08/05/2012

NOVO LIVRO - "O PORTUGUÊS PITORESCO" - INÍCIO


O  PORTUGUÊS  PITORESCO

LUGARES-COMUNS  &  OUTRAS ESQUISITICES

DA  LÍNGUA  PORTUGUESA

 

PALAVRAS (MAL) DITAS

ONDE PONHO A VÍRGULA?

MANEIRAS DE FALAR

"BENGALAS" OU "BORDÕES"

LUGARES-COMUNS

CALÕES PROFISSIONAIS

LINGUAGEM INFORMÁTICA E SMS
TAUTOLOGIAS
PALÍNDROMOS
PROVÉRBIOS
& outras curiosidades da nossa curiosa Língua

                                      

Sumário

-         1.  Abertura
o       Com a Língua de fora...
o       Comunicação e suas variantes
o       A "verdadeira" Língua Portuguesa

-         2.  Palavras (mal) ditas

-         3.  Palavras que estão na moda

-         4.  Maneiras de falar
o       Algumas expressões pitorescas

-         5.  Bengalas ou Bordões

-         6.  Lugares-comuns
o       na Literatura, na Imprensa e na linguagem corrente

-         7.  Calões profissionais

-         8.  Linguagem Informática e SMS

-         9.  Regionalismos, Estrangeirismos, Neologismos

-         10.  Tautologias

-         11.  Palíndromos

-         12.  Onde ponho a vírgula?

-         13.  Curiosidades

-         14.  Trava-línguas

-         15.  Lengalengas

-         16.  Nomes esquisitos
o       Nomes de terras e nomes de gente
           
-         17.  Provérbios


1.  COM A LÍNGUA DE FORA...

Começo por explicar como está organizado este livro, para evitar expectativas exageradas e interpretações erróneas quanto à sua finalidade e à sua utilidade – e, antes de mais, para esclarecer as razões que me levaram a escrevê-lo.

Até posso começar por aqui: pelas razões.

Sempre tive curiosidade e interesse pela nossa riquíssima Língua. Sou praticante diário da consulta de Dicionários e Prontuários, espiolhando e analisando alguns fenómenos curiosos do uso do Português e descobrindo palavras e expressões pitorescas, algumas pouco conhecidas, outras conhecidas de mais – como, por exemplo, os lugares-comuns. Foi, aliás, a partir destes, e animado pela graça que encontro em muitos deles, que me deu para começar a seleccionar os temas que acabaram por formar o livro.

Não é uma Gramática, nem um Tratado, nem um estudo exaustivo, com análises minuciosas sobre fenómenos da Língua Portuguesa. Nada disso!... Não é uma obra profunda; é um simples apanhado de curiosidades com as quais costumo divertir-me (porque a Língua Portuguesa dá para a gente se divertir, sobretudo quando é mal usada). Aliás, os aspectos cómicos da sua utilização até são os que preenchem mais páginas do livro, como poderão verificar. Daí que não vale a pena procurarem nele explicações e definições eruditas. Não sou um Gramático, nem um Linguista, nem um Filólogo. Sou um Curioso que gosta da nossa Língua – e que se diverte com alguns dos seus aspectos mais divertidos.

Outra das facetas da obra, que vale a pena realçar, é que não se trata de uma simples listagem de frases curiosas, de provérbios, de anexins, de conceitos populares e coisas semelhantes. Disso já há bastantes exemplos, aí pelas prateleiras das livrarias e dos alfarrabistas. Neste livro, faço comentários em relação a slguns exemplos apresentados, tentando explicar, segundo o meu ponto de vista, as suas origens e os seus significados. Esse foi o ponto de partida, o motivo e o interesse do livro – para mim, que o fiz, e espero que também para si, que o lê.

Esclareço ainda que todo o texto foi escrito segundo as regras que aprendi nas Escolas que frequentei, e que são anteriores ao tão discutido Acordo Ortográfico que anda por aí a ser defendido por muitos e contestado por outros tantos. 

Mas, repito, a obra foi feita sem intenções didácticas ou professorais. Apenas com algum Humor.

Portanto, estamos entendidos: neste livro, e no que respeita a características científicas e técnicas – deixo a Língua de fora...    




COMUNICAÇÃO E SUAS VARIANTES

...E, no entanto, aqui vai um bocadinho de erudição – mas muito simplificada, nada de matéria complexa, apenas a que é essencial para se perceberem alguns dos fenómenos citados.

Dispomos, actualmente, de meios de Comunicação cada vez mais avançados e sofisticados – o que, paradoxalmente, não significa que as pessoas comuniquem melhor...
           
A Comunicação é um campo vastíssimo, do qual me limitarei a referir alguns casos que têm a ver (há quem diga "que têm a haver"...) com a Comunicação Verbal, com a Comunicação Escrita e, em particular, com a Comunicação por Internet

Além destas, como sabem, existem outras variantes, como, por exemplo, a Comunicação Não Verbal, que se pratica através das atitudes, dos gestos, das expressões faciais, das posições do corpo, etc. É, aliás, um capítulo fascinante, que costuma dar origem a situações muito curiosas, pela contradição que, às vezes, existe entre aquilo que se diz e aquilo que realmente se quer dizer...

Por exemplo: um rapaz, na força da sua viril adolescência, pede um beijo (ou algo mais atrevido...) a uma rapariga. Ela fica um pouco embaraçada (embora, actualmente, este tipo de reacção seja cada vez menos frequente), baixa os olhos e diz: – Nem pensar... Se o rapaz for ingénuo, pode concluir que se trata de uma resposta negativa. No entanto, a postura da rapariga poderá contrariar por completo as suas palavras. Estas dizem: – Não – ao passo que toda ela, na atitude e na expressão corporal, poderá estar a dizer: – Avança e beija, de que estás à espera?...

 Outro exemplo: um Político discute com outro Político, de cujas ideias discorda completamente. No entanto, o protocolo e as "boas maneiras" obrigam-no a tratar o seu interlocutor com urbanidade e, por isso, dir-lhe-á coisas como esta:Vossa Excelência tem uma evidente lacuna cultural e está a proferir uma inverdade!... Ora, em linguagem comum, diria, mais simplesmente:Você está a mentir, seu burro!...

Estes casos de Comunicação Não Verbal, ou, quanto ao segundo exemplo, de Comunicação Verbal Mascarada, são muito curiosos, mas não é este o tema central desta obra, e só os mencionei para efeitos de comparação com outros, sem esquecer que, em qualquer tipo de Comunicação, a Mensagem que se pretende transmitir passa por diversas fases, desde o Emissor (Eu) até ao Receptor (o Outro). Essas fases podem sintetizar-se da seguinte forma:





1. - A MENSAGEM (aquilo que Eu pretendo transmitir)

2. - O QUE SE DIZ OU ESCREVE (a forma como Eu digo ou escrevo a Mensagem que pretendo transmitir)
3. - O QUE SE RECEBE (aquilo que o Outro ouve ou lê, da Mensagem que Eu disse ou escrevi)

4. -  O QUE SE COMPREENDE (aquilo que o Outro entende, da Mensagem que Eu disse ou escrevi)

5. - O QUE SE GUARDA (aquilo que o Outro retém, na sua memória, da Mensagem que Eu disse ou escrevi).

Se analisarem com atenção a sequência destes fenómenos por que passa uma Mensagem, hão-de verificar que se trata de algo muito mais complicado do que parece à primeira vista!

Mesmo uma ideia muito simples, se não for transformada numa Mensagem (oral ou escrita) que seja fácil de elaborar e, depois, de entender, pode acabar por ser compreendida de forma completamente errada pelo Outro, o tal que a recebe, mas, se calhar, não a compreende, e muito menos a guarda na sua memória.

É por estas e por outras (aqui está um lugar-comum, ou melhor, uma frase feita...) que a Comunicação dá origem a tantos equívocos – por não ser bem tratada, por ser confusa, ou por ser elaborada por quem não domina a Língua e se serve constantemente de bengalas ou bordões da fala, de frases feitas, de lugares-comuns, de calões profissionais, etc.,






A "VERDADEIRA" LÍNGUA PORTUGUESA

Afinal, qual é a verdadeira Língua Portuguesa, original e puríssima, aquela que deve servir de paradigma e de modelo? A que se falava em Coimbra, no século XIX? (Dizia-se então que em Coimbra se falava o Português mais correcto, por influência da Universidade). Outra língua, mais antiga, do tempo de Camões? Ou ainda outra, mais lá de trás, do tempo de D. Dinis? Ou seria preciso recuar até à fundação da nacionalidade, e falar como D. Afonso Henriques?... Talvez, mas é difícil saber como ele falava, na realidade. Talvez um dialecto galego, quem sabe, misturado com termos franceses, por influência paterna... Levando a pesquisa até onde é possível, teríamos de aceitar que a Língua Portuguesa se baseou na variante Latina que os Romanos aqui usaram, bem misturada com o Árabe e com termos provenientes de uma grande variedade de dialectos, utilizados pelos sucessivos invasores e ocupantes antigos destas terras... Quer isto dizer que uma Língua Portuguesa puríssima, original, única, que sirva de padrão e de base à nossa actual Gramática, à Sintaxe, ao Vocabulário que usamos todos os dias – é coisa que não existe! Século após século, influência sobre influência, a Língua foi-se moldando aos tempos e às circunstâncias. E nunca parou de mudar. Muda ainda hoje, todos os dias, à medida que novas palavras, novas expressões, neologismos, estrangeirismos, modas, até mesmo novas gírias e novos calões profissionais, vão entrando nela.

A Língua não se mantém estática. Se fosse possível, humana e tecnicamente, fazer num único dia de trabalho, um Dicionário perfeitamente actualizado da Língua Portuguesa – esse trabalho iria para o lixo logo na manhã seguinte, porque, durante a noite, já teriam aparecido novos termos e novas expressões, que causariam a sua imediata desactualização!

Óbvia é a constatação de a nossa Língua ter sido invadida, nos últimos tempos, por uma variada colecção de palavras e expressões provenientes da Informática, sublinhando assim a importância que as novas tecnologias vão tendo na nossa vida. Os velhos Gramáticos, os Puristas, sempre irritados com a substituição do Português antigo por "modernices" que os escandalizam, refilam contra esta invasão – tal como, noutras épocas, já refilaram contra a moda dos francesismos, dos inglesismos e outras incursões estranhas na sacrossanta Língua Pátria. Alguns escritores, hoje considerados clássicos, fartaram-se de ser atacados por causa dessas "traições contra a pureza da Língua". Quem hoje se delicia com a prosa de Eça de Queiroz, frequentemente recheada com saborosos termos afrancesados, mal imagina os ataques que ele suportou, na sua época, por causa desses atrevimentos que chocavam os Académicos de então.

Devo dizer que não vejo nenhum inconveniente na inclusão de palavras, vindas de fora, na Língua Portuguesa. Penso que isso apenas a enriquece. Por outro lado, a luta contra essa invasão é uma luta perdida – porque, por mais que os Puristas reclamem e esbracejem contra esse ataque à desejada pureza do Português, não há nenhum decreto, nem ninguém, que consiga travar tal fenómeno. A atitude mais sensata é aceitá-lo como coisa natural – e conviver calmamente com ele.


Pronto (ou prontos!, como preferirem e tão frequentemente se usa), termino aqui este intróito, preenchido com uma abordagem muito sumária à teoria básica da Comunicação e com considerações muito genéricas, avançando para a frente (tautologia) com os temas que compõem esta obra, com algum destaque para os lugares-comuns

Por vezes, estes, os lugares-comuns confundem-se com outras expressões mais ou menos pitorescas, como os provérbios ou ditados populares. Irão encontrá-los num capítulo separado.

Noutros capítulos, haverá uma abordagem à linguagem Informática, aos palíndromos, aos calões profissionais e a outras esquisitices várias da nossa esquisita Língua. 





                                  

Se fosse possível, humana e tecnicamente, fazer num único dia de trabalho, um Dicionário perfeitamente actualizado da Língua Portuguesa – esse trabalho iria para o lixo logo na manhã seguinte, porque, durante a noite, já teriam aparecido novos termos e novas expressões que causariam a sua imediata desactualização!

 

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