26/09/2012

.O PORTUGUÊS PITORESCO - Cap. 17 - "PROVÉRBIOS"

17. PROVÉRBIOS

Ora aqui está uma colecção dos mais conhecidos provérbios que a tradição popular portuguesa foi reunindo ao correr dos tempos. Os rifões populares são a expressão da sabedoria do povo, da sua experiência pessoal e colectiva, do seu sentir e das suas emoções, havendo-os de todo o tipo e referentes a várias situações. Muitos deles são ditos de geração em geração e são conhecidos de todos os portugueses. Outros são conhecidos apenas em determinadas regiões.

Por ordem alfabética, estão assim reunidas as frases que, em tempos antigos, os avós transmitiam aos netos – e que resumiam o saber acumulado em gerações sucessivas. É claro que muitos dos conceitos contidos nestes provérbios estão hoje desactualizados, outros estão virados do avesso, mas a lista vale, pelo menos, pelo seu pitoresco.

A seguir a esta série, vem uma lista de livros onde estes e outros provérbios podem ser encontrados, assim como referências a alguns casos especiais,


A boda e a baptizado não vás sem ser convidado. 
A bom entendedor, meia palavra basta. 
A cada um o que é seu. 
A cavalo dado, não se olha o dente. 
A curiosidade matou o gato. 
A excepção confirma a regra. 
A galinha da vizinha é muito melhor que a minha. 
A ocasião faz o ladrão. 
A palavra é de prata, o silêncio é de ouro. 
A palavras loucas, orelhas moucas. 
A quem trabalha Deus ajuda
A sorte é o sorriso do desconhecido. 
A sorte não dá, só empresta. 
A união faz a força. 
A vida é sempre um caminhar no escuro. 
A vida só se compreende olhando para trás,  
     mas só se vive olhando para a frente. 
Abril frio e molhado enche o celeiro e farta o gado. 
Água de Maio, pão para todo o ano. 
Água mole em pedra dura, tanto bate até que fura. 
Águas mansas não fazem bons marinheiros. 
Águas passadas não movem moinhos. 
Aí vem meu irmão Março, que fará o que eu não faço. 
Amigos, amigos, negócios à parte. 

Amor com amor se paga. 
Ande o frio por onde andar, há-de vir pelo Natal. 
Ano novo, vida nova. 
Antes pequena ajuda que grande compreensão. 
Antes que cases, vê o que fazes. 
Ao bom darás e do mau te afastarás. 
Ao menino e ao borracho mete Deus a mão por baixo. 
Arco muito retesado, arco quebrado. 
As aparências iludem. 
Até ao lavar dos cestos é vindima. 

Branco é galinha o põe. 
Burro velho não aprende línguas. 

Cá se fazem, cá se pagam. 
Cada cabeça, sua sentença. 
Cada macaco no seu galho. 
Cada ovelha com sua parelha. 
Cada terra com seu uso, cada roca com seu fuso. 
Caindo o Natal à 2ª feira, tem o lavrador que alugar a eira. 
Candeia que vai à frente alumia duas vezes. 
Cão que ladra não morde. 
Casa onde não há pão, todos ralham e ninguém tem razão. 
Casa roubada, trancas à porta. 
Cava fundo em Novembro para plantar em Janeiro. 
Cava um poço antes de teres sede. 
Cesteiro que faz um cesto, faz um cento. 
Chuva de S. João, tira vinho e azeite e não dá pão. 
Com livro fechado não sai letrado. 
Com papas e bolos se enganam os tolos. 
Com quem não te faz mal, procede por igual. 
Com vinagre não se apanham moscas. 
Contra factos não há argumentos. 

De alheios destinos a inveja é vã. 
De boas intenções está o inferno cheio. 
De Espanha, nem bom vento nem bom casamento. 
De médico e de louco todos temos um pouco. 
De noite, todos os gatos são pardos. 
De perto ninguém é normal. 
De Santa Catarina ao Natal, mês igual. 
De Santos a Santo André, um mês é;
     de Santo André ao Natal, 3 semanas. 

De Todos-os-Santos ao Natal, bom é chover e melhor nevar. 
De Todos-os-Santos ao Natal, perde a padeira o seu capital. 
Debaixo dos pés se levantam os trabalhos. 
Deitar cedo e cedo erguer, dá saúde e faz crescer. 
Depois da tempestade, a bonança. 
Depois que o menino nasceu, tudo cresceu. 
Depressa e bem, não há quem. 
Deus ajuda quem cedo madruga. 
Deus dá nozes a quem não tem dentes. 
Deus escreve a direito por linhas tortas. 
Devagar se vai ao longe. 
Dezembro frio, calor no Estio. 
Dezembro quer lenha no lar e pichel a arder. 
Diz-me com quem andas, dir-te-ei quem és. 
Do Natal a Santa Luzia, cresce a noite e mingua o dia. 
Do prato à boca se perde a sopa. 
Dobrado tem o perigo quem foge do inimigo. 
Dos fracos não reza a história. 
Dos males, o menos. 
Dos Santos ao Advento, nem muita chuva nem muito vento. 
Dos Santos ao Natal, cada dia mais mal;
     do Natal ao Entrudo, come capital e tudo. 
Dos Santos ao Natal, é Inverno natural. 
Dos Santos ao Natal, ou bom chover ou bom nevar. 

É pior a emenda que o soneto. 
É preferível uma injúria receber que uma injúria fazer. 
Em Abril, águas mil. 
Em casa de ferreiro, espeto de pau. 
Em casa do Gonçalo, manda mais a galinha que o galo. 
Em Fevereiro chuva, em Agosto uva. 
Em Fevereiro no 1º jejuarás, no 2º guardarás,
     no 3º é dia de S. Brás. 
Em Roma, sê romano. 
Em terra de cegos, quem tem um olho é rei. 
Embora pouco faça, em boa consciência. 
Enquanto há vida, há esperança. 
Entre amigos não sejas juiz. 
Entre marido e mulher não se mete a colher. 
Errar é humano. 

Filho de peixe sabe nadar. 
Filho és, pai serás, assim como fizeres, assim acharás. 

Filho que os pais amargura jamais conte com ventura. 

Gaivotas em terra, tempestade no mar. 
Galinha por pouco dinheiro não há no poleiro. 
Gata a quem morde a cobra, tem medo à corda. 
Gato escaldado de água fria tem medo. 
Gordura é formosura. 
Grão a grão enche a galinha o papo. 
Gravata é sinal de zaragata. 
Guarda que comer, não guardes que fazer. 
Guardado está o bocado para quem o há-de comer. 

Há males que vêm por bem. 
Homem prevenido vale por dois. 
Honestidade é aquilo que todos querem
     que os outros tenham. 

Inovar não é reformar. 

Janeiro molhado se não é bom para o pão,
     não é mau para o gado. 
Juntar o útil ao agradável. 

Ladrão que rouba ladrão tem cem anos de perdão. 
Leve a palma aquele que a mereceu. 
Longe da vista, longe do coração. 

Mais depressa se apanha um mentiroso que um coxo. 
Mais vale cair em graça que ser engraçado. 
Mais vale quem Deus ajuda do que quem muito madruga. 
Mais vale sê-lo que parecê-lo 
Mais vale só do que mal acompanhado. 
Mais vale tarde do que nunca. 
Mais vale um pássaro na mão do que dois a voar. 
Mais vale um tostão certo que um milhão incerto 
Mais vale um vizinho à mão que longe o nosso irmão. 
Mais vale uma boa obra que discursos vazios. 
Mal vai Portugal se não há 3 cheias antes do Natal. 
Mãos frias, coração quente, amor ardente. 
Mãos quentes, coração frio, amor vadio. 
Março, Marçagão, de manhã Inverno, à tarde Verão. 
Melhor que a palavra, embora curta e fina,
     o exemplo é que ensina. 

Merenda comida, companhia desfeita. 
Mesmo a casa do teu irmão não vás cada serão. 
Morra Marta, morra farta. 
Morreu o bicho, acabou a peçonha. 
Muita parra pouca uva. 
Mula que faz 'hin' e mulher que sabe latim,
     raramente têm bom fim. 

A SEGUIR: Mais PROVÉRBIOS e Final

18/09/2012

O PORTUGUÊS PITORESCO - Cap. 16 - "OS INCRÍVEIS NOMES PRÓPRIOS BRASILEIROS"

NOMES PRÓPRIOS BRASILEIROS


E agora, passamos àquilo que podemos classificar como um verdadeiro "delírio onomástico". Os Brasileiros não têm quaisquer limitações para a forma como baptizam os seus filhos – e, por isso, eles são registados com nomes fantásticos, alguns mesmo inacreditáveis.

A lista que se segue é impressionante – mas a sua veracidade é inquestionável. Por mais incrível que possa parecer, creiam que existem mesmo Brasileiros com nomes tão interessantes como estes que se seguem. Não me atrevo a destacar nenhum... a não ser, vá lá, esse clássico exemplo do senhor Um Dois Três de Oliveira Quatro... Um espanto de nome, entre tantos nomes espantosos!

A
Abecê Nogueira
Abrilina Décima Nona Caçapava
Abxivispro Jacinto
Acheropita Papazone
Adolpho Hitler de Oliveira
Adoração Arabites
Agrícola Beterraba Areia Leão
Ailoviu de Sousa
Alce Barbuda
Aldegunda Carames More
Alfredo Prazeiroso Texugueiro
Amado Amoroso
Amazonas Rio do Brasil Pimpão
Amor de Deus Rosales Brasil
Antônio Americano do Brasil Mineiro
Antônio Camisão
Antônio Dodói
Antônio Ernane Cacique de New York
Antônio Manso Pacífico de Oliveira Sossegado
Antônio Morrendo das Dores
Antonio Noites e Dias
Antônio Peixe Espada
Antônio Querido Fracasso
Antônio Treze de Junho de Mil Novecentos e Dezessete
Antônio Veado Prematuro
Aricléia Café Chá
Arnaldo Queijo
Asteróide Silveiro
B
Bananéia Oliveira de Deus
Bandeirante Brasileiro Paulistano
Benedito Camurça Aveludado
Benemérita do Rêgo Grande
Bispo de Paris
Bizarro Assada
Boaventura Torrada
Brandamente Brasil
Brasileiro de Campos
Bucetildes
C
Caius Marcius Africanus
Carabino Tiro Certo
Caso Raro Yamada
Céu Azul do Sol Poente
Chananeco Vargas da Silva
Chevrolet da Silva Ford
Cinsero do Nascimento
Clarisbadeu Braz da Silva
Colapso Cardíaco da Silva
Cólica de Jesus
Comigo é Nove na Garrucha Trouxada
D
Danúbio Tarado Duarte
Deus É Infinitamente Misericordioso
Deus Quer Magalhães Mota
Deusarina Venus de Milo
Devercilirio Silveira da Costa
Dezecêncio Feverêncio Delegas
Dignatário da Ordem Imperial do Cruzeiro
Dinossauro Carlos da Silva
Disney Chaplin Milhomem de Souza
Dolores Fuertes de Barriga
Dosolina Piroca Tazinasso
E
Ernesto Segundo da Família Lima
Esdras Esdron Eustáquio Obira Pitanga
Esparadrapo Clemente de Sá
Espereem Deus Mateus
Estácio Ponta Fina Amolador
Éter Sulfúrico Amazonino Rios
Excelsa Teresinha do Menino Jesus da Costa e Silva
F
Faraó do Egito de Souza
Farmácio Lopes
Fé Esperança e Caridade
Fedir Lenho
Felicidade do Lar Brasileiro
Filomena das Dores Lancinantes
Flávio Cavalcante Rei da Televisão
Fomi de Tucunduvá
Francisco Notorio Milhão
Francisco Zebedeu Sanguessuga
Francisoreia Doroteia Dorida
G
Gaspar dos Reis Magos
Gengis Khan Camargo
Gerunda Gerundina Pif Paf
Graciosa Rodela D'alho
Gravitolina Pereira
H
Hidráulico de Oliveira
Himineu Casamenticio das Dores Conjugais
Homem Bom da Cunha Souto Maior
Horinando Pedrosa Ramo
I
Ilegível Inilegível
Inocêncio Coitadinho Sossegado
J
Janeiro Fevereiro de Março Abril
João Cara de José
João Cólica
João de Deus Fundador do Couto
João da Mesma Data
João Pensa Bem
João Sem Sobrenome
José Amâncio e Seus Trinta e Nove
José Casou de Calças Curtas
José Castelo da Ponte Levadiça
José Marciano Verdinho das Antenas Longas
José Teodoro Pinto Tapado
José Xixi
Jovelina Ó Rosa Cheirosa
Jovino de Almeida Albare Militão de Souza e Baruel de Itaparica Boré
L
Lança Perfume Rodometálico de Andrade
Leda Prazeres Amante
Legua e Meia
Lindulfo Celidonio Calafange de Tefé
M
Manganes Manganesfero Nacional
Manoel de Hora Pontual
Manoel Sovaco de Gambar
Manolo Porras y Porras
Manuel Sola de Sá Pato
Manuelina Terebemtina Capitulina de Jesus
Maria da Segunda Distração
Maria-você-me-mata
Maria Clara Aparecida de Noite
Maria do Rosário Sem Contas
Mimaré Índio
N
Naida Navinda Navolta Pereira
Napoleão Bonaparte Sem Medo e Sem Mácula
Natal Carnaval
O
Oceano Atlântico Linhares
Olinda Barba de Jesus
Otávio Bundasseca
P
Pacífico Armando Guerra
Padre Filho do Espírito Santo Amém
Pália Pélia Pólia Púlia dos Guimarães Peixoto
Pelumendia Loureiro
Placenta Maricórnia da Letra Pi
Plácido e Seus Companheiros
Presolpina Furtado
Primavera Verão Outono Inverno
Primeira Delícia Figueiredo Azevedo
Produto do Amor Conjugal de Marichá e Maribel
R
Radigunda Cercená Vicensi Confessoura Dornelle
Remédio Amargo
Ressurgente Monte Santos
Restos Mortais de Catarina
Robambole Simionato
Rolando Caio da Rocha
Rolando Escada Abaixo
Rômulo Reme Remido Rodó
Rui Temperado Vinagre
S
Safira Azul Esverdeada
Sansão Vagina
Sara Oliveira dos Azeites
Serdeberão dos Anjos Pereira Vargas
Sete Chagas de Jesus e Salve Pátria
Sete Rolos de Arame Farpado
Sherlock Holmes da Silva
Simplício Simplório da Simplicidade Simples
Soraiadite das Duas a Primeira
T
Telésforo Veras
Terebentina Terepenis
Terptando Wilson Rego
U
Última Delícia do Casal Carvalho
Último Vaqueiro
Um Dois Três de Oliveira Quatro
V
Vaginildo Alves de Oliveira
Vicente Mais ou Menos de Souza
Vitória Carne e Osso

Z
Zélia Tocafundo Pinto

Há mais – mas estes já são suficientemente interessantes para exemplificar a inesgotável capacidade dos Brasileiros para inventarem nomes extraordinários!  


A SEGUIR: Cap. 17 - PROVÉRBIOS

10/09/2012

O PORTUGUÊS PITORESCO - Caps. 15 e 16 - "LENGALENGAS" e "NOMES ESQUISITOS"

15. LENGALENGAS
  
            A diferença entre um TRAVA-LÍNGUAS e uma LENGALENGA não é lá muito grande, nem fácil de estabelecer, porque há brincadeiras verbais com a forma de ladaÍnha ou cantilena que apresentam igualmente características de trava-línguas.
           
Por isso, sem grandes preocupações de rigor classificativo, aqui ficam algumas dessas cantilenas que serviam para os nossos avós (se calhar, mais os bisavós...) se entreterem à lareira, nas noites compridas.

  
SE CADA UM VAI A CASA DE CADA UM É PORQUE CADA UM QUER QUE CADA UM LÁ VÁ PORQUE SE CADA UM NÃO FOSSE A CASA DE CADA UM É PORQUE CADA UM NÃO QUERIA QUE CADA UM FOSSE LÁ

QUEM EMBARALHAR UM BARALHO BEM EMBARALHADO BOM EMBARALHADOR DE BARALHO SERÁ

SE PENSAS QUE EM TI PENSO SE PENSAS ASSIM PENSAS MAL POIS EU NÃO PENSO EM TI NEM PENSO EM PENSAR EM TAL

FUI AO MAR COLHER CORDÕES VIM DO MAR CORDÕES COLHI

SABENDO O QUE SEI E SABENDO O QUE SABES E O QUE NÃO SABES E O QUE NÃO SABEMOS AMBOS SABEREMOS SE SOMOS SÁBIOS SABIDOS OU SIMPLESMENTE SABEREMOS SE SOMOS SABEDORES POUCO SÁBIOS

 Há muitas outras, mas estas são exemplificativas da forma, um tanto ingénua, como as pessoas se divertiam, quando não havia Televisão nem Internet.



16. NOMES ESQUISITOS

NOMES DE TERRAS E NOMES DE GENTE


Parece não ter limites a capacidade para se criarem nomes pitorescos, tanto para pessoas como para localidades. Os exemplos que vou apresentar (pelo menos alguns deles) vão parecer incríveis, ou inventados, de tal forma entram no domínio da fantasia, do pitoresco e, até, do insólito. Garanto, todavia, que todos os casos citados – tanto os nomes de pessoas como os de terras – são reais, e a sua veracidade pode ser comprovada. Alguns fazem-nos rir, outros espantam-nos, mas todos eles existem mesmo.

A lista está longe de ser exaustiva. Há muitos mais. Mas estes já servem para exemplificar a nossa inesgotável criatividade neste capítulo.


NOMES DE TERRAS PORTUGUESAS

ÁGUA DERRAMADA
ALIVIADA
AMOR
ANGÚSTIAS
ÀS DEZ
BAGACEIRA
BÊBEDA
BEXIGA
BICHA
BICHO
CABEÇA DE BURRO
CABEÇA DE CABRA
CABEÇA GORDA
CABEÇUDOS
CABRÃO
CABRÕES
CAMA PORCA
CAMPA DO PRETO
CASAL DE ÁGUA DE TODO O ANO
CATRAIA DO BURACO
CEMITÉRIO
CHIQUEIRO
COITO
COLO DO PITO
CORNALHEIRA
COXO
CRUCIFIXO
DEIXA-O-RESTO
DESERTO
ENDIABRADA
ESGARAVATADOURO
FANIQUEIRA
FOCINHO DE CÃO
FORNOS DE POUCA FARINHA
GARANHÃO
HOSPÍCIOS
IMAGINÁRIO
JERUSALÉM DO ROMEU
MAL LAVADO
MÁQUINA
MATA MOUROS
MATA PORCAS
MOINHO DA ASNEIRA
MONTE DOS TESOS
NAMORADOS
ORELHUDO
PAITORTO
PAIXÃO
PARAÍSO
PASSADO
PEDAÇO MAU
PENITENCIÁRIA
PÉS ESCALDADOS
PICHA
POBREZA
PORCA
PRESA DOS MOUROS
PUNHETE
PURGATÓRIO
QUINTA DA COMICHÃO
QUINTA DO HIMALAIA
RABO DE PORCO
RATO
RATOEIRA
REGO DO AZAR
RELVAS VERDES
RIO SECO DOS MARMELOS
SENHORA DO ALÍVIO
SÍTIO DAS SOLTEIRAS
SONEGA
TERRA DA GAJA
TRASEIROS
VACALOURAS
VAGINHA
VALE DA RATA
VALE DE MORTOS
VENDA DA GAITA
VENDA DA PORCA
VENDA DAS PULGAS
VENDA DAS RAPARIGAS
VENDA DOS PRETOS
VERGAS
VILA NOVA DO COITO
VILAR DOS PRAZERES
VINHA DA DESGRAÇA
VIOLÊNCIA


NOMES PRÓPRIOS PORTUGUESES

Os nomes próprios portugueses estão sujeitos a aprovação prévia, para poderem ser registados oficialmente. Uma lista, publicada pela Direcção-Geral de Registos e Notariado, define quais os nomes autorizados e os não permitidos.

Quem tiver tempo e paciência pode consultar a lista completa em:
http://www.dgrn.pt/civil/adm_nadn.asp http://www.dgrn.pt/civil/adm_nadm.asp
Aliás, esta lista é muito curiosa, pois apresenta, entre os autorizados, alguns nomes estranhos e inesperados. Se a consultarem poderão encontrar, só na letra A, nomes tão originais como Abdénago, Abelâmio, Abigail, Abna, Acilino, Adalsindo, Aidé, Alida, Alívio, Alvarina, Ana Arine, Anaíde, Analisa, Aniana, Anísia, Anolido, Anquita, Anteia, Anuque, Anusca, Ardingue, Aser, Atão, Auxília – e outros exemplos tão interessantes como estes.

Em contrapartida, e continuando a analisar apenas os nomes começados por A, hão-de verificar que, entre os não autorizados, estão, por exemplo, Acúrcio, Adérito, Adorinda, Aguinaldo, Alma, Alonso, Amar. Ora são conhecidas pessoas que usaram ou usam estes nomes, registados antes da criação da lista em questão. Acúrcio Pereira foi um brilhante jornalista e escritor. Óscar Acúrcio foi actor de teatro e de cinema, assistente de realização e funcionário da Televisão. Ambos têm os seus nomes em ruas, o primeiro em Lisboa, o segundo em Almada. Não mereceriam, por isso, que lhes proibissem agora os nomes... Os outros também listados são bastante normais, usados por muita gente, não se percebendo a causa da rejeição...

Aliás, nesta lista, existem outros aspectos interessantes. Por exemplo, parece haver uma repulsa pelos nomes mitológicos... Ariane, a filha de Minos, rei de Creta, que teceu o fio com o qual Teseu se safou do labirinto e do terrível Minotauro, não pode dar o nome a nenhuma Portuguesa, sabe-se lá porquê... O mesmo se passa com Atena, aquela que foi deusa da Sabedoria, mas está proibida de ceder o nome a uma das nossas compatriotas, por mais sabedora que esta prometa vir a ser... Exactamente o que se passa com o nome de Antinea, também proibido.

Já é autorizado Ary, nesta forma e na forma Ari. E também se pode aplicar a uma menina o nome Andreia, ou, se preferirem, Andrea. Ainda se pode usar Andreias, este último, porém, reservado a meninos.

Expressamente proibido, porém, está o nome Altomirândio, o que até não acho mal, mas também Amadeus, o que impede merecidas homenagens ao grande Mozart...

Outro pormenor curioso da curiosa lista: está igualmente proibido aplicar o nome de África a uma menina portuguesa – mas já são permitidos os nomes de América e Ásia! Porquê esta "discriminação continental"? Ainda mais inexplicável é o facto de não virem mencionadas, em nenhuma das duas listas, os nomes de Europa e Oceânia. E, no entanto, é conhecido o antigo caso de um pai português que, tendo cinco filhas, as mandou baptizar com os nomes dos cinco continentes: precisamente Europa, Ásia, África, América e Oceânia.

Já noutro plano, recordo outro pai cujos filhos tinham, todos eles, nomes começados por D: eram então o Décio, o Dúlio, o Dario, o Délio e o Daniel. 

Neste capítulo, a imaginação não tem limites. Mas a taça para o nome mais fantástico deve ir, acho eu, para a pobre Maria da Trasladação dos Ossos de São Francisco Xavier. Que nome fúnebre!

Não quero ocupar muito espaço com mais nomes esquisitos usados em Portugal – porque reservo a parte final deste capítulo para uma impressionante lista de nomes brasileiros, verdadeiramente espectacular. No entanto, aqui ficam, mesmo assim, alguns nomes portugueses, todos reais, com certo pitoresco.

Anália Rodrigues
Deodato Pinto Penado
Diana Tirapicos da Rosa
Gualter Manaia Galega
Ísis Fabíola
Maria Baguinho Bagulho
Paula Escarameia
Pedro Chorão
Pedro Rato
Piedade Folgado
Primitiva Castanho
Timótio Osório

Um destaque especial merecem os nomes de uma lista que, em tempos, circulou em Luanda:

António Agostinho Chouriço Júnior
Cidália Calçada Descalça
Etelvina Vaca Cabeça
Ignácio Bufa Bucelato
Joaquim Bagina
Joaquim Cuecas
José de Sousa Rabito Magro
Liberdade de Jesus Narigueta Perna Torta Banha
Luís Fortes Lopes Carago
Maria Augusta Rata Seca
Maria Bem Grosso
Maria Ténia Viu Vultus
Maria Teresa Rabo Bacalhau Molho
Maria Salva Um de Cada Vez
Maria Trombasia
Norlinda Rapa Buraco
Paulo Puns Dá


A SEGUIR: NOMES PRÓPRIOS BRASILEIROS (incríveis!) 

04/09/2012

O PORTUGUÊS PITORESCO - Cap. 14 - "TRAVA-LÍNGUAS"

14. TRAVA-LÍNGUAS

 

             São jogos verbais que consistem em dizer, com rapidez, frases difíceis de pronunciar, pela repetição de sons que atrapalham a dicção. Alguns trava-línguas são relativamente simples, outros são bastante elaborados. Apresento aqui uma pequena amostra, pois o repertório é imenso. Começo pelos mais simples, passando depois, progressivamente, para outros mais complexos.


TRÊS TRISTES TIGRES.

UM, DOIS, TRÊS TRISTES TIGRES.


TRÊS TRISTES TIGRES PARA TRÊS PRATOS DE TRIGO; TRÊS PRATOS DE TRIGO PARA TRÊS TRISTES TIGRES.

SE CÁ NEVASSE FAZIA-SE CÁ SKI.

O RATO ROEU A ROLHA DA GARRAFA DO REI DA RÚSSIA; O RATO ROEU A ROUPA REAL DO REI DE ROMA; A RAINHA RAIVOSA RASGOU O RESTO.

A ARANHA ARRANHA A RÃ; A RÃ ARRANHA A ARANHA; NEM A ARANHA ARRANHA A RÃ NEM A RÃ ARRANHA A ARANHA.

COMO POUCO COCO COMO, POUCO COCO COMPRO.

DEBAIXO DA PIA ESTÁ UM PINTO; ENQUANTO A PIA PINGA O PINTO PIA; QUANTO MAIS A PIA PINGA MAIS PIA O PINTO.

FUI A CHAVES, ENCONTREI UMA CHAPA DE CHUMBO CHAPADA NO CHÃO.

PORTO SECO, CORPO CRESPO.

SE A LIGA ME LIGASSE EU TAMBÉM LIGAVA À LIGA, MAS A LIGA NÃO ME LIGA, EU TAMBÉM NÃO LIGO À LIGA.

ERAM AUSTEROS ASTRÓLOGOS, ASTRONAUTAS AUSTRALIANOS, AUTÓMATOS AUTÓNOMOS E SEUS ANTÓNIMOS.

O PEITO DO PEDRO É PRETO; Ó PEDRO, O TEU PEITO É PRETO?

O PEITO DO PÉ DO PEDRO É PRETO; QUEM DISSER QUE O PEITO DO PÉ DO PEDRO É PRETO, TEM O PEITO DO PÉ MAIS PRETO DO QUE O PEITO DO PÉ DO PEDRO.

UM NINHO DE MAFAGAFOS COM CINCO MAFAGAFINHOS; QUEM DESMAFAGAFIZAR OS MAFAGAFOS BOM DESMAFAGAFIZADOR SERÁ.

PARDAL PARDO PORQUE PALRAS? PALRO E PALRAREI PORQUE SOU O PARDAL PARDO PALRADOR DE EL-REI.

A POPA PAPA A PARRA E A PARRA NÃO PAPA A POLDRA; COMO A POPA PAPA A PARRA, PORQUE NÃO PAPA A PARRA A POLDRA?


NÃO CONFUNDA ORNITORRINCO COM OTORRINOLARINGOLOGISTA, ORNITORRINCO COM ORNITOLOGISTA, NEM ORNITOLOGISTA COM OTORRINOLARINGOLOGISTA, PORQUE ORNITORRINCO É ORNITORRINCO, ORNITOLOGISTA É ORNITOLOGISTA E OTORRINOLARINGOLOGISTA É OTORRINOLARINGOLOGISTA!

LARGA A TIA, LAGARTIXA! LAGARTIXA, LARGA A TIA! SÓ NO DIA EM QUE A TUA TIA CHAMAR LAGARTIXA À LAGARTIXA!

PASSA O PATO, DORME O GATO, FOGE O RATO, CORRE O GATO, DORME O RATO, FOGE O PATO, PEGA O RATO, DORME O PATO, FOGE O GATO!

COMPADRE, COMPRE POUCA CAPA PARDA PORQUE QUEM POUCA CAPA PARDA COMPRA POUCA CAPA PARDA GASTA. EU POUCA CAPA PARDA COMPREI E POUCA CAPA PARDA GASTEI.


A SEGUIR: Capítulo 15 - LENGALENGAS