11/04/2012

O EROTISMO A NU - De "POLUÇÃO" a "PUTIFAR"

POLUÇÃO – Ejaculação involuntária, geralmente ocorrida durante a noite, provocada por sonhos eróticos. Deixa manchas comprometedoras nos lençóis, que os adolescentes fazem o possível por disfarçar, por não saberem que se trata de um fenómeno perfeitamente natural, cujos efeitos nas roupas se eliminam com uma simples lavagem...

PORNOGRAFIA – Textos, imagens, sons e outros elementos obscenos, capazes de despertar a pulsão sexual. Das inúmeras tentativas para definir as diferenças entre pornografia e erotismo, ficou mais ou menos consensual que este último "sugere" algo que tem a ver com o sexo, ao passo que a pornografia o descreve explicitamente, em palavras ou imagens cruas, sem esconder nada. Mas, de qualquer modo, a fronteira entre uma coisa e outra é, como dizia um conhecido humorista, "tão curta como a que vai do cu à vagina"... 

POSIÇÕES – Seria uma tarefa inglória tentar descrever, em pormenor, todas as posições que é possível assumir para fazer amor. No decorrer dos séculos, a imaginação erótica de homens e mulheres inventou uma infinidade de variantes, algumas delas integradas nas artes da acrobacia ou da ginástica aplicada... Quem se limita, toda a vida, à posição de missionário, não sabe o que perde ao não experimentar as cerca de noventa variantes mais clássicas, como as que nos ensina o Kâma-Sutra e as que se podem apreciar nas esculturas dos templos de Konarak, na Índia. 

PRAZER – Deleite sexual. Sensação voluptuosa causada pela excitação das zonas erógenas. Embora partindo da sensação obtida pelo tacto em determinada zona do corpo, acaba por atingir toda personalidade física e psíquica, com sensações intensas e muito agradáveis. A sua importância é tão grande, na vida das pessoas, que certas religiões, inquietas com a fuga dos fiéis para práticas e actividades que lhes dão prazer, tentam lançar sobre ele a infâmia do pecado. É assim que tentam confundir prazer com luxúria, proibindo aos seus seguidores todos os gozos terrestres, enquanto lhes acenam com gozos celestes, reservados para depois da morte... O truque é tão evidente que mesmo os que aparentam seguir essas regras de contenção, em relação aos prazeres da vida, acabam por praticá-los, às escondidas, acrescentando, aos bons prazeres normais, mais esse prazer suplementar de gozarem o interdito... 

PRELIMINARES – Acções iniciais, que precedem a acção principal. No que se refere ao Erotismo e ao Sexo, são todas aquelas agradáveis manobras que antecedem o clímax, e que podem incluir praticamente tudo, desde os beijos às carícias, o sexo oral, a masturbação mútua, etc. – enfim, todos os actos físicos que podem incluir-se naquilo que, na língua inglesa, se designam por petting, e que se destinam a preparar os intervenientes para uma melhor fruição do acto final, com maior prazer e melhor satisfação. Do ponto de vista mental, os preliminares até são, talvez, mais importantes do que o final, que é, normalmente, o orgasmo, razão pela qual muita gente se contenta com eles e com eles se desfaz em gozos, não precisando de mais nada para se sentir feliz. Do ponto de vista físico, preparam os corpos para os contactos mais íntimos, ao provocarem a produção dos lubrificantes naturais necessários para uma penetração mais cómoda e agradável.

PREPÚCIO – Pele que cobre a glande do pénis, e que, em circunstâncias normais, se retrai quando este está em erecção. Porém, por vezes, o prepúcio está naturalmente apertado, não consegue libertar a glande, e a erecção é dolorosa. Trata-se da fimose, uma malformação que se resolve com a circuncisão, isto é, com o corte de um anel do prepúcio, que fica assim liberto. Esta operação, que é bastante simples, embora um tanto ou quanto incómoda, é a solução para alguns problemas sofridos por homens adultos, e tem ainda a vantagem de evitar a acumulação de esmegma, o que é muito conveniente, do ponto de vista higiénico. Os muçulmanos, por razões religiosas, praticam a circuncisão nos seus jovens, e o mesmo acontece com os judeus. Aliás, um pénis circuncidado chegou a ser, em certas épocas de perseguição, o sinal identificador da fé judaica.

PRESERVATIVO – Por definição, é tudo aquilo que preserva, que protege. O nome vulgarizou-se em relação à camisa-de-Vénus, ou "condom", como esta é conhecida nos países de língua inglesa. O seu uso tornou-se universal, sendo considerado um dos meios mais eficazes para evitar uma gravidez indesejada – embora ainda exista, mesmo assim, uma pequena possibilidade de não ser totalmente eficaz. Mas, talvez a sua principal função seja a de evitar a transmissão de certas doenças, como a Sida. Há, porém, muitos homens que se recusam terminantemente a usar preservativo, alegando que, "ao natural", o prazer é maior. Por razões que, ao que se supõe, não serão as mesmas, o Vaticano recusa-se a recomendar o seu uso, interferindo assim numa área (a das relações sexuais) que, curiosamente, não parece ser da sua especialidade, uma vez que, em princípio, entre padres, bispos e cardeais, não se pratica sexo e, por isso, não terão experiência prática do assunto.
Existem preservativos especiais, com cores, sabores e outras características mais ou menos insólitas, tais como saliências destinadas a provocar maior excitação. São relativamente baratos e fáceis de adquirir – ao contrário do que acontecia em tempos não muito recuados, em que os rapazes se dirigiam timidamente ao farmacêutico, pedindo em voz discreta que lhes vendessem "essas coisas que servem para evitar os bebés". Hoje são comprados normalmente, por homens e por mulheres, existindo mesmo máquinas automáticas para a sua aquisição, em sítios estratégicos.

PRIAPISMO – É uma disfunção que consiste em erecções violentas e anormais do pénis, sem desejo sexual e sem provocarem ejaculação. Pode ser provocado por uma doença, como uma gonorreia, ou uma lesão do sistema nervoso. E aqui está como um fenómeno que, aparentemente, poderia ser uma vantagem para o homem, acaba por ser um problema muito duro.

PRÍAPO – Deus grego da Fertilidade, filho de Dionísio e Afrodite  (ou Baco e Vénus, para os romanos), representante da potência geradora. Era uma divindade rústica, um deus dos jardins, das vinhas, dos rebanhos e dos pescadores, cuja estátua era colocada à entrada das localidades que o elegiam como protector. Representado sempre com um enorme falo erecto, era a imagem viva do erotismo, com um carácter obsceno muito pronunciado. O Príapo de Verona ostenta uma cesta cheia de falos e aponta, sorrindo, para uma serpente que lhe morde o pénis. Aliás, o seu nome, príapo, é muitas vezes usado como sinónimo de pénis ou falo.

PRÓSTATA – Glândula do sexo masculino que circunda o colo da bexiga e a base da uretra. Produz secreções que se depositam na uretra, no momento da ejaculação. Essas secreções servem para aumentar o volume do líquido seminal e fornecem aos espermatozóides o seu alimento motor, que é o ácido cítrico. Imediatamente antes da ejaculação, as contracções prostáticas contribuem para a impressão subjectiva do orgasmo. A próstata tem o tamanho aproximado de uma castanha mas, por volta dos 50 anos, cresce bastante, voltando depois a diminuir, na idade avançada. Na fase de crescimento, é vulgar surgirem tumores, que podem ser benignos (adenomas) ou malignos (carcinomas). Quando detectados a tempo, através de análises apropriadas, ou do "toque rectal" (geralmente detestado por todos os homens), podem ser eliminados com relativa facilidade. Mas o cancro da próstata continua a ser uma das causas de morte mais frequentes. Os homens evitam o assunto, por razões que são, por vezes, subjectivas: é que, no caso de uma operação, perde-se geralmente a capacidade de gerar filhos, embora nem sempre se perca a potência sexual.

PROSTITUTA/O – Em tempos ainda relativamente recentes, bastaria referir a palavra prostituta para definir a actividade das mulheres que praticam sexo em troca de um pagamento. Mas, na actualidade, tornou-se muito frequente essa actividade ser igualmente exercida por homens, pelo que o termo prostituto entrou na linguagem corrente – e nos hábitos sexuais correntes. Designada, habitualmente, como "a mais velha profissão do mundo", esta definição da prostituição diz quase tudo sobre ela. Na verdade, sendo o sexo uma actividade universal que se pode considerar "obrigatória", e que é praticada, não apenas por amor, por interesse ou por simpatia, mas principalmente por instinto básico, é natural que, em caso de dificuldade em concretizar um acto sexual "legal", ou seja, abençoado pelo casamento ou instituição similar, as pessoas procurem satisfazer-se recorrendo ao sexo pago, com mulher ou com homem, de acordo com as preferências de cada qual. Hão-de discutir-se eternamente as vantagens e as desvantagens da legalização da prostituição. A favor, argumenta-se com o melhor controlo de possíveis doenças e com a inutilidade de medidas repressivas, que nunca conseguiram acabar com a sua prática. Contra, estão os que acham que é degradante e que só o sexo caseiro merece respeito. Uns e outros hão-se continuar a discutir estes tópicos eternamente, enquanto as prostitutas e os prostitutos vão fazendo, como podem, a sua vida.

PUBERDADE – Fase da vida em que se dá a maturação dos órgãos sexuais, que ficam assim prontos para a procriação. Nas raparigas, isso manifesta-se pela primeira menstruação, sinal de que os seus ovários produziram um óvulo. Nos rapazes, os testículos começam a produzir espermatozóides. Elas vêem crescer as mamas e surgir os pêlos púbicos. Eles começam a ter barba e pêlos noutras partes do corpo. Neles e nelas, do ponto de vista psíquico, surge o desejo sexual. Só que este manifesta-se de formas diferentes, conforme os sexos. Durante séculos, a puberdade levava o rapaz a começar a assumir um papel activo, reforçando o seu egoísmo, a combatividade e a dominação, enquanto a rapariga desenvolvia capacidades de sedução, de forma passiva, esperando ser conquistada. O orgulho do rapaz púbere estava em concretizar uma união sexual, passando entretanto por uma fase de furiosa masturbação solitária. A rapariga não dava grande importância ao acto, guardando todo o seu orgulho feminino para a maternidade, passando por vezes muito tempo até conseguir ter prazer sexual. Claro que sempre houve excepções a estas regras – mas relativamente raras, tão raras que ficaram marcadas na História. Actualmente, com a liberalização cada vez maior da prática do sexo, e com as mulheres a assumirem o seu direito ao prazer (sendo, muitas vezes, elas próprias a assumirem a liderança das uniões e a exigirem proezas inimagináveis aos seus parceiros), mudaram completamente os comportamentos amorosos, logo a partir da puberdade.  

PÚBIS – Parte anterior proeminente do osso ilíaco. Por extensão, chama-se púbis às partes moles que recobrem essa região do corpo. A sua pele fica coberta de pêlos púbicos, quando da puberdade. O seu relevo é maior nas mulheres, formando o chamado "monte de Vénus".

PUDOR – Sentimento de vergonha, resultante de actos ou atitudes, geralmente de cariz sexual, que pareçam indecentes. Mas o pudor pode, também, manifestar-se através da modéstia ou da discrição a respeito de outros assuntos, não sexuais. Claro que a "indecência" é uma coisa muito relativa e depende dos conceitos morais de cada pessoa: o que parece indecente a uma pessoa pode ser perfeitamente natural para outra. Por exemplo, aquele velho jogo infantil "mostra-me a tua que eu mostro-te a minha" nunca poderia concretizar-se, se ambos ficassem tolhidos pelo pudor, perdendo assim uma das mais interessantes iniciações sexuais que podem ter lugar na infância. Quanto aos objectos do pudor sexual, esses mudam de acordo com as épocas e os costumes, pois as zonas pudicas do corpo também variam. Se, em séculos passados, as mulheres tapavam totalmente as pernas e os homens punham em evidência os órgãos sexuais, actualmente o pudor, quando existe, aplica-se a outras partes (cada vez mais reduzidas) do corpo humano.  

PUTA - Palavra crua, frequentemente substituída por prostituta, meretriz, rameira, "mulher pública", "mulher da vida" ou mesmo "mulher de vida fácil" – sendo que esta última designação é vivamente contestada por quem anda nessa vida e a considera até bastante difícil. Tudo isto para definir a mulher que pratica sexo a troco de pagamento, naquela que é correntemente citada como uma profissão antiquíssima, existente, desde sempre, em toda a parte e em todas as civilizações. Em muitos dicionários, a palavra puta é discretamente ignorada, provavelmente por pudor...
De notar que a expressão "filho da puta", muito utilizada para ofender uma pessoa de quem não se gosta, é, curiosamente, mais ofensiva para o "filho" do que para a "mãe", que aparece aqui como elemento secundário da ofensa.

PUTIFAR – A história bíblica da mulher de Putifar já foi contada muitas vezes, e, nas suas linhas essenciais, refere-se a um belo rapaz, chamado José, que foi vendido por seu pai e levado por uma tribo israelita até ao Egipto, onde foi novamente vendido, agora a um eunuco do faraó, chamado Putifar, que o protegeu e se tornou seu benfeitor. Ora Putifar tinha uma mulher (esta história de um eunuco casado não parece lá muito lógica, mas, a esta distância temporal, não será fácil esclarecer o caso). O que parece certo é que a mulher de Putifar, talvez ansiosa por aquilo que o eunuco não lhe podia dar, tentou conquistar José, puxando-o para o seu leito. Mas o rapaz, não querendo trair o seu amo, resistiu aos avanços desesperados daquela apaixonada sedenta de amor, e, para grande desespero da mulher, que tentava agarrá-lo por todos os meios, fugiu, deixando nas mãos dela a sua capa rasgada... Quanto Putifar apareceu, a mulher acusou José de ter tentado seduzi-la, e mostrou a capa como prova da luta que teria travado para se defender. Só que a capa não estava rasgada na parte da frente, como deveria estar, mas sim na parte de trás, o que levou Putifar a acreditar que tinha sido rasgada quando a mulher perseguia o escravo que fugia... Censurou a mulher, abraçou José e este ficou como símbolo... não se sabe bem de quê. Quanto à mulher de Putifar, não se sabe ao certo o que lhe aconteceu (aliás, nem o seu nome ficou para a história), mas serviu para figurar como personagem de inúmeras pinturas sugestivas, nesta história que a Bíblia, de certo modo, santificou.

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