E lá fora? O que ia pelo Mundo, nesse ano de
1974 e nos seguintes, em comparação com o que "não ia" por cá...
Em 1974,
e em contraste com a nossa tranquilidade interna, verificavam-se, lá por fora,
muitos acontecimentos, uns bons, outras maus, porém nenhuma deles capaz de
desviar a nossa sábia Governante do trilho que havia traçado para a sua
governação. Não era muita a informação que nos chegava, desse imenso universo à
nossa volta, dada a cuidadosa filtragem que lhe era aplicada – mas era bem
melhor assim, para não sermos perturbados pelas desgraças desse mundo louco, em
que se vive uma vida desregrada e frenética, em contraste com a nossa vida
calma, tranquila e sem sobressaltos, tão bem retratada nessa lindíssima canção
intitulada "Uma Casa Portuguesa", em que se fala da "alegria
da pobreza", das nossas casinhas com "quatro paredes
caiadas", onde se sente "um cheirinho a alecrim", e
onde há "pão e vinho sobre a mesa", entre outras imagens
bonitas que são o retrato vivo da nossa felicidade...
Sim, lá por esse mundo iam acontecendo coisas muito
complicadas, como, por exemplo, as que constam desta impressionante lista de
mudanças, a nível político, em diversos países do mundo:
Nos Estados Unidos da América, o presidente Nixon
foi atingido, nesse ano de 1974, por uma grande escandaleira, o chamado
Processo Watergate, do qual, para ser franco, nunca percebi lá muito bem o
significado. O que é certo é que o presidente da mais poderosa nação do mundo
foi vergonhosamente posto no olho da rua, sendo substituído pelo vice-presidente
Gerald Ford, e os jornais trataram-no muito mal, chamando-lhe os piores nomes
que se possam imaginar... Não me atrevo a fazer juízos de valor sobre este
caso, em parte porque, como disse, não cheguei a entender o que provocou tanta
confusão, mas porque também nós, cá no nosso país, acabávamos de pôr na rua um
presidente, o Marcelo, de maneira que não podíamos estar aqui a dar bitaites
sobre o que se passa noutras terras...
Mas não foi esta a única mudança, a nível de chefes
de Estado ou de Governo, que se deu durante o ano de 1974. Vejam só a lista:
- Em Março, já Carlos Andrés Perez tinha substituído
Rafael Caldera como Presidente da Venezuela.
- Na Colômbia, Alfonso Lopez Michelsen sucedeu como
presidente a Misael Pastrana Borrero.
- Na Turquia, o primeiro-ministro Naim Talu foi
substituído por Bullent Ecevit.
- Na Alemanha, Helmut Schmidt tornou-se o novo
chanceler, e Walter Scheel sucedeu a Gustav Heinemann como Presidente.
- Ali ao lado, na Áustria, Rudolf Kirshlager sucedeu
a Franz Jonas.
- Na Argentina, foi o general Juan Peron que cedeu
generosamente o seu lugar à esposa, Isabelita Peron.
- Na Etiópia, depois de uma revolução que tinha
começado já no princípio do ano, o Imperador Hailé Selassié foi deposto.
- Aqui ao nosso lado, em Espanha, houve um terrível
incidente: o Presidente do Governo, Luís Carrero Blanco, foi morto num cruel
atentado, sendo substituído por Carlos Arias Navarro...
E, para terminar o ano com más notícias, os marotos
dos soviéticos conseguiram fazer pousar em Marte uma sonda espacial!.. Sem
dúvida, um ano muito complicado – isto lá fora, porque cá dentro, na nossa Casa
Portuguesa, vivíamos todos muito alegres... enfim, com a tal "alegria
na pobreza" de que fala a cantiga...
Cá dentro, tínhamos a Dona Maria!
Para confirmar o que afirmo, basta referir a
realização, no dia 28 de Setembro desse ano de 1974, de mais uma grandiosa
manifestação de apoio ao nosso excelso Governo. Quem promoveu e organizou tal
iniciativa? Nunca se soube ao certo. A sua realização deveu-se a uma misteriosa
"Maioria Silenciosa", gente inteligente, patriota, mas discreta, que
receava o reacender da chama revolucionária que quase nos tinha queimado, no 25
de Abril. A intenção da tal "Maioria Silenciosa" seria, então, mostrar
que essa chama revolucionária, em vez de manter uma grandiosa fogueira de
paixões, não passava de uma insignificante chamazita de isqueiro, prestes a ser
apagada pelo sopro da lealdade devida a quem nos governava de forma tão
notável...
Assim, a manifestação da "Maioria
Silenciosa", em 28 de Setembro de 1974, ficou como um símbolo. Ninguém deu
por ela, não foi vista nas ruas, não teve eco na Comunicação Social, houve
mesmo quem dissesse que não chegou a existir – mas, por isso mesmo, foi uma
manifestação importantíssima!
Os anos seguintes, e a inevitável comparação
entre a continuação da nossa calma interior e a barafunda universal.
Os anos seguintes não foram muito diferentes deste
ano de 1974, em que a Pátria tinha sido ameaçada, na noite de 24 para 25 de
Abril, por essa terrível maquinação que tinha, felizmente, falhado os seus
objectivos.
Assim, num breve apanhado do ano de 1975, e enquanto por cá se ia passando
bem, como sempre, ouvíamos falar de problemas complicados no Estrangeiro, como
estes que se relatam:
De Espanha, vinha a triste notícia do falecimento do
Generalíssimo Franco, do qual se dizia, aliás de forma bastante desrespeitosa,
que "já estava morto há que tempos, só que ninguém o tinha informado do
facto"... Enfim, uma daquelas graças com pouca graça que os inimigos dos
Regimes estáveis e patrióticos espalham, com a intenção de minar, através da
laracha fácil, as bases dos sistemas.
Uma piada semelhante correra por cá, quando do
trambolhão que sofrera, anos antes, o Senhor Professor Doutor António de
Oliveira Salazar (insisto em continuar a tratá-lo sempre desta forma
respeitosa). São formas de humor que não ficam bem entre pessoas decentes e
patrióticas... Também aqui se dizia então que ele tinha praticamente
"batido as botas" nesse dia – numa infeliz alusão às elegantes botas
que Sua Excelência usava, quase se pode dizer, como uma "imagem de
marca"...
Pouco tempo depois do falecimento do Generalíssimo
Franco, era proclamada a Monarquia em Espanha, subindo ao trono Sua Majestade o
Rei Juan Carlos, muito conhecido aqui no nosso país, porque passara a sua
meninice no Estoril, frequentando o Tamariz e as casas apalaçadas das famílias
finas da região, recebendo a mais esmerada educação e levantando fundadas
esperanças de que levasse de cá os princípios aprendidos e vividos com o nosso
admirável Estado Novo, aplicando-os no seu país, agora que era Rei.
Lá na distante Indochina, os malvados vietcongs
tinham corrido com os americanos, que tiveram de regressar a casa com os
helicópteros entre as pernas. O país foi rebaptizado com o esquisito nome
comunista de Vietnam. A cidade de Saigão passou a ter o nome comunista de
Ho-Chin-Min . Enfim, uma desgraça daquelas capazes de nos deixar com os olhos
em bico, se me permitem a piada fácil...
Entre os acontecimentos mundiais, cujos ecos nos
chegavam devidamente filtrados, talvez se possa citar a criação do primeiro
computador doméstico, o Altair 8800, mas isso pouco interesse tinha para nós,
pois essas modernices de computadores e coisas assim não interessavam absolutamente
nada a um povo que sempre se tinha dado muito bem a fazer contas de cabeça.
Houve, no entanto, na nossa Amada Pátria, dois
acontecimentos, de sentidos opostos, que tiveram importância e que é preciso
referir.
O primeiro deu-se no dia 11 de Março de 1975. Houve,
nesse dia, uma tentativa de golpe de Estado, levada a cabo pelos malandrecos
que já tinham estado envolvidos no abortado golpe de 25 de Abril do ano
anterior, e que entraram em conflito com adversários desse mesmo golpe. Devo
dizer que, neste episódio, como noutros, eu não percebi lá muito bem o que
realmente se passou... É que estas coisas da Política, das revoluções e outras
barafundas, são cada vez mais complexas para o meu entendimento, de maneira que
fico sempre sem apanhar o que realmente acontece... Só sei que, nesse dia,
houve umas movimentações de tropas, uns aviões a sobrevoar a capital, umas
reportagens esquisitas na televisão, que muita gente comparou à chamada
"guerra do Solnado" (referência a uma engraçada paródia que este conhecido
artista fazia à guerra verdadeira, e que nos fazia rir desabaladamente)...
Parece que acabou tudo bem, embora a intenção dos comunistas, que estariam na
origem da confusão, fosse a de nacionalizar os Bancos e meter na cadeia uma
data de gente respeitável, para assim tomarem conta do País. Se era isso, nada
conseguiram, porque o "11 de Março" foi um fiasco! Ouvi dizer que o
General Spínola até teve de fugir de avião para Espanha, disfarçado com um
bigode postiço e com o monóculo escondido no bolso – mas não posso garantir que
isto tenha mesmo acontecido. Foi tudo muito confuso e eu cada vez entendo pior
estas coisas, não sei o que se passa com a minha cabeça... Enfim, depois deste
sobressalto, tudo voltou à calma do costume...
Depois, durante o Verão desse ano (que foi um Verão
excepcionalmente quente, e não estou a falar só da temperatura ambiente...)
viveu-se o chamado PREC – Processo Reaccionário Em Curso, caracterizado por uma
certa agitação, nada saudável, que só a acção das Forças da Ordem conseguiu
acalmar.
Mais tarde nesse ano, no dia 25 de Novembro, deu-se
outro abanão nessa calma tradicional. Sabendo que os comunistas (sempre eles!)
estavam outra vez a minar a tranquilidade do país, algumas tropas resolveram
tomar uma atitude viril e arrumá-los de vez. Assim, os Comandos da Amadora, com
o seu comandante Jaime Neves, juntamente com outras tropas, puseram-se ao lado
de Vasco Lourenço e de Ramalho Eanes. Este coordenou todas as operações e assim
se anulou a tentativa desses malvados para tomarem conta do país. Mas foi um
dia muito complicado, segundo me constou...
Enfim, tirando estas excepções, o ano de 1975
passou-se, mesmo assim, com relativa normalidade, tal como os anos seguintes.
Isto porque tínhamos a Dona Maria!
Em 1976,
enquanto em Portugal não se passava nada, lá por fora havia coisas que chocavam
aqueles (poucos) que delas tinham conhecimento. A nível político, a Isabelita
Peron acabaria por ser deposta por uma Junta Militar – mas isso era assunto lá
da Argentina, a gente não tinha nada com isso, eles que depusessem quem lhes
apetecesse...
No Uganda, um tal Idi Amin, um político com cara de
boa pessoa, era eleito Presidente vitalício, o que devia ser um descanso para a
respectiva população, que assim ficava liberta da chatice de ter de ir a
eleições de vez em quando...
Aqui ao lado, em Espanha, Adolfo Suarez era eleito
presidente do Governo.
Em Cuba, um barbudo muito feio, chamado Fidel de
Castro, era nomeado (ou nomeava-se...) Chefe do Estado, esperando todos nós que
ele não durasse muito tempo no lugar...
No que respeita às viagens espaciais, a nave Viking
I explorava Marte – não sei para quê, com tanta terra para explorar aqui no
nosso planetas – mas, enfim, essa gente lá de fora não sabe onde gastar o
dinheiro!...
Na América, uma fofoca espalhada por
mal-intencionados informava que um certo George W. Bush tinha sido preso e
multado por conduzir sob o efeito do álcool... Coisa que nunca aconteceria no
nosso país, onde uns copinhos a mais até ajudam a uma condução mais enérgica!
E eram estes os grandes acontecimentos de 1976, no
mundo. Por cá... nada!
Por cá, tínhamos a Dona Maria.
No ano de 1977,
os acontecimentos estrangeiros que nos chegaram foram a eleição de Jimmy Carter
como 39º Presidente dos Estados Unidos da América, e o aparecimento do primeiro
computador moderno, o Apple II. Qualquer destes eventos não teve nenhum efeito
cá dentro: o Presidente americano tinha aspecto de boa pessoa, mas não
nos ligava nenhuma; e o computador tinha aspecto de ser eficiente, mas a
gente não lhe ligava nenhuma.
Em Portugal, não se passou nada. Bem, é claro que
continuávamos a ter a Dona Maria...
Já em 1978
houve alguns temas que nos interessavam mais directamente. Calculem que um
dirigente líbio, um tal Muammar Kadafi, se atreveu a sugerir que a Madeira
devia ser independente de Portugal, sendo considerada como parte integrante da
África! Não queria mais nada! O mais certo era o homem querer abichar para ele
a valiosa produção de bananas daquela nossa linda ilha... Nem pensar! Levou
logo a resposta merecida: Meta-se na sua vida, meta-se na sua tenda de
beduíno e não se meta com as nossas ilhas adjacentes, que são muito nossas e
nos fazem muita falta, pois é delas que vêm as flores mais bonitas, o bolo do
caco... e o cançonetista Max, o genial intérprete de A Mula da Cooperativa!
Em Janeiro deste ano foi proclamada a Declaração
Universal dos Direitos dos Animais, utilíssima para defender bichinhos tão
úteis como os gatos, os cães, os papagaios, as pulgas e outros, que fazem parte
da nossa vida corrente e convivem connosco de forma tão solidária.
Em Roma é que houve um episódio muito triste: cerca
de um mês depois de eleito, o Papa Albino Luciani, que adoptara o nome de João
Paulo I e era conhecido como o "Papa Sorriso", por estar sempre a
rir, morreu subitamente! Chegou a constar que tinha sido liquidado por haver
quem não gostasse dele, mas isso deve ser boato mal intencionado, porque em
nenhum país do mundo se liquida uma pessoa só por não se concordar com as suas
ideias... (Enfim, pode acontecer, lá num ou noutro caso raro, como aqui se
dizia que tinha acontecido com o General Humberto Delgado, mas isso são fofocas
sem qualquer fundamento!)... O que é
certo é que, em substituição desse Papa, foi eleito o Cardeal Woitila, o que
pareceu estranho a muita gente, por se tratar de um polaco, coisa rara em
eleições papais... Toda a gente ficou na expectativa, a ver se esse novo Papa
iria ser demasiadamente "práfrentex", o que poderia causar
perturbações a nível mundial...
E outro ano se passou, sem que, em Portugal, se
passasse nada...
Sim, continuávamos a ter a Dona Maria.
Em 1979,
ouvimos dizer que ia desaparecer o chá... Perdão: o Xá... Falo do Xá da
Pérsia, Reza Pahlevi, que teve de sair do seu país, corrido pelas forças
tradicionalistas, comandadas pelo Ayatollah
Khomeini, que viria depois a tomar o poder. Sentimos bastante a falta de
chá... perdão, do Xá, nesta ocasião complicada para aquele país, cujo nome foi
mudado para Irão. Perguntávamos então, por graça: "Que irão eles
fazer, agora, sem o seu chá... das cinco?"... Ai, estes
Portugueses, para inventar boas piadas estão por aqui!...
Ali perto, no Iraque, era um tal Sadham Hussein quem
tomava conta do país, com tudo o que ele tem de bom, especialmente muita areia
e muito petróleo.
Enfim, eram acontecimentos que não nos diziam muito,
por se passarem em países que ficam muito afastados, lá nesse Médio Oriente que
só nos interessou há uns quinhentos anos, quando os Portugueses por lá andaram
à busca do Preste João e das respectivas riquezas, as míticas fortunas que este
possuiria, acumuladas em muitos anos de vida naquelas paragens (afinal não
tinha riqueza nenhuma, ficou a saber-se que era um pobre borra-botas sem
vintém; mas essa é outra história...).
Já a notícia da nomeação da senhora Margaret
Thatcher para Primeira-Ministra inglesa nos causou, além da natural admiração,
uma pontinha de orgulho, visto que se tratava, sem qualquer dúvida, de uma
imitação daquilo que se passara no nosso país, onde uma outra Senhora ocupava,
desde 1974, tão Alto Posto!
Mas penso que talvez a notícia que mais nos tenha
impressionado, neste ano, tenha sido a da morte do grande actor John Waine, que
era a imagem viva do herói como nós o imaginamos: viril, corajoso, conservador,
das direitas, respeitador da ordem e da lei – como devem ser todos os heróis e,
por extensão, todos os Portugueses!
O ano de 1980
começou logo por uma grande desgraça que atingiu o país – mais
especificamente o arquipélago dos Açores. No dia 1 de Janeiro, houve um grande
terramoto, que atingiu as ilhas Terceira, São Jorge e Graciosa, sendo
particularmente destruidor em Angra do Heroísmo, em grande parte da cidade. Os
açorianos, embora já habituados a estes fenómenos naturais, sentiram que desta
vez os tremeliques eram mais graves que o habitual. Mas, enquanto o país tremia
nas Ilhas Adjacentes, o Regime mantinha-se firme no Continente! (Reparem bem na
finura desta comparação!)...
Este ano foi, aliás, fértil em acontecimentos
importantes. Por exemplo, no dia 7 de Março assistia-se à primeira transmissão
de televisão a cores! Um evento de importância nacional, só possível graças à
visão moderna do nosso Estado Novo, que assim permitia aos Portugueses ver as
imagens coloridas que, no Brasil (por exemplo) já eram vistas há 10 anos, e
noutros países muito antes... Mas o atraso neste tipo de emissões devia-se,
naturalmente, ao cuidado que o Governo punha na saúde oftalmológica das
populações, preservando-as, até esta data, da exposição a cores violentas, que
pudessem prejudicar a acuidade visual do povo...
Uma aventura que deu bastante que falar foi o
desvio, em Maio, de um Boeing 727 por um jovem, logo carinhosamente apelidado
de "piratinha do ar". O assunto deu para entreter as pessoas durante
vários dias, formando-se duas tendências: a daqueles que queriam ver o
tal "piratinha" atrás das
grades, para não andar a brincar com coisas sérias, e a dos que louvavam o seu
espírito de iniciativa, que fazia do rapaz um símbolo da capacidade de desenrascanço
que, entre outros feitos notáveis, levara os Portugueses até à Índia...
Lá de fora, vinha uma ou outra notícia sem grande
interesse – como, por exemplo, a de que um tal Robert Mugabe tinha sido eleito
Presidente do Zimbabwe, a antiga Rodésia. Pensou-se que seria, como de costume,
um simpático Presidente negro, para durar pouco tempo...
Em Outubro, veio lá do Brasil a notícia do
falecimento do Caetano... Enfim, já que morreu, designemos pela última vez,
mais formalmente, o antigo Presidente do Conselho de Ministros, Professor
Doutor Marcello José das Neves Alves Caetano... Que descanse em paz.
Por cá, como de costume, tudo estava perfeitamente
normal. Não se passava nada.
E continuávamos a ter a Dona Maria.
Chega então 1981,
um ano que iria iniciar (quem o diria?) uma nova era na vida da nossa Bem Amada
Pátria... Já vão ver porquê...
Logo em Janeiro, um antigo actor do cinema
americano, intérprete de cowboyadas de segunda categoria, era eleito Presidente
dos Estados Unidos da América. Tratava-se de um tal Ronald Reagan, a quem os
europeus não davam grande crédito, exactamente por se lembrarem das fitas em
que entrara, a fazer papéis secundários, revelando-se um razoável canastrão...
Mais tarde, haviam de mudar de opinião, reconhecendo que este Presidente era
muito menos parvo do que parecia à primeira vista – e mesmo à segunda...
Em Maio, toda a gente ficou impressionada quando
soube do atentado que um árabe chamado Ali Agca cometera contra o Papa João
Paulo II. Dizia-se mesmo: "Com tanta gente aí a merecer um tiro, como
por exemplo os comunistas, logo se vai desperdiçar uma bala contra o Papa, que
até parece ser tão boa pessoa!"... Felizmente, o Papa recuperou e
ainda duraria muitos anos.
Mas a grande tragédia, essa caíu sobre nós, no dia 9
de Julho deste ano de 1981, quando tudo indicava que iríamos passar muitos e
muitos anos de paz e tranquilidade!
CONTINUA NA QUINTA-FEIRA
Sem comentários:
Enviar um comentário