29/04/2012

O EROTISMO A NU - De "UMBIGO" a "ZONA ERÓGENA" (FINAL)

U


UMBIGO – Cicatriz, no meio do abdómen, que é o resultado do corte do cordão umbilical, e que pode ser mais ou menos bonita, conforme a habilidade de quem fez essa corte. Há umbigos muito feios, que exigem uma correcção por cirurgia plástica – mas, na sua maioria, a sua forma é aceitável e até dá um certo encanto às barriguinhas... Em certas danças de origem africana, e também brasileiras, pratica-se a umbigada, isto é, o encosto dos umbigos, sugerindo outros encostos mais atrevidos, para depois da dança...

URETRA – Canal que sai da bexiga para o meato urinário. No homem, este canal interior do pénis serve para a saída da urina e, por uma curiosa poupança da Natureza, é também aproveitado para expelir o sémen. Na sua extremidade, tem o meato uretral, com a forma de uma pequena fenda vertical, que se abre apenas na altura da expulsão da urina ou do sémen. Já na mulher a uretra serve apenas para a micção, sendo um órgão muito curto, tendo a sua abertura formas muito variáveis.

URINA – Líquido segregado pelos rins, que depois passa, através dos ureteres, para a bexiga, de onde é expelido para o exterior, através da uretra. Do ponto de vista sexual, a urina exerce uma grande fascinação em algumas pessoas, que consideram a observação dos seus parceiros no acto de urinar como altamente erótico. Há mesmo quem aprecie ser inundado pela urina alheia, durante o encontro amoroso, naquilo a que chamam "chuva de prata".


V


VAGINA – Conjunto de órgãos que, nas mulheres, se estendem do útero até ao orifício externo do canal vaginal. A vagina é o órgão feminino da copulação e do parto. É protegida, exteriormente, pelos grandes lábios, que recobrem todo o conjunto constituído pelos pequenos lábios, o clítoris, abrigado pelo seu capuz, o meato urinário e o orifício da vagina propriamente dita, em que uma membrana, o hímen, é testemunho da virgindade da mulher, até ser rompida por penetração do pénis ou de qualquer objecto ali introduzido. Escondida entre as coxas, protegida e ornamentada com os pêlos púbicos, é a zona mais cobiçada do corpo feminino, sendo considerada como o mais importante troféu que o homem pode conquistar, na sua eterna batalha pela posse da mulher desejada.

VAIDADE – Valorização que se atribui às próprias qualidades, ou à própria aparência. Por tradição, costuma aplicar-se esta qualidade às mulheres, mas a verdade é que também os homens, ou uma boa parte deles, são vaidosos em relação ao seu aspecto físico e às suas qualidades, sejam estas de ordem intelectual, atlética ou sexual. O que acontece, por vezes, é que a realidade não corresponde à imagem que os vaidosos e as vaidosas têm de si próprios...

VAMP – Mulher que usa a sedução para atrair e explorar os homens. A designação vem da palavra "vampiro", no sentido de alguém que suga os outros... No cinema, a imagem da "mulher fatal", elegantíssima, sofisticada, pronta a usar os ingénuos que se apaixonavam por ela, e que eram abandonados friamente quando já nada mais tinham para dar, criou o retrato vivo da vamp, como ela ficou conhecida.

VEDETA – Artista principal de um espectáculo, ou jogador mais em evidência numa equipa desportiva. Vedetas de Cinema famosas, no seu tempo, foram Brigitte Bardot, Sofia Loren, Clark Gable, Marilyn Monroe, Paul Newman, etc. – e, mais recentemente, Harrison Ford, Angelina Jolie, Brad Pitt. Também na Música se criaram vedetas, como os Beatles, Madonna, Mariza e outros. E, no Futebol, desde Pelé a Eusébio, Figo, Cristiano Ronaldo, etc. As vedetas têm sempre os seus nomes em letras mais destacadas, nos cartazes, e os cheques com que lhes pagam são sempre mais generosos que os dos seus companheiros de segundo plano.

VENÉREO – A palavra vem do nome da deusa Vénus – mas também tem um sentido bem mais desagradável, quando se refere a assuntos sexuais. Uma doença venérea é uma doença sexual, como é o caso, por exemplo, da sífilis. Assim se prova que aquilo que pode ser muito bom, também pode ser, simultaneamente, muito mau... Daí a recomendação universal: use sempre a camisinha!...

VÉNUS – Filha de Júpiter, era a deusa da Beleza, em Roma, tal como Afrodite o fora na Grécia. Seu filho Cupido seria o deus do Amor – mas foi ela que se entregou a muitos amantes, mitológicos e humanos, como Marte e Vulcano, Anquises, que seria o pai de Eneias, Adónis, etc. Na Astrologia, Vénus é o mais radioso dos planetas. O seu culto levou inúmeros poetas a dedicar-lhe os seus versos, e artistas de todo o mundo a representá-la em pinturas e em estátuas magníficas de beleza. A Vénus de Milo, a Vénus Calipígia ("calipígia" quer dizer "que tem belas nádegas") e a Vénus de Cápua do Museu de Nápoles, bem como os quadros de pintores como Botticelli, Rafael, Ingres, Fragonard, Rubens, Velazquez e tantos outros, mostram como esta deusa sempre foi uma das mais admiradas, desde tempos remotos até hoje.

VERGA – Um dos variados nomes que se aplicam ao pénis. A sua forma e características modificam-se, segundo esteja em repouso ou em erecção. Em repouso, tem normalmente (em média) uns 10 centímetros de comprimentos e 9 de circunferência. Erecta, passa para cerca de 12 centímetros de circunferência e 15 de comprimento – mas estas medidas podem ser consideravelmente aumentadas, chegando a valores muito superiores, em certos casos que chegam a atingir a anormalidade, e que dependem do indivíduo e da raça: já foram medidas vergas com 34 centímetros! Sendo o órgão masculino por excelência, e aquele que representa a virilidade no seu aspecto mais visível, é também o mais susceptível de fracassar em ocasiões delicadas. A erecção, sendo essencial para a penetração (e é para isso que a verga existe), por vezes falha, por razões fisiológicas, psicológicas ou outras, impedindo a realização do acto e provocando uma frustração que é, por vezes, difícil de ultrapassar.

VIAGRA – Considerado um "remédio milagroso" para a impotência, talvez o mais importante dos últimos tempos, o "comprimido azul", desde que usado com critério, tem salvo muitas situações críticas, em que o homem ameaçava entrar em desespero, por não conseguir obter (ou manter) uma erecção satisfatória. A chamada "disfunção eréctil" aflige milhões de homens, é muito mais vulgar do que se pensa e tem finalmente, com o aparecimento do Viagra, a possibilidade de ser resolvida, na maioria dos casos – e, acima de tudo, de forma discreta, já que nenhum homem gosta de admitir que não consegue manter o seu pénis orgulhosamente duro durante o tempo suficiente para atingir o desejado orgasmo.

VIBRADOR – Também chamado consolador ou "consolo-de-viúva", entre outros nomes, uns mais pitorescos do que outros, o vibrador não é mais do que um pénis artificial, que pode incluir certas características como uma pilha que o faz vibrar e assim simular movimentos naturais. Também pode conter um depósito para líquido que imita o sémen. Existem no mercado modelos com diferentes cores e, até, com vários sabores, pelo que também pode ser usado para praticar sexo oral.

VIOLAÇÃO – Existem vários tipos de violação, como a "violação de fronteiras", a "violação do segredo profissional", a "violação dos direitos de autor", a "violação de correspondência" e outras – mas a violação sexual é aquela que mais directamente interfere com a vida das pessoas, com a sua intimidade e com a preservação de algo que constitui um valor, não só físico, mas também moral. Quando um homem viola uma mulher, isto é, quando pratica com ela um acto sexual contra a sua vontade, é maior o impacto psicológico que o físico envolvido nessa acção. O mesmo se passa quando um homem viola outro homem. O violador apresenta características de anormalidade evidentes, pois está a fazer algo em que não conta, nem com o consentimento nem com a participação interessada da pessoa violada – portanto, está a cometer um acto que só pode ser insatisfatório para ambos. Algo mais difícil de compreender e de concretizar é a violação de um homem por uma mulher, uma vez que, para que esta seja consumada, será necessário que ele tenha uma erecção, o que não parece nada  fácil, se ele não tiver realmente vontade de participar...

VIRGEM – Pessoa que nunca teve relações sexuais. No caso das mulheres, essa condição é comprovada pela existência do hímen, e chamam-se-lhes então "donzelas" ou "moças". No caso dos homens, não há nenhuma característica física que comprove tal condição. A virgindade foi e ainda é considerada um valor importantíssimo, em muitas regiões do mundo. Assim, uma moça deve apresentar-se casta, pura, inocente, perante o homem com quem se casa. Se tal não acontece, ele pode repudiá-la e exigir a devolução do dote que previamente terá pago. No entanto, em certas épocas e em certas civilizações arcaicas, acontecia precisamente o contrário. A desfloração devia ser feita por um "desflorador sagrado", geralmente disfarçado de sátiro, que praticava o acto, por vezes, com um instrumento perfurador. Esta tradição, que começou assim por ter carácter religioso, foi-se transformando no decorrer dos séculos – e, assim, os senhores feudais da Idade Média gozavam do famoso "direito de pernada", que lhes dava o privilégio de dormirem a primeira noite com as noivas dos seus vassalos. Deste modo, os pobres maridos (que não se podiam considerar enganados, porque se tratava de um "direito adquirido" dos seus senhores) não desfloravam as suas esposas, pois essa tarefa pertencia àquele que era uma espécie de "dono" de todos os seus servos e servas. Na ópera "As bodas de Fígaro", de Mozart, cuja acção se situa em Sevilha, por volta de 1785, o Conde de Almaviva ainda ameaça aplicar a Susana, a sua criada e noiva de Fígaro, esse ancestral direito, o que só não acontece graças às habilidades do esperto barbeiro.

VIRILIDADE – Qualidade do homem, da sua condição sexual de macho, como um ser forte, vigoroso, másculo, capaz de transmitir a vida. Um homem viril é um homem corajoso, firme, dominador. Durante séculos, estes foram considerados os atributos mais importantes para qualquer homem, que teria como função e destino dominar a mulher. Esses conceitos foram-se diluindo com o tempo, sendo por vezes contestados, à medida que as mulheres se foram impondo em todos os domínios, incluindo o sexual. Isto é, em palavras simples, pode dizer-se desta forma: dantes, na cama, mandava ele; agora, pode mandar ele ou ela – e, muitas vezes, manda ela. O que implica uma certa desvalorização da virilidade, como ela era encarada anteriormente.

VOLUPTUOSIDADE – O prazer supremo dos sentidos. Confunde-se com a luxúria, que até é apontada como um dos pecados mortais. Apesar disso, ou por isso mesmo, a voluptuosidade, ou volúpia, está presente nas acções humanas, duma forma natural, pois não há ninguém, salvo em casos patológicos, que não prefira o prazer ao sofrimento. Uma pessoa naturalmente voluptuosa "sente prazer em ter prazer" e goza todas as sensações de forma completa e apaixonada.

VOYEUR – Aquele que experimenta estímulos sexuais ao observar objectos ligados com a sexualidade, ou actos sexuais praticados por outros. Pode excitar-se, por exemplo, a observar fotos pornográficas, ou objectos sexuais. A observação de uma pessoa a despir-se é outro exemplo frequente do voyeurismo. Na língua inglesa, usa-se o nome de um tal Peeping Tom para simbolizar aquele que gosta de espreitar o que se passa na intimidade dos outros.

VOZ – É um dos mais importantes elementos de sedução, usado por homens e mulheres para conquistarem os seus parceiros sexuais. Os efeitos desejados são alcançados, naturalmente, através das palavras bonitas com que se compõem frases aliciantes – mas, também, usando o timbre vocal mais indicado e a intensidade apropriada, a rapidez nas frases ou, pelo contrário, a sua contenção, enfim, todo um conjunto de factores que contribuem para impressionar, convencer e seduzir a outra pessoa. Passando da "voz falada" para a "voz cantada", é evidente que alguém capaz de entoar uma canção à pessoa amada aumenta as hipóteses de a conquistar – como sempre aconteceu, desde a época dos trovadores até à dos cantores pop e rock da actualidade, que levam a paroxismos de entusiasmo o seu público. Em ambientes mais íntimos, um sussurro envolvente e bem modulado pode conduzir ao fim desejado...

VULVA – É o conjunto dos órgãos genitais externos da mulher. Inclui o monte de Vénus, os grandes lábios, os pequenos lábios ou ninfas, o clítoris com o seu capuz, a uretra e a vagina. Tem uma conotação muito ligada à maternidade, pelo que, na linguagem popular, é chamada habitualmente de "madre".

Y

YIN e YANG – Os dois termos correspondem respectivamente ao lado feminino (o lado da sombra) e ao lado masculino (o lado da luz), segundo a tabela tradicional das oposições na China antiga – tabela essa análoga, pela sua estrutura, à dos antigos pitagóricos da Grécia e da Itália do Sul. É curioso verificar que o Yin é apresentado em primeiro lugar na fórmula consagrada, ao passo que a hierarquia da família chinesa tradicional, como a da família grega antiga, estabelece a precedência do macho, ou seja, do Yang. Isto parece indicar que o patriarcado foi precedido por uma época de matriarcado. Na figura simbólica do Yin-Yang em preto e branco, os pontos, brancos no lado negro e negros no lado branco, marcam a interpenetração dos dois sexos, que são também os dois aspectos de todas as coisas.


Z

ZONA ERÓGENA – Cada uma das partes do corpo humano cuja excitação específica produz o prazer sexual. As zonas erógenas dos adultos são diferentes das zonas infantis. Estas são as primeiras a surgir e, entre elas, contam-se a zona oral (pelo acto de mamar), a zona anal (pelo acto da passagem das fezes), a uretra (pela micção). Por vezes, estas zonas erógenas mantêm a sua importância, para alguns indivíduos, na idade adulta. Todavia, o mais normal é que as zonas erógenas dos adultos se situem, para os homens, na zona genital (glande do pénis e imediações), na boca, no ânus e, por vezes, noutras partes do corpo – e, para as mulheres, principalmente no clítoris e na vagina, mas também nos seios, e em outras diversas partes do corpo, como zonas secundárias.
            Compete aos amantes descobrirem quais as zonas mais sensíveis do corpo dos seus parceiros, e actuar sobre elas, com dedicação e eficiência, de forma a partilharem o prazer sexual em toda a sua plenitude.       


FICA ASSIM TERMINADA A PUBLICAÇÃO DESTA OBRA, QUE FOI ESCRITA HÁ JÁ MUITO TEMPO, E QUE ANDOU POR AÍ, DE EDITOR EM EDITOR, SEM QUE NENHUM TIVESSE CORAGEM PARA PUBLICÁ-LA... DEPOIS DE TER PASSADO NA "GAVETA" O TEMPO QUE ACHEI SUFICIENTE, RESOLVI OFERECÊ-LA, AQUI, A QUEM A QUISESSE APRECIAR.

FALTAM AS ILUSTRAÇÕES DO ZÉ MANEL, ESSE DESENHADOR GENIAL QUE CHEGOU A ESBOÇAR A CAPA E ALGUMAS ILUSTRAÇÕES INICIAIS  -  AS ÚNICAS QUE SE FIZERAM, E QUE PUBLICO AQUI, COMO AMOSTRA DO QUE SERIA O TRABALHO COMPLETO, SE ALGUMA VEZ SAÍSSE SOB A FORMA DE LIVRO.

A CAPA
A FOLHA DE ROSTO
ABERTURA DE CAPÍTULO

UMA PÁGINA
OUTRA PÁGINA

27/04/2012

O EROTISMO A NU - De "SENTIMENTO" a "TROMPAS"

SENTIMENTO – São muitos os significados que se podem atribuir à palavra. No que respeita ao que nos interessa, significa amor, afeição. No plural, "ter sentimentos" significa "ter sensibilidade", "ter qualidades morais".

SEREIA – Ser mitológico, com cabeça e mamas de mulher e rabo de peixe, que, segundo as lendas antigas, atraía os marinheiros com o seu canto mavioso, para os comer – não se sabe se em sentido literal, se em sentido figurado...

SEX-APPEAL – Expressão da língua inglesa (talvez deva dizer-se, antes, da "língua americana"), um tanto difícil de definir rigorosamente, mas que significa "encanto sexual", atracção física para membros do sexo oposto. Foi muito usada na linguagem cinematográfica, aplicada às vedetas, sobretudo às do sexo feminino, que atraíam admiradores pela sua beleza mas, acima de tudo, por um indefinível magnetismo de tipo sexual.

SEX-SHOP – Loja especializada na venda de artigos eróticos, que podem ir do simples vibrador até aos mais sofisticados produtos para potenciar o prazer sexual.

SEX-SYMBOL – Pessoa que é admirada e, por vezes, quase divinizada, como a personificação do ideal erótico, para quem a considera o símbolo máximo do prazer sexual idealizado. Artistas de cinema, belos atletas e outras figuras públicas são eleitas como sex-symbols por admiradores fanáticos, que as adoram com verdadeiro fanatismo, a ponto de se tornaram completamente insuportáveis para aqueles que são oa alvos da sua admiração.   

SEXO – Simultaneamente, a palavra mais fácil e mais difícil de definir, de forma concisa. Aplica-se à repartição das tarefas da geração, sendo necessária a união entre o factor masculino e o factor feminino, para que se verifique a reprodução. Mas, para além dessas funções fisiológicas, o sexo brinda-nos com um outro factor complementar – para muitos, o mais importante: o prazer. Se não existisse prazer associado ao sexo, este seria, certamente, bem mais escasso e mais raro. É por isso que, ao contrário dos animais, que o praticam por "obrigação natural", os homens e as mulheres o animam com tantas variações e tantas fantasias, destinadas a tornar o prazer maior, mais variado e mais intenso.

SEXOLOGIA – Ciência que analisa a sexualidade e os seus fenómenos. Estudo dos factores biológicos, anatómicos, morfológicos, fisiológicos, psicológicos, patológicos e outros, que estão ligados, directa ou indirectamente, com a geração. Na verdade, são tantos e tão complexos os factores que interferem nesta matéria, que chega a parecer quase "milagroso" como as pessoas conseguem praticar um acto sexual, qualquer que ele seja, de forma espontânea e natural. Felizmente, é isso que acontece, na maioria dos casos!

SEXUALIDADE – Conceito que se confunde com sexo e com sensualidade. Define-se como o conjunto de factores que determinam a pulsão para a prática de actos sexuais. Esses factores existem em cada indivíduo logo desde a infância, embora se tornem mais evidentes e mais activos quando se atinge a puberdade.

SÍFILIS – Doença infecciosa, geralmente transmitida por contacto sexual, e que se desenvolve em três fases: ulceração genital indolor, erupções cutâneas com dores articulares e ulceração generalizada, que pode degenerar em perturbações neurológicas, paralisia e mesmo afecções psiquiátricas. Com tal panorama, compreende-se que a sífilis sempre tenha sido considerada uma doença temível, Foi, durante séculos, uma "doença das prostitutas", que depois se levava para casa e contaminava a família. A sua expansão só começou a ser atenuada através da generalização dos cuidados higiénicos e profilácticos que, actualmente, são comuns, pelo menos nos países mais civilizados.

SILICONE – Designação técnica dos polímeros, usados para os mais diversos fins, industriais e técnicos. Porém, na linguagem comum, quando se fala de silicone, pensa-se, geralmente, em mamas ou rabos aumentados artificialmente, através de implantes, colocados por especialistas em cirurgia plástica, actuando em hospitais e, sobretudo, em "institutos de beleza". Com o progresso atingido neste campo, nem sempre é fácil distinguir, pelo tacto, uma bela mama de silicone de uma natural.

SÓCRATES – Filósofo grego que viveu entre 470 e 399 a.C., que preconizava um diálogo intenso entre o professor e o aluno, e era um verdadeiro apóstolo da liberdade. Apresentava-se como "aquele que nada sabe". Fisicamente, era tosco, de aspecto grosseiro, feio de feições, o contrário dos elegantes sofistas que eram apreciados pelos atenienses. Talvez por isso, foi condenado à morte por, alegadamente, corromper a juventude, e bebeu cicuta, conversando tranquilamente com os seus amigos, Foi o seu discípulo Platão quem revelou a sua filosofia, já que Sócrates não deixou nada escrito, embora, tanto quanto se sabe, tenha passado toda a sua vida a discursar, profundamente convencido da beleza das suas ideias.

SODOMA – Cidade da antiga Palestina, junto do Mar Morto, famosa pelas suas riquezas, pelo seu patriarca, Abraão, e pela história que a Bíblia conta a seu respeito. Loth, sobrinho de Abraão, recebera a visita de mensageiros celestes, e os homens da cidade cercaram a casa, exigindo deitar-se com os seus hóspedes... Invocando os deveres de hospitalidade, Loth não os atendeu, preferindo oferecer-lhes as suas filhas, ainda virgens; mas os outros recusaram-nas. Então, o deus de Israel resolveu castigar a cidade, e fez cair uma chuva de fogo e enxofre sobre Sodoma e Gomorra, depois de convidar Loth e a sua família a fugirem. Mas a mulher de Loth não resistiu sem olhar para trás, pela última vez, para a sua cidade, sendo por isso transformada numa estátua de sal... Esta história pode ter alguma relação com o facto conhecido de que, no Mar Morto, é possível um corpo flutuar sem submergir, tal é a quantidade de sal que existe nas suas águas. Na tradição judaico cristã, passou a designar-se como sodomita aquele que pratica o coito com outra pessoa do mesmo sexo, ou com um animal, ou ainda o coito anal com uma pessoa de outro sexo. O tema de Sodoma inspirou artistas e escritores, sendo conhecidas obras como "Os 120 Dias de Sodoma", do marquês de Sade, "Sodoma e Gomorra" de Marcel Proust, em "À la Recherche du Temps Perdu", etc. 

SUTIÃ – Peça de vestuário destinada a sustentar e erguer as mamas (a palavra vem do francês "soutien-gorge"). Os sutiãs, ou "porta-seios", com a forma aproximada que têm actualmente, foram criados em Inglaterra, em 1886, e eram constituídos por uma armação de arame e seda, que fazia lembrar dois passadores de chá unidos. Durante o século XX, desapareceram os arames, substituídos por tecidos cada vez mais macios e cómodos, até se chegar aos modelos actuais, mais sofisticados – mas sempre com a mesma finalidade: realçar, erguer e manter o peito erecto. Antes disso, porém, as mulheres já dispunham de outros equipamentos concebidos para o mesmo fim. Só que os antecessores dos sutiãs eram, na sua maioria, autênticos instrumentos de tortura. Os "corpetes" eram, na Idade Média, incorporados nos vestidos, de forma a aumentar o peito, projectando-o para cima e para a frente, numa época em que essa era a parte do corpo feminino mais em evidência, enquanto as pernas ficavam sempre bem tapadas e protegidas de vistas indiscretas, por baixo de longas saias a roçar o chão. Como sucessores dos corpetes, surgiram os "espartilhos", que haviam de manter-se como parte essencial da indumentária e da moda feminina, durante muitos anos. Até que surgiu o sutiã actual, nas suas variadas formas e tamanhos, sendo alguns bem reduzidos, como o minúsculo "wonderbra", e havendo até mulheres que preferem, afinal... não usar sutiã algum!...
            Menos conhecido é o "sutiã-pénis", uma espécie de estojo, usado sobretudo pelos homens de certas tribos africanas e sul-americanas, e que se destina a proteger o órgão genital nas deslocações na selva – embora, por vezes, sirva principalmente de ornamento. Pode ser feito de bambu ou de outro material, sendo mais ou menos decorado, e exagerando o volume e a forma do pénis.


T


TABU – Proibição, por razões religiosas, culturais, sociais, ou outras, de realizar certos actos, tomar certas atitudes, usar certos objectos ou certas palavras – enfim, manter num plano de secretismo ou de interdição qualquer coisa que deve ser escondida ou reservada. Por exemplo, no que respeita ao sexo, um tabu mais ou menos universal é aquele que interdita as relações entre parentes próximos, o chamado "tabu do incesto".

TENDÊNCIA – Aquilo que leva alguém a seguir certo caminho ou a agir de certa forma. Nos aspectos ligados com o erotismo, as tendências mais evidentes são as que se referem a preferências relativas a práticas ou a parceiros sexuais. Assim, pode falar-se, por exemplo, numa "tendência para o masoquismo", ou numa "tendência para um parceiro do mesmo sexo".

TENTAÇÃO – Impulso para a prática de qualquer acto que não é, em princípio, recomendável. Pode assumir um significado religioso e servir assim para designar, por exemplo, "o Diabo", "o Demónio"... Mas também pode ser algo não tão complexo, limitando-se a um simples desejo, um prurido, algo que temos vontade de fazer... Dizia Oscar Wilde que era capaz de resistir a tudo – menos a uma tentação...

TESÃO – É o estado daquilo que está teso, que está duro. Embora o conceito possa ser usado em inúmeras aplicações diferentes, aquela que mais facilmente salta aos nossos espíritos é a que se refere à erecção do pénis ("quando ele a olhava, ficava com um grande tesão"). Por isso, a palavra foi considerada obscena ou, pelo menos, deselegante. A sua utilização, com toda a naturalidade, pelo escritor Jorge Amado, em alguns dos seus romances, reabilitou-a e trouxe-a para a linguagem corrente, à semelhança do que acontece com a palavra espanhola "tesón", que sempre se utilizou na fraseologia comum.
            De referir ainda o "tesão do mijo", que é a erecção característica experimentada pelos homens, de manhã, quando ainda não urinaram.

TESTÍCULOS – Partes genitais dos animais machos, de formato ovóide, que estão alojados na bolsa escrotal, e que produzem a testosterona, hormona sexual masculina – a chamada "hormona da virilidade". Na linguagem popular têm várias designações, mais ou menos pitorescas, como "bolas", "ovos", "tomates", "bagos", "balangandãs", "berloques" e outras mais.

TOQUE – Como palavra com sentido erótico, refere-se à masturbação. O homem toca-se quando manipula o pénis, a mulher quando acaricia o clítoris.

TORTURA – Aberração sexual que é exigida por algumas pessoas para atingirem o orgasmo. As duas variantes mais comuns são o sadismo e o masoquismo.

TRANSAR – No seu sentido comercial, significa "transaccionar", "fazer uma transacção", "ajustar", "combinar". Foram os brasileiros que vulgarizaram um significado mais brejeiro para a palavra: "namorar", "fazer amor" ou "fazer sexo".

TRANSSEXUAL – Indivíduo que, devido a problemas que podem indiciar uma neuropatia aguda, sente o desejo de pertencer ao sexo oposto àquele de que possui os atributos físicos. Assim, um indivíduo do sexo masculino pode aspirar a ter o aspecto de uma mulher, tentando para isso desenvolver as mamas e, em casos extremos, eliminar o pénis e os testículos, através de delicadas operações, nem sempre bem sucedidas, na tentativa de fabricar uma vagina artificial. Caso oposto acontece com a mulher que se masculiniza e tenta transformar o seu clítoris num pequeno pénis. São casos de "mudança de sexo" muito complexos, que habitualmente terminam em fracassos, tanto no que se refere ao aspecto físico como, especialmente, do ponto de vista psicológico.

TRAVESTI – Por vezes confundido com o transsexual, apresenta algumas diferenças. O travesti não é, obrigatoriamente, alguém que quer mudar, morfologicamente, de sexo, embora haja casos em que isso acontece. Basta-lhe, geralmente, dar-se ao prazer de se vestir como se pertencesse ao sexo oposto – assim, o homem veste-se de mulher e vice-versa. É uma figura muito frequente no mundo do espectáculo e também não se trata, obrigatoriamente, de um ou uma homossexual. Há casos de travestismo conhecidos desde tempos muito antigos, entre personalidades tão famosas como Júlio César, Catarina II, George Sand ou Richard Wagner. O imperador Heliogábalo, esse sim, foi provavelmente uma das primeiras pessoas a desejar, não apenas travestir-se, mas transformar-se em mulher, isto é, a pretender ser um transsexual.

TRIBADISMO – Acto homossexual entre mulheres – as tríbades ou lésbicas. (v. Sapho, Safismo).

TROMPAS – Pondo de lado os instrumentos musicais com este nome, que não são para aqui chamados, nem as "trompas de Eustáquio", canais que ligam o ouvido médio à faringe – as que nos interessam são as designadas "trompas de Falópio", do nome do anatomista italiano Gabriello Fallopio (1523-1562) e que são dois canais muito finos que ligam os ovários ao útero. Têm, portanto, um papel muito importante no trânsito do óvulo dentro do corpo da mulher. Daí que uma das soluções drásticas para evitar o nascimento de bebés seja a tão falada laqueação das trompas.

16/04/2012

O EROTISMO A NU - De "QUECA" a "SENSUALIDADE"

Q

QUECA – Designação, relativamente moderna, para foda, que foi, durante muito tempo, considerada palavra obscena, cuidadosamente evitada nos dicionários "sérios", mas que se tornou vulgar e é utilizada com bastante à-vontade. A queca é uma palavrinha quase carinhosa, que se usa com alguma despreocupação na linguagem corrente, normalmente sem escandalizar ninguém, a não ser alguma velhinha mais enrugada, tanto na pele como no espírito.


R

RABO – Levada à letra, esta designação haveria de referir-se a um apêndice, a uma cauda, a um conjunto de penas, ao cabo de um instrumento ou utensílio, e assim por diante. Mas, é claro que, no contexto desta obra, o rabo é o cu, o traseiro, a bunda, as nádegas – ou seja, aquela parte do corpo que fascina homens e mulheres, pelo seu volume, pelo seu movimento, pela sua expressão e pela atracção que exerce, do ponto de vista sexual. Penetrar no rabo, isto é, praticar o sexo anal, é uma prática corrente. Mas, ainda que o homem costume preferir que a penetração do seu pénis se faça na vagina da mulher, a posição mais favorável para o conseguir é colocar-se por trás dela, de forma a sentir o contacto com o volume e a macieza do rabo feminino. Numa relação homossexual, essa á também a posição mais usada, embora não seja a única. Muitos homens têm uma fixação pelo rabo das mulheres, considerando-o a parte mais entusiasmante do corpo feminino. Mas também muitas mulheres apreciam, nos seus parceiros masculinos, um rabo bem torneado, nem que seja apenas para o acariciarem, antes e durante o coito.
            Em linguagem chula, rabo é um homossexual do sexo masculino, isto é, aquele que, segundo a expressão corrente, "leva no rabo".

RAPIDINHA – Nome afectuoso que se dá a uma queca que, por razões de urgência erótica, de falta de tempo, ou de receio de interrupção inesperada, se realiza muito rapidamente, ao estilo das quecas quase instantâneas dos coelhos. São dispensados os preliminares, é tudo muito rápido, mas isso não significa que não possa ser muito agradável... 

RELAÇÃO – Interessa-nos mais usar o termo no plural: relações – pois assim é mais fácil definir as suas diferentes espécies, que são muitas, entre as quais se encontram as que estão dentro dos parâmetros desta obra. Assim, pondo de lado as "relações" que se referem a "listas ou índices", as "relações" sociais, profissionais, familiares ou de amizade, as "relações humanas" e as "relações públicas", interessa-nos analisar as relações sexuais, um conceito um tanto ou quanto vago, visto que, para algumas pessoas, esta expressão se refere a qualquer tipo ou acto sexual (sexo oral, anal, masturbação, sado-masoquismo, etc.); para outros, relações sexuais significam, exclusivamente, actos de penetração em que são protagonistas um pénis e uma vagina. Pouco interessa acertar na definição mais exacta, sendo preferível aceitar a mais abrangente: relações sexuais são aquelas que têm por objectivo a satisfação da líbido.

ROMANCE – Na sua forma literária, é uma narrativa, relativamente longa, de factos reais ou imaginários, contando uma história. Na sua forma sentimental, é um caso de amor, um namoro. Diz-se que "ele está a viver um lindo romance com aquela mulher", quando "ele" se mostra completamente apaixonado por "ela"!...

SADE – O marquês de Sade, Donatien Alphonse François, nasceu em Paris, em 1740, e morreu, cercado por loucos, no hospício de Charenton, em 1814. Entre estas duas datas, decorreu uma vida tão dissoluta e libertina que o seu nome ficou para sempre associado a práticas sexuais incomuns, envolvendo perversões e fantasias, que ele descreveu minuciosamente nos vários livros que escreveu. Passou grande parte da vida em prisões: E foi em várias prisões que, em 1782-85, escreveu "Os Cento e Vinte Dias de Sodoma"; em 1791 "Justine ou os Infortúnios da Virtude"; e, em 1795, a famosa obra "A Filosofia na Alcova". Casou, teve filhos, mas a sua vida esteve muito longe de ser normal, segundo os valores morais então cultivados, no chamado "século das luzes". Pelo contrário, toda a sua existência assentou no deboche e na procura do prazer através do sofrimento infligido. O sadismo baseia-se, deste modo, na excitação conseguida à custa do sofrimento alheio. Por isso, os sádicos chicoteiam, batem, torturam, e é assim que sentem prazer. A história deste terrível marquês está recheada de episódios chocantes, como o de Rosa Keller, uma mulher a quem convenceu a deixar-se chicotear. Quando ela fugiu e revelou o caso, o escândalo foi enorme. Mas foi apenas o primeiro de muitos outros – como o caso de Marselha, que envolveu quatro raparigas, supostamente envenenadas com bombons recheados de cantáridas... Aí se teriam dado cenas de flagelação recíproca, homossexualidade, relações com jovens de ambos os sexos, que, ao serem conhecidos, obrigaram o marquês a fugir, perseguido com acusações gravíssimas, que acabariam por levá-lo, uma vez mais, à cadeia. Estava preso na Bastilha quando da Revolução Francesa. Toda a sua vida foi uma sucessão de escândalos, alternando com a publicação de livros em que expunha as suas ideias, que tiveram (e ainda têm) muitos seguidores, sendo ainda hoje o sadismo, tal como o masoquismo, que é um pouco o seu contraponto, uma prática bastante comum.  

SALOMÉ – Princesa judia, que parece ter sido muito bela e astuciosa. Era filha de Herodes Filipe e de Herodias, e sobrinha de Herodes Antipas, o irmão de Herodes Filipe. Quando, mais tarde, Herodias se juntou com Antipas, isso provocou a ira e a reprovação de João Baptista, que considerava tal união escandalosa. Salomé foi então encarregada, por Herodias, de fazer desaparecer João Baptista. Para isso, uma noite, dedicou a Antipas uma dança erótica, tão insinuante que o tio, provavelmente embriagado, lhe concedeu a satisfação de qualquer desejo que ela formulasse. Essa dança ficou na História como a "Dança dos Sete Véus". Salomé pediu então a Antipas a cabeça de João Baptista, e ele não pôde recusar. Foi assim que o pobre João teve a sua cabeça "servida" a Salomé numa bandeja... e aquela dança licenciosa deu origem a inúmeras obras de arte, sobretudo pinturas, em que Salomé mostra toda a sua sensualidade

SAPHO – Poetisa grega, nascida em 612 a.C. na ilha de Lesbos. Foi contemporânea de Nabucodonosor, na Mesopotâmia, e dos profetas Jeremias e Izequiel, em Israel, além de Ciro, na Pérsia. Isto num tempo em que a Grécia vivia uma época de grande esplendor. Sapho (ou Safo, se preferirem) era conhecida pelo seu génio lírico e pelos seus amores por mulheres, os quais ficaram conhecidos por "amores sáficos" ou "lésbicos", em razão do nome da sua ilha natal. A sua imensa obra poética foi destruída, em grande parte, pelos cristãos, que a consideravam uma ameaça à moralidade. Durante séculos, as suas poesias estiveram desaparecidas, até serem descobertas partes importantes da sua obra, no Egipto, já em fins do século XIX, em necrópoles greco-egípcias. Sapho pertencia à aristocracia de Lesbos, que, nesse tempo, se opunha a Atenas. Por isso, a sua família retirou-se para Mitilene, a capital da ilha, onde passou grande parte da sua adolescência. Diz a tradição que era uma mulher muito feia, com olhos e cabelos negros, e a pele coberta de pêlos em maior quantidade que era habitual na moda grega da época. Era de estatura tão pequena que a maternidade lhe estava interdita. Ovídio, o poeta latino, autor da "Arte de Amar", citava-a, quando ela dizia: "Se a natureza madrasta me recusou a beleza, substituo essa falta com o meu génio"... No entanto, mesmo numa época em que gozava de um grau de liberdade excepcional e em que esteve próxima de jovens guerreiros, não se lhe conhece, nessa época, nenhuma ligação masculina. Exilada temporariamente em Siracusa, aí acabou por casar com um rico comerciante, mas os seus poemas da época sugerem que se tratou de um "casamento branco". Voltando a Mitilene, criou um núcleo de mulheres jovens a quem ensinava metrificação, canto e dança., tendo inventado uma nova métrica e o verso chamado "sáfico". As suas jovens companheiras chamavam-se "heteras", nome que, mais tarde, haveria de designar as prostitutas de luxo, mas que, ali, significava "companheira íntima", "amiga do coração". Curiosamente, já com 55 anos, apaixonou-se por um jovem e belo marinheiro de 20 anos, que a desprezou. Perseguiu-o, sem conseguir conquistá-lo, e acabou, desesperada, por se matar, lançando-se duma falésia, na ilha de Leucade. (Há quem afirme, no entanto, que isto não passa de uma lenda~). Os amores sáficos, ou lésbicos, que durante séculos foram escondidos, passaram a ser assumidos por muitas mulheres, um pouco à semelhança dos amores entre homens. Todavia, as designações lésbico ou lésbica são ferozmente combatidas pelos actuais habitantes da ilha de Lesbos, que querem reservá-las exclusivamente para conotações geográficas e étnicas, excluindo portanto as que implicam definições sexuais. Não vai ser fácil!...

SÁTIRO – Semi-deus que, na antiga mitologia, habitava nos bosques e tinha pernas e pés de bode. Perseguia as delicadas ninfas, com o intuito de as possuir, por ser dotado de uma potência sexual insaciável. Na linguagem corrente, um sátiro é um homem sempre disposto a ir para a cama com qualquer mulher. Não é, no entanto, o tipo de amante mais apreciado, pois o seu estilo é o de se satisfazer rapidamente, não dando tempo à sua parceira para gozar o acto, sempre demasiadamente rápido.

SEIOS – Designação delicada para aquilo que, em linguagem corrente (mas, curiosamente, coincidente com a linguagem médica) chamamos mamas. Na verdade, os médicos preferem reservar a palavra para quando se referem aos seios nasais, aos seios coronários, aos seios renais, etc., chamando mamas àqueles "órgãos glandulares, característicos dos mamíferos, mais desenvolvidos nas fêmeas que nos machos, que contêm leite" (é o que dizem os dicionários) e que servem para ser mamados, tanto por crianças como, em certas circunstâncias, por adultos... Claro que, numa linguagem mais elegante, a palavra seios é, inegavelmente, preferível a mamas, que fica melhor em linguagem coloquial. Há uma grande diferença entre as frases "Ela tem uns seios lindíssimos!" e "Ela tem cá um par de mamas que é mesmo um espectáculo!" A fixação masculina em relação aos seios das mulheres varia segundo as épocas, a idade dos indivíduos, as modas e outros factores. Nas civilizações em que a exibição dos seios nus é corrente (p.ex., em certas zonas africanas, ou entre as índias das selvas amazónicas, etc.), eles não despertam, naturalmente, o mesmo interesse que entre habitantes de países simultaneamente mais frios e mais pudicos. È conhecida a fixação que a maioria dos Americanos tem por seios monumentais, alimentada em parte pelo cinema, onde vedetas como Jayne Mansfield, Sofia Loren, Pamela Anderson e outras sempre atraíram os olhos gulosos de homens possuídos de um verdadeiro desejo infantil de voltarem ao tempo em que mamavam regaladamente...    

SEMI-VIRGEM – Tecnicamente, é coisa que não existe: uma pessoa, das duas, uma: ou é virgem, ou não é... No entanto, usa-se este conceito de semi-virgem, para designar uma pessoa que nunca fez sexo com penetração. Habitualmente, refere-se a uma mulher que mantém a sua vagina inviolada, com o hímen intacto, mas que, apesar disso, pode já ter experimentado toda a espécie de actos sexuais considerados secundários: masturbação, sexo oral, sexo anal, etc.

SENILIDADE – Idade em que, devido à velhice e à decrepitude, se atinge uma debilidade física e mental própria de quem já perdeu a mocidade. Pode mesmo chegar a assumir aspectos patológicos graves, incluindo a "demência senil". Há, no entanto, formas de atenuar os efeitos da senilidade, através de actividades físicas, mentais e sexuais. É fácil criar uma rotina diária, constituída por coisas tão simples como andar a pé e fazer simples exercícios para mover as articulações, através de breves flexões de pernas e braços, durante dois ou três minutos. Ler jornais e livros, fazer cálculos mentais e exercícios que mantenham o cérebro activo, desde as palavras cruzadas ao sudoku, ajudam bastante. E, no capítulo sexual, manter uma actividade apropriada à idade, que não precisa de ser muito intensa, mas deve ser regular, é um excelente tónico para combater o avanço dos anos.

SENSUALIDADE – Tem vários sinónimos, como voluptuosidade, lubricidade, lascívia e mesmo luxúria. Todos eles significam o mesmo: inclinação pelos prazeres dos sentidos, isto é, pelo sexo.

11/04/2012

O EROTISMO A NU - De "POLUÇÃO" a "PUTIFAR"

POLUÇÃO – Ejaculação involuntária, geralmente ocorrida durante a noite, provocada por sonhos eróticos. Deixa manchas comprometedoras nos lençóis, que os adolescentes fazem o possível por disfarçar, por não saberem que se trata de um fenómeno perfeitamente natural, cujos efeitos nas roupas se eliminam com uma simples lavagem...

PORNOGRAFIA – Textos, imagens, sons e outros elementos obscenos, capazes de despertar a pulsão sexual. Das inúmeras tentativas para definir as diferenças entre pornografia e erotismo, ficou mais ou menos consensual que este último "sugere" algo que tem a ver com o sexo, ao passo que a pornografia o descreve explicitamente, em palavras ou imagens cruas, sem esconder nada. Mas, de qualquer modo, a fronteira entre uma coisa e outra é, como dizia um conhecido humorista, "tão curta como a que vai do cu à vagina"... 

POSIÇÕES – Seria uma tarefa inglória tentar descrever, em pormenor, todas as posições que é possível assumir para fazer amor. No decorrer dos séculos, a imaginação erótica de homens e mulheres inventou uma infinidade de variantes, algumas delas integradas nas artes da acrobacia ou da ginástica aplicada... Quem se limita, toda a vida, à posição de missionário, não sabe o que perde ao não experimentar as cerca de noventa variantes mais clássicas, como as que nos ensina o Kâma-Sutra e as que se podem apreciar nas esculturas dos templos de Konarak, na Índia. 

PRAZER – Deleite sexual. Sensação voluptuosa causada pela excitação das zonas erógenas. Embora partindo da sensação obtida pelo tacto em determinada zona do corpo, acaba por atingir toda personalidade física e psíquica, com sensações intensas e muito agradáveis. A sua importância é tão grande, na vida das pessoas, que certas religiões, inquietas com a fuga dos fiéis para práticas e actividades que lhes dão prazer, tentam lançar sobre ele a infâmia do pecado. É assim que tentam confundir prazer com luxúria, proibindo aos seus seguidores todos os gozos terrestres, enquanto lhes acenam com gozos celestes, reservados para depois da morte... O truque é tão evidente que mesmo os que aparentam seguir essas regras de contenção, em relação aos prazeres da vida, acabam por praticá-los, às escondidas, acrescentando, aos bons prazeres normais, mais esse prazer suplementar de gozarem o interdito... 

PRELIMINARES – Acções iniciais, que precedem a acção principal. No que se refere ao Erotismo e ao Sexo, são todas aquelas agradáveis manobras que antecedem o clímax, e que podem incluir praticamente tudo, desde os beijos às carícias, o sexo oral, a masturbação mútua, etc. – enfim, todos os actos físicos que podem incluir-se naquilo que, na língua inglesa, se designam por petting, e que se destinam a preparar os intervenientes para uma melhor fruição do acto final, com maior prazer e melhor satisfação. Do ponto de vista mental, os preliminares até são, talvez, mais importantes do que o final, que é, normalmente, o orgasmo, razão pela qual muita gente se contenta com eles e com eles se desfaz em gozos, não precisando de mais nada para se sentir feliz. Do ponto de vista físico, preparam os corpos para os contactos mais íntimos, ao provocarem a produção dos lubrificantes naturais necessários para uma penetração mais cómoda e agradável.

PREPÚCIO – Pele que cobre a glande do pénis, e que, em circunstâncias normais, se retrai quando este está em erecção. Porém, por vezes, o prepúcio está naturalmente apertado, não consegue libertar a glande, e a erecção é dolorosa. Trata-se da fimose, uma malformação que se resolve com a circuncisão, isto é, com o corte de um anel do prepúcio, que fica assim liberto. Esta operação, que é bastante simples, embora um tanto ou quanto incómoda, é a solução para alguns problemas sofridos por homens adultos, e tem ainda a vantagem de evitar a acumulação de esmegma, o que é muito conveniente, do ponto de vista higiénico. Os muçulmanos, por razões religiosas, praticam a circuncisão nos seus jovens, e o mesmo acontece com os judeus. Aliás, um pénis circuncidado chegou a ser, em certas épocas de perseguição, o sinal identificador da fé judaica.

PRESERVATIVO – Por definição, é tudo aquilo que preserva, que protege. O nome vulgarizou-se em relação à camisa-de-Vénus, ou "condom", como esta é conhecida nos países de língua inglesa. O seu uso tornou-se universal, sendo considerado um dos meios mais eficazes para evitar uma gravidez indesejada – embora ainda exista, mesmo assim, uma pequena possibilidade de não ser totalmente eficaz. Mas, talvez a sua principal função seja a de evitar a transmissão de certas doenças, como a Sida. Há, porém, muitos homens que se recusam terminantemente a usar preservativo, alegando que, "ao natural", o prazer é maior. Por razões que, ao que se supõe, não serão as mesmas, o Vaticano recusa-se a recomendar o seu uso, interferindo assim numa área (a das relações sexuais) que, curiosamente, não parece ser da sua especialidade, uma vez que, em princípio, entre padres, bispos e cardeais, não se pratica sexo e, por isso, não terão experiência prática do assunto.
Existem preservativos especiais, com cores, sabores e outras características mais ou menos insólitas, tais como saliências destinadas a provocar maior excitação. São relativamente baratos e fáceis de adquirir – ao contrário do que acontecia em tempos não muito recuados, em que os rapazes se dirigiam timidamente ao farmacêutico, pedindo em voz discreta que lhes vendessem "essas coisas que servem para evitar os bebés". Hoje são comprados normalmente, por homens e por mulheres, existindo mesmo máquinas automáticas para a sua aquisição, em sítios estratégicos.

PRIAPISMO – É uma disfunção que consiste em erecções violentas e anormais do pénis, sem desejo sexual e sem provocarem ejaculação. Pode ser provocado por uma doença, como uma gonorreia, ou uma lesão do sistema nervoso. E aqui está como um fenómeno que, aparentemente, poderia ser uma vantagem para o homem, acaba por ser um problema muito duro.

PRÍAPO – Deus grego da Fertilidade, filho de Dionísio e Afrodite  (ou Baco e Vénus, para os romanos), representante da potência geradora. Era uma divindade rústica, um deus dos jardins, das vinhas, dos rebanhos e dos pescadores, cuja estátua era colocada à entrada das localidades que o elegiam como protector. Representado sempre com um enorme falo erecto, era a imagem viva do erotismo, com um carácter obsceno muito pronunciado. O Príapo de Verona ostenta uma cesta cheia de falos e aponta, sorrindo, para uma serpente que lhe morde o pénis. Aliás, o seu nome, príapo, é muitas vezes usado como sinónimo de pénis ou falo.

PRÓSTATA – Glândula do sexo masculino que circunda o colo da bexiga e a base da uretra. Produz secreções que se depositam na uretra, no momento da ejaculação. Essas secreções servem para aumentar o volume do líquido seminal e fornecem aos espermatozóides o seu alimento motor, que é o ácido cítrico. Imediatamente antes da ejaculação, as contracções prostáticas contribuem para a impressão subjectiva do orgasmo. A próstata tem o tamanho aproximado de uma castanha mas, por volta dos 50 anos, cresce bastante, voltando depois a diminuir, na idade avançada. Na fase de crescimento, é vulgar surgirem tumores, que podem ser benignos (adenomas) ou malignos (carcinomas). Quando detectados a tempo, através de análises apropriadas, ou do "toque rectal" (geralmente detestado por todos os homens), podem ser eliminados com relativa facilidade. Mas o cancro da próstata continua a ser uma das causas de morte mais frequentes. Os homens evitam o assunto, por razões que são, por vezes, subjectivas: é que, no caso de uma operação, perde-se geralmente a capacidade de gerar filhos, embora nem sempre se perca a potência sexual.

PROSTITUTA/O – Em tempos ainda relativamente recentes, bastaria referir a palavra prostituta para definir a actividade das mulheres que praticam sexo em troca de um pagamento. Mas, na actualidade, tornou-se muito frequente essa actividade ser igualmente exercida por homens, pelo que o termo prostituto entrou na linguagem corrente – e nos hábitos sexuais correntes. Designada, habitualmente, como "a mais velha profissão do mundo", esta definição da prostituição diz quase tudo sobre ela. Na verdade, sendo o sexo uma actividade universal que se pode considerar "obrigatória", e que é praticada, não apenas por amor, por interesse ou por simpatia, mas principalmente por instinto básico, é natural que, em caso de dificuldade em concretizar um acto sexual "legal", ou seja, abençoado pelo casamento ou instituição similar, as pessoas procurem satisfazer-se recorrendo ao sexo pago, com mulher ou com homem, de acordo com as preferências de cada qual. Hão-de discutir-se eternamente as vantagens e as desvantagens da legalização da prostituição. A favor, argumenta-se com o melhor controlo de possíveis doenças e com a inutilidade de medidas repressivas, que nunca conseguiram acabar com a sua prática. Contra, estão os que acham que é degradante e que só o sexo caseiro merece respeito. Uns e outros hão-se continuar a discutir estes tópicos eternamente, enquanto as prostitutas e os prostitutos vão fazendo, como podem, a sua vida.

PUBERDADE – Fase da vida em que se dá a maturação dos órgãos sexuais, que ficam assim prontos para a procriação. Nas raparigas, isso manifesta-se pela primeira menstruação, sinal de que os seus ovários produziram um óvulo. Nos rapazes, os testículos começam a produzir espermatozóides. Elas vêem crescer as mamas e surgir os pêlos púbicos. Eles começam a ter barba e pêlos noutras partes do corpo. Neles e nelas, do ponto de vista psíquico, surge o desejo sexual. Só que este manifesta-se de formas diferentes, conforme os sexos. Durante séculos, a puberdade levava o rapaz a começar a assumir um papel activo, reforçando o seu egoísmo, a combatividade e a dominação, enquanto a rapariga desenvolvia capacidades de sedução, de forma passiva, esperando ser conquistada. O orgulho do rapaz púbere estava em concretizar uma união sexual, passando entretanto por uma fase de furiosa masturbação solitária. A rapariga não dava grande importância ao acto, guardando todo o seu orgulho feminino para a maternidade, passando por vezes muito tempo até conseguir ter prazer sexual. Claro que sempre houve excepções a estas regras – mas relativamente raras, tão raras que ficaram marcadas na História. Actualmente, com a liberalização cada vez maior da prática do sexo, e com as mulheres a assumirem o seu direito ao prazer (sendo, muitas vezes, elas próprias a assumirem a liderança das uniões e a exigirem proezas inimagináveis aos seus parceiros), mudaram completamente os comportamentos amorosos, logo a partir da puberdade.  

PÚBIS – Parte anterior proeminente do osso ilíaco. Por extensão, chama-se púbis às partes moles que recobrem essa região do corpo. A sua pele fica coberta de pêlos púbicos, quando da puberdade. O seu relevo é maior nas mulheres, formando o chamado "monte de Vénus".

PUDOR – Sentimento de vergonha, resultante de actos ou atitudes, geralmente de cariz sexual, que pareçam indecentes. Mas o pudor pode, também, manifestar-se através da modéstia ou da discrição a respeito de outros assuntos, não sexuais. Claro que a "indecência" é uma coisa muito relativa e depende dos conceitos morais de cada pessoa: o que parece indecente a uma pessoa pode ser perfeitamente natural para outra. Por exemplo, aquele velho jogo infantil "mostra-me a tua que eu mostro-te a minha" nunca poderia concretizar-se, se ambos ficassem tolhidos pelo pudor, perdendo assim uma das mais interessantes iniciações sexuais que podem ter lugar na infância. Quanto aos objectos do pudor sexual, esses mudam de acordo com as épocas e os costumes, pois as zonas pudicas do corpo também variam. Se, em séculos passados, as mulheres tapavam totalmente as pernas e os homens punham em evidência os órgãos sexuais, actualmente o pudor, quando existe, aplica-se a outras partes (cada vez mais reduzidas) do corpo humano.  

PUTA - Palavra crua, frequentemente substituída por prostituta, meretriz, rameira, "mulher pública", "mulher da vida" ou mesmo "mulher de vida fácil" – sendo que esta última designação é vivamente contestada por quem anda nessa vida e a considera até bastante difícil. Tudo isto para definir a mulher que pratica sexo a troco de pagamento, naquela que é correntemente citada como uma profissão antiquíssima, existente, desde sempre, em toda a parte e em todas as civilizações. Em muitos dicionários, a palavra puta é discretamente ignorada, provavelmente por pudor...
De notar que a expressão "filho da puta", muito utilizada para ofender uma pessoa de quem não se gosta, é, curiosamente, mais ofensiva para o "filho" do que para a "mãe", que aparece aqui como elemento secundário da ofensa.

PUTIFAR – A história bíblica da mulher de Putifar já foi contada muitas vezes, e, nas suas linhas essenciais, refere-se a um belo rapaz, chamado José, que foi vendido por seu pai e levado por uma tribo israelita até ao Egipto, onde foi novamente vendido, agora a um eunuco do faraó, chamado Putifar, que o protegeu e se tornou seu benfeitor. Ora Putifar tinha uma mulher (esta história de um eunuco casado não parece lá muito lógica, mas, a esta distância temporal, não será fácil esclarecer o caso). O que parece certo é que a mulher de Putifar, talvez ansiosa por aquilo que o eunuco não lhe podia dar, tentou conquistar José, puxando-o para o seu leito. Mas o rapaz, não querendo trair o seu amo, resistiu aos avanços desesperados daquela apaixonada sedenta de amor, e, para grande desespero da mulher, que tentava agarrá-lo por todos os meios, fugiu, deixando nas mãos dela a sua capa rasgada... Quanto Putifar apareceu, a mulher acusou José de ter tentado seduzi-la, e mostrou a capa como prova da luta que teria travado para se defender. Só que a capa não estava rasgada na parte da frente, como deveria estar, mas sim na parte de trás, o que levou Putifar a acreditar que tinha sido rasgada quando a mulher perseguia o escravo que fugia... Censurou a mulher, abraçou José e este ficou como símbolo... não se sabe bem de quê. Quanto à mulher de Putifar, não se sabe ao certo o que lhe aconteceu (aliás, nem o seu nome ficou para a história), mas serviu para figurar como personagem de inúmeras pinturas sugestivas, nesta história que a Bíblia, de certo modo, santificou.

06/04/2012

O EROTISMO A NU - De "PALITOS" a "POLIGAMIA"

P

PALITOS – Pequenas hastes de madeira, finas e pontiagudas, que servem para palitar os dentes. Ou então, forma popular de designar os cornos que, simbolicamente, estarão a ornamentar a testa dos maridos ou amantes enganados pelas suas esposas, as quais se divertem com outros homens. Assim, "pôr os palitos" equivale a "pôr os cornos" e a "fazer amor com outro". É uma expressão tão pitoresca que, desta forma, até parece que o pecado não tem assim tanta gravidade...

PAR – Conjunto de duas entidades, ou duas coisas, ou duas pessoas. Neste último sentido, refere-se a dois indivíduos ligados por algo em comum. Também se diz "o meu par" no mesmo sentido de "o meu parceiro", isto é, aquele ou aquela que "forma comigo um conjunto de dois". Um par pode formar-se para dançar, para casar ou para fazer amor. Há outros sentidos aplicáveis à palavra, como "parelha" (dois animais), "número par" (aquele que é divisível por 2), "par a par" (ao lado um do outro), "estar a par" (ter conhecimento), e há ainda o "par do reino" que é um Lorde, em Inglaterra, etc.

PARAÍSO – Jardim muito bonito onde, segundo a Bíblia, moraram Adão e Eva, quando foram criados, no princípio do mundo. Sítio delicioso, onde reina a felicidade. "Estar no paraíso" é, para os românticos, estar junto da pessoa amada, beijando-se, acariciando-se e amando-se permanentemente, sem nunca se zangarem nem se aborrecerem... É evidente que se trata de uma utopia, mas, enquanto as pessoas acreditam nela, vivem felizes. Um outro tipo de paraíso é o chamado "paraíso fiscal", onde os capitalistas vivem mesmo felizes, praticando permanentemente o "amor ao lucro" (que ali não é pecado) e de onde não é fácil retirá-los – ao contrário do que aconteceu a Adão e Eva, expulsos desse paraíso inicial, e cujo pecado foi aparentemente mais ligeiro: trincar uma maçã.

PARIR – Dar à luz, gerar, criar, engendrar. A expressão parir é mais correcta que qualquer dos seus sinónimos, mas um certo puritanismo verbal ainda hoje põe algumas reservas à sua utilização. Talvez isso se deva a uma dos mais vulgares ofensas verbais que se usam desde tempos imemoriais, e que consiste em mandar alguém para "a puta que o pariu". Na verdade, a força desta expressão é muito maior do que seria, por hipótese, mandar esse alguém para "a puta que o engendrou"...

PARTENOGÉNESE – Desenvolvimento de um ser vivo a partir de um óvulo não fecundado. Também se chama "agamia" ou "reprodução assexuada". A partenogénese experimental tem sido feita em animais, como as rãs. Nas mulheres faz parte de um mito muito caro a certas virgens endurecidas, que desejarim muito ter filhos, mas se horrorizam com a ideia de sofrerem o contacto de um homem.

PARTO – Acto de parir, que se dá, em circunstâncias normais, nove meses depois da concepção. Em circunstâncias especiais, pode ocorrer antes ou depois desse prazo. O parto pode realizar-se normalmente, ou com a ajuda de instrumentos médicos, como os fórceps, ou através de uma operação chamada cesariana, ou ainda ser induzido, com a ajuda de substâncias químicas. Muitas mulheres temem as dores, pelo que optam pelo chamado "parto sem dor", em que a pessoa que mais sofre é o marido da parturiente, na clássica cena de nervosismo, passeando cá do lado de fora, à espera de ouvir o primeiro choro do bebé recém-nascido... 

PASSIVO – Em Contabilidade (e não só) é o contrário do activo, ou seja, "a soma, em balanços e balancetes, dos saldos credores das diversas contas". Claro que não é este o sentido que nos interessa analisar aqui. Em termos sexuais, passivo (ou passiva) é aquele (ou aquela) que se submete ao parceiro, física e psicologicamente. Nos casais heterossexuais, a mulher habituou-se a ter um papel passivo, durante séculos, limitando-se a aceitar o que o homem lhe impunha, sem que ele se preocupasse com os seus sentimentos e as suas sensações. No coito, o homem pretendia apenas atingir rapidamente o orgasmo, sem querer saber se a mulher tinha ou não tinha prazer no acto, conduzindo assim a frustrações que nunca se resolviam. Em tempos mais modernos, a mulher habituou-se a assumir um papel mais activo, e tem agora uma atitude por vezes dominadora, em contraste com o que era tradicional. Nos casais homossexuais, o elemento passivo é aquele que se submete ao seu parceiro, tomando o papel que era tradicionalmente desempenhado pela mulher, em tempos e hábitos do passado.

PECADO – É a desobediência a um preceito religioso ou, mais genericamente, uma má acção, que vai contra normas pré-determinadas. Na igreja católica, entre os "7 pecados capitais", o da luxúria é considerado um dos mais graves – mas, afinal, parece ser dos mais frequentes, talvez porque, à semelhança de outros dois, entre os sete (e gula e a preguiça) serem dos mais agradáveis de praticar...

PEDERASTA – Homem que pratica sexo consentido com outro homem – ou, mais precisamente, com um rapaz mais novo. Se este é mesmo muito novo, se é uma criança, o pederasta passa à categoria de pedófilo, algo que se torna um crime e que é severamente criticado e castigado pela sociedade civilizada. Há quem defenda que a pedofilia é uma doença, enquanto a pederastia é encarada com maior complacência. Em civilizações antigas era mesmo aceite com naturalidade.

PÉLVIS – Zona do corpo constituída pela bacia, onde se concentram os órgãos sexuais e que, por isso mesmo, é motivo de atracção muito forte. As movimentações pélvicas podem ser altamente sugestivas, em termos sexuais. Um famoso cantor norte-americano, pelo qual se mantém um culto quase doentio, muitos anos após a sua morte, actuava em palco com movimentos tão eróticos que ficou conhecido pelo nome de "Elvis-pélvis"... 

PÉNIS – Órgão sexual masculino, também conhecido por falo (v. esta definição) e ainda por "pene" e por muitos outros termos, alguns maliciosos, outros ordinários, mas todos referidos a uma das partes mais evidentes da anatomia masculina, principalmente quando se encontra no estado de erecção, sem o qual, aliás, muito dificilmente poderá cumprir a sua missão de penetração na vagina da mulher. O pénis é constituído por corpos cavernosos que se enchem de sangue perante um estímulo sexual; tem um tubo central contendo a uretra e uma glande na extremidade, muito sensível e por vezes recoberta pelo prepúcio, o qual pode ser sujeito a uma circuncisão (por razões religiosas ou higiénicas). O pénis foi sempre objecto de veneração, em cultos muito antigos, sendo representado de forma realista em numerosas esculturas, pinturas e outras obras de arte, no decorrer de muitas gerações. Existem monumentos fálicos muito antigos no Egipto, na Irlanda, na Córsega, na Índia, na Polinésia, etc.

PENTELHO – Pêlo pubiano, que nasce na zona púbica, tanto nos homens como nas mulheres. Em tempos antigos, quando a visão de um corpo nu era rara e difícil, vislumbrar ou apalpar os pentelhos de uma mulher era, para qualquer homem, um gozo supremo. E havia quem apreciasse particularmente as pentelheiras bem cabeludas. Hoje em dia, desapareceu essa atracção, uma vez que o mistério se dissipou com os costumes actuais. Tornou-se mesmo moda rapar, total ou parcialmente, esses pêlos, ou deixar apenas os suficientes para desenhar formas curiosas, como corações e outras.
            Em calão, pentelho é um sujeito muito chato, incómodo e difícil de aturar.

PEQUENOS LÁBIOS – São dobras cutâneas situadas na parte interior dos grandes lábios da vagina.

PERÍODO – Tempo que decorre entre duas datas diferentes e, em geral, importantes (por exemplo "o período das Invasões Francesas" ou "o período paleolítico"). Em Gramática, significa uma frase que contém uma ou mais orações. Para as mulheres, o período é o tempo de duração da menstruação, também chamado "as regras" ou, de forma mais discreta, "a história"...

PERVERSÃO – Desvio da tendência ou do impulso sexual considerado normal. Não confundir com "perversidade", que é uma característica anormal do carácter, com sentido destrutivo – isto é, um indivíduo perverso, mau, não é o mesmo que um pervertido, que se satisfaz sexualmente de forma diferente da mais habitual: por exemplo, exibindo-se nu, beijando-se, apertando-se, etc. (v. aberração).

PETTING – Do Inglês "to pet", acariciar. Todo o tipo de actividade sexual, excepto o coito. Muito usado por namorados ou amantes que querem conservar a virgindade, seja por temor das consequências, por razões religiosas, ou outras. Isso permite todo o uso de estimulação sexual, com manipulações, toques manuais ou orais, beijos, excitação dos órgãos sexuais ou dos seios, masturbação mútua, etc.  Só o coito é que não.

PIGMALIÃO – Escultor célebre da ilha de Chipre, que se apaixonou loucamente por uma estátua de mulher, esculpida por ele próprio. Pediu então à deusa Afrodite que a transformasse numa mulher real, e assim aconteceu. Mas, quando a mulher, Galateia, deixou de ser divina, perdeu a perfeição, para desespero do escultor... Esta história teve várias versões, desde as "Metamorfoses" de Ovídio até várias óperas, como a de Jean-Philippe Rameau, e peças de teatro de vários dramaturgos, entre os quais o famoso George Bernard Shaw. Finalmente, a história foi transformada numa peça musical inspirada na lenda original, representada com grande êxito na Broadway – e depois filmada por George Cukor, com Audrey Hepburn e Rex Harrison nos papéis principais. Em Portugal, a peça foi ainda montada por Filipe La Féria, com o título que tinha sido usado no Teatro e no Cinema: "My Fair Lady". Curiosamente, é uma história de amor em que nunca é pronunciada a frase "amo-te" e em que não há um único beijo...

PILA – Um dos numerosos nomes por que é designado o pénis, ou seja, o órgão sexual masculino (v. falo, onde se mencionam algumas dessas designações, algumas bem curiosas).

PÍLULA – É um medicamento em forma de bolinha, que se engole com a ajuda de água. Tomam-se pílulas para atacar as mais diversas doenças, mas talvez a mais conhecida seja a pílula anticoncepcional, que serve para evitar a ovulação e, portanto, para evitar o nascimento de bebés indesejados. Este método anticoncepcional foi desenvolvido para evitar o crescimento galopante e alarmante de certas populações, particularmente em países menos desenvolvidos. Mas, paradoxalmente, o seu uso é muito maior nos países mais ricos, talvez porque aí o nível cultural das pessoas faz com que as mulheres estejam mais informadas sobre a sua correcta utilização. Trata-se de um método de eficácia quase total, o que pode levar a pensar que se tornaria o preferido pela maioria das pessoas, por poderem gozar o sexo sem o perigo de gravidezes inoportunas. Mas nem sempre assim acontece: se é verdade que, de um modo geral, o interesse das mulheres pelo sexo aumentou, já alguns maridos passaram a sofrer do terror de haver agora novas hipóteses de infidelidade... Mas, de um modo geral, as actividades sexuais passaram a ser muito mais interessantes: as mulheres, deixaram de estar permanentemente aflitas com a possibilidade de ficarem grávidas e isso deu, a muitas delas, maior à-vontade e mais alegria na cama... e nos outros locais onde podem fazer amor.

PIN-UP – Neologismo norte-americano, a partir do verbo "to pin = espetar", a propósito das imagens femininas que os soldados se habituaram a colocar à cabeceira das suas camas, ou nas portas dos seus armários. Essas imagens começaram por ser desenhadas, por artistas especializados em valorizar peitos bem grandes e rabos bem redondinhos, o que excitava os rapazes e ocupavam as suas fantasias eróticas. Houve desenhadores que se especializaram neste tema, como o famoso Vargas, da "Playboy". Depois, os desenhos foram substituídos por fotografias de artistas de cinema, como Marilyn Monroe, Brigitte Bardot, Lollobrigida, e outras, famosas na época de ouro das pin-ups. Actualmente, ainda se encontram pin-ups em calendários a decorar oficinas e interiores de camiões de carga.

PLATÃO – Filósofo grego, discípulo de Sócrates, que, na sua obra intitulada "Banquete", descreve, através de diálogos, a sua concepção do Amor (Eros). Os vários convivas discutem o androginato ou complementaridade: "as metades procuram-se para formar uma unidade". De notar que estas metades podem ser homo ou heterossexuais. Á homossexualidade é muitas vezes designada "amor grego". A satisfação do desejo pode verificar-se através da carne ou através do espírito. Através da carne, dirige-se às mulheres e gera crianças. Através do espírito, dirige-se mais particularmente aos jovens (daí o sentido etimológico de pederastia = amor pelos jovens), o amor procura o desabrochar dos belos sentimentos, dos belos pensamentos, e a contemplação da Beleza eterna, privilégio do sábio encantado numa espécie de êxtase. É isto que se conhece sob o nome de amor platónico.

POLIGAMIA – Sistema matrimonial múltiplo, ou seja, em que um homem pode ter várias esposas. Opõe-se assim à monogamia, em que, a cada homem, corresponde uma só mulher, ao contrário do que acontece com os mórmones ou com os muçulmanos, que podem ter várias esposas. O sistema poligâmico vem, provavelmente, de tempos muito antigos, em que havia muito mais mulheres do que homens – o que, aliás, também vai acontecendo nos tempos actuais, e que até serve para alguns homens se desculparem das suas infidelidades, alegando que dormem com outras, além da esposa legítima, por uma simples questão de benemerência... Não confundir com "poliandria", que é o estado de uma mulher ligada a vários homens. E há ainda o caso específico da bigamia, em que um homem é casado com duas mulheres, ou uma mulher é casada com dois homens.