGÃO – Mocetão ou homem de grande estatura. Muitas mulheres ficam emocionadíssimas à vista de um homem grande. Mas, por vezes, ao tamanho dos músculos visíveis não corresponde o tamanho de partes invisíveis à primeira vista, pelo que um grande latagão pode revelar-se uma grande decepção. Alguns dicionários apontam-lhe como sinónimo o termo “durão”, mas deve ser exagero...

LATINO – Homem que descende dos antigos Romanos do Lácio, e que tem características próprias bem marcadas: moreno, corpo bem talhado, olhos e cabelos escuros, nariz aquilino, boca sensual. Muito apreciado pela generalidade das mulheres, sobretudo as nórdicas e saxónicas, pelo contraste com os homens dessas latitudes, mais louros e mais frios. Daí o êxito do chamado "macho latino", que se tornou uma figura quase mítica, que toda a turista, de espírito e corpo aberto, anseia encontrar, nas suas “férias quentes” de cada Verão.

LAVABO – Tecnicamente, um lavabo não é mais que um “lavatório”, isto é, um depósito de água com uma torneira, para lavagens parciais (para a lavagem total, existe a “banheira” ou o “duche”). Também se chama assim a um “toalhete” ao qual se limpam as mãos. Mas o significado da palavra extravasou destas aplicações mais comuns, e chama-se lavabo, correntemente, a uma “casa-de-banho”, onde, evidentemente, se fazem outras coisas, além de lavar simplesmente as mãos. Quando se pergunta, ao empregado do restaurante: “Onde fica o lavabo?” – toda a gente sabe que se poderia perguntar, mais pragmaticamente: “Onde posso fazer chichi?”...

LAVAR – Limpar com água (e, geralmente, com algo mais, que pode ser sabão, sabonete, detergente ou qualquer outra coisa do género, que ajude à limpeza). Uma lavagem pode ser geral, significando que se “toma banho”; ou parcial (lavar as mãos, lavar os pés, lavar as “partes pudendas” (v. bidé). Não é apenas a higiene que aconselha as pessoas a lavarem-se, antes e depois de uma sessão amorosa. Antes, porque é aconselhável e importante a eliminação prévia de suores, sujidades e cheiros indesejáveis, assim como são aconselháveis todos os cuidados com as partes que vão estar em contacto. Depois, porque o bem estar que isso proporciona é muito relaxante, além de ser saudável.

LEDA – Filha do rei Thestios, que participara na expedição dos Argonautas, casou com Tyndaro, rei de Esparta, que exibia no seu palácio uma estátua de Vénus com os pés amarrados, numa alusão à fidelidade das mulheres, que exigia ser bem resguardada. Isso não impediu Leda de ser seduzida por Júpiter, que lhe surgiu sob a forma de um belíssimo cisne de brancura imaculada, que voava nos céus, perseguido por uma águia, e que veio refugiar-se nos seus braços. Leda acolheu-o, encantada, e não se surpreendeu quando o cisne lhe falou, dizendo que queria conceber com ela dois filhos tão brilhantes que viriam a servir de guias aos marinheiros perdidos nos oceanos. Para surpresa geral, Leda pôs no mundo dois ovos e, de cada ovo, surgiu um par de gémeos: de um deles, Pollux e Helena; do outro, Castor e Climenestra. Os dois rapazes tornaram-se inseparáveis e os seus nomes são lembrados nas estrelas que os evocam: a constelação dos Gémeos. A lenda de Leda e o Cisne foi abordada em inúmeros quadros, de autores tão conhecidos como Leonardo da Vinci, Miguel Ângelo, Correggio, Veronese e muitos outros. Acredita-se que a história terá sido inventada pela bela Leda, para justificar o nascimento de Castor e Pollux, Helena e Climenestra, que seriam filhos de um misterioso amante. Mas também se levantaram outras versões, em memória de um tempo em que as pessoas não se coibiam de amar certos representantes, mais atraentes, do reino animal...  (v. Bestialidade). 

LEGAL – O que está dentro da lei. Tudo o que está coberto por regulamentos, normas, decretos, estatutos, que sejam impostos à sociedade e por ela aceites. Um acontecimento ou um facto pode, inclusivamente, não ter fundamento moral e, até, ferir sentimentos e ir contra hábitos e tradições – mas, se houver uma lei que o justifique, terá que ser aceite como legal. A frase latina “Dura lex, sed lex” (“A Lei é dura mas é Lei”) é bem expressiva desta forma de analisar e julgar os factos.

LEGÍTIMO – O que está fundado no direito e na justiça. Durante muito tempo, chamou-se filho legítimo àquele que tinha nascido como fruto de um casamento; por outro lado, o que tivesse nascido de uma união diferente do matrimónio era um filho ilegítimo. Aliás, a própria união entre pessoas só era considerada legítima se tivesse existido previamente esse casamento. Senão... eram amantes. E, no tempo em que estas distinções eram muito importantes na vida social, os amantes não eram bem recebidos nas casas e nas famílias chamadas “sérias” – a não ser, curiosamente, nas de extracto social mais elevado, onde essas coisas eram vistas com muita complacência e aceites com bastante desprendimento. Já nas famílias mais pobres, ter uma ligação ilegítima era considerado inaceitável e chocante, sendo um exemplo de como os “maus costumes” contribuíam para a dissolução dos valores morais da sociedade...
            No feminino (legítima), trata-se da parte de uma herança que a lei reserva para certos herdeiros e de que, por isso mesmo, não se pode dispor livremente. 

LEI – Preceito obrigatório. Norma de direito, ou de moral. As chamadas "leis escritas" são as que são produzidas pelo poder legislativo, sendo depois publicadas oficialmente, e cujo cumprimento é obrigatório, não podendo alegar-se o seu desconhecimento. Quem as não cumprir é castigado. No vastíssimo campo abarcado pelo Erotismo, pelo Sexo e por tudo o que lhes está adstrito, existe um número incontável de leis, muito variadas e específicas, desde as que regulamentam casamentos, divórcios, etc., às que proíbem certos actos sexuais, como é o caso, por exemplo, das relações com menores, passando pelas que interditam os bordéis, como acontece em certos países (ou os toleram e regulamentam, como acontece noutros). A sua quantidade e variedade são grandes.

LEITE – Líquido branco, produzido pelas fêmeas dos mamíferos, e que é fornecido através das mamas, que as crias chupam, para se alimentarem. Além das crias, há quem, já adulto, imite o que fazia na infância, recordando como se mamava nesses tempos – embora já não o faça com a antiga intenção de obter leite. Chama-se "irmão de leite" a alguém que foi amamentado com o leite da mesma ama (portanto, da mesma mama).

LEITO – O mesmo que cama, com uma designação ligeiramente mais nobre. Quando alguém diz que “vai recolher ao leito”, isso quer dizer, geralmente, que “vai dormir” – ao passo que, se diz que “vai para a cama”, sobretudo se vai acompanhado, isso pode significar que é muito capaz de ficar acordado, pelo menos durante algum tempo...

15/03/2012

O EROTISMO A NU - De "INSENSIBILIDADE" a "JURA"

INSENSIBILIDADE – Estado de impassibilidade e de indiferença, talvez até de apatia. A um homem insensível chama-se “duro” – mas, se essa dureza se manifestasse em certos aspectos físicos, isso até podia ser interessante para a sua parceira... Não será o caso. Pode, mesmo, confundir-se a insensibilidade com a frigidez, coisa muito negativa, dentro do campo da sexualidade.

INSTINTO – Impulso natural, independente da vontade. Toda a civilização está construída à volta do instinto sexual, que condiciona a moral, além de muitos outros aspectos da nossa vida, como as artes e, até, a economia. É esse instinto que dá origem à reprodução da espécie, fazendo aproximar o macho da fêmea (ou, em certos casos especiais, o macho do macho e a fêmea da fêmea, situações em que, obviamente, não existe a tal reprodução). Como “prémio” por esse tipo de acção, o sexo oferece, a quem o pratica, o bónus do prazer, o que o torna uma das actividades mais aliciantes da Humanidade.

INTENÇÃO – É curioso o significado que, na vida social, e durante muitas gerações, foi atribuído às chamadas intenções – significando o objectivo que estava na mente das pessoas, relativamente ao casamento. Assim, perguntava-se, ao rapaz que namorava uma rapariga, se ele tinha “boas intenções”, isto é, se tencionava mesmo casar com ela. Uma variante desta dúvida estava contida noutra forma de elaborar a pergunta, que seria: “Esse namoro é para casar, ou prò que é?”. Muitas vezes, a resposta subentendida revelaria que a intenção verdadeira estava no “prò que é”...    

INTERESSE – Elemento muito difícil de definir, dentro do campo do sexo, do erotismo e da atracção entre as pessoas. Ter interesse por alguém pode significar coisas tão diversas como amá-la platonicamente ou desejar ir com ela para a cama. O interesse pode ser de ordem espiritual, cultural, físico, sexual, ou outro qualquer. Uma mulher, ou um homem, podem ser considerados interessantes por alguém, devido a factores específicos que impressionam esse alguém, mas que não impressionam minimamente outra pessoa.

INTERESSEIRO – Aquele que atende principalmente aos seus próprios interesses, e pouco ou nada aos interesses dos outros. Egoísta. Pessoa que manifesta, aparentemente, um grande amor por outra, para se aproveitar da sua riqueza e usá-la em proveito próprio – aquilo a que os Brasileiros chamam, pitorescamente, “o golpe do baú”. É o caso típico da rica herdeira de uma grande fortuna, assediada por um malandro que se mostra muito carinhoso com ela, mas apenas pretende ter acesso ao seu dinheiro...

ÍNTIMO – O que está muito dentro, o que é profundo. Aquilo que está no mais fundo da nossa alma ou da nossa consciência, e que é difícil de revelar, a não ser àqueles a quem consideramos "amigos íntimos". Ter intimidade com alguém significa ter um relacionamento muito chegado, que pode ir até à partilha de casa e cama.

INTOLERANTE – Pessoa intransigente, que não admite liberdade de escolha, por exemplo, no que respeita a moral, religião ou política. Pode atingir extremos de fanatismo. As opiniões dos outros só são aceites se concordarem com as suas, que são, em geral, muito limitadas a padrões clássicos e antigos. Em matéria sexual, um intolerante não admitirá, nem em pensamentos nem em actos, as práticas que ele considere contrárias às suas ideias feitas. Por exemplo, poderá advogar que a única modalidade admissível para o coito será a posição chamada do missionário, e não aceitará, nem em sonhos, a ideia de praticar uma modalidade que tanta gente pratica: o sexo oral

INTOXICADO – Em sentido físico, significa “envenenado”. Num conceito mais amplo, refere-se a alguém que tem ideias ou pensamentos perturbadores da normalidade do seu discernimento, a tal ponto que nem distingue o real do imaginário. Também pode significar, em sentido mais restrito, um estado de fixação amorosa numa pessoa, com aspectos que podem tornar-se doentios.

INTRIGA – Enredo que, em termos amorosos, pode envolver mexericos, bisbilhotices, ciladas, traições e maquinações, mais ou menos graves. É o campo preferidos das alcoviteiras, que se servem de tais meios para cumprirem as suas tarefas facilitadoras de encontros amorosos. Mas também pode ser a arma daqueles ou daquelas que pretendem destruir uma relação com a qual não simpatizam ou não concordam, arranjando esquemas tendentes a complicar esse relacionamento, até conseguirem acabar com ele.

INTRODUÇÃO – Acto de introduzir ou inserir. No acto sexual mais clássico, o coito, refere-se à introdução do pénis na vagina. Mas este, como se sabe, pode ser introduzido noutros locais, como acontece na introdução anal, na mulher ou no homem; ou na boca, como no fellatio; já sem falar de outros locais menos comuns, como acontece no sexo com animais, ou com frutos, ou com objectos das mais diversas e inesperadas espécies. A introdução do pénis entre as mamas da mulher é considerada por muitos como altamente erótica. Mas, para além do órgão masculino, pode falar-se da introdução de objectos como os vibradores, ou de outros variadíssimos godemichés, bem como de objectos de todo o tipo, que vão desde gargalos de garrafas a maçanetas de portas, num imenso rol de soluções a que a inesgotável imaginação erótica dos homens e mulheres consegue recorrer. 

INTUMESCIDO – Também pode dizer-se “inturgescido”, referindo-se, em qualquer caso, àquilo que incha e aumenta de volume. Perante uma estimulação de carácter sexual, órgãos como o pénis e o clítoris ficam intumescidos, portanto preparados para cumprirem as suas respectivas funções. Aliás, sem essa intumescência, o homem não conseguirá executar a introdução do seu pénis na vagina da mulher, com todas as consequências que isso acarreta para o fracasso da relação, assim frustrada.

INVENTIVO – Diz-se daquele que é capaz de imaginar artifícios de todo o tipo para aumentar o seu prazer sexual, o que pode incluir quase tudo, desde as inúmeras posições possíveis até à panóplia de objectos auxiliares das manobras eróticas a desenvolver. A imaginação tem um papel importantíssimo numa relação amorosa, evitando um dos seus maiores perigos, que é a rotina. Sobretudo quando essas relações duram muitos anos, é inevitável que se caia na repetição sistemática das formas de fazer amor. Porém, se pelo menos um dos parceiros for suficientemente inventivo para ir introduzindo algumas novidades, são grandes as probabilidades de fazer perdurar o interesse mútuo durante muito tempo. Aliás, trata-se do mesmo princípio que se aplica a todas as actividades humanas, mas que é particularmente importante em tudo o que tem a ver com a sensualidade.

INVERTIDO – Palavra que designa a pessoa com inclinação sexual para com outro indivíduo do mesmo sexo. Actualmente, o termo está a cair em desuso, substituído por outros, como homossexual (mais “técnico”), ou gay (mais divertido). A palavra invertido foi, e ainda é, frequentemente, usada como designação depreciativa, por pessoas com ideias mais convencionais sobre o sexo e as suas variantes. Ainda há quem acredite que um invertido é um “doente”, com uma “enfermidade” que poderá ser “curada” por processos psicológicos ou medicamentosos. Ou então, e como último recurso – à força, com a ajuda de processos “mecânicos”, tais como uma boa tareia...


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JEITOSO – É o rapaz, ou o homem, que, aos olhos de uma mulher, tem bom aspecto e boa figura, é atraente, e não fica nada mal ao lado de qualquer uma. Até pode não ser bonito, mas terá características que agradam logo à primeira vista. Existe uma variante menor, menos impressionante, mas ainda assim com algum interesse, que é o jeitosinho. Designações idênticas, no feminino, podem aplicar-se às raparigas e às mulheres, que também podem classificar-se como jeitosas ou jeitosinhas, conforme o grau de interesse que despertam.

JEJUM – Abstinência, total ou parcial, por penitência ou punição. Refere-se mais normalmente à privação de alimentos, mas também pode aplicar-se a qualquer outra abstinência, como as de carácter sexual, em que, por vontade própria ou por punição, alguém deixa de fazer sexo durante um certo período. Nestas circunstâncias, “estar de jejum” significa que alguém deixa de fazer sexo durante algum tempo, o que pode acontecer por opção, como, por exemplo, no caso de uma gravidez, em que o casal resolve abster-se (embora esse jejum não seja obrigatório, nem a sua quebra traga qualquer inconveniente); ou por castigo, quando um dos parceiros resolve evitar dessa forma o outro parceiro, punindo-o assim por qualquer maldade que este tenha feito. Aristófanes, o dramaturgo grego que viveu entre os anos 447 e 386 a.C., escreveu a peça “Lysistrata”, sendo este o nome de uma mulher ateniense de espírito forte, que conseguiu convencer as outras mulheres da sua cidade a sujeitarem os seus maridos a um terrível jejum sexual, recusando-se a fazer amor com eles, enquanto não acabassem com a cruel Guerra do Peloponeso, contra Esparta. Lysistrata conseguiu que também as espartanas obrigassem os seus maridos a um jejum semelhante... Quando voltavam das batalhas, sedentos de sexo, os homens esbarraram com a recusa firme das suas mulheres em satisfazê-los. Resultado desse original jejum: a guerra acabou.
              Em 2003, um movimento universal de mulheres promoveu a representação de “Lysistrata” nos teatros de 500 cidades de todo o mundo, agora como forma de protesto contra a Guerra do Iraque. Não se sabe se houve muitos homens a jejuar durante esse acontecimento, mas é natural que alguns se tivessem visto gregos para conseguirem fazer amor com as suas esposas pacifistas...

JÓIA – Objecto precioso, que serve de adorno e tem grande valor. Noutro sentido, jóia é uma espécie de propina que se paga, para ingressar numa associação – mas não é esse o significado que mais nos interessa realçar, e sim o de manifestação de apreço por uma pessoa com tão bons predicados que toda a gente a admira, a considera uma preciosidade rara e, por isso, acha que ela “é uma jóia!”.

JUÍZO – Para além das conotações judiciais desta palavra, que não nos interessa aprofundar aqui, ela refere-se às qualidades de seriedade, tino e circunspecção, apanágio daqueles indivíduos que são apelidados de “pessoas com juízo”. Curiosamente, estes passam, normalmente, despercebidos no meio da multidão, ao passo que dão muito mais nas vistas, e acabam por ser muito mais interessantes, as pessoas desgovernadas, inconvenientes, meio loucas, indiferentes às convenções – enfim, as “pessoas com falta de juízo”.

JUNTO – O que está ao pé, o que está perto, ou pegado, ou unido. Mas, também, o que não está casado, mas vive como se o estivesse. Assim, diz-se que “ele e ela vivem juntos”, ou “juntaram-se” (também se pode dizer amigaram-se ou, em linguagem mais pitoresca, “juntaram os trapinhos”). Em tempos recuados, a situação de um homem e uma mulher que viviam juntos não era socialmente muito bem aceite – a não ser, curiosamente, nas categorias mais altas, onde isso até era considerado “chic”; ao passo que tal condição, se acontecia entre as pessoas mais modestas, era vista como sinal de falta de classe. Hoje, tal situação é considerada perfeitamente normal. (v. legítima).

JURA – Promessa solene, geralmente feita em momento de especial emoção – e geralmente quebrada noutro momento de emoção também especial. As juras de amor são muito importantes para convencer a outra pessoa das boas intenções, da seriedade e da honestidade de quem as faz. No entanto, são talvez aquelas que mais frequentemente deixam de ser cumpridas.