22/02/2012

O EROTISMO A NU - De "DOENÇAS VENÉREAS" a "ESPERMA"

DOENÇAS VENÉREAS – Enfermidades transmitidas pelo coito e seus derivados. As mais conhecidas são a blenorragia, a sífilis, as uretrites, as micoses e outras, bastante graves e incómodas – e que, antes da descoberta das sulfamidas e dos antibióticos, chegavam a causar grandes epidemias. Actualmente, todas elas, praticamente, são curáveis, com relativa facilidade e rapidez. O caso especial da "sida" é que é mais alarmante, exigindo, a quem pratica actividades sexuais, precauções que são absolutamente essenciais – por mais que retirem romantismo e espontaneidade a esses actos.

DONJUANISMO – A personagem Don Juan aparece na literatura cerca de 1620, quando o monge espanhol Gabriel Tellez, conhecido como Tirso de Molina, escreve a peça “El Burlador de Sevilla y Convidado de Piedra”, onde se narra a história de um libertino, um sedutor que, depois, seria figura central de inúmeras obras de autores tão famosos como Molière, Byron, Stefan Zweig e Gregório Marañon (na literatura), ou Mozart (na sua ópera “Don Giovanni”). Assim, Don Juan tornou-se o símbolo do homem que persegue e conquista todas as mulheres – procurando incessantemente, não “uma” mulher, mas “a” mulher. Ao contrário de Casanova, este Don Juan é o verdadeiro libertino, que passa de uma mulher para outra, levado pelo desejo de conquistar todas, sem jamais se deter em nenhuma. Do ponto de vista da Psicanálise, chegou a afirmar-se que Don Juan, com a sua capacidade de amar e de se inflamar subitamente, seria, afinal, um homossexual latente. 

DOR – Sofrimento físico ou moral, sendo difícil quantificar qual destes dois é mais grave. No âmbito do nosso tema, interessa-nos citar a "dor de cotovelo" – curiosa designação para o ciúme – e a "dor de corno", não menos curiosa denominação para o tormento de quem sabe que é enganado por alguém que prometeu só dormir com ele e, afinal, anda a dormir com outros...


E


ÉDIPO – A este herói da mitologia grega, filho do rei de Tebas e de sua esposa Jocasta, o oráculo anunciou que mataria o pai para casar com sua mãe. Fugiu então da pátria, para tentar escapar ao seu destino, mas em vão. O grego Sófocles escreveu, sobre este tema, a mais perfeita das tragédias: “Édipo-Rei. Mais tarde, Freud baptizou com o nome de complexo de Édipo o desejo erótico da criança pela sua progenitora. Assim, um rapaz desejaria, inconscientemente, fazer amor com sua mãe, depois de matar o seu pai. Enfim, uma verdadeira tragédia grega.

EJACULAÇÃO – Emissão do esperma, na ponta final do orgasmo masculino. É nessa altura que se atinge o clímax, o ponto supremo do acto sexual. Há duas modalidades de ejaculação que merecem atenção: a "ejaculação precoce", muitas vezes provocada por uma situação de nervosismo, ou seguindo-se a um longo período de abstinência; e a "ejaculação retardada", que pode ser o resultado de uma nevrose – ou, se é voluntária, exige uma preparação intensiva, destinada a reter a ejaculação até o casal poder atingir o orgasmo em simultâneo, o que não é fácil, implica muito treino, mas é extraordinariamente compensador.

ENDOGAMIA – Fecundação realizada entre gâmetas que estão separados mas que tiveram origem no mesmo invólucro celular. União entre pessoas que são familiarmente muito próximas, o que poderá originar descendentes com problemas mais ou menos graves. Foi o que aconteceu, durante séculos, em muitos casamentos entre membros de famílias reais, dando origem a descendentes, por vezes atrasados e mesmo idiotas, dos quais se conhecem muitos exemplos históricos.

EONISMO – Desejo, que certas pessoas apresentam, de se vestirem com trajes do sexo oposto. Também designado travestismo. Não se trata, obrigatoriamente, de homossexualismo, embora esse seja o caso mais vulgar de eonismo. Sendo habitual (e natural) as meninas quererem experimentar os vestidos e os sapatos das mães, também acontece, embora mais discretamente, os meninos quererem fazer o mesmo. Em qualquer dos casos, se o fenómeno se dá em idades muito jovens, não passará, provavelmente, de uma brincadeira inocente; mas, se subsiste mais tarde, pode significar uma tendência que acabará por ser mais ou menos assumida, na idade adulta.

ERECÇÃO – Fenómeno que, através do afluxo de sangue a um tecido eréctil, transforma um órgão mole num órgão duro. A erecção masculina do pénis é o fenómeno mais visível, no contexto da atracção sexual. Sem ela, não é possível concretizar a penetração, embora haja truques para provocá-la. Uma das maiores frustrações masculinas consiste, precisamente, na falta de erecção no momento culminante de uma relação amorosa, o que pode levar a problemas psicológicos graves. Pode ser devida a causas físicas, como o cansaço, ou à idade; ou ter outras causas menos evidentes, como a ansiedade, a impaciência, a angústia de fazer má figura perante aquela a quem se quer impressionar, etc. O problema dessa impotência é tão universal que deu origem ao aparecimento de produtos destinados a criar e a manter, durante algum tempo, uma erecção consistente – o mais famoso dos quais, o Viagra, se vulgarizou em todo o mundo, sendo até vendido pela Internet.
            Um problema de tipo diferente é o fenómeno da "erecção permanente", que pode ser dolorosa, e é chamada priapismo. Parecendo, à primeira vista, uma vantagem sexual, acaba por ser verdadeiramente insuportável.

EROS – Deus grego do amor, era filho de Marte e de Vénus. Amável como sua mãe e guerreiro como seu pai, é geralmente representado com um arco na mão e as flechas em bandoleira, prontas a ser atiradas àqueles que pretende que sejam atingidos pelo Amor. A sua figura foi representada, milhares de vezes, em quadros, esculturas e outras obras de arte.

EROTISMO – O que se refere ao Amor, no seu aspecto mais subtil e delicado. Tudo aquilo que provoca pulsão sexual. Nunca terminará a discussão sobre a fronteira entre o erotismo e a pornografia, mas é geralmente aceite que o erotismo repudia a obscenidade e representa o Amor através da sugestão, sem explicitar. No entanto, estes conceitos são muito variáveis de indivíduo para indivíduo. O valor e o significado das imagens eróticas dependem da mente de quem as observa. Conhece-se a história do homem a quem um psicanalista apresentou dezenas de imagens diferentes, desde flores a animais, a paisagens, a manchas de tinta, perguntando sempre o que o homem via em cada uma. A resposta foi sempre a mesma: “Vejo uma vagina”. Até que, cansado do exercício, o homem disse para o psicólogo: “Não perca mais tempo. Seja qual for a imagem que me mostre – na minha cabeça, o que eu estou sempre a ver é mesmo uma vagina!”...

EROTOMANIA – Forma, mais ou menos pronunciada, de uma certa fixação e preocupação de ordem genital, que pode, em casos extremos, atingir o delírio. O erotómano imagina que todas as pessoas do sexo oposto o amam. É, também, um narcisista. A sua erotomania é uma espécie de defesa contra as tendências homossexuais – que, nestes indivíduos, são geralmente fortes, embora nem sempre conscientes.

ESCATOLOGIA – Tem dois sentidos: por um lado, refere-se à doutrina das coisas que deverão acontecer no fim do mundo; por outro lado, trata de tudo o que tem a ver com os excrementos, o que o torna um assunto particularmente malcheiroso (v. Coprofilia).

ESMEGMA – Substância sebácea que é segregada pelas glândulas do prepúcio (nos homens) ou do clítoris (nas mulheres). A circuncisão masculina, quer seja praticada por motivos de ordem religiosa (como acontece entre os judeus e os muçulmanos); quer seja feita por motivos higiénicos; ou para eliminar uma fimose, (que é um estrangulamento anormal do prepúcio) – elimina os inconvenientes do cheiro desagradável que o esmegma liberta, quando fica retido por um prepúcio que não é lavado frequentemente.

ESPELHO – É um importante acessório erótico, usado diariamente por quase toda a gente. Nos elaborados processos de atracção sexual, tanto homens como mulheres preocupam-se com o seu aspecto, porque sabem que, aqueles que não se mostrarem bonitos e atraentes, terão, normalmente, mais dificuldade em conquistar alguém do sexo oposto (ou do mesmo sexo). Daí que seja importante comprovarem, através da observação minuciosa dos seus rostos, dos seus corpos, das suas vestimentas, enfim, da sua apresentação geral, se estão suficientemente belos para atraírem olhares e provocarem admiração e desejo. É por isso que se gastam muitas horas ao espelho, corrigindo pormenores, melhorando a maquilhagem, mudando de traje, por vezes sem se conseguir o resultado desejado.
Os narcisistas fazem-no, não para agradar aos outros, mas para se deliciarem consigo próprios, com o seu aspecto e a sua beleza.

ESPERMA – Líquido seminal, resultante da mistura do produto dos testículos com as secreções da vesícula seminal e da próstata. Contém, em 82% de água, além dos espermatozóides, matérias albuminóides, lecitina, sais minerais, como sulfatos, fosfatos e carbonatos. A quantidade de esperma por ejaculação pode variar de 1 a 8 gramas.
            Explicado assim, tecnicamente, em termos científicos, parece quase impossível compreender a enorme importância do esperma, do ponto de vista sensual. Uma ejaculação abundante excita tanto o homem que a emite como a mulher que a recebe. O esperma é um dos símbolos mais evidentes da virilidade e por isso se compreende que a sua falta ou diminuição (por causas fisiológicas, pela idade, etc.) dê ao homem uma sensação de frustração

15/02/2012

O EROTISMO A NU - De "COPROFILIA" a "DIVÓRCIO"

COPROFILIA – Perversão que leva certas pessoas a excitar-se sexualmente, a amar e, em casos extremos, a comer, matérias fecais, ou a beber urina. Caso para dizer que, no sexo, há gostos e apetites para tudo! (v. Escatologia) 

CORNO – Cada um dos dois apêndices ósseos que aparecem na cabeça de certos animais. Na linguagem corrente, a palavra é, por vezes, pudicamente substituída por "chifre". No sentido que nos interessa, corno é um marido ou amante que é enganado pela sua parceira, a qual mantém relações com outro. Se ele sabe e não reage, dá-se-lhe o nome de "corno manso". Os Franceses traduzem o termo para a sua língua sob a pitoresca forma de “cocu”, personagem muito frequente no chamado “teatro de boulevard”.

CORTESÃ – A designação original referia-se a uma "dama da corte", mas o significado foi-se alterando, até passar a designar uma prostituta que atende pessoas de alta categoria social. Não deixa de ser prostituta, mas tem um nome mais fino – e ganha mais que as outras.

COUP DE FOUDRE – Tecnicamente, é uma descarga eléctrica, mas o sentido da expressão foi-se alterando, passando a designar uma paixão fulminante e repentina.

COURO – Ou coiro, é a pele de certos animais – mas também se designa com este nome uma mulher muito feia, ou uma prostituta velha. Se é excepcionalmente feia, chamam-lhe coirão. "Couro cabeludo"  tanto pode ser a “pele do crânio”, como uma “mulher feia e peluda”. Quando nos enganam e nos roubam tudo o que temos, diz-se que nos levaram "couro e cabelo".

CROMOSSOMA – Estrutura composta de ADN que participa na determinação do sexo do indivíduo.

CU – É o nome do orifício onde termina o intestino grosso – mas, por extensão, refere-se a tudo o que lhe está à volta: as “nádegas”, a “bunda”, o “traseiro”, ou o rabo, e muitas outras designações que são aplicadas a uma das partes mais fascinantes, mais evidentes e mais admiradas do corpo humano.

CUNNUILINCTUS – Prática de carícias buco-linguais nos órgãos sexuais femininos. Em linguagem popular, diz-se "minete". Considerada, durante muito tempo, como uma aberração, tornou-se uma variante mais ou menos aceite do sexo oral, praticada como alternativa, ou como prelúdio, do sexo mais convencional. A excitação provocada no clítoris e no orifício vaginal pode conduzir ao orgasmo. Não é prática exclusiva do género humano, pois muitos outros mamíferos a ela se dedicam. Para o homem, trata-se de excitar a sua parceira, excitando-se ao mesmo tempo. 


D

DANÇA – Conjunto ritmado de movimentos do corpo, acompanhados por música. Tal como acontece com certos animais, em que a união sexual é precedida por uma espécie de "dança ritual", em que o macho e a fêmea se vão preparando para se unirem, à medida que os movimentos os vão aproximando, também no género humano certas danças os levam a um estado que se aproxima da excitação sexual. Isso é particularmente evidente em danças de carácter erótico, como o tango. Em tempos mais pudicos, os dançarinos não se tocavam, a não ser brevemente, pelas pontas dos dedos. Mas os estilos de dança foram evoluindo e já vai longe a época em que a valsa era considerada uma modalidade muito ousada... Curiosamente, em algumas das danças mais modernas, os participantes voltam a não se tocar, evoluindo individualmente, bem afastados um do outro.

DATING – Termo da língua inglesa que significa "encontro", "namoro". Quando uma rapariga americana diz: “This aftenoon I have a date”, quer dizer que vai sair com um rapaz, provavelmente para comerem uns "hotdogs", beberem umas coca-colas e apalparem-se furiosamente (v. petting) no banco de trás do carro do papá.

DECOTE – Recorte na parte de cima do vestido, mais ou menos acentuado, conforme se pretende mostrar mais ou menos as mamas. A sua profundidade tem variado, conforme as eras e as modas. Em certas épocas e entre certos povos, as mulheres exibiam naturalmente os seios nus – como no Egipto antigo, em Creta e mesmo em Atenas e Roma. Durante séculos, as mulheres exibiram decotes que não deixavam nada à imaginação. Depois, em épocas e terras mais puritanas, os decotes desapareceram e os vestidos subiram até ao pescoço. Nos últimos tempos, porém, voltou a moda dos decotes vertiginosos, que deixam ver livremente as redondezas mamárias, para alegria dos voyeurs.

DEGENERADO – Nome aplicado ao indivíduo que apresenta hábitos ou gostos fora do normal – embora o conceito de "normalidade" seja muito difícil de definir com precisão, o que faz com que alguém, que é tido como degenerado por uma certa pessoa, ou em determinada época, possa ser um modelo a admirar e a seguir, por outra pessoa e numa época diferente.

DENTES – Concebidos naturalmente para ajudar a comer, os dentes sempre tiveram outras funções, não menos importantes, do ponto de vista erótico. Servem para trincar, para mordiscar e, acima de tudo, para exibir. Uma dentadura bonita é um importante atractivo sexual. Daí as preocupações, que muita gente tem, não apenas com a sua limpeza, mas, também, com o seu aspecto, mantendo os dentes brilhantes e alinhados, sem falhas nem cáries visíveis. Em certas épocas, chegou a ser considerado um símbolo, não apenas de status social, mas, também, de "charme", exibir um "dente de ouro".

DEPILAÇÃO – Acção de rapar os pêlos, considerados supérfluos, do corpo humano. Sempre foi, para além dos aspectos higiénicos, uma forma de o embelezar e tornar mais atraente. A depilação mais comum é a que os homens praticam, ao raparem a barba. As mulheres detestam mostrar pêlos nas pernas e, por isso, usam os mais variados produtos e técnicas (ceras, cremes, electro-depilação) para os destruírem. Também preferem eliminar os inestéticos pêlos do lábio superior, que as ameaçam, a algumas delas, de virem a exibir um farfalhudo bigode. A depilação das axilas, feita por grande parte das mulheres e alguns homens, evita parcialmente o desagradável cheiro a sovaquinho. Mas a depilação que se tornou moda, nos últimos tempos, é a que elimina, parcial ou totalmente, os pêlos púbicos. Não é fácil de fazer, nem barata, mas muita gente se sacrifica para deixar as suas partes genitais lisas e limpas. O requinte de algumas pessoas leva-as, porém, a deixarem pêlos suficientes para desenharem formas mais ou menos imaginosas – corações, setas, flores, borboletas – que são interessantes surpresas, reveladas a quem a elas tem acesso visual.

DESEJO – Sentimento que faz uma pessoa ser atraída para outra. Instinto, apetite, inclinação, pulsão. É diferente da vontade, porque é inconsciente. Dizia Sartre que “o desejo exprime-se pela carícia, como o pensamento se exprime pela linguagem”. Ter desejo por alguém significa, normalmente, querer fazer sexo com essa pessoa – mesmo que, numa fase inicial, isso esteja meio escondido e embrulhado em sentimentos da mais pura admiração e apreço.

DESFLORAÇÃO – Em sentido botânico, refere-se à queda prematura de flores. Em sentido sexual, refere-se à perda da virgindade. Em linguagem popular, diz-se, ao falar de alguém que foi desflorado, ou "desvirginado", que “lhe tiraram os três”, ou que “perdeu os três”. Este conceito de “perder os três” nunca foi bem explicado, mas a expressão continua a ser muito utilizada, mesmo sem se saber quem, ou quais, são os tais “três” perdidos.

DESVIO – Mudança, considerada anormal, de um determinado caminho. Tem um sentido parecido com o de degeneração, mas com menor gravidade. Assim, por exemplo, diz-se que “ela teve um desvio, andou para aí metida com outro, mas já voltou para casa do marido”. 

DIABO - Também conhecido por "Demónio", "Demo", "Satã", "Satanás", "Lúcifer", "Belzebu", "Chavelhudo", "Tinhoso", "Mafarrico", "Maligno", "Mefistófeles", "Pé-de-Cabra", "Tinhoso", "Génio do Mal", "Espírito das Trevas" e muitíssimos outros nomes, todos eles com sentido altamente pejorativo, representa tudo o que há de mau neste mundo. "Ter o Diabo no corpo" significa, do ponto de vista dos moralistas, estar sempre pronto (ou pronta) para os prazeres da carne. Claro que os não-moralistas são, todos, "levados do Diabo".

DIREITO DE PERNADA – Nos tempos medievais, o rei, o príncipe, o senhor das terras, exercia a primazia de ser ele a desflorar as mulheres que iam casar-se. Chamava-se a este direito ancestral "Jus primae noctis", e dava aos senhores o papel de “fecundadores sagrados”. Os maridos, coitados, só depois (por assim dizer “em segunda mão”) podiam exercer as suas funções matrimoniais.

DIVÓRCIO – Actualmente, é uma das cerimónias civis mais praticadas, aproximando-se o seu número, progressivamente, do número dos casamentos. Durante certas épocas, o divórcio foi mal visto pela sociedade; por isso, os casais, mesmo não se entendendo na sua vida comum, suportavam-se mutuamente, até ao fim das suas vidas, só para não melindrarem as respectivas famílias e os conhecidos. Nos tempos correntes, são tão frequentes as festas matrimoniais como as "festas de divórcio", e as "despedidas de casado" são tão vulgares como as "despedidas de solteiro"... 

11/02/2012

O EROTISMO A NU - De "CHEIRO" a "CONTRACEPÇÃO"

CHEIRO – Os odores, particularmente os do corpo humano, têm um papel importantíssimo no relacionamento amoroso e em todos os aspectos da vida sexual. Há que distingui-los e classificá-los: existem os "cheiros humanos" normais (do suor, dos orifícios do corpo, ou das excreções naturais); o "cheiro do corpo humano no seu conjunto" (é muito diferente o dos homens, quando comparado com o das mulheres); o "cheiro da pele" (que depende da raça e, em grande parte, dos hábitos de higiene); o "cheiro especial de cada parte do corpo" (os pés, com o “chulé”, as axilas, com o “sovaquinho”, os cabelos, a zona genital); o hálito (que depende dos hábitos alimentares e dos cuidados, mais ou menos regulares, com a boca e os dentes); e os "cheiros adquiridos", que se entranham na pele e nas roupas (como o do tabaco); etc.
            Tal como acontece com os outros animais, todos estes cheiros podem ser factores de atracção ou de repulsa, quando de um relacionamento sexual entre humanos. Uma pessoa é mais ou menos atraída para um parceiro, conforme o seu cheiro lhe agrada ou não. E há os casos extremos, em que um odor, considerado nauseabundo por alguns, funciona como um delicioso perfume para outros. Nem todos os homens apreciam o chamado “odor di femmina”, e há mulheres que ficam loucas com o forte "cheiro das axilas" de um homem a pingar transpiração.
            Os perfumes são "cheiros artificiais" que foram inventados com duas finalidades distintas: para personalizar aquilo que pode chamar-se o "cheiro social" de uma pessoa – ou para mascarar os "cheiros naturais", quando estes não são agradáveis; por exemplo, pela falta evidente do hábito do banho diário. Consta que Luís XIV de França nunca tomou um banho, e, para disfarçar o seu cheiro, que devia ser bastante activo, se encharcava com perfumes.

CHORO – Acto de verter lágrimas, que pode ter várias justificações (desgosto, dor, alegria, outras emoções) ou várias finalidades (impressionar os circunstantes, reconquistar confiança perdida, fazer chantagem emocional, etc.). Nem sempre tem a intenção que é expressa no dito popular “Quem não chora não mama”.

CHULO – Indivíduo que vive à custa de prostitutas ; também chamado gigolô (em Francês “souteneur”, em Inglês “pimp”). No Brasil usa-se o termo “caften”. Mas, seja qual for a designação, trata-se de uma actividade em que o trabalho é relativamente pequeno e o lucro é relativamente grande.

CINTO DE CASTIDADE – Instrumento que foi inventado pelos homens ciumentos, para evitar que as suas amadas pudessem gozar de qualquer tipo de satisfação sexual, na sua ausência. Foi bastante utilizado, em tempos medievais, quando os cavaleiros partiam para longas jornadas, deixando as esposas à sua espera, por vezes, durante muitos meses ou, até, anos. Era constituído por duas partes: o cinto, propriamente dito, de metal flexível, por vezes forrado de veludo, que podia ser fechado com um cadeado, e uma ou duas placas perfuradas, em metal, osso ou marfim, passando entre as pernas e possibilitando apenas as funções naturais, mas não permitindo o acesso à vagina nem ao ânus, nem mesmo com os dedos, pois os orifícios respectivos tinham picos que desencorajavam quaisquer ousadias libidinosas. A primeira representação gráfica de um desses objectos data de 1405, quando um militar chamado Konrad Kyeger o desenhou num manuscrito que está hoje na Biblioteca da Universidade de Göttingen. No Museu do Palácio dos Doges, em Veneza, existe um exemplar de cinto de castidade que teria pertencido a Francisco II. Parece que Charlotte d’Orléans, mais conhecida por "mademoiselle" de Valois, foi obrigada pelo seu marido a usar um desses aparelhos, ao tornar-se princesa de Modena. Histórias parecidas referem-se aos exemplares do Museu de Cluny, em Paris, sendo que um teria sido destinado, por Henrique II, a ser usado por Catarina de Médicis, e outro por Luís XIII para Ana da Áustria. No Museu do Prado, em Madrid, há numerosos desenhos de Goya, entre os quais um que pormenoriza o cinto de castidade. Ainda em 1900 se anunciava a venda destes instrumentos, pelo preço de 120 a 150 francos, num folheto em que M.Cambon, “maire” e notário em Aveyron, escrevia, a propósito de tal invenção que “graças a ela as meninas podem ficar ao abrigo dessas infelicidades que as cobrem de vergonha e mergulham as suas famílias no luto. Assim, o marido deixará a sua esposa sem receio de ser ultrajado na sua honra... Os pais estarão seguros de ser pais... e ser-lhes-á possível ter debaixo de chave coisas que são mais preciosas que o ouro!”... E, em Inglaterra, ainda em 1903 uma mulher chamada Emilie Schäffer pedia patente para “um cinto com fechadura e chave, destinado a proteger da infidelidade conjugal”.

CINTURA – É uma espécie de “linha do Equador” do corpo humano, pouco pronunciada no corpo masculino, mas geralmente muito vincada nas mulheres jovens. Em certas épocas da História, era sinal de grande feminilidade possuir uma cintura muito estreita, a chamada "cintura de vespa", acentuada através do uso de espartilhos que apertavam o corpo até limites quase impensáveis fisicamente. Quanto mais estreita for a cintura, maior destaque é dado às ancas, que adquirem assim um valor erótico acrescentado e, geralmente, muito apreciado.

CIO – Período de excitação sexual em que as fêmeas estão predispostas a aceitar os machos para acasalamento. Também se designa por “aluamento”, porque tal período é comandado pelas fases da Lua. Então diz-se que “ela está aluada, anda com o cio”.

CIRCUNCISÃO – Corte do prepúcio, praticada ritualmente pelos Judeus, pelos Muçulmanos e por alguns povos de raça negra. É um ritual que consagra a virilidade dos rapazes e o fim da sua fase infantil. (Em certos povos primitivos, pratica-se também a ablação do clítoris das meninas). Do ponto de vista higiénico, a circuncisão oferece a vantagem de eliminar a formação do esmegma, uma substância pastosa que se forma nas dobras da pele, na zona genital, e que não é nada agradável, nem à vista nem ao olfacto.

CIÚME – Estado emocional de sofrimento, devido à angústia e à dúvida de que a pessoa amada possa ter afecto por outra. Exigência de exclusividade do amor dessa pessoa. Pode levar a situações extremas, mesmo trágicas, quando a pessoa ciumenta julga ter provas de estar realmente a ser traída, e pensa resolver o caso por meios violentos. Em geral, não resolve nada – e pode acabar na cadeia.

CLIMACTÉRIO – Período da vida que se acreditava ocorrer, de 7 em 7 anos, na vida dos indivíduos, e que terminaria com grandes alterações fisiológicas e psíquicas – até que, na mulher, se entraria na menopausa, a fase em que termina a vida reprodutiva. A palavra, de origem grega, significa “degrau”, ou “ano crítico difícil de vencer”. O que vale é que, ultrapassada essa fase, tudo entra novamente nos eixos e a vida pode adquirir, até, um outro interesse.

CLÍMAX – O momento culminante do êxtase amoroso. É o apogeu, o instante mágico em que as sensações atingem o ápice, concretizado na explosão do orgasmo.  

CLÍTORIS – Ou clitóris. Pequeno órgão eréctil do aparelho genital feminino, situado entre os pequenos lábios. Dito desta maneira, fria e fisiológica, parece estarmos a falar de um pormenor, sem grande importância, do corpo feminino. Ora, na verdade, trata-se da primeira zona erógena da mulher, a mais importante e aquela que é preciso saber estimular, para que ela sinta prazer no acto amoroso. Essa estimulação pode ser conseguida através do contacto com o membro viril do homem; ou através do sexo oral; ou por masturbação, digital ou com a ajuda de qualquer objecto apropriado, por exemplo, um vibrador.

COITO – A palavra tem sentidos diferentes, conforme seja referida a acções praticadas por adultos ou por crianças. Neste último caso, refere-se a um lugar previamente combinado, nos jogos infantis, onde o perseguido fica a salvo do perseguidor. No caso dos adultos, refere-se ao acto sexual comum, à cópula, em que o macho e a fêmea realizam a união natural, quer esta seja feita com intenção de procriar, ou, apenas, de gozar as delícias de um bom orgasmo. O "coito interrompido", também chamado “interrupto” ou “incompleto”, é aquele em que o pénis é retirado da vagina antes do orgasmo e da ejaculação. Não é um coito lá muito agradável, nem, sequer, muito eficaz, pois não tem conta o número de bebés que nasceram assim, inesperadamente, dado que alguns espermatozóides se escaparam e se anteciparam ao clímax, cumprindo assim, apesar de todas as precauções, a sua tarefa natural de procurar o óvulo. 

COMPLEXOS – Do ponto de vista psicológico, segundo Carl G. Jung (1875-1961), são sistemas de ideias associadas, por vezes inconscientes, contraditórias, ligadas à afectividade, capazes de levar o indivíduo a pensar e a agir de acordo com um padrão definido, causando-lhe perturbações psicológicas. Entre os mais comuns, citam-se o "complexo de castração" (segundo Freud, medo da perda de um elemento sexual, como o pénis, nos meninos); o "complexo de culpa" (necessidade de punição); o "complexo de Édipo" (reacções afectivas em relação aos pais – igualmente segundo Freud, desejo de relações sexuais que o filho sente pela mãe); "complexo de Electra" (desejo de relações sexuais da filha com o pai); "complexo de inferioridade" (medo de se sentir inferiorizado, particularmente em relação a órgãos ou características corporais, como um pénis pequeno, por exemplo); "complexo de superioridade" (o inverso do anterior); etc. Muitos outros poderiam ser citados, entre os complexos ligados à sexualidade, mas o tema é vasto de mais para ser aqui resumido. Citemos apenas, pelas suas características especiais, o curioso "complexo do automóvel", descrito por Franz Alexander e Pfister, o qual se manifesta por uma busca patológica da supremacia, através da velocidade e da exibição do modelo mais recente e mais potente, como substituto da supremacia sexual.

CONCUBINA – Mulher que vive maritalmente com um homem, sem serem casados um com o outro. Em Português há uma variedade enorme de nomes para a mulher nesta situação, e vale a pena apreciar a lista: amante, "amásia", "amiga", "arranjo", "banda-de-esteira", "barregã", "boneja", "cacho", "camarada", "caseira", "caso", "china", "clori", "cóia", "comborça", "coura", "dama", "encosto", "espingarda", "fêmea", "franjosca", "gansa", "gato", "iça", "manceba", "moça", "murixaba", "muruxaba", "osso", "puxavante", "rapariga", "sexta-feira" ou "sucuba". Vêm todos no dicionário e é espantoso como se podem criar tantas designações, algumas delas bem originais, para uma situação tão comum.

CONSOLADOR – Quando se trata de bebés, o consolador chama-se "chupeta". Quando nos referimos a gente adulta, o consolador é mais vulgarmente designado como vibrador (embora nem todos tenham essa função específica, isto é, embora nem todos vibrem). Trata-se de um pénis artificial, mais ou menos realista, que pode incluir características especiais, como uma pilha que o faz vibrar mais ou menos rapidamente, depósito para líquido substituto do sémen, podendo ainda apresentar-se com diferentes cores e sabores. Também é conhecido por godemiché ou "consolo-de-viúva", um nome apropriadíssimo.

CONTACTO – Estado de dois ou vários corpos que se tocam. Por extensão, dá-se este nome a uma "relação corporal", como objecto de pulsão da líbido. Durante certas épocas, os contactos de carácter amoroso foram muito limitados e severamente reprimidos pelas convenções e hábitos sociais ou religiosos, e tais interdições faziam criar ilusões sobre os mistérios do sexo, que depois se transformariam, frequentemente, em desilusões, perante as cruas realidades.

CONTRACEPÇÃO – Qualquer método que – à excepção da abstinência e do aborto, bem como da esterilização e da castração – permite contactos sexuais entre parceiros férteis, sem fecundação. A eficácia dos meios anticoncepcionais depende, não apenas do método usado, mas, também, e em grande parte, de factores psicológicos. A preocupação com o seu uso adequado, a preparação que exigem, a demora que isso implica, podem, por vezes, frustrar o entusiasmo inicial dos amantes.
Nas mulheres, os métodos mais comuns são o "diafragma vaginal" e os contraceptivos orais, como a chamada pílula, para suprimir a ovulação. No uso do "diafragma", e uma vez que restam sempre espaços microscópicos de possível passagem de espermatozóides, é recomendável e prudente acrescentar-lhe substâncias espermicidas. Quanto à pílula, terá de ser tomada com a regularidade recomendada, sob pena de não ser totalmente eficaz. Existem outros métodos, alguns deles prescritos por sexólogos, outros bastante insólitos. Nota curiosa: o famoso Casanova recomendava o uso de metade de um limão como contraceptivo vaginal, pois a acidez do seu sumo constituiria uma protecção química.
Nos homens, além do "coito interrompido", com os seus aspectos negativos, que são funcionais mas, também, psicológicos, o meio mais usado é o preservativo, a chamada camisa-de-Vénus, ou "condom".  
Vários outros métodos (mecânicos, químicos, rítmicos, etc.) foram, e ainda são, utilizados. Um dos que tiveram grande aceitação foi o de Ogino-Knauss, o único a ser admitido pela igreja católica. Elaborado por Ogino (1932) no Japão e Knauss (1953) na Austrália, consiste em limitar as relações sexuais aos períodos de esterilidade da mulher, os chamados “períodos de segurança”, relacionados com as datas da menstruação. Todavia, como nenhum deles se revela totalmente seguro, é geralmente recomendado o uso alternado de diferentes métodos, sucessivamente.  
Nos países mais populosos, como a China e a Índia – não sendo possível, como é evidente, convencer as pessoas a deixarem de fazer sexo (quem é que aceitaria uma ideia tão tonta como essa?) – a contracepção é altamente encorajada pelos respectivos governos, a fim de evitar os perigos do excesso populacional.

08/02/2012

O EROTISMO A NU - De "CANTÁRIDA" a "CENTAURO"

CANTÁRIDA – Insecto da ordem dos Coleópteros, família dos Meloídios ("Lytta vesicatoria"), que se seca, se pulveriza e se utiliza, em pó ou diluído numa solução alcoólica, apreciado pelas propriedades diuréticas e afrodisíacas da cantaridina, conhecidas desde a mais remota Antiguidade. Este besouro é designado, em linguagem comum, por “burrinho”. Muitos homens acreditam poder reencontrar, nesta droga, a virilidade perdida; mas ela é também perigosa, podendo dar origem a intoxicações graves, com efeitos nos rins e em todo o aparelho genital e urinário. Claro que qualquer homem acha agradável verificar como o seu uso lhe produz uma bela erecção – mas esse efeito poderá, por vezes, derivar para um priapismo continuado, um fenómeno bastante incómodo, já que uma erecção interminável acaba por ser bastante embaraçosa.

CARNAVAL – As festas de Carnaval, sendo uma recuperação cristã das festas profanas da Antiguidade, começavam no dia de Reis (Epifania) e terminavam na quarta-feira de Cinzas. Depois, foram reduzidas a três dias, com festejos mais ou menos pagãos, incluindo bailes, desfiles e paródias, em que os participantes usam máscaras e fantasias, praticando todas as liberdades, incluindo as sexuais, que lhes estão proibidos no resto do ano. A palavra parece derivar do Latim “carne levare”, que significa “abstenção da carne”, o que entra em contradição com a realidade corrente, pois é no Carnaval que mais se glorifica a carne – especialmente a carne humana, generosamente exposta em desfiles como os do Carnaval do Rio de Janeiro, os mais famosos do mundo, em que a folia é tanto maior quanto menores forem os trajes carnavalescos exibidos.

CARTAS – Forma de comunicação, actualmente em desuso, substituída por outros meios mais modernos e mais práticos. No entanto, durante séculos, as cartas de amor constituíram um manancial de sugestões de carácter sexual, mais ou menos camufladas atrás de expressões simbólicas, poéticas e literárias. Em épocas em que era difícil a aproximação física entre os enamorados, escreviam-se muitas cartas, com as quais se mantinha, às vezes durante anos, um relacionamento artificial, tão artificial como as palavras bonitas que enchiam páginas laboriosamente caligrafadas – e que, anos mais tarde, se descobriam no fundo de uma gaveta, num molho atado com uma fitinha, e se reliam com um sorriso melancólico, comentando: “As parvoíces que a gente escrevia!...” Houve cartas que ficaram famosas, como as da Soror Mariana Alcoforado ao seu sonhado amante francês, e as que foram citadas por Fernando Pessoa, quando, através do heterónimo Álvaro de Campos, escrevia que “todas as cartas de amor são ridículas; não seriam cartas de amor se não fossem ridículas”.
            De outro género são as "cartas de jogar", que não servem apenas para o bridge ou para a bisca, mas, também, para adivinhar o futuro daqueles e daquelas que têm mais fé num "ás de copas" que nas juras de alguém que promete um futuro cheio de "ouros".

CASAMENTO – Cerimónia que, em alguns dicionários, ainda vem definida como “vínculo conjugal entre um homem e uma mulher”, conceito já ultrapassado, pelo menos em alguns países onde tal cerimónia pode ser protagonizada por dois homens, ou por duas mulheres, embora provocando o escândalo de uma parte da sociedade tradicional. Também pode chamar-se casamento a qualquer associação, aparentemente harmoniosa, de duas ou mais coisas – por exemplo, um inesperado acordo entre um partido comunista e uma organização fascista.
O nome casamento pode ainda designar a cerimónia em si mesma, constituída por todo o ritual que lhe está adstrito, e que passa pelas listas de prendas, os vestidos e fatos de cerimónia, a escolha dos padrinhos, do local, do fotógrafo e dos convidados, as despedidas de solteiros, o nervosismo da espera perante o inevitável atraso da noiva, a atrapalhação na altura do “sim”, o arroz atirado aos olhos dos recém-casados, a interminável chatice das fotografias de grupo com todos e cada um dos presentes, as falhas e demoras no serviço do copo-de-água, o baile, as bebedeiras de alguns, as partidinhas parvas, o leilão da liga da noiva, as primeiras brigas – sabendo-se que tudo isto, estatisticamente, tem grandes probabilidades de acabar, dentro de pouco tempo, num divórcio.
Existem vários tipos de casamento: o “civil”, o “religioso”, o “aberto” (em que os cônjuges têm outros parceiros sexuais), o “branco” (em que não existe “truca-truca”), o “de mão esquerda”, ou “morganático” (em que um é nobre e outro é plebeu), o popularmente chamado “casamento-à-porta-do-talho” (em que não há casamento nenhum, limitando-se o par a fazer aquilo que se chama “juntar os trapinhos”); etc.

CASANOVA – Giovanni Casanova de Seingalt (1725-1798) foi um famoso aventureiro, nascido em Veneza, filho de comediantes. Foi seminarista, depois músico e escritor, mas foi, acima de tudo, um conquistador irresistível e um eterno amoroso, que percorreu toda a Europa, privou com personalidades como Frederico o Grande, Voltaire, Rousseau, Bento XIV, Clemente XIV, e seduziu um número incalculável de mulheres, pelo seu encanto pessoal, que o levou a ter aventuras amorosas em numerosos países. Pode dizer-se que as mulheres fizeram a sua fortuna. Escreveu alguns livros, em que se revela mais brilhante do que profundo, entre os quais as “Memórias” e “A História da Minha Vida”, um documento precioso sobre os costumes do século XVIII. Aí mistura os relatos libertinos das suas numerosas conquistas com afirmações de fé cristã. Vaidoso, relata aventuras galantes extraordinárias, como o episódio em que revela ter obtido os favores sucessivos ou simultâneos de cinco irmãs, ou aquele em que teria oferecido uma moeda de ouro a um rapaz para que este o deixasse possuir a sua noiva. Dizendo-se sempre vítima dos seus sentidos, detestava crianças, mas teve a sorte de ser estéril – senão, teria em sua perseguição as muitas mulheres que amou e abandonou, por toda a Europa. Era um narcisista, que afirmava “Amo a mim próprio muito mais do que qualquer pessoa jamais me terá amado”.

CASTIDADE – Abstinência completa dos prazeres do amor. Exigida por algumas religiões, representa uma recusa absoluta dos gozos carnais, a qual só pode ser conseguida por um grande auto-domínio, ou pela convicção profunda de que essa é uma forma de atingir um estado de virtude moral mais sublimado. Os cínicos, porém, afirmam que só é verdadeiramente casto quem nunca teve oportunidade para fazer amor. Não se pode dizer que a castidade seja uma virtude muito praticada, nos tempos actuais – mas, na verdade, nunca o foi, em tempo algum.

CASTRAÇÃO – A operação de castrar, ou "capar", consiste na ablação dos órgãos de reprodução. É uma intervenção que pode ser feita com intenções tão diversas como: evitar definitivamente que uma pessoa possa ter filhos; fazer com que um animal fique gordo e suculento (no caso dos galos chamados “capões”); evitar o nascimento de incómodas ninhadas de “tarecos” (no caso das gatas); fazer com que um menino, que nasceu com uma voz celestial, a conserve para sempre, e se torne um aplaudido cantor de Ópera, um castrato, com uma tessitura de voz especial, muito admirada pelos amantes do belcanto; ou preparar profissionalmente um guardião-de-harém, ou eunuco – profissão que foi muito popular, no Médio Oriente antigo, mas que parece estar em extinção, lançando esta classe de gente no desemprego, o que é sempre de lamentar.

CELIBATO – Estado civil de quem está solteiro – situação que pode ser justificada por convicções de ordem moral, por imposições de ordem religiosa, ou, simplesmente, por puro egoísmo. Este último caso aplica-se a quem prefere viver só, sem ter que aturar um parceiro ou parceira, podendo assim gozar as vantagens da vida de solteiro sem os inconvenientes da vida matrimonial – e, ainda por cima, se for sedutor, podendo mesmo aproveitar as delícias de ambos os estados civis, simultânea ou alternadamente.
            O celibato dos padres da igreja católica é um assunto controverso, muito discutido, com posições contra e a favor. Quem defende estas últimas são os tradicionalistas, que argumentam com a disponibilidade completa que um padre deve ter para as suas tarefas espirituais. Opinião contrária têm aqueles que pensam na hipocrisia da situação de um padre solteiro, sujeito, como todos os homens, às tentações do sexo, por mais que tente reprimi-las. Argumento complementar é o de que a imposição do celibato só foi feita a partir do ano 1000, por ocasião do grande terror provocado pelo anunciado fim do mundo, não havendo nenhuma outra directiva conhecida a esse respeito, e existindo até a convicção de que o próprio Cristo teria sido casado. Houve uma tímida tentativa para acabar com tal arcaísmo, no concílio Vaticano II, mas que não se concretizou, por contra-pressão dos tradicionalistas. Daí a proliferação, em certas épocas, de tantos “afilhados” ou “protegidos” de padres solteiros.  

CENTAURO – De acordo com a Mitologia, era um ser que reunia características de homem e de cavalo. Segundo a Fábula, os Centauros seriam originários da Macedónia. Ixion, um herói da Tessália, que fora acolhido no Olimpo, aí se apaixonou pela rainha dos Deuses, transformada em Nuvem, sendo dessa união que nasceram os Centauros, que seriam exterminados, mais tarde, pelos Lápitas, com a ajuda de Teseu e Hércules. Este combate foi muitas vezes representado na arte antiga, podendo admirar-se nos frisos do Parténon e no frontal do templo de Zeus, em Olímpia. Segundo a tradição, Aquiles teria sido criado por um Centauro chamado Chiron, de quem os Gregos fizeram um dos inventores da Medicina. Os Centauros seriam deuses do vento, e a psicologia moderna tem tendência para identificar o vento, o cavalo e a líbido, no sentido de uma sexualidade primitiva, não completamente humanizada, com uma força avassaladora. De qualquer maneira, embora se saiba que uma Deusa podia amar todo e qualquer ser, fosse ele qual fosse, não é fácil imaginar como é que, mesmo uma Deusa, poderia fazer amor com algo tão estranho como um Centauro.

04/02/2012

O EROTISMO A NU - De "BOCAGE" a "CAMISA"

BOCAGE – Um grande poeta da língua portuguesa, Manuel Maria Barbosa du Bocage (1765-1805), do qual, a maioria das pessoas, apenas retém e recorda – infelizmente – as anedotas mais ou menos pornográficas, e as suas poesias eróticas e satíricas. Estas, porém, são realmente excelentes, tanto do ponto de vista poético como no seu aspecto erótico, e vale a pena citar, como exemplo, um dos seus sonetos – talvez um dos mais “suaves”:

           
Amar dentro do peito uma donzela,
Jurar-lhe pelos céus a fé mais pura;
Falar-lhe, conseguindo, alta ventura,
Depois da meia-noite na janela,

Fazê-la vir abaixo, e com cautela,
Sentir abrir a porta, que murmura;
Entrar pé ante pé, e com ternura
Apertá-la nos braços, casta e bela;

Beijar-lhe os vergonhosos, lindos olhos,
E a boca, com prazer o mais jocundo,
Apalpar-lhe de neve os dois pimpolhos;

Vê-la rendida por fim a Amor fecundo;
Ditoso levantar-lhe os brancos folhos,
É este o maior gosto que há no mundo!

Das “Cartas de Olinda e Alzira”, em que uma noiva conta, à amiga, excitantes pormenores da sua noite de núpcias, eis um pequeno extracto:

Eram brasas, que as carnes me queimavam,
Seus dedos, os seus beiços, sua língua!
Sim; sua língua, bem como um corisco,
Abriu rápida entrada, onde engolfadas
Todas as sensações lutavam juntas;
Pela primeira vez dentro em mim mesma
Senti gerar-se súbita mudança,
Com que de envolta mil deleites vinham.
Comunicou-me sua raiva Alcino,
E na lasciva acção, que prosseguia,
Tal interesse me fez tomar, que eu própria
A seus intentos me prestei de todo.
..........
Seu corpo era gentil: válidos membros
Cobria fina pele; era robusto,
E delicado a um tempo; esbelto, airoso,
Medíocre estatura, olhos rasgados,
Mimosas faces, rubicundos beiços,
Cheio de carnes, sem que fosse obeso,
Igual nas proporções... Eis um mancebo
Digno de a Marte, e a Adónis, antepor-se,
Não tendo de um a rude valentia,
Nem tendo de outro a feminil brandura.
Então lancei curiosas ávidas vistas
Sobre ignotas feições: fiquei pasmada
Ao ver do sexo as distintivas formas
Dobrando a extensão: dobrou meu susto!
           
BOCACCIO – Poeta, escritor e humanista italiano, Giovanni Bocaccio (1313-1375), escreveu numerosas obras históricas, mitológicas e poéticas, onde revelou as suas tendências humanistas e a sua intenção de fazer a descrição científica dos factos da natureza e da vida, tal como eram conhecidos na sua época. Além de uma obra, quase enciclopédica, intitulada “Das montanhas, dos bosques, das fontes, dos lagos, dos rios, dos charcos ou dos pântanos e dos nomes dos mares, dedicou-se a outros assuntos, igualmente eruditos, como a “Genealogia dos Deuses” ou “As desventuras das nobres damas e dos fidalgos, e a outros temas mais vivos, nos quais relatou os seus amores. Mas o seu livro mais importante foi talvez o “Decameron, obra considerada licenciosa, que o tornaria famoso. Trata-se de um longo relato em que, à semelhança das “Mil e uma noites, se conta como sete jovens mulheres e três homens, para se distraírem da terrível peste que assolava Florença, deviam inventar histórias sujeitas e um tema pré-determinado. As cem histórias assim reunidas transportam o leitor para as situações mais picantes e licenciosas e para os refinamentos do amor cortês da época. Bocaccio revela-se uma testemunha atenta da convergência, que então parecia possível, entre dois mundos, o cristão e o humanista, os quais, pouco depois, se enfrentariam e se afastariam um do outro, mantendo-se em oposição durante séculos, em que o “Decameron esteve, evidentemente, entre as obras proibidas, que apenas se liam clandestinamente.

BORDEL – Também chamado lupanar, ou "prostíbulo", "casa de tolerância", "alcouce", "serralho" ou, em linguagem mais crua, que dantes não se aceitava mas se foi vulgarizando, "casa de putas". É um local onde, a troco de uma quantia pré-determinada, se faz comércio sexual com uma prostituta (ou um prostituto, pois, embora durante séculos essas casas tenham sido habitadas por mulheres e visitadas por homens – a evolução dos costumes levou a que passassem a existir, de forma similar, embora mais raras, casas onde homens e rapazes esperam a visita de mulheres, ou de outros homens).
            Os bordéis podem apresentar diferenças enormes nos seus aspectos, que vão dos mais modestos até aos mais luxuosos, dependendo do nível financeiro e social dos seus frequentadores. Os mais miseráveis funcionam em casas degradadas, sem quaisquer condições de conforto ou de higiene, ao passo que outros são autênticos palácios, onde a clientela é tratada com todos os requintes – desde que, evidentemente, possa pagá-los. Mas, rico ou pobre, um bordel serve sempre para o mesmo: para aliviar, os que lá vão, de uma insuportável tensão...


C


CABELOS – O poder erótico da cabeleira feminina é uma das razões para que algumas religiões imponham a obrigação de a cobrir com um véu. Daí, por exemplo, o ritual do corte dos cabelos das noviças. Em certas civilizações antigas (e, mesmo, em países e épocas mais recentes), às mulheres adúlteras era imposto o castigo de lhes raparem os cabelos. Assim, no final da 2ª Guerra Mundial (1939-1945), algumas mulheres francesas, que tinham dormido com os ocupantes alemães, sofreram a humilhação pública de ficarem carecas, como punição pela sua traição. Na história lendária de Sansão e Dalila, a potência masculina parecia estar concentrada na farta cabeleira do herói; assim, quando Dalila o apanhou a dormir e lhe cortou a trunfa, ele tornou-se num desprezível fracalhote. No decorrer dos séculos, tanto as cabeleiras masculinas como as femininas sofreram os altos e baixos (melhor dizendo, “os curtos e compridos”) da Moda, mas sempre se conservaram como elementos eróticos de grande significado. O fascínio pelos cabelos louros, ou pelos cabelos ruivos, é um dos melhores exemplos – mas todas as outras cores têm os seus admiradores. E as longas horas que as mulheres (e os homens) passam nos cabeleireiros são a prova da importância que os cabelos merecem a toda a gente.

CALL-GIRL – É o nome, inventado pelos Americanos, para designar uma prostituta que faz os primeiros contactos, com os seus clientes, pelo telefone. Os Brasileiros chamam-lhe “moça de chamado”. O sistema é prático: ela divulga o seu número de telefone em locais estratégicos; os clientes telefonam, combinam os termos do encontro, e assim se concretiza o assunto.
Não confundir com as moças que anunciam igualmente os seus telefones, mas para chamadas eróticas, sem que haja encontro físico: a diferença é que, enquanto a call-girl recebe dinheiro pelos seus encontros sexuais concretizados, estas outras são pagas, apenas, para entusiasmar, com as suas conversas ousadas e os seus gemidos lúbricos, os homens que ligam para elas – e quem ganha mais com o negócio é o detentor da linha telefónica.

CAMA – Um dos sítios mais frequentados do mundo, quando se trata de assuntos relacionados com o sexo. Embora sejam admitidas variações sem fim, no que respeita aos locais onde é possível praticar uma relação sexual (sala, cozinha, casa-de-banho, automóvel, elevador, sofá de sala de espera, dentro do roupeiro, etc.), ainda é na cama que, tradicionalmente, tal actividade se pratica mais comodamente. Para tal, ela deve ser confortável, suficientemente espaçosa, e não produzir estalidos ou rangidos indiscretos. Tão importante como um bom colchão, é a existência de algumas almofadas, para serem colocadas em sítios estratégicos, durante os variados actos amorosos.
            Convém recordar que a cama, para além destas funções, também pode servir para dormir.

CAMISA – Existem várias espécies, mas vão citar-se, apenas, duas. Começando pela camisa de dormir, esta é uma peça de vestuário que, em tempos recuados, era de uso praticamente obrigatório, na cama, tanto para homens como para mulheres, muitas vezes completada com gorro ou touca, tapa-olhos, meias e outros acessórios. Depois, os homens foram-se deixando de tal acessório, que ficou reservado, quase exclusivamente, para as mulheres – tudo isto antes de se tornar quase universal o pijama, que veio destronar as antigas camisas. É preciso recordar que, embora haja, actualmente, muita gente que dorme nua (pelo menos no Verão), e é em pêlo que faz sexo, isso era impensável há décadas atrás: a casta camisa de dormir era obrigatória e nunca era removida, nem mesmo para fazer amor: era apenas levantada. 
            A outra é a camisa-de-Vénus, também apelidada, carinhosamente, de camisinha, ou, mais tecnicamente, de preservativo, ou "condom". A frequência do seu uso está quase na ordem inversa da outra: ou seja, a camisa de dormir era, antigamente, um hábito, enquanto a camisinha não tinha grande popularidade. E foi em épocas relativamente recentes da História que as situações se inverteram, e o uso desta última se tornou normal – mas não, evidentemente, para proteger as pessoas do frio...

01/02/2012

O EROTISMO A NU - De "AUPARISSHTAKA" a "BOCA"


AUPARISSHTAKA – Palavra indiana, designando, no Kâma-Sûtra, o sexo oral recíproco, tal como está representado nos baixos-relevos do templo de Konarak (séculos XII e XIII). No mesmo Kâma-Sûtra é igualmente designado por “sessenta-e-nove”, termo pelo qual é mais vulgarmente conhecida, no Ocidente, esta variante sexual. É tão expressiva esta última designação, que nem necessita de qualquer explicação gráfica, para se perceber em que consiste.

AUTO-EROTISMO – Resolução sexual espontânea, na ausência de qualquer estímulo externo. Isto é, a pessoa obtém satisfação a partir, apenas, do seu próprio corpo. A sua mais vulgar expressão é o orgasmo durante o sono. A masturbação pode ser outro exemplo, mas o auto-erotismo tem aspectos mais delicados, que podem ir até ao narcisismo, ou seja, à satisfação da líbido do indivíduo através da paixão que tem por si mesmo. 

AUTO-SATISFAÇÃO – Pode quase confundir-se com o auto-erotismo, apenas se distinguindo deste pelo facto de se referir a um tipo de satisfação geralmente mais espiritual do que física.

B

BACANAL – Festa em honra de Baco, o deus romano do Vinho. À semelhança das festas dionisíacas gregas, as bacanais, ou bacanálias, eram festas em que reinava a devassidão. Era assim nos tempos antigos, e mantiveram-se, por isso, tais designações, que continuam a usar-se, para as grandes orgias actuais, onde o vinho se mistura com o sexo, e em que podem participar apenas duas pessoas ou grupos mais numerosos, com grande liberdade de atitudes e sem qualquer restrição moral. As antigas sacerdotisas do culto de Baco chamavam-se bacantes, nome que passou a aplicar-se às mulheres licenciosas e depravadas.
Um termo mais moderno, oriundo do Brasil, é “bacano”, que designa um homem com certos atributos positivos – portanto, em condições de entrar em qualquer bacanal.

BANHO – Acção que consiste em mergulhar o corpo em água – ou, mais simplesmente, em deixar correr sobre ele a água do duche. Como as pessoas praticam tal operação, geralmente, nuas, assim se cria um belo e agradável ambiente, propício a brincadeiras eróticas, que elas e eles podem realizar a solo, ou bem acompanhados. A água, ao limpar os corpos, torna-os mais apetecíveis para tais actividades, que podem praticar-se antes, depois, ou durante o banho. Este serviu de pretexto – desde a Roma Antiga e a Idade Média, em épocas em que toda a gente se banhava, ou em que se praticava o banho em comum – para conhecidas representações artísticas, como os inúmeros quadros tendo por tema "O Banho de Diana", "Susana no Banho", "O Banho Turco", etc. Mesmo nos tempos modernos, em que as casas-de-banho já dispõem de equipamentos muito sofisticados, que incluem o “jacuzzi”, as massagens, e outros – nada mais agradável do que ter alguém que esfregue amorosamente as costas da pessoa que se banha...

BARBA – Conjunto de pêlos que nascem no queixo e nas faces dos homens (e, também, de algumas mulheres, embora relativamente raras). Símbolo ancestral da masculinidade (dizia-se que um homem só era verdadeiramente homem quando tinha “barba na cara”), a barba pode assumir diversos aspectos: "barba completa", "pêra-e-bigode", "cavanhaque" ou "barbicha", "mosca", e outras variantes, algumas delas bastante trabalhosas de manter. Quase todos os rapazes gostam de deixar crescer os primeiros pêlos das suas barbas nascentes, que mais não seja, para tapar as borbulhas próprias da adolescência. Em adultos, descobrem que é mais prático raparem totalmente a barba, todas as manhãs – e, mesmo assim, essa tarefa acaba por se tornar rotineira e aborrecida; daí que muitos homens mais velhos optem pela comodidade de a deixar crescer, barbeando-se apenas de vez em quando. Um homem com barba desperta, por vezes, sensações estimulantes em algumas mulheres, que gostam das cócegas que ela lhes provoca, quando o seu parceiro a faz roçar delicadamente pelos sítios mais sensíveis do seu corpo.
Algumas expressões relacionadas com a barba demonstram a sua importância. Assim, por exemplo, diz-se que um amante deve “pôr as barbas de molho”, significando que deve estar atento para que não lhe roubem a pessoa amada, precisamente, “nas suas barbas”. Uma figura mítica do mundo erótico é o Barba-Azul, designação aplicada a um homem que ficou viúvo muitas vezes, ou que é dado a conquistas e tem muitas mulheres.

BEIJO – Também chamado “ósculo”, do Latim “osculum”, o beijo designa o contacto dos lábios com uma parte do corpo do interlocutor, mais habitualmente com a face ou a boca. Discutir-se-á eternamente se, na vida social, devem cumprimentar-se as outras pessoas com um, com dois ou com três beijos. E se os beijos devem ser reais ou apenas sugeridos, isto é, dados no ar. Beijar a mão de uma mulher, ou o anel de um cardeal, tem as suas regras próprias, que não vamos abordar aqui. O beijo que nos interessa analisar é o que se dá ao ser amado, tocando com os lábios na sua face, ou na sua boca. Dito desta forma, parece coisa simples – e, no entanto, trata-se de um dos actos mais complexos, no jogo erótico entre dois (ou mais) parceiros. O beijo amoroso clássico mais simples consiste, apenas, em encostar os lábios aos lábios da outra pessoa. Mas poucos se contentam com algo tão primário como esse simples contacto, e é habitual acrescentar-se-lhe a introdução da língua, acompanhada de alguns movimentos rotativos, envolvendo chupões mais ou menos violentos. A isto se chamou em tempos o beijo francês, agora, porém, universalizado. Mas, é evidente que o beijo nos lábios não é o único praticado entre amantes: na verdade, pode beijar-se qualquer parte do corpo amado, mesmo a mais recôndita e mais escondida. Aliás, sendo o beijo um dos principais acepipes, antes do “prato principal”, ele merece ser saboreado com toda a proficiência, recomendando-se que seja ensaiado e praticado regularmente, a fim de não se perder o treino. 

BESTIALIDADE – Em calão, ser bestial equivale, mais ou menos, a ser “formidável”. Mas a Bestialidade é, afinal, o comportamento que assemelha o ser humano a um animal – a uma besta. Ou, em sentido mais concreto, em praticar qualquer tipo de união sexual com um animal. Talvez seja etimologicamente mais rigoroso utilizar a palavra Bestialismo – mas, para o que interessa, neste caso, trata-se de uniões não naturais, sugeridas, desde tempos muito antigos, pelas lendas gregas e romanas que falam de deuses transformados em animais (Júpiter metamorfoseado em Touro para possuir Europa, e em cisne, para seduzir Leda, mulher do rei de Esparta). Ou causadas por desvios psicológicos. Ou, mais prosaicamente, pela necessidade decorrente de condições de vida ou de isolamento, como nos casos do pastor que se junta à sua cabrinha preferida, ou do militar de cavalaria que ama a sua égua. No cinema, embora de forma não tão explícita, o amor entre uma jovem e um gorila (“King-Kong”) era sugerido, embora não concretizado, por razões óbvias.

BIDÉ – Bacia oblonga, onde as pessoas se sentam para lavar as suas partes baixas. Em tempos antigos, até princípios do século XX, tais objectos eram cuidadosamente resguardados de olhares indiscretos, por serem considerados um tanto ou quanto obscenos. Isto porque o seu uso era conotado com as chamadas “mulheres de vida fácil”, isto é, as prostitutas, as quais, por razões evidentes, os utilizavam mais frequentemente do que as “senhoras sérias” – até porque estas, nesse tempo, pouco se lavavam, salvo raras excepções. Actualmente, o bidé faz parte do mobiliário sanitário de qualquer casa-de-banho, ainda que, em algumas delas, por razões de falta de espaço, não seja instalado, já que as pessoas preferem um duche geral em vez de lavarem apenas dez centímetros quadrados do seu corpo. Os bidés mais sofisticados apresentam, em vez das torneiras normais, para águas quentes e frias, um pequeno repuxo que ajuda às lavagens, e que algumas pessoas com imaginação utilizam para fins eróticos.

BIGAMIA – Situação ilegal em que um indivíduo casado contrai novo casamento sem ter dissolvido o anterior. Assim, um homem já casado volta a matrimoniar-se com outra mulher e passa a ter uma vida dupla, o que não deixa de oferecer o picante de algumas vantagens evidentes – embora possa trazer, também, vários inconvenientes: o perigo de ser descoberto e condenado (a bigamia é considerada um crime); as despesas dos lares, que passam a ser em duplicado; e, eventualmente, duas sogras em vez de uma...
 
BISSEXUAL – Hermafrodita. Aquele que reúne em si características dos dois sexos. Aquele que sente atracção, tanto pelo sexo masculino como pelo sexo feminino. Freud acreditava que a presença de hormonas, femininas ou masculinas, definia a tendência sexual dominante do indivíduo. A endocrinologia não confirmou esta teoria, pois provou que, por exemplo, o excesso de hormonas do mesmo sexo provoca, por vezes, paradoxalmente, a predominância do sexo oposto. De qualquer forma, há que reconhecer que um bissexual tem o dobro das possibilidades de se divertir sexualmente, em relação a um monossexual.
            É difícil, por vezes, distinguir um bissexual de um homossexual.

BOCA – Abertura inicial do tubo digestivo. Cavidade, situada na cabeça dos vertebrados, delimitada externamente pelos lábios e internamente pela faringe. Estas designações podem estar rigorosamente exactas, do ponto de vista anatómico, mas falta-lhes, evidentemente, o sentido poético e, sobretudo, o factor erótico que fazem da boca um dos locais mais fascinantes do corpo humano. Para além das suas funções ligadas à fisiologia, ela tem um papel importantíssimo, logo no início da atracção sexual. Muitas pessoas se apaixonam por outras, só porque estas têm uma boca sensual, com lábios bem desenhados. Há quem goste delas pequenas e quem prefira bocas grandes, com lábios grossos. Um beijo na boca é, frequentemente, o primeiro acto de amor físico entre um casal. A este poderão seguir-se outros actos mais elaborados, como o cunnilinctus, popularmente chamado minete, e o fellatio ou felação, também conhecido por broche – em que a boca, e particularmente a língua, têm um papel fundamental, no sentido de dar prazer aos participantes nessas interessantes variações do sexo oral. De notar que estas foram consideradas, durante certas épocas, aberrações e desvios; mas, na verdade, tais jogos amorosos sempre se praticaram, desde tempos imemoriais, como substitutos, ou como preliminares, do mais tradicional coito, sendo que, até mesmo este, os puritanos só relutantemente o aceitavam como um facto natural da vida humana.