26/01/2012

O EROTISMO A NU - De "ABERRAÇÃO" a "ALCOVITEIRA"


A

ABERRAÇÃO – Ao contrário do que se poderia supor, não é por berrar durante o acto sexual que uma pessoa apresenta, obrigatoriamente, uma aberração. Na verdade, uma aberração é um comportamento considerado anormal, que pode mesmo assumir aspectos de perversão, quando essa for a única forma de a pessoa atingir o prazer. Exemplos comuns são o voyeurismo ou a coprofilia. Pode falar-se ainda de outros comportamentos (por exemplo, o exibicionismo) mais ou menos relacionados. Se esse hábito de berrar durante o acto for levado ao extremo de fazer acordar e alarmar toda a vizinhança, então sim, pode incluir-se na lista das aberrações, embora entre as menos significativas.

ABORTO – Perda de um feto, devida a razões naturais, ou provocada artificialmente. Neste ultimo caso, designa-se popularmente por “desmancho”. É curioso observar que um aborto provocado, quer seja feito legalmente (caso em que recebe a designação muito técnica de IVG – “Interrupção Voluntária da Gravidez”), quer seja provocado de forma clandestina, é geralmente acompanhado por uma “parteira”, o que parece uma designação incongruente: a senhora deveria chamar-se antes, logicamente, “desmanchadeira”...
Também costuma designar-se por aborto uma mulher, ou um homem, com uma   cara tão feia que é capaz de assustar de morte uma inocente criancinha, só por lhe piscar o olho. Ou um jogador de futebol que faz uma jogada sem cabeça e, o que é mais grave, sem pés, levando o espectador a exclamar: “Olha-me aquele aborto!”

ABRAÇO – Acto de envolver com os braços outra pessoa, com uma destas duas finalidades: manifestar-lhe afecto e carinho – ou verificar se há por ali mamas com silicone.

ABSTINÊNCIA – Ausência de qualquer tipo de actividade sexual, seja por vontade própria, ou por imposição – sendo esta causada por razões religiosas, fisiológicas, ou outras. Os padres católicos, por exemplo, têm obrigação de a observar (o que nem sempre acontece), enquanto alguns místicos a praticam por opção. Certas classes de indivíduos, como os prisioneiros, ou os marinheiros de longo curso, são obrigados à abstinência, esquecendo assim, temporariamente, as delícias do “bem-bom”. Só que, quase sempre, lá arranjam maneira de fazer o gosto ao dedo – ou à mão... Os desportistas em estágio também costumam praticar a abstinência, antes das grandes provas, a fim de guardarem todas as suas forças para a competição. Em qualquer destes casos, o pior é que, depois da abstinência, a primeira tentativa para atingir uma boa "performance" dá origem, muitas vezes, a um lamentável fiasco.

ABUSO – Fundamentalmente, significa “mau uso”. Por exemplo, o mau uso de um ascendente que exista, sobre outra pessoa, para exercer algum tipo de domínio sobre ela. O chamado abuso sexual, praticado sobre adultos, é altamente reprovável. Sobre menores, então, é um acto desprezível.

ACARICIAR – Fazer carícias a alguém. Um dos mais agradáveis preliminares para um acto amoroso. Apresenta "nuances"  e designações tão variadas e curiosas como "acarinhar", "acocar", "afagar", "agalimar", "ameigar", "amimar", "anediar", "cofiar", "embalar", "mimar", "roçar". E, na sua forma reflexa (acariciar-se) significa masturbar-se.

ACASALAR – Juntar dois indivíduos, geralmente (mas não sempre) com a finalidade de procriarem. Isso é mesmo verdadeiro quando se trata de bichos – mas, no caso dos humanos, pode não ser bem assim. Pode tratar-se, simplesmente, de se combinarem, a fim de passarem, juntos, uma agradável meia hora.

ACEPIPES – Iguarias que se saboreiam antes do prato principal. No sentido que nos interessa analisar, também se chamam preliminares e podem assumir aspectos muito variados e excitantes. Assim, podem incluir carícias, toques, beijos e outras diversões agradáveis.
Convém assinalar que os acepipes, na sua vertente gastronómica, são servidos, normalmente, frios; ao contrário, quando têm a ver com o erotismo, até podem ser escaldantes.

ACROBACIAS – Exercícios físicos praticados durante as actividades sexuais, e que podem ser incluídas no capítulo das posições. Destinam-se a dar maior emoção e variedade àqueles actos que, com a repetição, tendem a tornar-se rotineiros. As acrobacias podem conduzir a um destes dois resultados: a uma maior excitação, com maior prazer – ou, em alternativa, a uma hérnia.

ACTIVO – É o elemento dominante do par sexual, aquele que comanda as operações, que descobre novos motivos e novas emoções. Durante séculos, no par heterossexual, esse papel esteve entregue ao homem. Actualmente, nem sempre é assim. Muitas vezes, é a mulher que assume a condução do acto, é ela que está "por cima" – e não apenas simbolicamente.

ACTO – No sentido que nos interessa, o acto é toda a acção que visa a satisfação da líbido. “Acto de posse” é uma cerimónia em que alguém se apodera de algo, ou de alguém. “Acto administrativo”, “acto institucional” ou “acto jurídico” podem ser exemplificados pelo casamento. “Acto de variedades” é uma "performance" em que os participantes mudam de estilo e de actuação com frequência, de forma a evitarem a monotonia, tão normal quando se pratica o “acto único”...

ADÃO – Segundo o “Génesis”, foi o primeiro homem, nascido andrógino (“Deus criou o homem, macho e fêmea”). Daria, depois, origem à primeira mulher, Eva, alegadamente nascida de uma das suas costelas. Com ela, praticaria o “pecado original” – sem o qual, no fim de contas, nenhum de nós existiria actualmente. Ou seja, Adão era um ser puríssimo, que viria a ser tentado pela sua única companheira (por quem mais, se não havia outra?), nesse Paraíso onde viviam em paz, antes de comerem, a meias, uma simbólica maçã, que lhes revelaria as delícias da vida terrena. Há-de continuar a afirmar-se recorrentemente que talvez tivesse sido melhor, para Adão e para todos nós, ele não ter trincado aquela fruta. Esta teoria tem, todavia, poucos adeptos.   

ADOLESCÊNCIA – Período muito sensível da vida humana, entalado entre a puberdade e a juventude. É a fase em que tudo se desenvolve, cresce, engrossa e aumenta. Nos rapazes, os músculos, os pêlos, o pénis. Nas raparigas, as mamas, as ancas. Começam a descobrir-se as diferenças entre sexos. Eles apaixonados, elas apaixonadas, todos sem saberem lá muito bem o que isso quer dizer, mas muito excitados, emocional e fisicamente.

ADULTÉRIO – Relação sexual com alguém, exterior a um casal que foi formado por normas religiosas, civis, ou outras. Na maioria das civilizações, este acto pode ser considerado um delito, um crime ou um pecado, conforme as normas aceites pela respectiva comunidade. Em regra, os ritos matrimoniais estabelecem que os esposos são, por assim dizer, “propriedade mútua”, isto é, cada um deles é “dono” do outro. Mas, por tradição secular, a mulher não teve, nunca, a mesma liberdade sexual que o homem. Só recentemente este estado de coisas se foi transformando. Em certas sociedades, o adultério feminino é fortemente punido, mesmo com a pena capital – enquanto o adultério masculino até é bem acolhido e desculpado. Para o homem enganado há uma certa compreensão, quando ele se vinga da traição cometida pela sua mulher; ao passo que o inverso não é tão bem aceite. A única fuga a esta atitude convencional verifica-se nas histórias cómicas do “marido enganado”, o “cocu“ das comédias de “boulevard”, que é ridicularizado, mas nunca é castigado socialmente, se, por vingança, também "põe os palitos" à esposa.

AFEIÇÃO – Sabendo-se que há três tipos de funções mentais, que são “afecto”, “cognição” e “volição”, a primeira significa um sentimento terno em relação a uma pessoa (ou a um animal), uma afinidade natural que pode transformar-se em sentimento amoroso. É, assim, uma espécie de “exercício preparatório” para uma intimidade mais próxima.

AFRODISÍACO – Aquilo que tem a propriedade de excitar para os prazeres do sexo. Existem inúmeros produtos com fama (nem sempre justificada) de aumentarem o desejo sexual e o prazer no acto amoroso. Alguns são perigosos, sobretudo se usados em doses elevadas. Os mais conhecidos são as cantáridas, e algumas drogas como o haxixe, o ópio, a cocaína, a morfina, a estricnina e outras. Muita gente acredita nas virtudes afrodisíacas do corno de rinoceronte. A palavra afrodisíaco remete para o nome de Afrodite, a divindade grega do Amor – em honra de quem se celebravam as festividades “afrodíseas” – ou, para quem preferir as deusas romanas, para Vénus, sua correspondente na mesma área.
Existem, igualmente, substâncias com efeitos contrários, isto é, destinadas a acalmar os ardores amorosos; são chamadas anafrodisíacas – o mesmo nome que se aplica às pessoas que não têm tendência para se dedicarem às delícias do amor.

ÁGUA – Sendo um dos principais elementos, não só do nosso planeta, com do nosso corpo, ocupando uma percentagem maioritária do seu volume, a água tem uma importância fundamental em todas as actividades humanas – entre as quais as actividades ligadas ao amor e ao sexo. Assim, por exemplo, fazer amor dentro de água (numa piscina, ou no mar) é uma das fantasias de muita gente. Infelizmente, o resultado prático não é, normalmente, brilhante. A coisa não acerta, escorrega, dão-se cambalhotas inesperadas, enfim, é bastante difícil. Mas, não é de desistir, apesar de tudo: vale sempre a pena tentar. No entanto, o melhor papel que se pode reservar para a água é o de lavar os nossos corpos. O banho é excelente, “antes de” (para eliminar suores, cheiros e sujidades), bem como “depois de” (para relaxar).
A "água-de-colónia", usada sem excesso, pode ser um bom estimulante – mas, atenção, não se deve usar nunca na zona genital, porque o ardor causado é verdadeiramente atroz.

ÁLCOOL – As opiniões dividem-se, quanto à utilidade do álcool para melhorar a vida sexual. É verdade que algumas pessoas apenas se sentem motivadas para fazer sexo depois de terem emborcado várias bebidas fortes. Ora, é verdade que o álcool, em pequenas quantidades, até poderá ajudar. Duas taças de champanhe produzem um estado de euforia que alegra o ambiente e descontrai as pessoas. Todavia, ultrapassado certo limite, o efeito é, precisamente, o contrário. Produz-se um adormecimento das sensações, e passa a ser mais importante uma boa soneca do que uma boa queca.

ALCOVITEIRA – Pessoa que alcovita, isto é, que serve de intermediária entre namorados ou amantes, preparando-lhes a alcova (daí o nome). Embora também existam alcoviteiros, é uma actividade tradicionalmente feminina. Além de facilitar os contactos, a alcoviteira também assume, muitas vezes, o papel de exploradora de prostíbulos. Assim, o seu papel pode limitar-se a levar e trazer recados entre os amantes – ou pode ir mais longe, proporcionando-lhes a casa, o quarto e a cama onde eles poderão dar largas à sua paixão, pagando, é claro, o respectivo preço. Esta actividade é ainda conhecida sob outros nomes, alguns curiosos, como "alcoveta", "alcagueta", "alcaiola", "alcofeira", "caftina", "celestina", "engatadeira", "intervenideira", "madame" ou "proxeneta". Mas é uma actividade em decadência, nos tempos modernos, dadas as facilidades de contacto, cada vez maiores, entre aqueles que se amam.

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