01/04/2012

O EROTISMO A NU - De "NAMORO" a "OVÁRIO"

N

NAMORO – Fase do relacionamento entre casais que, em tempos antigos, servia como preliminar para o casamento. Actualmente, essa função "preparatória" do namoro está praticamente ultrapassada, e é considerado normal dizer-se "o meu namorado", referindo-se a alguém com quem se partilha a cama. Só as pessoas de idade avançada ainda recordam o namoro tal como ele era praticado nos tempos em que a aproximação entre os sexos era dificultada pelas convenções, pela moral e por hábitos ancestrais. Um casal de namorados tinha muita dificuldade em trocar beijos e carícias (e, ainda mais, em praticar qualquer acto sexual que fosse além de um discreto petting no escuro de uma sala de cinema), porque existia um severo controlo, feito pelas famílias mais rigorosas. Actualmente, o namoro tradicional só raramente se pratica. Há muito que deixou de se ver o "namoro de janela", em que os apaixonados se limitavam a trocar frases ternas, à distância, ela lá em cima, debruçada no peitoril, ele cá em baixo, na rua... Só em raros casos se praticam ainda as fases tradicionais do acasalamento, que eram, por esta ordem, o namoro, o noivado e, finalmente, o casamento,
            Por curiosidade, indicam-se alguns dos inúmeros sinónimos de namoro, parte deles bem antigos: "amorico", "amorinho", "bredo", "camote", "chamego", "derrete", "derriço", "embeiçamento", "embeleco", "flerte", "fuxico", "galanteio", "gargarejo", "grude", "linhada", "mércia", "mormaço", "namoramento", "namorice", "namorico", "namorilho", "nanamorisco", "paixoneta", "paleio", "pé-de-alferes", "pescorenço", "prosa", "rabicho", "sebo", "sumbaré", "tribofe", "xodó". Sem dúvida, são muitos nomes para algo que, paradoxalmente, já quase não existe...

NARCISISMO – Amor pela própria imagem. Amor por si mesmo. Mais concretamente, é o amor pelo próprio corpo, como objecto sexual. Frequentemente, acaba por levar ao exibicionismo. O nome vem de Narciso, filho do deus fluvial Céfiso e da ninfa Liríope, o qual se enamorou da sua própria imagem, reflectida nas águas de uma fonte. O desespero por não poder aproximar-se dessa imagem levou-o à morte, transformando-se então na flor que tem o seu nome, e que é amarela e perfumada. O objecto mais utilizado pelo exibicionista é, naturalmente, o espelho.

NATALIDADE – Relação entre o número de nados-vivos e o total da população. Uma das preocupações mais agudas, nos tempos modernos, é o decréscimo da natalidade, porque, por um lado, as pessoas têm hoje uma esperança de vida muito maior; e, por outro lado, quanto menos bebés nascem, menos adultos produtivos haverá, no futuro, para assegurar as pensões de reforma dos velhos. Ainda por cima, pratica-se activamente o controlo da natalidade, isto é, os casais limitam, por razões económicas e outras, o nascimento dos filhos, o que desequilibra a relação entre as diferentes camadas da população. Assim, o uso generalizado das camisinhas e outros anticonceptivos não tem a ver, apenas, com o desejo de praticar sexo apenas pelo prazer.

NEGRO – Indivíduo de pele escura. Também se designa por "preto", nome que, em certas regiões, tem uma conotação depreciativa (mas, curiosamente, noutras acontece exactamente o contrário, isto é, os "pretos" querem ser chamados "pretos" e ofendem-se quando lhes chamam "negros"... É complicado). Do ponto de vista sexual, criou-se o mito de que os negros teriam pénis de grandes dimensões, o que alimentou os sonhos eróticos de muitas mulheres brancas; mas isso nem sempre corresponde à realidade: pénis grandes e mesmo espectaculares tanto existem entre os negros como entre os brancos e os amarelos.

NINFA – Divindade que povoava os bosques, os prados, os rios e as fontes – e  assim, por extensão, o nome aplica-se a uma mulher jovem e esbelta. Mais terra-a-terra, do ponto de vista anatómico, chamam-se ninfas aos pequenos lábios da vagina. Em qualquer dos seus significados, são objecto de veneração: se Camões invocava as "ninfas do Tejo" (que, por serem irreais, ele nunca poderia ter visto) para o ajudarem a compor os "Lusíadas", é de crer que também suspiraria por poder admirar as ninfas da sua adorada "Caterina" (que, aliás, parece que também nunca viu...)

NINFOMANIA – Desejo sexual feroz e doentio, que ataca algumas mulheres insaciáveis, para as quais fazer sexo é, mais do que um prazer, uma necessidade imperiosa. Os homens têm, por vezes, a ilusão de que uma ninfomaníaca é uma bênção para uma vida erótica cheia de animação; todavia, cedo se apercebem de que as exigências de uma mulher assim acabam por ser impossíveis de satisfazer – a não ser que eles próprios sejam portadores de priapismo...

NU – Estar despido, descoberto, sem roupa – é, sem dúvida, a melhor forma de alguém se apresentar para fazer amor com outro alguém... A nudez é o estado mais natural do corpo humano. Adão e Eva estavam nus, e só se cobriram depois de pecarem... A partir daí, no decorrer dos séculos, estar nu ou vestido dependeu de convenções que se iam transformando. Em certas épocas desnudavam-se os ombros e revelavam-se as mamas das mulheres, noutras tapavam-se as "partes vergonhosas" das figuras míticas representadas nas pinturas... Os nudistas tentam, com alguma dificuldade, manter a nudez como forma de estar, não só nas praias, como na vida.

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OBSCENO – Tudo aquilo que fere o pudor. Curiosamente, na opinião de Jean-Jacques Rousseau, "as estátuas e os quadros apenas ofendem os nossos olhos quando as vestimentas tornam a nudez obscena"... Por extensão, obsceno passou a designar também tudo o que é indecoroso, vulgar, cruel, sombrio, tenebroso ou ilícito. Assim, tão obscena é uma anedota ordinária como uma negociata ilegal.

OBSESSÃO – É o apego exagerado a uma ideia ou a um sentimento irracional. É uma perturbação da vontade, consistindo numa ideia fixa ou numa impulsão que a pessoa até pode considerar absurda, mas que se impõe ao seu espírito, provocando uma sensação de angústia. As obsessões podem ser confundidas com manias, mas são mais perigosas.

ODOR – É um dos mais fortes e importantes componentes do interesse sexual (v. cheiro). Na verdade, um odor, que pode ser percebido através do olfacto, tanto pode ser agradável, quando se trata de um perfume, como desagradável, quando se trata de um fedor ou mau-cheiro. Curiosamente, tanto um como outro podem atrair sexualmente, havendo até quem prefira os chamados "pivetes" às fragrâncias mais sofisticadas... Entre as indústrias modernas mais rentáveis estão as que se relacionam com a produção de "bons odores" (perfumes, odorizantes, etc.) e as que criam produtos que se destinam a eliminar os "odores indesejáveis" (desodorizantes).  

OLHO – Órgão da visão, que mais frequentemente é referido no plural: os olhos. É um dos atractivos mais evidentes do corpo humano, do ponto de vista sexual, tanto entre as mulheres como entre os homens. Desde tempos muito antigos, os olhos foram valorizados com pinturas, para se tornarem mais profundos e sensuais. Já no antigo Egipto, homens e mulheres pintavam os olhos de forma muito parecida com a que se usa actualmente.
            Nunca mais acabam as expressões que incluem o olho, para se referirem às mais diversas acções. Escolhendo apenas as que estão mais directamente ligadas ao tema central desta obra, citam-se, por exemplo, "piscar o olho", que tem um sentido de cumplicidade; "ter olho vivo" ou "deitar o olho", sugerindo interesse sexual; "olhos de carneiro mal-morto", com o mesmo sentido; e muitas outras, entre as quais o grosseiro mas expressivo "olho do cu" – e deixando de lado uma infinidade de outras expressões, algumas bem curiosas, como "custar tanto como os olhos da cara" ou "ir para o olho da rua", que não têm nada de erótico, mas têm muito de pitoresco.

OLIMPIA – Um dos quadros mais famosos de Edouard Manet, pintor francês que viveu entre 1832 e 1883, representa uma prostituta nua, servida por uma negra e com um gato preto aos pés, num ambiente nitidamente erótico. Deu escândalo em Paris, ao ser exibido em 1865 – mas é hoje uma das pinturas mais conhecidas em todo o mundo. Também é o nome da cidade grega onde se realizavam os Jogos Olímpicos.

OLISBOS – Também conhecido sob outros variados nomes, entre os quais "godemiché", "consolador", "vibrador" (v. estes significados), é um substituto do pénis, e é muito usado quando este não está disponível.

ONANISMO – Prática sexual em que se interrompe o acto antes da ejaculação. O nome vem da personagem bíblica Onan, um hebreu que não queria ter filhos e, por isso, interrompia o coito antes do clímax, Também se chama a esta modalidade "coito interrompido", que Onan praticava regularmente, espalhando o seu sémen pelo chão. Enfim, um lamentável desperdício.

ONZE MIL VIRGENS – Com um número tão grande de virgens, adivinha-se que estamos a falar de uma lenda – porque parecem virgens a mais, mesmo que a história se tenha passado há muitos séculos... A sua origem parece estar na Bretanha medieval, onde uma princesa chamada Úrsula, filha de pais cristãos, foi prometida em casamento, pelos pais, a um príncipe pagão. Relutante, ela exigiu fazer primeiro uma peregrinação a Roma, com dez companheiras, prometendo casar quando voltassem. Fizeram a viagem, receberam a bênção do Papa, mas, na volta, já perto do Colónia, houve uma tempestade, e as onze virgens foram arremessadas a uma praia, onde seriam atacadas pelos bárbaros Hunos, que as mataram... tão barbaramente como seria de esperar de tal gente. Mais tarde, em 1106, foram descobertas as suas ossadas, que passaram a ser veneradas numa basílica. Num sermão, escrito a seu respeito, datado do século 8 ou 9, o calígrafo colocou um traço horizontal sobre o número XI (onze, em algarismos romanos), o que, na numeração da época, multiplicava o número por mil. Assim nasceu a lenda dessas virgens medievais, que, na verdade, e como seria de esperar, mesmo numa época de grande castidade, eram muito menos que onze mil...
            Em várias edições, entre 1912 e 1948, foi publicado, em França, uma obra intitulado "Les Onze Mille Verges" ("As Onze Mil Vergas"), provavelmente da autoria de Guillaume Appolinaire, um livro altamente erótico, cujo título é um "pastiche" evidente da história dessas pobres virgens medievais.

ORAL – Qualquer tipo de sexo em que tem papel fundamental a boca e o que dela faz parte, particularmente os lábios e a língua. As duas modalidades mais correntes do sexo oral são o cunnilinctus, em que o clítoris é excitado, ao ser lambido e chupado, e o fellatio, em que essas operações se exercem sobre o pénis (ver estas definições).

ÓRGÃO – Existem vários significados para esta palavra, conforme os sentidos muito diferentes que lhe podem ser atribuídos. Musicalmente, é um instrumento, habitualmente usado nas igrejas, para produzir música sacra. No nosso caso, porém, a "música" é outra... Quando falamos de órgãos sexuais, referimo-nos àquelas partes do corpo destinadas à reprodução ou, genericamente, à prática do sexo. Do ponto de vista anatómico, estes órgãos estão muito bem definidos, tanto no homem como na mulher: Assim, os órgãos masculinos mais tradicionalmente ligadas ao sexo são o pénis, os testículos, o ânus, a língua... Nas mulheres, são a vagina, as mamas, a língua, também o ânus – mas a capacidade de estimulação sensual das partes mais inesperadas do corpo humano leva a estender o conceito de órgão sexual a locais aparentemente tão improváveis como as axilas, os cotovelos ou as solas dos pés... Enfim, muito depende das características de cada indivíduo, sendo certo que, para alguns (e algumas) todo o corpo tem capacidades sensuais inesgotáveis, enquanto que, para outros (e outras) a frigidez é decepcionantemente total. 

ORGASMO – Momento em que a excitação sexual atinge o seu ponto máximo. Num acto sexual entre um homem e uma mulher, é desejável (mas nem sempre possível) que o orgasmo seja simultâneo. O homem, no momento do orgasmo, ejacula, expulsando os líquidos seminais, num espasmo por vezes violento, que o deixa momentaneamente prostrado. O orgasmo feminino tem outras características, sendo frequente que não seja atingido no primeiro coito com um novo parceiro. Aliás, há mulheres que nunca, ou raramente, chegam ao orgasmo, mesmo com um parceiro habitual – seja por dificuldade de conjugação dos respectivos níveis de excitação, seja por incompatibilidades físicas entre os dois, ou, ainda, por problemas fisiológicos. A excitação feminina está mais frequentemente localizada no clítoris, pelo que a posição escolhida exige que este seja friccionado, o que nem sempre acontece. O orgasmo vaginal é menos frequente. Também pode acontecer que a mulher sinta dor durante a penetração, por exemplo, por falta de lubrificação,o que prejudica o orgasmo. Outros factores podem contribuir para que apenas o homem atinja o orgasmo, sendo muito frequentes os casos em que a mulher simula ter prazer, apenas para não desiludir o seu parceiro. Enfim, o orgasmo mútuo é algo de muito especial, que exige alguns preceitos para ser atingido – mas, tudo o que se faça para o conseguir, vale a pena!
            Uma das grandes diferenças entre o orgasmo masculino e o feminino deriva da impossibilidade prática, que o homem tem, de manter a erecção, depois da ejaculação, ao passo que a mulher pode, em certos casos, gozar orgasmos múltiplos, na mesma relação. Sorte dela!
            Claro que o orgasmo pode ser o resultado de outros actos sexuais, que não a penetração: pode ser atingido, em relações heterossexuais ou homossexuais, através da masturbação, do cunnilinctus, etc.

ORGIA – Na Antiguidade, era um ritual festivo em honra do deus Dioniso (entre os Gregos) ou Baco (entre os Romanos, que chamavam a essas festas bacanais), em que havia muito vinho, muita euforia e muita libertinagem. Nos tempos presentes, a diferença é que não se trata de homenagear os deuses, mas continua a festejar-se o sexo, a bebida e atitudes livres e mesmo debochadas, geralmente em grupo constituído por gente mais ou menos alegre e desregrada.

OVÁRIO – Cada uma das duas glândulas do aparelho genital feminino que libertam os óvulos. Em cada período de 28 dias, dá-se o fenómeno a que se chama ovulação – e, se houver então contacto com o espermatozóide, este poderá fecundar o óvulo, dando origem a uma nova vida. Se tal não acontecer, dá-se a menstruação, que é o sinal de que o óvulo não foi fecundado e, portanto, não vai haver bebé...

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