06/04/2012

O EROTISMO A NU - De "PALITOS" a "POLIGAMIA"

P

PALITOS – Pequenas hastes de madeira, finas e pontiagudas, que servem para palitar os dentes. Ou então, forma popular de designar os cornos que, simbolicamente, estarão a ornamentar a testa dos maridos ou amantes enganados pelas suas esposas, as quais se divertem com outros homens. Assim, "pôr os palitos" equivale a "pôr os cornos" e a "fazer amor com outro". É uma expressão tão pitoresca que, desta forma, até parece que o pecado não tem assim tanta gravidade...

PAR – Conjunto de duas entidades, ou duas coisas, ou duas pessoas. Neste último sentido, refere-se a dois indivíduos ligados por algo em comum. Também se diz "o meu par" no mesmo sentido de "o meu parceiro", isto é, aquele ou aquela que "forma comigo um conjunto de dois". Um par pode formar-se para dançar, para casar ou para fazer amor. Há outros sentidos aplicáveis à palavra, como "parelha" (dois animais), "número par" (aquele que é divisível por 2), "par a par" (ao lado um do outro), "estar a par" (ter conhecimento), e há ainda o "par do reino" que é um Lorde, em Inglaterra, etc.

PARAÍSO – Jardim muito bonito onde, segundo a Bíblia, moraram Adão e Eva, quando foram criados, no princípio do mundo. Sítio delicioso, onde reina a felicidade. "Estar no paraíso" é, para os românticos, estar junto da pessoa amada, beijando-se, acariciando-se e amando-se permanentemente, sem nunca se zangarem nem se aborrecerem... É evidente que se trata de uma utopia, mas, enquanto as pessoas acreditam nela, vivem felizes. Um outro tipo de paraíso é o chamado "paraíso fiscal", onde os capitalistas vivem mesmo felizes, praticando permanentemente o "amor ao lucro" (que ali não é pecado) e de onde não é fácil retirá-los – ao contrário do que aconteceu a Adão e Eva, expulsos desse paraíso inicial, e cujo pecado foi aparentemente mais ligeiro: trincar uma maçã.

PARIR – Dar à luz, gerar, criar, engendrar. A expressão parir é mais correcta que qualquer dos seus sinónimos, mas um certo puritanismo verbal ainda hoje põe algumas reservas à sua utilização. Talvez isso se deva a uma dos mais vulgares ofensas verbais que se usam desde tempos imemoriais, e que consiste em mandar alguém para "a puta que o pariu". Na verdade, a força desta expressão é muito maior do que seria, por hipótese, mandar esse alguém para "a puta que o engendrou"...

PARTENOGÉNESE – Desenvolvimento de um ser vivo a partir de um óvulo não fecundado. Também se chama "agamia" ou "reprodução assexuada". A partenogénese experimental tem sido feita em animais, como as rãs. Nas mulheres faz parte de um mito muito caro a certas virgens endurecidas, que desejarim muito ter filhos, mas se horrorizam com a ideia de sofrerem o contacto de um homem.

PARTO – Acto de parir, que se dá, em circunstâncias normais, nove meses depois da concepção. Em circunstâncias especiais, pode ocorrer antes ou depois desse prazo. O parto pode realizar-se normalmente, ou com a ajuda de instrumentos médicos, como os fórceps, ou através de uma operação chamada cesariana, ou ainda ser induzido, com a ajuda de substâncias químicas. Muitas mulheres temem as dores, pelo que optam pelo chamado "parto sem dor", em que a pessoa que mais sofre é o marido da parturiente, na clássica cena de nervosismo, passeando cá do lado de fora, à espera de ouvir o primeiro choro do bebé recém-nascido... 

PASSIVO – Em Contabilidade (e não só) é o contrário do activo, ou seja, "a soma, em balanços e balancetes, dos saldos credores das diversas contas". Claro que não é este o sentido que nos interessa analisar aqui. Em termos sexuais, passivo (ou passiva) é aquele (ou aquela) que se submete ao parceiro, física e psicologicamente. Nos casais heterossexuais, a mulher habituou-se a ter um papel passivo, durante séculos, limitando-se a aceitar o que o homem lhe impunha, sem que ele se preocupasse com os seus sentimentos e as suas sensações. No coito, o homem pretendia apenas atingir rapidamente o orgasmo, sem querer saber se a mulher tinha ou não tinha prazer no acto, conduzindo assim a frustrações que nunca se resolviam. Em tempos mais modernos, a mulher habituou-se a assumir um papel mais activo, e tem agora uma atitude por vezes dominadora, em contraste com o que era tradicional. Nos casais homossexuais, o elemento passivo é aquele que se submete ao seu parceiro, tomando o papel que era tradicionalmente desempenhado pela mulher, em tempos e hábitos do passado.

PECADO – É a desobediência a um preceito religioso ou, mais genericamente, uma má acção, que vai contra normas pré-determinadas. Na igreja católica, entre os "7 pecados capitais", o da luxúria é considerado um dos mais graves – mas, afinal, parece ser dos mais frequentes, talvez porque, à semelhança de outros dois, entre os sete (e gula e a preguiça) serem dos mais agradáveis de praticar...

PEDERASTA – Homem que pratica sexo consentido com outro homem – ou, mais precisamente, com um rapaz mais novo. Se este é mesmo muito novo, se é uma criança, o pederasta passa à categoria de pedófilo, algo que se torna um crime e que é severamente criticado e castigado pela sociedade civilizada. Há quem defenda que a pedofilia é uma doença, enquanto a pederastia é encarada com maior complacência. Em civilizações antigas era mesmo aceite com naturalidade.

PÉLVIS – Zona do corpo constituída pela bacia, onde se concentram os órgãos sexuais e que, por isso mesmo, é motivo de atracção muito forte. As movimentações pélvicas podem ser altamente sugestivas, em termos sexuais. Um famoso cantor norte-americano, pelo qual se mantém um culto quase doentio, muitos anos após a sua morte, actuava em palco com movimentos tão eróticos que ficou conhecido pelo nome de "Elvis-pélvis"... 

PÉNIS – Órgão sexual masculino, também conhecido por falo (v. esta definição) e ainda por "pene" e por muitos outros termos, alguns maliciosos, outros ordinários, mas todos referidos a uma das partes mais evidentes da anatomia masculina, principalmente quando se encontra no estado de erecção, sem o qual, aliás, muito dificilmente poderá cumprir a sua missão de penetração na vagina da mulher. O pénis é constituído por corpos cavernosos que se enchem de sangue perante um estímulo sexual; tem um tubo central contendo a uretra e uma glande na extremidade, muito sensível e por vezes recoberta pelo prepúcio, o qual pode ser sujeito a uma circuncisão (por razões religiosas ou higiénicas). O pénis foi sempre objecto de veneração, em cultos muito antigos, sendo representado de forma realista em numerosas esculturas, pinturas e outras obras de arte, no decorrer de muitas gerações. Existem monumentos fálicos muito antigos no Egipto, na Irlanda, na Córsega, na Índia, na Polinésia, etc.

PENTELHO – Pêlo pubiano, que nasce na zona púbica, tanto nos homens como nas mulheres. Em tempos antigos, quando a visão de um corpo nu era rara e difícil, vislumbrar ou apalpar os pentelhos de uma mulher era, para qualquer homem, um gozo supremo. E havia quem apreciasse particularmente as pentelheiras bem cabeludas. Hoje em dia, desapareceu essa atracção, uma vez que o mistério se dissipou com os costumes actuais. Tornou-se mesmo moda rapar, total ou parcialmente, esses pêlos, ou deixar apenas os suficientes para desenhar formas curiosas, como corações e outras.
            Em calão, pentelho é um sujeito muito chato, incómodo e difícil de aturar.

PEQUENOS LÁBIOS – São dobras cutâneas situadas na parte interior dos grandes lábios da vagina.

PERÍODO – Tempo que decorre entre duas datas diferentes e, em geral, importantes (por exemplo "o período das Invasões Francesas" ou "o período paleolítico"). Em Gramática, significa uma frase que contém uma ou mais orações. Para as mulheres, o período é o tempo de duração da menstruação, também chamado "as regras" ou, de forma mais discreta, "a história"...

PERVERSÃO – Desvio da tendência ou do impulso sexual considerado normal. Não confundir com "perversidade", que é uma característica anormal do carácter, com sentido destrutivo – isto é, um indivíduo perverso, mau, não é o mesmo que um pervertido, que se satisfaz sexualmente de forma diferente da mais habitual: por exemplo, exibindo-se nu, beijando-se, apertando-se, etc. (v. aberração).

PETTING – Do Inglês "to pet", acariciar. Todo o tipo de actividade sexual, excepto o coito. Muito usado por namorados ou amantes que querem conservar a virgindade, seja por temor das consequências, por razões religiosas, ou outras. Isso permite todo o uso de estimulação sexual, com manipulações, toques manuais ou orais, beijos, excitação dos órgãos sexuais ou dos seios, masturbação mútua, etc.  Só o coito é que não.

PIGMALIÃO – Escultor célebre da ilha de Chipre, que se apaixonou loucamente por uma estátua de mulher, esculpida por ele próprio. Pediu então à deusa Afrodite que a transformasse numa mulher real, e assim aconteceu. Mas, quando a mulher, Galateia, deixou de ser divina, perdeu a perfeição, para desespero do escultor... Esta história teve várias versões, desde as "Metamorfoses" de Ovídio até várias óperas, como a de Jean-Philippe Rameau, e peças de teatro de vários dramaturgos, entre os quais o famoso George Bernard Shaw. Finalmente, a história foi transformada numa peça musical inspirada na lenda original, representada com grande êxito na Broadway – e depois filmada por George Cukor, com Audrey Hepburn e Rex Harrison nos papéis principais. Em Portugal, a peça foi ainda montada por Filipe La Féria, com o título que tinha sido usado no Teatro e no Cinema: "My Fair Lady". Curiosamente, é uma história de amor em que nunca é pronunciada a frase "amo-te" e em que não há um único beijo...

PILA – Um dos numerosos nomes por que é designado o pénis, ou seja, o órgão sexual masculino (v. falo, onde se mencionam algumas dessas designações, algumas bem curiosas).

PÍLULA – É um medicamento em forma de bolinha, que se engole com a ajuda de água. Tomam-se pílulas para atacar as mais diversas doenças, mas talvez a mais conhecida seja a pílula anticoncepcional, que serve para evitar a ovulação e, portanto, para evitar o nascimento de bebés indesejados. Este método anticoncepcional foi desenvolvido para evitar o crescimento galopante e alarmante de certas populações, particularmente em países menos desenvolvidos. Mas, paradoxalmente, o seu uso é muito maior nos países mais ricos, talvez porque aí o nível cultural das pessoas faz com que as mulheres estejam mais informadas sobre a sua correcta utilização. Trata-se de um método de eficácia quase total, o que pode levar a pensar que se tornaria o preferido pela maioria das pessoas, por poderem gozar o sexo sem o perigo de gravidezes inoportunas. Mas nem sempre assim acontece: se é verdade que, de um modo geral, o interesse das mulheres pelo sexo aumentou, já alguns maridos passaram a sofrer do terror de haver agora novas hipóteses de infidelidade... Mas, de um modo geral, as actividades sexuais passaram a ser muito mais interessantes: as mulheres, deixaram de estar permanentemente aflitas com a possibilidade de ficarem grávidas e isso deu, a muitas delas, maior à-vontade e mais alegria na cama... e nos outros locais onde podem fazer amor.

PIN-UP – Neologismo norte-americano, a partir do verbo "to pin = espetar", a propósito das imagens femininas que os soldados se habituaram a colocar à cabeceira das suas camas, ou nas portas dos seus armários. Essas imagens começaram por ser desenhadas, por artistas especializados em valorizar peitos bem grandes e rabos bem redondinhos, o que excitava os rapazes e ocupavam as suas fantasias eróticas. Houve desenhadores que se especializaram neste tema, como o famoso Vargas, da "Playboy". Depois, os desenhos foram substituídos por fotografias de artistas de cinema, como Marilyn Monroe, Brigitte Bardot, Lollobrigida, e outras, famosas na época de ouro das pin-ups. Actualmente, ainda se encontram pin-ups em calendários a decorar oficinas e interiores de camiões de carga.

PLATÃO – Filósofo grego, discípulo de Sócrates, que, na sua obra intitulada "Banquete", descreve, através de diálogos, a sua concepção do Amor (Eros). Os vários convivas discutem o androginato ou complementaridade: "as metades procuram-se para formar uma unidade". De notar que estas metades podem ser homo ou heterossexuais. Á homossexualidade é muitas vezes designada "amor grego". A satisfação do desejo pode verificar-se através da carne ou através do espírito. Através da carne, dirige-se às mulheres e gera crianças. Através do espírito, dirige-se mais particularmente aos jovens (daí o sentido etimológico de pederastia = amor pelos jovens), o amor procura o desabrochar dos belos sentimentos, dos belos pensamentos, e a contemplação da Beleza eterna, privilégio do sábio encantado numa espécie de êxtase. É isto que se conhece sob o nome de amor platónico.

POLIGAMIA – Sistema matrimonial múltiplo, ou seja, em que um homem pode ter várias esposas. Opõe-se assim à monogamia, em que, a cada homem, corresponde uma só mulher, ao contrário do que acontece com os mórmones ou com os muçulmanos, que podem ter várias esposas. O sistema poligâmico vem, provavelmente, de tempos muito antigos, em que havia muito mais mulheres do que homens – o que, aliás, também vai acontecendo nos tempos actuais, e que até serve para alguns homens se desculparem das suas infidelidades, alegando que dormem com outras, além da esposa legítima, por uma simples questão de benemerência... Não confundir com "poliandria", que é o estado de uma mulher ligada a vários homens. E há ainda o caso específico da bigamia, em que um homem é casado com duas mulheres, ou uma mulher é casada com dois homens.

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