11/02/2012

O EROTISMO A NU - De "CHEIRO" a "CONTRACEPÇÃO"

CHEIRO – Os odores, particularmente os do corpo humano, têm um papel importantíssimo no relacionamento amoroso e em todos os aspectos da vida sexual. Há que distingui-los e classificá-los: existem os "cheiros humanos" normais (do suor, dos orifícios do corpo, ou das excreções naturais); o "cheiro do corpo humano no seu conjunto" (é muito diferente o dos homens, quando comparado com o das mulheres); o "cheiro da pele" (que depende da raça e, em grande parte, dos hábitos de higiene); o "cheiro especial de cada parte do corpo" (os pés, com o “chulé”, as axilas, com o “sovaquinho”, os cabelos, a zona genital); o hálito (que depende dos hábitos alimentares e dos cuidados, mais ou menos regulares, com a boca e os dentes); e os "cheiros adquiridos", que se entranham na pele e nas roupas (como o do tabaco); etc.
            Tal como acontece com os outros animais, todos estes cheiros podem ser factores de atracção ou de repulsa, quando de um relacionamento sexual entre humanos. Uma pessoa é mais ou menos atraída para um parceiro, conforme o seu cheiro lhe agrada ou não. E há os casos extremos, em que um odor, considerado nauseabundo por alguns, funciona como um delicioso perfume para outros. Nem todos os homens apreciam o chamado “odor di femmina”, e há mulheres que ficam loucas com o forte "cheiro das axilas" de um homem a pingar transpiração.
            Os perfumes são "cheiros artificiais" que foram inventados com duas finalidades distintas: para personalizar aquilo que pode chamar-se o "cheiro social" de uma pessoa – ou para mascarar os "cheiros naturais", quando estes não são agradáveis; por exemplo, pela falta evidente do hábito do banho diário. Consta que Luís XIV de França nunca tomou um banho, e, para disfarçar o seu cheiro, que devia ser bastante activo, se encharcava com perfumes.

CHORO – Acto de verter lágrimas, que pode ter várias justificações (desgosto, dor, alegria, outras emoções) ou várias finalidades (impressionar os circunstantes, reconquistar confiança perdida, fazer chantagem emocional, etc.). Nem sempre tem a intenção que é expressa no dito popular “Quem não chora não mama”.

CHULO – Indivíduo que vive à custa de prostitutas ; também chamado gigolô (em Francês “souteneur”, em Inglês “pimp”). No Brasil usa-se o termo “caften”. Mas, seja qual for a designação, trata-se de uma actividade em que o trabalho é relativamente pequeno e o lucro é relativamente grande.

CINTO DE CASTIDADE – Instrumento que foi inventado pelos homens ciumentos, para evitar que as suas amadas pudessem gozar de qualquer tipo de satisfação sexual, na sua ausência. Foi bastante utilizado, em tempos medievais, quando os cavaleiros partiam para longas jornadas, deixando as esposas à sua espera, por vezes, durante muitos meses ou, até, anos. Era constituído por duas partes: o cinto, propriamente dito, de metal flexível, por vezes forrado de veludo, que podia ser fechado com um cadeado, e uma ou duas placas perfuradas, em metal, osso ou marfim, passando entre as pernas e possibilitando apenas as funções naturais, mas não permitindo o acesso à vagina nem ao ânus, nem mesmo com os dedos, pois os orifícios respectivos tinham picos que desencorajavam quaisquer ousadias libidinosas. A primeira representação gráfica de um desses objectos data de 1405, quando um militar chamado Konrad Kyeger o desenhou num manuscrito que está hoje na Biblioteca da Universidade de Göttingen. No Museu do Palácio dos Doges, em Veneza, existe um exemplar de cinto de castidade que teria pertencido a Francisco II. Parece que Charlotte d’Orléans, mais conhecida por "mademoiselle" de Valois, foi obrigada pelo seu marido a usar um desses aparelhos, ao tornar-se princesa de Modena. Histórias parecidas referem-se aos exemplares do Museu de Cluny, em Paris, sendo que um teria sido destinado, por Henrique II, a ser usado por Catarina de Médicis, e outro por Luís XIII para Ana da Áustria. No Museu do Prado, em Madrid, há numerosos desenhos de Goya, entre os quais um que pormenoriza o cinto de castidade. Ainda em 1900 se anunciava a venda destes instrumentos, pelo preço de 120 a 150 francos, num folheto em que M.Cambon, “maire” e notário em Aveyron, escrevia, a propósito de tal invenção que “graças a ela as meninas podem ficar ao abrigo dessas infelicidades que as cobrem de vergonha e mergulham as suas famílias no luto. Assim, o marido deixará a sua esposa sem receio de ser ultrajado na sua honra... Os pais estarão seguros de ser pais... e ser-lhes-á possível ter debaixo de chave coisas que são mais preciosas que o ouro!”... E, em Inglaterra, ainda em 1903 uma mulher chamada Emilie Schäffer pedia patente para “um cinto com fechadura e chave, destinado a proteger da infidelidade conjugal”.

CINTURA – É uma espécie de “linha do Equador” do corpo humano, pouco pronunciada no corpo masculino, mas geralmente muito vincada nas mulheres jovens. Em certas épocas da História, era sinal de grande feminilidade possuir uma cintura muito estreita, a chamada "cintura de vespa", acentuada através do uso de espartilhos que apertavam o corpo até limites quase impensáveis fisicamente. Quanto mais estreita for a cintura, maior destaque é dado às ancas, que adquirem assim um valor erótico acrescentado e, geralmente, muito apreciado.

CIO – Período de excitação sexual em que as fêmeas estão predispostas a aceitar os machos para acasalamento. Também se designa por “aluamento”, porque tal período é comandado pelas fases da Lua. Então diz-se que “ela está aluada, anda com o cio”.

CIRCUNCISÃO – Corte do prepúcio, praticada ritualmente pelos Judeus, pelos Muçulmanos e por alguns povos de raça negra. É um ritual que consagra a virilidade dos rapazes e o fim da sua fase infantil. (Em certos povos primitivos, pratica-se também a ablação do clítoris das meninas). Do ponto de vista higiénico, a circuncisão oferece a vantagem de eliminar a formação do esmegma, uma substância pastosa que se forma nas dobras da pele, na zona genital, e que não é nada agradável, nem à vista nem ao olfacto.

CIÚME – Estado emocional de sofrimento, devido à angústia e à dúvida de que a pessoa amada possa ter afecto por outra. Exigência de exclusividade do amor dessa pessoa. Pode levar a situações extremas, mesmo trágicas, quando a pessoa ciumenta julga ter provas de estar realmente a ser traída, e pensa resolver o caso por meios violentos. Em geral, não resolve nada – e pode acabar na cadeia.

CLIMACTÉRIO – Período da vida que se acreditava ocorrer, de 7 em 7 anos, na vida dos indivíduos, e que terminaria com grandes alterações fisiológicas e psíquicas – até que, na mulher, se entraria na menopausa, a fase em que termina a vida reprodutiva. A palavra, de origem grega, significa “degrau”, ou “ano crítico difícil de vencer”. O que vale é que, ultrapassada essa fase, tudo entra novamente nos eixos e a vida pode adquirir, até, um outro interesse.

CLÍMAX – O momento culminante do êxtase amoroso. É o apogeu, o instante mágico em que as sensações atingem o ápice, concretizado na explosão do orgasmo.  

CLÍTORIS – Ou clitóris. Pequeno órgão eréctil do aparelho genital feminino, situado entre os pequenos lábios. Dito desta maneira, fria e fisiológica, parece estarmos a falar de um pormenor, sem grande importância, do corpo feminino. Ora, na verdade, trata-se da primeira zona erógena da mulher, a mais importante e aquela que é preciso saber estimular, para que ela sinta prazer no acto amoroso. Essa estimulação pode ser conseguida através do contacto com o membro viril do homem; ou através do sexo oral; ou por masturbação, digital ou com a ajuda de qualquer objecto apropriado, por exemplo, um vibrador.

COITO – A palavra tem sentidos diferentes, conforme seja referida a acções praticadas por adultos ou por crianças. Neste último caso, refere-se a um lugar previamente combinado, nos jogos infantis, onde o perseguido fica a salvo do perseguidor. No caso dos adultos, refere-se ao acto sexual comum, à cópula, em que o macho e a fêmea realizam a união natural, quer esta seja feita com intenção de procriar, ou, apenas, de gozar as delícias de um bom orgasmo. O "coito interrompido", também chamado “interrupto” ou “incompleto”, é aquele em que o pénis é retirado da vagina antes do orgasmo e da ejaculação. Não é um coito lá muito agradável, nem, sequer, muito eficaz, pois não tem conta o número de bebés que nasceram assim, inesperadamente, dado que alguns espermatozóides se escaparam e se anteciparam ao clímax, cumprindo assim, apesar de todas as precauções, a sua tarefa natural de procurar o óvulo. 

COMPLEXOS – Do ponto de vista psicológico, segundo Carl G. Jung (1875-1961), são sistemas de ideias associadas, por vezes inconscientes, contraditórias, ligadas à afectividade, capazes de levar o indivíduo a pensar e a agir de acordo com um padrão definido, causando-lhe perturbações psicológicas. Entre os mais comuns, citam-se o "complexo de castração" (segundo Freud, medo da perda de um elemento sexual, como o pénis, nos meninos); o "complexo de culpa" (necessidade de punição); o "complexo de Édipo" (reacções afectivas em relação aos pais – igualmente segundo Freud, desejo de relações sexuais que o filho sente pela mãe); "complexo de Electra" (desejo de relações sexuais da filha com o pai); "complexo de inferioridade" (medo de se sentir inferiorizado, particularmente em relação a órgãos ou características corporais, como um pénis pequeno, por exemplo); "complexo de superioridade" (o inverso do anterior); etc. Muitos outros poderiam ser citados, entre os complexos ligados à sexualidade, mas o tema é vasto de mais para ser aqui resumido. Citemos apenas, pelas suas características especiais, o curioso "complexo do automóvel", descrito por Franz Alexander e Pfister, o qual se manifesta por uma busca patológica da supremacia, através da velocidade e da exibição do modelo mais recente e mais potente, como substituto da supremacia sexual.

CONCUBINA – Mulher que vive maritalmente com um homem, sem serem casados um com o outro. Em Português há uma variedade enorme de nomes para a mulher nesta situação, e vale a pena apreciar a lista: amante, "amásia", "amiga", "arranjo", "banda-de-esteira", "barregã", "boneja", "cacho", "camarada", "caseira", "caso", "china", "clori", "cóia", "comborça", "coura", "dama", "encosto", "espingarda", "fêmea", "franjosca", "gansa", "gato", "iça", "manceba", "moça", "murixaba", "muruxaba", "osso", "puxavante", "rapariga", "sexta-feira" ou "sucuba". Vêm todos no dicionário e é espantoso como se podem criar tantas designações, algumas delas bem originais, para uma situação tão comum.

CONSOLADOR – Quando se trata de bebés, o consolador chama-se "chupeta". Quando nos referimos a gente adulta, o consolador é mais vulgarmente designado como vibrador (embora nem todos tenham essa função específica, isto é, embora nem todos vibrem). Trata-se de um pénis artificial, mais ou menos realista, que pode incluir características especiais, como uma pilha que o faz vibrar mais ou menos rapidamente, depósito para líquido substituto do sémen, podendo ainda apresentar-se com diferentes cores e sabores. Também é conhecido por godemiché ou "consolo-de-viúva", um nome apropriadíssimo.

CONTACTO – Estado de dois ou vários corpos que se tocam. Por extensão, dá-se este nome a uma "relação corporal", como objecto de pulsão da líbido. Durante certas épocas, os contactos de carácter amoroso foram muito limitados e severamente reprimidos pelas convenções e hábitos sociais ou religiosos, e tais interdições faziam criar ilusões sobre os mistérios do sexo, que depois se transformariam, frequentemente, em desilusões, perante as cruas realidades.

CONTRACEPÇÃO – Qualquer método que – à excepção da abstinência e do aborto, bem como da esterilização e da castração – permite contactos sexuais entre parceiros férteis, sem fecundação. A eficácia dos meios anticoncepcionais depende, não apenas do método usado, mas, também, e em grande parte, de factores psicológicos. A preocupação com o seu uso adequado, a preparação que exigem, a demora que isso implica, podem, por vezes, frustrar o entusiasmo inicial dos amantes.
Nas mulheres, os métodos mais comuns são o "diafragma vaginal" e os contraceptivos orais, como a chamada pílula, para suprimir a ovulação. No uso do "diafragma", e uma vez que restam sempre espaços microscópicos de possível passagem de espermatozóides, é recomendável e prudente acrescentar-lhe substâncias espermicidas. Quanto à pílula, terá de ser tomada com a regularidade recomendada, sob pena de não ser totalmente eficaz. Existem outros métodos, alguns deles prescritos por sexólogos, outros bastante insólitos. Nota curiosa: o famoso Casanova recomendava o uso de metade de um limão como contraceptivo vaginal, pois a acidez do seu sumo constituiria uma protecção química.
Nos homens, além do "coito interrompido", com os seus aspectos negativos, que são funcionais mas, também, psicológicos, o meio mais usado é o preservativo, a chamada camisa-de-Vénus, ou "condom".  
Vários outros métodos (mecânicos, químicos, rítmicos, etc.) foram, e ainda são, utilizados. Um dos que tiveram grande aceitação foi o de Ogino-Knauss, o único a ser admitido pela igreja católica. Elaborado por Ogino (1932) no Japão e Knauss (1953) na Austrália, consiste em limitar as relações sexuais aos períodos de esterilidade da mulher, os chamados “períodos de segurança”, relacionados com as datas da menstruação. Todavia, como nenhum deles se revela totalmente seguro, é geralmente recomendado o uso alternado de diferentes métodos, sucessivamente.  
Nos países mais populosos, como a China e a Índia – não sendo possível, como é evidente, convencer as pessoas a deixarem de fazer sexo (quem é que aceitaria uma ideia tão tonta como essa?) – a contracepção é altamente encorajada pelos respectivos governos, a fim de evitar os perigos do excesso populacional.

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