28/01/2012

O EROTISMO A NU - De "ALGOLAGNIA" a "ASSEXUADO"


ALGOLAGNIA – É uma perversão que consiste em obter prazer ao infligir dor a outra pessoa, ou a si mesmo. A algolagnia activa é conhecida por sadismo. A algolagnia passiva chama-se masoquismo (v. estes dois temas).

ALIANÇA – Símbolo de uma união, de uma ligação – particularmente o casamento, ou, antes dele, o noivado, nas sociedades onde tais convenções continuam a ser respeitadas. As alianças são usadas nas cerimónias matrimoniais dos mais variados ritos e religiões, simbolizando o elo que se estabelece entre o noivo e a noiva (ou entre os dois noivos, ou entre as duas noivas, nos casos das ligações homossexuais). Em tempos antigos, as alianças, normalmente de ouro, ficavam enfiadas nos respectivos dedos até ao fim dos tempos – e ainda eram acrescentadas com outras, de prata, quando se atingiam certos aniversários. Mas, evidentemente, eram cuidadosamente retiradas, quando surgia a oportunidade de praticar um discreto adultério...

AMANTE – Aquele ou aquela que ama, que tem amor por alguém ou por alguma coisa. Em sentido mais restrito, é aquele ou aquela que tem uma relação amorosa não oficial com outra pessoa, não sancionada pelo casamento. Mas, afinal, amante pode ser, simplesmente, alguém que tem amor por outro alguém, ou por alguma coisa – e não, necessariamente, uma pessoa que ande a desviar dos seus deveres conjugais o cônjuge de outra pessoa, embora esta seja a definição mais habitualmente aceite...

AMAZONA – Dá-se este nome a uma mulher destemida, aguerrida, de índole varonil e aspecto masculino. Por este nome eram designadas, segundo as lendas de origem grega, as guerreiras que, na Antiguidade, teriam vivido na Trácia, na Ásia Menor. Montavam cavalos que elas próprias domavam e, para tornar mais fácil o uso do arco e das setas, queimavam a mama direita – o que era, sem dúvida, um grande desperdício. Enfim, nem tanto, pois as amazonas não admitiam nenhum homem entre elas... Para preservar a raça, apenas visitavam, em rápidas excursões sexuais, em cada Primavera, os homens que viviam nas montanhas vizinhas. Se nasciam filhos dessas breves uniões, eram devolvidos aos pais; ao passo que as filhas se juntavam a elas e eram treinadas como guerreiras. As suas armas favoritas eram o machado de dois gumes e o dardo. Os seus escudos eram pequenos e redondos, feitos de madeira ou de vime entrançado, recobertos de couro. São citadas por poetas gregos, como Virgílio, que fala dos seus "escudos em forma de lua". As lendas das Amazonas, que revelam um certo receio do homem grego em relação à mulher, ou seja, um aspecto da sua componente homossexual, deram lugar a numerosas narrativas, em que se misturam as histórias reais com a fantasia. As Amazonas teriam tido várias rainhas, todas elas proclamando-se filhas de Marte, a fim de sublinharem a sua autoridade guerreira. Entre as mais célebres, podem citar-se Antíope, que atacou Teseu e foi por ele vencida na ponte de Thermodon; Penthesileia, que, no fim da guerra de Tróia, veio em socorro de Priam e foi morta por Aquiles; Thalestris, que teria enfrentado Alexandre; etc. Mas alguns autores afirmam que as fabulosas Amazonas não seriam mais que as antigas sacerdotisas da deusa Cybele, que, em desenhos antigos da Lídia, aparecem em danças em que empunham o machado e o escudo. Ateneia conta que os Lídios teriam sido o primeiro povo a descobrir a forma de tornar as mulheres estéreis, através de uma operação cirúrgica, passando desde então a usar os serviços de eunucos femininos. Tal operação provocaria o aparecimento de características masculinas. As Amazonas com barbas e bigodes seriam então as primeiras sacerdotisas da sua antiga Deusa Mãe.
            Uma lenda paralela relaciona-se com os primeiros exploradores do Brasil, que disseram ter encontrado, no Maranhão, mulheres guerreiras quase nuas, descritas como muito brancas e muito grandes, musculosas, com longos cabelos, e que, no dia da sua festa anual, vinham banhar-se ao luar. Nesse único dia, cada uma unia-se a um homem e, se tivesse uma filha, oferecia ao seu amante ocasional uma pedra preciosa colhida no fundo do rio. O grande rio Amazonas deveria então o seu nome a estas mulheres guerreiras, que espantaram esses exploradores de um mundo, até então, desconhecido. Nesta lenda, como na lenda grega, a homossexualidade feminina das Amazonas, tal como a homossexualidade masculina dos heróis vencedores, representam os pólos mais sensíveis da eterna guerra dos sexos.
Actualmente, uma amazona é, simplesmente, uma mulher que monta a cavalo. E que pode manter (felizmente!) as duas mamas intactas.

AMBIVALÊNCIA – Característica de um indivíduo que apresenta duas atitudes afectivas opostas, simultâneas e indissociáveis (amor-ódio, desejo-receio). Em certos casos, será um sintoma de esquizofrenia. Pode significar ambiguidade, ou incerteza. No aspecto sexual, designa a existência simultânea de duas tendências, no mesmo indivíduo, em relação ao sexo masculino e ao sexo feminino (v. bissexualidade).

AMIGAR – No sentido mais puro, significa “passar a ser amigo”. Num sentido mais brejeiro e mais comum, significa “tornar-se amante”. Há ainda uma variante popular, muito curiosa e muito expressiva, que é “juntar os trapinhos”. Em qualquer dos casos, significa juntar-se a outra pessoa, seja em sentido figurado, mantendo com essa pessoa relações de amizade, seja em sentido físico, habitando, comendo, dormindo e fazendo sexo com ela.

AMOR – Aparentemente, é a palavra mais fácil de definir, entre todas as que constituem este Dicionário. Mas só aparentemente. Vejamos, para começar, uma definição clássica, retirada de um Dicionário diferente deste, isto é, um Dicionário normal. “Amor é uma forma de interacção psicológica ou psicobiológica entre pessoas, seja por afinidade imanente, seja por formalidade social (cf. “Dicionário Houaiss”). Os Românticos acharão esta definição horrível, seca, quase burocrática. Para eles e para muitos outros, o Amor é um sentimento sublime, difícil de definir em termos simples, mas que implica uma atracção, simultaneamente espiritual e física, por outra pessoa. “Fazer amor já tem um sentido mais grosseiro, porque significa, muito prosaicamente, “fazer sexo”; ou seja, é uma definição que se limita à componente física do Amor, ao acto sexual. Entende-se que o Amor tem vários graus, partindo da “afeição”, passando depois pela sua manifestação mais primária, que é o “amor carnal”, sem interferência de sentimentos, até ao “amor ao próximo”, sob a forma de Compaixão, e ao Amor de grau supremo, que será a Caridade. “Amor à primeira vista” é aquele que se manifesta por um baque súbito e violento, perante uma pessoa por quem se fica estupidamente apaixonado, de repente. Por contraposição ao “amor carnal”, existe o “amor platónico”, que é muito puro e não inclui pensamentos lúbricos, nem cenas que envolvam camas, beijos, apalpões e outros pormenores atrevidos. “Amor socrático” é um Amor com características homossexuais, já que Sócrates (o filósofo) gostava muito de ter rapazinhos por perto, e não apenas para lhes incutir ideias filosóficas. “Amor clubista” é aquele que faz sofrer tragicamente as pessoas, quando o seu clube de futebol está a perder por três a zero a um minuto do fim do jogo. “Amor próprio” significa orgulho, sentimento de dignidade. “Amor à Pátria”, ou Patriotismo, é um sentimento próprio daqueles que podem não amar mais nada, mas são capazes de morrer pela terra onde nasceram. “Amor ao trabalho” é um tipo de amor habitualmente ridicularizado pela imensa maioria dos que amam, preferencialmente, o Descanso. “Amor à arte” é a situação em que se trabalha sem receber a justa paga, fenómeno muito comum, também chamado “parvoíce”. “Amor perfeito” é algo que não existe na vida afectiva das pessoas, mas, apenas, na vida botânica, sob a forma de uma planta híbrida com flores vistosas, de pétalas arredondadas e com várias cores. “Por amor de Deus!” é uma exclamação que não significa, necessariamente, amor pelo ser supremo, que muitos acreditam dominar e governar os seus amores – mas antes um particular desprezo pelas capacidades intelectuais do interlocutor. “Cartas de amor” são, por definição, e como escreveu Fernando Pessoa, cartas ridículas, porque nelas se escrevem frases de que, quase sempre, nos arrependemos, mais tarde.

ANAL – O que se refere ao ânus – ou, para sermos mais claros e mais pragmáticos, ao cu, que é a designação mais sintética e mais apropriada para a região do corpo humano onde se desenvolvem variadas actividades, umas meramente fisiológicas (“defecar”, ou, se preferirem, “evacuar”; ou a expulsão de ar devido ao “flato”, sob a forma de gases malcheirosos, popularmente designados por “peidos” ou, para almas mais sensíveis, “puns”) – outras menos inocentes, como a utilização do ânus para actividades eróticas. Neste último aspecto, o cu tem um papel importante, muitas vezes alternativo em relação a outros orifícios naturais do corpo humano, igualmente utilizados para a introdução do pénis, ou de certos instrumentos de substituição. Entre estes, contam-se coisas tão insólitas como garrafas, cabos de vassoura, maçanetas de portas, etc., havendo exemplos de casos que requerem a intervenção de médicos ou, mesmo, de serralheiros...

ANDRÓGINO – Aquele que reúne em si as características dos dois sexos, feminino e masculino. O mesmo que hermafrodita. Nome científico para classificar um indivíduo que, em linguagem corrente, costuma ser alvo de outras designações menos eruditas. Por exemplo: se o indivíduo se parece com um homem, mas só de um modo muito vago, chamam-lhe, provavelmente, “maricas”; se parece uma mulher, mas não muito convincentemente, então talvez lhe chamem “fufa”. Estas designações preconceituosas não têm, porém, razão de ser, porque as características de tais pessoas nascem com elas, não podem ser modificadas por simples opção, e são tão naturais como ter um nariz mais ou menos comprido.

ANDROPAUSA – Diminuição da actividade genital do homem, equivalente à menopausa da mulher. Fase da vida em que o homem começa a ficar um tanto ou quanto angustiado, e a perguntar, aos amigos da mesma idade, se eles também têm episódios de falhanço, e se estão a sentir-se “ir abaixo” – moralmente e não só.

ANILINCTUS – Acção de lamber o ânus. Exercício de excitação pré-coital, por vezes associado à coprofagia, tudo isto geralmente incluído no capítulo das aberrações. É o modo de satisfação conjugal de M. Bloom, um dos heróis da célebre obra de James Joyce “Ulisses”. Na mitologia cristã, seria uma das provas que Satã impunha aos seus adeptos, sacerdotes e sacerdotisas, durante o Sabat.

ASCETISMO – Consagração à "Ascese", ramo da filosofia grega que impõe práticas e disciplinas de austeridade e autocontrolo do corpo e do espírito. O asceta aplica voluntariamente mortificações a si próprio, entre as quais a completa renúncia a toda a actividade sexual, atitude que os não-ascetas consideram um desperdício.

ASSEXUADO – Aquele que não tem órgãos sexuais – ou que, pelo menos, aparenta não os possuir. Ou então, é como se os não tivesse, porque não os usa... Nesta última hipótese, pode tratar-se de um caso de pouca apetência para práticas relacionadas com o sexo, causada por frigidez, impotência, etc. De qualquer maneira, um assexuado perde ingloriamente a possibilidade de gozar alguns dos mais deliciosos prazeres da vida.

26/01/2012

O EROTISMO A NU - De "ABERRAÇÃO" a "ALCOVITEIRA"


A

ABERRAÇÃO – Ao contrário do que se poderia supor, não é por berrar durante o acto sexual que uma pessoa apresenta, obrigatoriamente, uma aberração. Na verdade, uma aberração é um comportamento considerado anormal, que pode mesmo assumir aspectos de perversão, quando essa for a única forma de a pessoa atingir o prazer. Exemplos comuns são o voyeurismo ou a coprofilia. Pode falar-se ainda de outros comportamentos (por exemplo, o exibicionismo) mais ou menos relacionados. Se esse hábito de berrar durante o acto for levado ao extremo de fazer acordar e alarmar toda a vizinhança, então sim, pode incluir-se na lista das aberrações, embora entre as menos significativas.

ABORTO – Perda de um feto, devida a razões naturais, ou provocada artificialmente. Neste ultimo caso, designa-se popularmente por “desmancho”. É curioso observar que um aborto provocado, quer seja feito legalmente (caso em que recebe a designação muito técnica de IVG – “Interrupção Voluntária da Gravidez”), quer seja provocado de forma clandestina, é geralmente acompanhado por uma “parteira”, o que parece uma designação incongruente: a senhora deveria chamar-se antes, logicamente, “desmanchadeira”...
Também costuma designar-se por aborto uma mulher, ou um homem, com uma   cara tão feia que é capaz de assustar de morte uma inocente criancinha, só por lhe piscar o olho. Ou um jogador de futebol que faz uma jogada sem cabeça e, o que é mais grave, sem pés, levando o espectador a exclamar: “Olha-me aquele aborto!”

ABRAÇO – Acto de envolver com os braços outra pessoa, com uma destas duas finalidades: manifestar-lhe afecto e carinho – ou verificar se há por ali mamas com silicone.

ABSTINÊNCIA – Ausência de qualquer tipo de actividade sexual, seja por vontade própria, ou por imposição – sendo esta causada por razões religiosas, fisiológicas, ou outras. Os padres católicos, por exemplo, têm obrigação de a observar (o que nem sempre acontece), enquanto alguns místicos a praticam por opção. Certas classes de indivíduos, como os prisioneiros, ou os marinheiros de longo curso, são obrigados à abstinência, esquecendo assim, temporariamente, as delícias do “bem-bom”. Só que, quase sempre, lá arranjam maneira de fazer o gosto ao dedo – ou à mão... Os desportistas em estágio também costumam praticar a abstinência, antes das grandes provas, a fim de guardarem todas as suas forças para a competição. Em qualquer destes casos, o pior é que, depois da abstinência, a primeira tentativa para atingir uma boa "performance" dá origem, muitas vezes, a um lamentável fiasco.

ABUSO – Fundamentalmente, significa “mau uso”. Por exemplo, o mau uso de um ascendente que exista, sobre outra pessoa, para exercer algum tipo de domínio sobre ela. O chamado abuso sexual, praticado sobre adultos, é altamente reprovável. Sobre menores, então, é um acto desprezível.

ACARICIAR – Fazer carícias a alguém. Um dos mais agradáveis preliminares para um acto amoroso. Apresenta "nuances"  e designações tão variadas e curiosas como "acarinhar", "acocar", "afagar", "agalimar", "ameigar", "amimar", "anediar", "cofiar", "embalar", "mimar", "roçar". E, na sua forma reflexa (acariciar-se) significa masturbar-se.

ACASALAR – Juntar dois indivíduos, geralmente (mas não sempre) com a finalidade de procriarem. Isso é mesmo verdadeiro quando se trata de bichos – mas, no caso dos humanos, pode não ser bem assim. Pode tratar-se, simplesmente, de se combinarem, a fim de passarem, juntos, uma agradável meia hora.

ACEPIPES – Iguarias que se saboreiam antes do prato principal. No sentido que nos interessa analisar, também se chamam preliminares e podem assumir aspectos muito variados e excitantes. Assim, podem incluir carícias, toques, beijos e outras diversões agradáveis.
Convém assinalar que os acepipes, na sua vertente gastronómica, são servidos, normalmente, frios; ao contrário, quando têm a ver com o erotismo, até podem ser escaldantes.

ACROBACIAS – Exercícios físicos praticados durante as actividades sexuais, e que podem ser incluídas no capítulo das posições. Destinam-se a dar maior emoção e variedade àqueles actos que, com a repetição, tendem a tornar-se rotineiros. As acrobacias podem conduzir a um destes dois resultados: a uma maior excitação, com maior prazer – ou, em alternativa, a uma hérnia.

ACTIVO – É o elemento dominante do par sexual, aquele que comanda as operações, que descobre novos motivos e novas emoções. Durante séculos, no par heterossexual, esse papel esteve entregue ao homem. Actualmente, nem sempre é assim. Muitas vezes, é a mulher que assume a condução do acto, é ela que está "por cima" – e não apenas simbolicamente.

ACTO – No sentido que nos interessa, o acto é toda a acção que visa a satisfação da líbido. “Acto de posse” é uma cerimónia em que alguém se apodera de algo, ou de alguém. “Acto administrativo”, “acto institucional” ou “acto jurídico” podem ser exemplificados pelo casamento. “Acto de variedades” é uma "performance" em que os participantes mudam de estilo e de actuação com frequência, de forma a evitarem a monotonia, tão normal quando se pratica o “acto único”...

ADÃO – Segundo o “Génesis”, foi o primeiro homem, nascido andrógino (“Deus criou o homem, macho e fêmea”). Daria, depois, origem à primeira mulher, Eva, alegadamente nascida de uma das suas costelas. Com ela, praticaria o “pecado original” – sem o qual, no fim de contas, nenhum de nós existiria actualmente. Ou seja, Adão era um ser puríssimo, que viria a ser tentado pela sua única companheira (por quem mais, se não havia outra?), nesse Paraíso onde viviam em paz, antes de comerem, a meias, uma simbólica maçã, que lhes revelaria as delícias da vida terrena. Há-de continuar a afirmar-se recorrentemente que talvez tivesse sido melhor, para Adão e para todos nós, ele não ter trincado aquela fruta. Esta teoria tem, todavia, poucos adeptos.   

ADOLESCÊNCIA – Período muito sensível da vida humana, entalado entre a puberdade e a juventude. É a fase em que tudo se desenvolve, cresce, engrossa e aumenta. Nos rapazes, os músculos, os pêlos, o pénis. Nas raparigas, as mamas, as ancas. Começam a descobrir-se as diferenças entre sexos. Eles apaixonados, elas apaixonadas, todos sem saberem lá muito bem o que isso quer dizer, mas muito excitados, emocional e fisicamente.

ADULTÉRIO – Relação sexual com alguém, exterior a um casal que foi formado por normas religiosas, civis, ou outras. Na maioria das civilizações, este acto pode ser considerado um delito, um crime ou um pecado, conforme as normas aceites pela respectiva comunidade. Em regra, os ritos matrimoniais estabelecem que os esposos são, por assim dizer, “propriedade mútua”, isto é, cada um deles é “dono” do outro. Mas, por tradição secular, a mulher não teve, nunca, a mesma liberdade sexual que o homem. Só recentemente este estado de coisas se foi transformando. Em certas sociedades, o adultério feminino é fortemente punido, mesmo com a pena capital – enquanto o adultério masculino até é bem acolhido e desculpado. Para o homem enganado há uma certa compreensão, quando ele se vinga da traição cometida pela sua mulher; ao passo que o inverso não é tão bem aceite. A única fuga a esta atitude convencional verifica-se nas histórias cómicas do “marido enganado”, o “cocu“ das comédias de “boulevard”, que é ridicularizado, mas nunca é castigado socialmente, se, por vingança, também "põe os palitos" à esposa.

AFEIÇÃO – Sabendo-se que há três tipos de funções mentais, que são “afecto”, “cognição” e “volição”, a primeira significa um sentimento terno em relação a uma pessoa (ou a um animal), uma afinidade natural que pode transformar-se em sentimento amoroso. É, assim, uma espécie de “exercício preparatório” para uma intimidade mais próxima.

AFRODISÍACO – Aquilo que tem a propriedade de excitar para os prazeres do sexo. Existem inúmeros produtos com fama (nem sempre justificada) de aumentarem o desejo sexual e o prazer no acto amoroso. Alguns são perigosos, sobretudo se usados em doses elevadas. Os mais conhecidos são as cantáridas, e algumas drogas como o haxixe, o ópio, a cocaína, a morfina, a estricnina e outras. Muita gente acredita nas virtudes afrodisíacas do corno de rinoceronte. A palavra afrodisíaco remete para o nome de Afrodite, a divindade grega do Amor – em honra de quem se celebravam as festividades “afrodíseas” – ou, para quem preferir as deusas romanas, para Vénus, sua correspondente na mesma área.
Existem, igualmente, substâncias com efeitos contrários, isto é, destinadas a acalmar os ardores amorosos; são chamadas anafrodisíacas – o mesmo nome que se aplica às pessoas que não têm tendência para se dedicarem às delícias do amor.

ÁGUA – Sendo um dos principais elementos, não só do nosso planeta, com do nosso corpo, ocupando uma percentagem maioritária do seu volume, a água tem uma importância fundamental em todas as actividades humanas – entre as quais as actividades ligadas ao amor e ao sexo. Assim, por exemplo, fazer amor dentro de água (numa piscina, ou no mar) é uma das fantasias de muita gente. Infelizmente, o resultado prático não é, normalmente, brilhante. A coisa não acerta, escorrega, dão-se cambalhotas inesperadas, enfim, é bastante difícil. Mas, não é de desistir, apesar de tudo: vale sempre a pena tentar. No entanto, o melhor papel que se pode reservar para a água é o de lavar os nossos corpos. O banho é excelente, “antes de” (para eliminar suores, cheiros e sujidades), bem como “depois de” (para relaxar).
A "água-de-colónia", usada sem excesso, pode ser um bom estimulante – mas, atenção, não se deve usar nunca na zona genital, porque o ardor causado é verdadeiramente atroz.

ÁLCOOL – As opiniões dividem-se, quanto à utilidade do álcool para melhorar a vida sexual. É verdade que algumas pessoas apenas se sentem motivadas para fazer sexo depois de terem emborcado várias bebidas fortes. Ora, é verdade que o álcool, em pequenas quantidades, até poderá ajudar. Duas taças de champanhe produzem um estado de euforia que alegra o ambiente e descontrai as pessoas. Todavia, ultrapassado certo limite, o efeito é, precisamente, o contrário. Produz-se um adormecimento das sensações, e passa a ser mais importante uma boa soneca do que uma boa queca.

ALCOVITEIRA – Pessoa que alcovita, isto é, que serve de intermediária entre namorados ou amantes, preparando-lhes a alcova (daí o nome). Embora também existam alcoviteiros, é uma actividade tradicionalmente feminina. Além de facilitar os contactos, a alcoviteira também assume, muitas vezes, o papel de exploradora de prostíbulos. Assim, o seu papel pode limitar-se a levar e trazer recados entre os amantes – ou pode ir mais longe, proporcionando-lhes a casa, o quarto e a cama onde eles poderão dar largas à sua paixão, pagando, é claro, o respectivo preço. Esta actividade é ainda conhecida sob outros nomes, alguns curiosos, como "alcoveta", "alcagueta", "alcaiola", "alcofeira", "caftina", "celestina", "engatadeira", "intervenideira", "madame" ou "proxeneta". Mas é uma actividade em decadência, nos tempos modernos, dadas as facilidades de contacto, cada vez maiores, entre aqueles que se amam.

24/01/2012

E AGORA, ALGO COMPLETAMENTE DIFERENTE...

Sim, e agora, algo completamente diferente
- como diriam os Monty Python...

Vou iniciar a publicação do meu livro "O EROTISMO A NU", que os Senhores Leitores terão a paciência de ir coleccionando, dia após dia, já que a obra irá saindo aos bocadinhos.


Hoje sai apenas uma Sinopse e a reprodução das maquetes das primeiras páginas - as únicas que chegaram a ser ilustradas. Nos dias seguintes, irá saindo o texto, na sua totalidade.


O EROTISMO A NU  Sinopse


Ao imaginar esta obra, propus-me produzir um trabalho de algum fôlego, destinado a fazer perder o fôlego aos seus leitores...

Todas as Editoras contactadas se assustaram. Umas alegaram que a obra era demasiadamente atrevida. Outras, que era grande de mais, e que sairia muito cara, por ter de incluir muitas ilustrações...

Resultado: este livro tem estado na gaveta – até que, passados uns bons anos, achei que nunca iria ser publicado pelas vias normais, e que mais valia oferecê-lo a quem o quisesse apreciar, sem custos e sem complicações. Ele aqui está, portanto – não ilustrado, porque o genial ilustrador Zé Manel, por motivos óbvios, limitou a sua participação ao desenho da capa e de mais duas ou três páginas iniciais. Daí em diante, a obra vai aparecer só em texto, e é assim que terá de ser vista pelos seus eventuais leitores.

Estes poderão incluir toda a gente, de todas as raças, de todas as culturas e de todas as idades – a partir, aproximadamente, dos seis meses até cerca dos noventa anos – já que o tema é o Erotismo, que é de interesse universal.

Está, assim, assegurada, à partida, uma boa fatia de público capaz de gostar de um tema que me proponho abordar de maneira divertida e amável: sob a forma de um Dicionário, escrito com algum Humor.

O subtítulo “Dicionário Anedótico do Mundo Erótico” contém, por assim dizer, o resumo e o programa, bem como o estilo, da obra.

Convém esclarecer, no entanto, que o tom humorístico dos textos não significa que a obra não contenha matéria devidamente cuidada e tratada com rigor. É que isto do Erotismo merece muito respeito...


O Autor
ANTÓNIO GOMES DALMEIDA
Com a colaboração das (infelizmente) poucas Ilustrações do ZÉ MANEL












20/01/2012

OS CÓMICOS 313

CRÓNICA “OS CÓMICOS”                                                                                                                     
PUBLICADA NO DIÁRIO DO SUL DE 16.1.2012
           
FUMAÇAS
           
DECLARAÇÃO DE INTERESSESInformo, a quem possa interessar, que não sou fumador – mas já fui. Durante uns vinte anos da minha vida, fumei cachimbo e, ocasionalmente, charuto. Nunca fumei um cigarro. Durante esse longo período, em que escrevia muito, para Jornais e para a Rádio, criei, dentro da minha cabeça, o mito de que não era capaz de produzir uma só linha de texto sem estar simultaneamente a fumegar... Mas, quando resolvi parar com a fumarada, parei mesmo, de vez. Isso aconteceu quando descobri, espantado e alarmado, que tinha uma alergia ao fumo. Ainda andei uns tempos a roer os pipos dos meus 35 cachimbos, vazios e apagados, até perder o vício. Hoje, as fumaças alheias incomodam-me e chateiam-me.
Esclarecido este ponto, estou à vontade para dizer que a ideia maluca, que corre por aí, sob a forma de ameaça geral, impossibilitando as pessoas de fumar, seja lá onde for, é uma burrice, uma asneirada, uma estupidez, uma parvoíce, um disparate, uma tolice, uma jericada – escolham a designação que preferirem, qualquer delas serve para definir essa ideia, parecida com outras que saem das cabecinhas de alguns dos nossos burocratas mais mentecaptos. É assim: de vez em quando, uns sujeitos que não devem ter muito que fazer, põem os pezinhos em cima das suas secretárias, reclinam-se para trás nos seus cómodos cadeirões, e pensam deste modo: – Ora bem, o que é que eu vou inventar esta tarde, para tramar a vida ao nosso Zé Povinho?... São pessoas doentinhas, há que compreendê-las, coitaditas, têm estes ataques de diarreia mental, e então saem-lhes coisas tão parvas como esta de proibir que se fume, não só nos recintos fechados – hospitais, clínicas, escolas, repartições, salas de espera, tudo locais onde a medida tem lógica, é saudável e inteligente – mas, também, nas praças e nos jardins, nas ruas e nos largos, nas montanhas e nos vales, e, sobretudo, à porta das empresas onde o pessoal vem fumar o seu cigarrinho a meio da manhã e a meio da tarde... Bom, lá que este espectáculo dos grupinhos fumantes encostados às ombreiras das portas é um bocado ridículo, até concordo. Mas, daí a alargar a proibição a recintos tais como restaurantes, discotecas e outros, onde os proprietários gastaram um dinheirão a criar zonas para fumadores, com extractores de fumos e outros equipamentos caros, que lhes foram impostos, ainda não há meia dúzia de anos – alto lá, isso já é entrar, não apenas na intimidade dos vícios das pessoas, mas nos bolsos de quem se meteu nessas despesas, com a crença (pelos vistos ingénua) de que estava a tratar com autoridades sérias e honestas, e não com gente que muda de ideias conforme os ventos, as manias, as modas e as conveniências do momento. Eu já nem quero entrar na discussão do fundamentalismo fanático desta gente, que se julga, a si própria, autorizada pela Providência (se calhar, também pela Previdência) a ter o direito de mandar em tudo, até nos vícios alheios, apresentando-se com ideias pretensamente moralistas e salvíficas! Estas gentes não deviam dedicar-se a fazer leis, deviam dedicar-se a criar novas religiões, que é para isso que têm jeito!... Esta ameaça da proibição total do tabaco é tão idiota que nem devia perder-se tempo com ela. Devia era pegar-se nestes Legisladores-da-Caca e metê-los no Manicómio, se ainda lá houver lugares vagos, tantos são os que já lá estão, embora sejam, mais os que lá deviam estar… Aliás, esta iniciativa nem sequer é lá muito inteligente. Se a intenção é baixar o consumo do tabaco, isso iria resultar na baixa dos lucros fenomenais que o Estado recebe, precisamente, através das vendas dos cigarrinhos – pelo que a medida até se pode considerar, nestes tempos de recessão, como profundamente antipatriótica!... Vocês não vêem isto, ó alminhas salvadoras que nos querem libertar do Pecado da Fumaça? Deixem lá fumar a malta, nos sítios onde isso já está permitido, e não compliquem mais a vida das pessoas! Eu, não-fumador, estou disposto a encabeçar uma manifestação a favor do Fumo Livre – desde que, evidentemente, não vá ninguém a fumar perto de mim…

19/01/2012

A TORRE DE DOM RAMIRES - Final

TEXTO FINAL DE

"A ILUSTRE CASA DE RAMIRES" 

(o romance de onde foi extraída a narrativa “A Torre de Dom Ramires”)


Mas agora, abandonada a banca onde tanto labutara, não sentia o contentamento esperado. Até esse suplício do Bastardo lhe deixara uma aversão por aquele remoto mundo Afonsino, tão bestial, tão desumano! Se ao menos o consolasse a certeza de que reconstituíra, com luminosa verdade, o ser moral desses avós bravios... Mas quê! bem receava que sob desconcertadas armaduras, de pouca exactidão arqueológica, apenas se esfumassem incertas almas de nenhuma realidade histórica!... Até duvidava que sanguessugas recobrissem, trepando dum charco, o corpo dum homem, e o sugassem das coxas às barbas, enquanto uma hoste mastiga a ração. (...). A Multidão ama, nas Novelas, os grandes furores, o sangue pingando; e em breve os Anais espalhariam, por todo o Portugal, a fama daquela Casa ilustre, que armara mesnadas, arrasara castelos, saqueara comarcas por orgulho de pendão, e afrontara arrogantemente os Reis na cúria e nos campos de lide...

(…)

- Pois eu tenho estudado muito o nosso amigo Gonçalo Mendes [disse João Gouveia, O Administrador do Concelho]. E sabem vocês, (...) quem ele me lembra?

- Quem?

- Talvez se riam. Mas eu sustento a semelhança. Aquele todo de Gonçalo, a franqueza, a doçura, a bondade, a imensa bondade (...)... Os fogachos e entusiasmos, que acabam logo em fumo, e juntamente muita persistência, muito aferro quando se fila à sua idéia... A generosidade, o desleixo, a constante trapalhada nos negócios, e sentimentos de muita honra, uns escrúpulos, quase pueris, não é verdade?... A imaginação que o leva sempre a exagerar até à mentira, e ao mesmo tempo um espírito prático, sempre atento à realidade útil. A viveza, a facilidade em compreender, em apanhar... A esperança constante nalgum milagre, no velho milagre de Ourique, que sanará todas as dificuldades... A vaidade, o gosto de se arrebicar, de luzir, e uma simplicidade tão grande, que dá na rua o braço a um mendigo... Um fundo de melancolia, apesar de tão palrador, tão sociável. A desconfiança terrível de si mesmo, que o acovarda, o encolhe, até que um dia se decide, e aparece um herói, que tudo arrasa... Até aquela antiguidade de raça, aqui pegada à sua velha Torre, há mil anos... Até agora aquele arranque para a África... Assim todo completo, com o bem, com o mal, sabem vocês quem ele me lembra?

- Quem?...
 
- Portugal.

(...) No céu branco uma estrelinha tremeluzia sobre Santa Maria de Craquede. E Padre Soeiro, com o seu guarda-sol sob o braço, recolheu à Torre vagarosamente, no silêncio e doçura da tarde, rezando as suas Ave-Marias, e pedindo a paz de Deus para Gonçalo, para todos os homens, para campos e casais adormecidos, e para a terra formosa de Portugal, tão cheia de graça amorável, que sempre bendita fosse entre as terras.

A TORRE DE DOM RAMIRES - Glossário geral

GLOSSÁRIO

As notas de rodapé que acompanham cada capítulo (algumas das quais podem aparecer repetidas, de capítulo para capítulo, a fim de tornar mais fácil a sua consulta), reúnem-se aqui, na sua totalidade, por ordem alfabética.

ABEGOARIA – Lugar onde se guarda o gado e os carros.
ABOLADO – Amolgado.
ACAIRELADO – Adornado.
ACAUDILHADO – Conduzido.
ACHA – Arma com a forma de machado; acha-de-armas.
AÇODADO – Apressado.
ACONTIADO – Contado, avaliado.
AÇOR – Ave semelhante ao falcão.
ACOSTADO – Guarda.
ADAIL – Guia ou chefe de soldados.
ADANEL – Comandante.
ADARVE – Caminho estreito sobre os muros das fortalezas.
ADIANTADO-MOR – Governador de província ou comarca, com poder militar.
AGARENO – Árabe.
ALAPADO – Escondido.
ALCÁÇAR – Alcácer; castelo.
ALCÁÇOVA – Local fortificado; fortaleza.
ALCÂNDORA – Poleiro para aves de rapina.
ALCOVITAR – Servir de medianeiro em relações amorosas.
ALEVANTO – Revolta; motim.
ALMADRAQUE – Colchão grosseiro e rústico.
ALMENARA – Farol ou fogueira acesa em torre ou lugar elevado.
ALMOCADÉM – Capitão de infantaria.
ALMOGÁVAR, ALMOGRAVE – Guerreiro dissimulado; guerrilheiro.
ALMORREIMAS – Hemorróidas.
ALÕES – Grandes cães de guarda e de caça grossa.
ALVA – Primeira claridade da manhã; alvor; aurora.
ANAFINS – Trombetas.
ANDAS – Padiola.
ANTA – Pele de animal.
APRESTOS – Preparativos.
APRESTOS DE GUERRA – Preparativos de batalha.
ARÇÃO – Armação de sela de cavalo.
ARFAR – Respirar.
ARNÊS – Armadura de guerreiro.
ARREBOL – Luz vermelha da madrugada.
ARRUAÇA – Motim; tumulto; desordem.
ARRUELA – Pequena roda.
ARTEIRICE – Esperteza; manha.
ASCUMA – Pequena lança de arremessar.
ASSETEADO – Preparado para lançar setas (das seteiras).
ASSUAR – Motivar; animar.
AVANTESMA – Fantasma.
AVENÇA – Harmonia; concórdia.
AVENÇAS – Presentes; vantagens; ofertas de paz.
AVOENGO – Antepassado; avô,
AZÊMOLA – Besta de carga.
BACINETE – Espécie de capacete.
BALSÃO – Estandarte.
BANDEADO – Pertencente ao bando; cúmplice.
BANDEAR-SE – Passar-se para o inimigo.
BARBACÃS – Muros avançados, construídos entre as muralhas e o fosso.
BARREGÃ – Mulher que vive com homem, sem ser casada; prostituta.
BARROCAIS – Terrenos barrentos.
BASTARDO – Nascido fora do matrimónio legal; adulterino.
BASTIÃO – Obra de fortificação.
BEGUINO – Religioso que, embora observando uma regra, não pertence a uma Ordem.
BESTEIRO – Soldado cuja arma é a besta, arma portátil que lança setas curtas.
BRAVIO – Mato.
BRIAL – Espécie de túnica que o cavaleiro veste sobre a roupa interior.
BRICHE – Tecido de lã castanho-escuro, felpudo e grosseiro.
BRIDAS – Rédeas.
BRONCO – Tosco
BROQUEL – Escudo redondo.
BUFARINHEIRO – Vendedor ambulante.
BUREL – Tecido grosseiro de lã.
CALABRE – Corda grossa.
CAMALHO – Barrete de malha.
CAMALHO – Barrete de malha.
CÂMARA – Quarto.
CAMPO DO TAVOLADO – Terreiro.
CÂNAVE – Cânhamo.
CANDIL – Candeeiro; lanterna.
CAPELINA – Elmo ligeiro.
CAPELO – Capacete; capuz.
CÁRCOVA – Porta falsa de praça fortificada.
CARRIAGEM – Quantidade de carros.
CARRO DE SARGA – Carro para transporte de uvas ou de vinho.
CASA DE TAVOLAGEM – Casa onde há jogos de tabuleiro.
CASCO – Capacete.
CAVALARIÇO – Homem que cuida dos cavalos.
CAVALEIRO DE SOLDO – Cavaleiro que recebe pagamento.
CERDO – Porco.
CERRO – Colina.
CERRO ARRAIANO – Colina na fronteira.
CERVILHEIRA – Barrete de malha com fios metálicos, para proteger a cabeça e o pescoço.
CEVAR – Saciar.
CHOUTAR – Trotar.
CHUÇO – Vara armada de ferro.
CHUFA – Troça.
CHURDO – Bruto; sujo.
CHUSMA – Multidão de indivíduos de classes baixas.
CILHA – Cinta larga, de couro ou de tecido, que aperta a sela ou carga.
CIMITARRA – Espada de lâmina curva, usada pelos guerreiros muçulmanos; alfange.
COGULA – Túnica larga, sem mangas, usada por religiosos.
COLAÇO – Irmão de leite; indivíduo que é íntimo ou muito amigo de outro.
COLMADO – Coberto de colmo.
CONCA – Tigela; malga de madeira.
CORCEL – Cavalo veloz usado em batalha.
CORISCAR – Faiscar.
CÓRREGO – Caminho aberto na terra pela chuva ou por um regato.
CORSELETE – Parte mais leve da armadura, usada sobre o peito.
COUDEL – Capitão de cavalaria.
CÔVADO – Medida de comprimento, equivalente a cerca de 66 cm.
COXOTE – Parte da armadura que protege a coxa.
CREDÊNCIA – Crédito; poder de representação.
CÚRIA – Assembleia.
DAR ALARIDO – Espalhar clamor de combate.
DESTRO – Apropriado.
DOBRÃO – Antiga moeda, de alto valor.
DONOSA – Donairosa; bela.
ELMO – Capacete.
EM DESBANDO – À vontade; à solta; de formas desorganizada.
EMPRAZAR – Convocar.
ESCANHO – Tamborete; escabelo; banco.
ESCULCA – Sentinela; vigia.
ESPALDA – Encosto; espaldar, costas (de cadeira).
ESPOSTEJAR – Cortar em postas.
ESTACADA – Espaço defendido por estacas.
ESTAFEIRO – Palafreneiro; estribeiro.
ESTEIO – Apoio; pilar; sustentáculo.
EXORCIZADO – Liberto de espíritos malignos.
FERO – Feroz.
FÍSICO – Médico.
FLÂMULA – Bandeirinha estreita e comprida, terminando em bico.
FOJO – Armadilha para animais.
FÓLIO MAÇUDO – Livro ou manuscrito pesado e difícil de ler.
FOUVEIRO – Cavalo castanho claro, malhado de branco.
FRANÇAS – Ramos de árvores.
FRECHEIRO – Soldado que usa arco e frechas (ou flechas).
FREIRE – Religioso; membro de ordem religiosa e militar.
FUNDA – Bolsa: fisga.
FUNDEIRO BALEAR – Guerreiro que usa fundas para atirar balas.
FUNDIBULÁRIO – Soldado que combate com fundas.
GABO – Elogio.
GARGALHEIRA – Garganta.
GARRUCHÃO – Mecanismo para armar as bestas.
GARRUNCHA – Anel de ferro ou de madeira.
GATEADA – Presa por gatos de metal.
GIBANETE – Peça de vestuário usada por baixo da cota ou couraça.
GILVAZ – Cicatriz.
GINETE – Cavalo de boa raça.
GORJA – Garganta; pescoço.
GORJAIS – Protecções da garganta.
GRANDE PODER – Grande número, grande quantidade de gente.
GREDA – Barro.
GREVA – Parte da armadura que recobre as pernas, do joelho para baixo.
GRILHÃO – Cadeia grossa de anéis de ferro.
GUANTE – Luva de ferro.
HIRSUTO – Eriçado.
HOMÍZIO – Crime.
INFANÇÃO – Título de nobreza, inferior a fidalgo ou a rico-homem.
JOGOS DE TAVOLAGEM – Jogos de tabuleiro.
JUSTA – Luta entre dois cavaleiros.
LÁTEGO – Chicote.
LESO – Que sofreu lesão; ferido.
LEVADIÇA – Ponte que se pode levantar ou baixar.
LORIGA, LORIGAL – Couraça feita de malha ou escamas de ferro.
LOROS – Correias duplas, afiveladas à sela, para sustentar os estribos.
MAGAREFE – Carniceiro.
MANAR – Brotar.
MANCEBA – Mulher jovem; amante.
MANTEL – Toalha de mesa.
MARRANO – Judeu; imundo; excomungado.
MARROQUIM – Pele curtida de bode ou de cabra.
MASMORRA – Prisão subterrânea.
MASTIM – Grande cão de guarda.
MEMBRUDO – Musculoso.
MERCÊ – Da sua mercê = da sua confiança.
MESNADA – Grupo de homens que, mediante pagamento, servem como soldados.
MESSES – Searas.
MOABITAS – Antigo povo semítico.
MOFAR – Rir; troçar.
MONTANTE – Grande espada manejada com as duas mãos.
MORABITINO – Moeda de ouro.
MORRIÃO – Capacete com plumas.
MURZELO – Cavalo negro.
OBLATO – Leigo que serve em ordens religiosas.
OURELA – Margem; borda.
OUROPEL – Liga metálica amarela que imita ouro.
OVENÇAL – Despenseiro.
PANOS DE DÓ – Panos de luto.
PELEJA – Luta; batalha.
PENDÃO – Bandeira; estandarte.
PENDÃO E CALDEIRA – Estandarte e símbolo que vão à frente das tropas.
PEONAGEM – Grupo de peões; soldados que marcham a pé.
PICHEL – Vaso de estanho para beber vinho.
POLDRAS – Ramos novos de árvores.
POSTEMA – Chaga; posta de sangue.
POTERNA – Porta pequena de fortificação.
PRANCHADA – Pancada simbólica recebida, com a espada, ao ser armado cavaleiro.
PRAZIA – Agradava.
PREITO – Veneração; respeito.
PRELADO – Título honorífico de alguns dignitários religiosos.
PRESTES! – Depressa!
PUA – Ponta aguçada.
QUADRELA – Porção de muralha.
RAÇÃO DE MERIDIANA – Refeição do meio-dia.
RECOSTO – Encosto.
REPOSTEIRO-MOR – Fidalgo encarregado de cuidar da cadeira senhorial.
RETOUÇAR – Pastar.
RISTADO – Em riste, preparado para atacar.
ROJÃO – Vara comprida, com grilhões na ponta, para espicaçar os touros.
ROLDA – Ronda.
ROSILHO – Cavalo com pelo avermelhado e branco.
SABER DESTRO – Sabedoria, habilidade.
SAIMENTO – Cortejo fúnebre; funeral.
SAIO – Vestimenta de guerreiro, de tecido grosseiro e esbranquiçado.
SANHA – Fúria.
SANHUDO – Terrível.
SARÇA – Mata densa; silvado.
SENDA – Caminho estreito.
SERGENTE – Militar de categoria inferior à dos oficiais, mas comandando soldados.
SIMONTE – Rapé.
SOFREAR – Deter-se; travar.
SOFREAR – Sustar; refrear a marcha.
SOLARENGO – Dono de solar; fidalgo.
SOLEDADE – Solidão.
SOLHA – Cota guarnecida com lâminas metálicas.
SUÃO – Vento quente de sul.
SULCO – Estilo.
SURDIR – Surgir, aparecer.
SURRÃO – Veste gasta e suja.
TABUÃO – Pranchas grandes e grossas.
TALAR – Devastar.
TAUXIAR – Lavrar; ornar; embutir.
TENDE – Acalmai-vos; esperai.
TERÇAR – Cruzar.
TERÇAR LANÇAS – Lutar.
TESTEIRA ROSTRADA – Parte da cabeçada sobre a testa do cavalo.
TORRE ALBARRÃ – Torre fortificada, de onde se observam os arredores.
TRAÇA – Táctica; plano.
TREBALHA – Odres de vinho.
TROPEAR – Cavalgar.
TRUÃO – Bobo.
TURBA – Multidão.
UCHÃO – Despenseiro; ovençal.
UCHARIA – Despensa; local onde se guardam os mantimentos.
UFANIA – Regozijo; orgulho.
URCA – Embarcação à vela, com dois mastros.
VALIDO – Protegido.
VEDOR DA FAZENDA – Inspector de impostos.
VEIGAS – Campos férteis.
VERDUGO – Carrasco.
VERGEL – Pomar; jardim.
VIANDA – Qualquer espécie de comida, especialmente carne.
VÍLICO – Feitor; regedor; administrador; autoridade.
VILTOSO – Infame.
VIROTÃO – Seta ou dardo.                                                   
VIROTES – Setas ou dados curtos.
VISEIRA GRADADA – Parte da frente, móvel e gradeada, do capacete.