16/04/2012

O EROTISMO A NU - De "QUECA" a "SENSUALIDADE"

Q

QUECA – Designação, relativamente moderna, para foda, que foi, durante muito tempo, considerada palavra obscena, cuidadosamente evitada nos dicionários "sérios", mas que se tornou vulgar e é utilizada com bastante à-vontade. A queca é uma palavrinha quase carinhosa, que se usa com alguma despreocupação na linguagem corrente, normalmente sem escandalizar ninguém, a não ser alguma velhinha mais enrugada, tanto na pele como no espírito.


R

RABO – Levada à letra, esta designação haveria de referir-se a um apêndice, a uma cauda, a um conjunto de penas, ao cabo de um instrumento ou utensílio, e assim por diante. Mas, é claro que, no contexto desta obra, o rabo é o cu, o traseiro, a bunda, as nádegas – ou seja, aquela parte do corpo que fascina homens e mulheres, pelo seu volume, pelo seu movimento, pela sua expressão e pela atracção que exerce, do ponto de vista sexual. Penetrar no rabo, isto é, praticar o sexo anal, é uma prática corrente. Mas, ainda que o homem costume preferir que a penetração do seu pénis se faça na vagina da mulher, a posição mais favorável para o conseguir é colocar-se por trás dela, de forma a sentir o contacto com o volume e a macieza do rabo feminino. Numa relação homossexual, essa á também a posição mais usada, embora não seja a única. Muitos homens têm uma fixação pelo rabo das mulheres, considerando-o a parte mais entusiasmante do corpo feminino. Mas também muitas mulheres apreciam, nos seus parceiros masculinos, um rabo bem torneado, nem que seja apenas para o acariciarem, antes e durante o coito.
            Em linguagem chula, rabo é um homossexual do sexo masculino, isto é, aquele que, segundo a expressão corrente, "leva no rabo".

RAPIDINHA – Nome afectuoso que se dá a uma queca que, por razões de urgência erótica, de falta de tempo, ou de receio de interrupção inesperada, se realiza muito rapidamente, ao estilo das quecas quase instantâneas dos coelhos. São dispensados os preliminares, é tudo muito rápido, mas isso não significa que não possa ser muito agradável... 

RELAÇÃO – Interessa-nos mais usar o termo no plural: relações – pois assim é mais fácil definir as suas diferentes espécies, que são muitas, entre as quais se encontram as que estão dentro dos parâmetros desta obra. Assim, pondo de lado as "relações" que se referem a "listas ou índices", as "relações" sociais, profissionais, familiares ou de amizade, as "relações humanas" e as "relações públicas", interessa-nos analisar as relações sexuais, um conceito um tanto ou quanto vago, visto que, para algumas pessoas, esta expressão se refere a qualquer tipo ou acto sexual (sexo oral, anal, masturbação, sado-masoquismo, etc.); para outros, relações sexuais significam, exclusivamente, actos de penetração em que são protagonistas um pénis e uma vagina. Pouco interessa acertar na definição mais exacta, sendo preferível aceitar a mais abrangente: relações sexuais são aquelas que têm por objectivo a satisfação da líbido.

ROMANCE – Na sua forma literária, é uma narrativa, relativamente longa, de factos reais ou imaginários, contando uma história. Na sua forma sentimental, é um caso de amor, um namoro. Diz-se que "ele está a viver um lindo romance com aquela mulher", quando "ele" se mostra completamente apaixonado por "ela"!...

SADE – O marquês de Sade, Donatien Alphonse François, nasceu em Paris, em 1740, e morreu, cercado por loucos, no hospício de Charenton, em 1814. Entre estas duas datas, decorreu uma vida tão dissoluta e libertina que o seu nome ficou para sempre associado a práticas sexuais incomuns, envolvendo perversões e fantasias, que ele descreveu minuciosamente nos vários livros que escreveu. Passou grande parte da vida em prisões: E foi em várias prisões que, em 1782-85, escreveu "Os Cento e Vinte Dias de Sodoma"; em 1791 "Justine ou os Infortúnios da Virtude"; e, em 1795, a famosa obra "A Filosofia na Alcova". Casou, teve filhos, mas a sua vida esteve muito longe de ser normal, segundo os valores morais então cultivados, no chamado "século das luzes". Pelo contrário, toda a sua existência assentou no deboche e na procura do prazer através do sofrimento infligido. O sadismo baseia-se, deste modo, na excitação conseguida à custa do sofrimento alheio. Por isso, os sádicos chicoteiam, batem, torturam, e é assim que sentem prazer. A história deste terrível marquês está recheada de episódios chocantes, como o de Rosa Keller, uma mulher a quem convenceu a deixar-se chicotear. Quando ela fugiu e revelou o caso, o escândalo foi enorme. Mas foi apenas o primeiro de muitos outros – como o caso de Marselha, que envolveu quatro raparigas, supostamente envenenadas com bombons recheados de cantáridas... Aí se teriam dado cenas de flagelação recíproca, homossexualidade, relações com jovens de ambos os sexos, que, ao serem conhecidos, obrigaram o marquês a fugir, perseguido com acusações gravíssimas, que acabariam por levá-lo, uma vez mais, à cadeia. Estava preso na Bastilha quando da Revolução Francesa. Toda a sua vida foi uma sucessão de escândalos, alternando com a publicação de livros em que expunha as suas ideias, que tiveram (e ainda têm) muitos seguidores, sendo ainda hoje o sadismo, tal como o masoquismo, que é um pouco o seu contraponto, uma prática bastante comum.  

SALOMÉ – Princesa judia, que parece ter sido muito bela e astuciosa. Era filha de Herodes Filipe e de Herodias, e sobrinha de Herodes Antipas, o irmão de Herodes Filipe. Quando, mais tarde, Herodias se juntou com Antipas, isso provocou a ira e a reprovação de João Baptista, que considerava tal união escandalosa. Salomé foi então encarregada, por Herodias, de fazer desaparecer João Baptista. Para isso, uma noite, dedicou a Antipas uma dança erótica, tão insinuante que o tio, provavelmente embriagado, lhe concedeu a satisfação de qualquer desejo que ela formulasse. Essa dança ficou na História como a "Dança dos Sete Véus". Salomé pediu então a Antipas a cabeça de João Baptista, e ele não pôde recusar. Foi assim que o pobre João teve a sua cabeça "servida" a Salomé numa bandeja... e aquela dança licenciosa deu origem a inúmeras obras de arte, sobretudo pinturas, em que Salomé mostra toda a sua sensualidade

SAPHO – Poetisa grega, nascida em 612 a.C. na ilha de Lesbos. Foi contemporânea de Nabucodonosor, na Mesopotâmia, e dos profetas Jeremias e Izequiel, em Israel, além de Ciro, na Pérsia. Isto num tempo em que a Grécia vivia uma época de grande esplendor. Sapho (ou Safo, se preferirem) era conhecida pelo seu génio lírico e pelos seus amores por mulheres, os quais ficaram conhecidos por "amores sáficos" ou "lésbicos", em razão do nome da sua ilha natal. A sua imensa obra poética foi destruída, em grande parte, pelos cristãos, que a consideravam uma ameaça à moralidade. Durante séculos, as suas poesias estiveram desaparecidas, até serem descobertas partes importantes da sua obra, no Egipto, já em fins do século XIX, em necrópoles greco-egípcias. Sapho pertencia à aristocracia de Lesbos, que, nesse tempo, se opunha a Atenas. Por isso, a sua família retirou-se para Mitilene, a capital da ilha, onde passou grande parte da sua adolescência. Diz a tradição que era uma mulher muito feia, com olhos e cabelos negros, e a pele coberta de pêlos em maior quantidade que era habitual na moda grega da época. Era de estatura tão pequena que a maternidade lhe estava interdita. Ovídio, o poeta latino, autor da "Arte de Amar", citava-a, quando ela dizia: "Se a natureza madrasta me recusou a beleza, substituo essa falta com o meu génio"... No entanto, mesmo numa época em que gozava de um grau de liberdade excepcional e em que esteve próxima de jovens guerreiros, não se lhe conhece, nessa época, nenhuma ligação masculina. Exilada temporariamente em Siracusa, aí acabou por casar com um rico comerciante, mas os seus poemas da época sugerem que se tratou de um "casamento branco". Voltando a Mitilene, criou um núcleo de mulheres jovens a quem ensinava metrificação, canto e dança., tendo inventado uma nova métrica e o verso chamado "sáfico". As suas jovens companheiras chamavam-se "heteras", nome que, mais tarde, haveria de designar as prostitutas de luxo, mas que, ali, significava "companheira íntima", "amiga do coração". Curiosamente, já com 55 anos, apaixonou-se por um jovem e belo marinheiro de 20 anos, que a desprezou. Perseguiu-o, sem conseguir conquistá-lo, e acabou, desesperada, por se matar, lançando-se duma falésia, na ilha de Leucade. (Há quem afirme, no entanto, que isto não passa de uma lenda~). Os amores sáficos, ou lésbicos, que durante séculos foram escondidos, passaram a ser assumidos por muitas mulheres, um pouco à semelhança dos amores entre homens. Todavia, as designações lésbico ou lésbica são ferozmente combatidas pelos actuais habitantes da ilha de Lesbos, que querem reservá-las exclusivamente para conotações geográficas e étnicas, excluindo portanto as que implicam definições sexuais. Não vai ser fácil!...

SÁTIRO – Semi-deus que, na antiga mitologia, habitava nos bosques e tinha pernas e pés de bode. Perseguia as delicadas ninfas, com o intuito de as possuir, por ser dotado de uma potência sexual insaciável. Na linguagem corrente, um sátiro é um homem sempre disposto a ir para a cama com qualquer mulher. Não é, no entanto, o tipo de amante mais apreciado, pois o seu estilo é o de se satisfazer rapidamente, não dando tempo à sua parceira para gozar o acto, sempre demasiadamente rápido.

SEIOS – Designação delicada para aquilo que, em linguagem corrente (mas, curiosamente, coincidente com a linguagem médica) chamamos mamas. Na verdade, os médicos preferem reservar a palavra para quando se referem aos seios nasais, aos seios coronários, aos seios renais, etc., chamando mamas àqueles "órgãos glandulares, característicos dos mamíferos, mais desenvolvidos nas fêmeas que nos machos, que contêm leite" (é o que dizem os dicionários) e que servem para ser mamados, tanto por crianças como, em certas circunstâncias, por adultos... Claro que, numa linguagem mais elegante, a palavra seios é, inegavelmente, preferível a mamas, que fica melhor em linguagem coloquial. Há uma grande diferença entre as frases "Ela tem uns seios lindíssimos!" e "Ela tem cá um par de mamas que é mesmo um espectáculo!" A fixação masculina em relação aos seios das mulheres varia segundo as épocas, a idade dos indivíduos, as modas e outros factores. Nas civilizações em que a exibição dos seios nus é corrente (p.ex., em certas zonas africanas, ou entre as índias das selvas amazónicas, etc.), eles não despertam, naturalmente, o mesmo interesse que entre habitantes de países simultaneamente mais frios e mais pudicos. È conhecida a fixação que a maioria dos Americanos tem por seios monumentais, alimentada em parte pelo cinema, onde vedetas como Jayne Mansfield, Sofia Loren, Pamela Anderson e outras sempre atraíram os olhos gulosos de homens possuídos de um verdadeiro desejo infantil de voltarem ao tempo em que mamavam regaladamente...    

SEMI-VIRGEM – Tecnicamente, é coisa que não existe: uma pessoa, das duas, uma: ou é virgem, ou não é... No entanto, usa-se este conceito de semi-virgem, para designar uma pessoa que nunca fez sexo com penetração. Habitualmente, refere-se a uma mulher que mantém a sua vagina inviolada, com o hímen intacto, mas que, apesar disso, pode já ter experimentado toda a espécie de actos sexuais considerados secundários: masturbação, sexo oral, sexo anal, etc.

SENILIDADE – Idade em que, devido à velhice e à decrepitude, se atinge uma debilidade física e mental própria de quem já perdeu a mocidade. Pode mesmo chegar a assumir aspectos patológicos graves, incluindo a "demência senil". Há, no entanto, formas de atenuar os efeitos da senilidade, através de actividades físicas, mentais e sexuais. É fácil criar uma rotina diária, constituída por coisas tão simples como andar a pé e fazer simples exercícios para mover as articulações, através de breves flexões de pernas e braços, durante dois ou três minutos. Ler jornais e livros, fazer cálculos mentais e exercícios que mantenham o cérebro activo, desde as palavras cruzadas ao sudoku, ajudam bastante. E, no capítulo sexual, manter uma actividade apropriada à idade, que não precisa de ser muito intensa, mas deve ser regular, é um excelente tónico para combater o avanço dos anos.

SENSUALIDADE – Tem vários sinónimos, como voluptuosidade, lubricidade, lascívia e mesmo luxúria. Todos eles significam o mesmo: inclinação pelos prazeres dos sentidos, isto é, pelo sexo.

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