21/12/2012

OS CÓMICOS - "NATAL DE BRINCADEIRA"


O Natal, ao contrário do Carnaval, não costuma ser época de brincadeiras… Bem, a não ser, é claro, aquelas com que os papás dos meninos costumam entreter-se, todos contentes, a brincar com as prendinhas que ofereceram aos filhos, aqueles fascinantes jogos electrónicos, ou mesmo os clássicos comboios eléctricos, que são tão giros, talvez mesmo mais giros para eles do que para os miúdos… Mas, enfim, tirando esses episódios pontuais, o Natal é mais para as ternurinhas familiares, para uma ou outra lágrima discreta pelos ausentes, para muita música jinglebells-jinglebells-jingle-all-the-way  e por aí adiante… Costuma ser assim, todos os anos. Desta vez, porém, o ambiente mudou bastante. O que não falta por aí são anedotas e trocadilhos, a propósito do nome de um dos famosos Reis Magos, os tais que vieram lá de longe, trazendo as prendas místicas, constituídas por mirra, incenso e euros… Muito se tem discutido este tema dos três reis, havendo quem opine que não senhor, não houve rei nenhum, teria sido tudo inventado para enfeitar a história do Natal, e que as ofertas se teriam limitado a um pouco de leite de cabra ou de ovelha, nem sequer pasteurizado, oferecido por uns pastores que por ali andavam… Fosse como fosse, e como ia dizendo, o nome atribuído a um dos três Reis tem-se prestado a piadas mais ou menos apropriadas. Os nomes de Baltazar e Melchior não suscitam qualquer comentário, são aceites com toda a naturalidade. Já o nome de Gaspar, esse é diferente, e vem mesmo a calhar para as piadas mais acutilantes e mais venenosas. Diz-se que Gaspar não veio oferecer coisíssima nenhuma – pelo contrário, veio sacar tudo o que pudesse àquela pobre família da classe média-baixa, ali apanhada, por acaso, perto de Belém, que é local com significado obscuro e ameaçador… Assim, enquanto alguns engraçados profissionais comparam as ofertas dos Reis Magos às tranches generosas que um FMI avant la lettre forneceria a uma gente endividada até às solas das sandálias, outros afirmam que esse terrível Gaspar retiraria com as suas duas mãos o que as quatro mãos dos outros dois colegas tinham oferecido generosamente… Enfim, piadas mais ou menos graciosas, de um estilo que já não se praticava desde os saudosos tempos das revistas do Parque Mayer…
Tudo isto que foi aqui referido situa-se, no entanto, a grande distância, em termos humorísticos, das piadas que têm corrido mundo, com difusão muito maior que estas larachas à portuguesa curta, sobre um outro pormenor, relacionado com o Natal – que deixou estupefactos, entre outros, todos os fabricantes mundiais de presépios! É que (afirmou-o quem deve saber destas coisas) no presépio original em questão, isto é, nesse estábulo, ou curral, ou estrebaria, que são os sinónimos de presépio que vêm nos bons dicionários… não teria existido nenhuma vaca, nem nenhum burro! Isto veio criar uma perturbação imensa nos espíritos de muita gente – principalmente, repito, entre os fabricantes, que vêem assim diminuído o número de bonecos a executar para compor os presépios que vendem por esta época! Houve quem levasse tudo isto à conta de brincadeira, mas parece que não, que é mesmo assim, cientificamente provado e dito por quem sabe…
Uma piada leva à outra: já há por aí quem diga que, sim senhor, chegou a haver vaca e chegou a haver burro – e que foi o Gaspar que os levou, para amortizar a dívida soberana… Sei lá, diz-se tanta coisa…   
            

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