17/03/2012

O EROTISMO A NU - De "KÂMA-SÛTRA" a "LEITO"

K

KÂMA-SÛTRA – Tratado, escrito pelo sábio indu Vâtsyâyana, em que o prazer sexual é considerado como o símbolo da beatitude suprema e um dos meios de atingi-la. Esta obra pretende explicar, com clareza, o erotismo (tendo em vista que a curiosidade sexual mal satisfeita é uma das causas principais da perversão mental), e conduzindo à fruição do sexo, de uma maneira sã. Contém capítulos específicos, como a “Arte de ganhar a confiança da sua mulher”, analisando a “Forma de abordar a recém-casada”, “Necessidade de ganhar o amor da mulher antes de ter com ela relações conjugais”, “O beijo”, “As relações íntimas”, “A titilação dos seios”, “A manipulação”, e outros. O capítulo “Classificação das uniões sexuais” compreende instruções sobre “Os dois aspectos da união sexual, classificação segundo as dimensões dos órgãos, os diversos géneros de união que justificam o tamanho, a natureza das paixões e a sua duração, e quatro categorias de gozo sexual”. No capítulo sobre “A arte de abraçar” fala-se dos “sessenta e quatro acessórios” para as relações, e de como abraçar durante o coito, as pressões e outras técnicas agradáveis. Outros capítulos tratam da “Arte e técnica do beijo”; “Atitudes durante a comunhão sexual – três atitudes em união estreita, quatro atitudes em união frouxa, outras atitudes durante a união sexual, atitude em que a mulher volta as costas ao homem, atitude da caça ou dos quadrúpedes, coito em grupo nas sociedades matriarcais”; “Inversão das atitudes nomais – em que se fala das formas de a mulher poder jogar um papel activo, como se revelam os sinais do aumento da paixão da mulher, dez formas de introdução do pénis, três formas de inverter atitudes”; “Conduta a observar antes e depois das relações sexuais”, e vários outros temas que fazem deste tratado, traduzido há séculos em todas as línguas, uma obra fundamental para orientação, não só dos ignorantes absolutos em questões sexuais, mas dos que pensam possuir vasta experiência na matéria, mas encontram, neste livro, novas e inesperadas sugestões.
            Todos os temas do Kâma-Sûtra estão representados, sob a forma de esculturas medievais, extraordinariamente explícitas, nos templos de Konarak, Pataliputra, Khajurâho, Bhuvanechouar ou Puri, em que se manifesta a supremacia de Shiva  (ou Siva, divindade da Fecundação, a qual, juntamente com Brama, o Criador, e Vixnu, o Conservador, integra a suprema trindade do hinduísmo). É neste livro e nestes templos que se misturam a vida espiritual e a emoção erótica dos hindus, elevadas a alturas verdadeiramente singulares. 


L

LÁBIA – Manha, palavreado, ronha, conversa, para convencer gente ingénua. “Ter muita lábia” é ser capaz de levar alguém a acreditar nas boas intenções do bem-falante, que nem sempre são tão genuínas como parecem. A expressão é muito usada no processo da conquista amorosa, quando se argumenta, por exemplo: “Ele tem muita lábia, diz que quer casar com ela, mas só quer levá-la para a cama!”...

LÁBIOS – Partes exteriores da boca, também conhecidas por “beiços”. Há outros lábios, situados noutro local do corpo da mulher, que são os grandes lábios e os pequenos lábios, existentes, respectivamente, no exterior e no interior da vagina. Mas estes, aqui referidos, são os que formam a boca, e que têm um papel importante nos jogos amorosos – tanto no beijo como nas diferentes modalidades do “sexo oral”, o fellatio ou o cunnilinctus. Um dado geralmente aceite é o de que um indivíduo com os lábios grossos revela tendências eróticas mais elevadas que uma pessoa com lábios finos – mas não há provas científicas de tal facto, e abundam os exemplos de gente que parece nem ter lábios, tão apertados eles são, e revela, inesperadamente, um temperamento vulcânico durante os actos amorosos em que intervém. 

LACRIMEJAR – Choramingar. Situação, menos evidente do que o choro, em que alguém deixa escapar uma ou outra lágrima, talvez mais para impressionar os circunstantes do que para mostrar verdadeiro desgosto ou pena. Artifício muito usado em velórios e funerais.

LÁGRIMAS – Gotas de humor lacrimal. Choro, pranto, que se manifesta, tanto em situações de desgosto como em ocasiões de alegria – pelo que é difícil de distinguir lágrimas verdadeiras das chamadas "lágrimas de crocodilo". Estas são definidas como lágrimas fingidas, usadas para tentar impressionar os circunstantes, mas sem corresponderem a algum sentimento real de dor ou de pena. Profissionalmente, este tipo de lágrimas é usado pelas “carpideiras”, pessoas que, em certas circunstâncias, são contratadas e pagas para chorarem abundantemente, com gritos lamentosos e braços no ar, dando um tom mais dramático ao acontecimento e transformando-o numa boa tragédia. Chora-se muito em funerais e missas de defuntos – mas, curiosamente, não se chora menos em casamentos, baptizados e outras cerimónias que, por definição, deviam ser alegres.
Existe uma variedade botânica de lágrima, a lágrima-de-sangue, que é uma planta também conhecida pelo nome de “casadinhos” – o que talvez seja uma subtil alusão à choraminguice que é uma constante em certos matrimónios...

LAMBAREIRO – Comilão, lambão, glutão – mas também se chama assim o indivíduo que dá à língua, ou seja, o tagarela mexeriqueiro. Não confundir com o que dá à língua noutras circunstâncias e em certos actos em que, por princípio, fica impedido de falar.

LAMBER – Uma das técnicas mais usadas nas práticas libidinosas. Usar a língua para saborear o corpo da pessoa amada, em todos os seus recantos, principalmente os mais íntimos, é um dos prazeres mais requintados entre os actos do amor físico. Há quem o prefira em substituição de outros prazeres mais convencionais, e quem faça do acto de lamber a única forma de satisfação plena. Tal opção é de respeitar, pois todos os prazeres são legítimos, excepto, naturalmente, os que prejudicam ou maltratam outras pessoas – o que não acontece, supõe-se, neste caso, a não ser que se verifique o fenómeno da chamada língua-de-pau, tão dura que chega a arranhar.

LAMBISGÓIA – Nome habitualmente aplicado, por uma esposa traída, à rival que lhe roubou o marido traidor. Há outros nomes piores, mas este é, sem dúvida, o mais tradicional, na língua Portuguesa. Designa-se assim uma mulher intrometida e mexeriqueira, cujo assassinato chega a ser seriamente encarado.

LAMBUZAR – Pode ter um sentido negativo, como sinónimo de “sujar” ou de “emporcalhar”, mas também pode ter um significado um pouco menos duro, quando se refere a lamber, já que este acto pode até contribuir para a limpeza de certos locais do corpo humano que, em certos casos, não são lavados com a frequência desejável. Então, nestes casos, lambuzá-los até pode considerar-se um “acto higiénico”.  

LAMECHA – Significa “piegas”, “pateta”, “baboso”, mas esta designação também se usa com o sentido de “namorado ridículo”, ou seja, aquele choramingas que nenhuma mulher leva a sério, nenhuma mulher aprecia – e nenhuma mulher quererá levar para a sua cama.

LÂMINA – Pequena folha de metal fino, cortante, que os homens usam, entre outras finalidades, para rapar os pêlos da cara ("lâmina de barbear") e as mulheres usam para rapar os pêlos das pernas – embora esta última utilização não seja recomendável, pois os pêlos voltam a nascer, e com maior força (é preferível usar cera depilatória, ou outro processo mais radical). Além disso, como as mulheres, frequentemente, usam as lâminas de barbear dos maridos sem lhes dizerem nada, estes ficam muito zangados quando pretendem barbear-se e descobrem que a lâmina já não corta nada, porque foi usada, por exemplo, para cortar pêlos púbicos...

LAMÚRIA - Choradeira mais ou menos lamentosa, destinada a comover as outras pessoas, sem que isso signifique obrigatoriamente a existência de fundamentos para o choro. Método muito usado para massacrar os circunstantes, até os convencer da veracidade das queixas apresentadas.

LÂNGUIDO – Estilo mórbido, dengoso, frouxo e flácido, mas que, curiosamente, atrai algumas pessoas, convencidas de que tal característica corresponde a tendências voluptuosas. Descobrem depois que corresponde a um estado de espírito e de corpo que mais propriamente se pode definir como “murcho”.

LANTEJOULAS – Palhetas metálicas brilhantes, para enfeitar trajos, por vezes modestos e desengraçados, mas que, com estes artifícios, ficam a parecer riquíssimos. Muito usadas no mundo do espectáculo, em que é preciso “encher o olho” do espectador, com um brilho falso e barato – mas também, simbolicamente, na vida social, em que as pessoas se enfeitam e se exibem com cintilações que depois se revelam enganosas.      

LAQUEAR – Tem dois sentidos: “aplicar laca”, coisa que muita gente faz aos cabelos, para manter os penteados fixos, sem madeixas desarrumadas; e “ligar” uma artéria cortada ou ferida. Neste último exemplo, pode citar-se a “laqueação das trompas”, operação delicada cuja finalidade é evitar que as mulheres possam ter filhos. É uma operação que vulgarmente se recomenda quando a família já é muito numerosa e começa a faltar verba para criar e alimentar tantas bocas... E é aí que surgem as “bocas” (agora em calão: “piadas”, “sugestões foleiras”) para que se use uma solução radical e assim se ponha travão ao excesso de filharada. 

LAR – Em tempos mais antigos, o lar era a parte da cozinha onde se acendia o fogo para cozinhar. Era a lareira. Desse elemento, do calor do fogo, junto ao qual se reunia a família, para as refeições e para o convívio, partiu-se para uma definição mais social: o lar é a casa, a residência onde a família habita. É, por isso, um elemento muito importante na vida familiar; daí as preocupações em possuir um lar seguro, confortável – e, de preferência, com uma renda, ou uma prestação de compra, o mais baixa possível... Um lar estável pressupõe, não apenas um bom ambiente físico, mas, também, um bom ambiente familiar, sem o qual se transforma num local odioso – o que pode ser provocado por causas de toda a ordem, entre as quais ressaltam, muitas vezes, os problemas sexuais: incompatibilidades na cama, ciúmes, adultério, etc., que o transformam facilmente num lar desfeito.   

LASCA – Durante séculos, esta palavra referia-se a um fragmento, um estilhaço de qualquer material: madeira, pedra, metal. No século XX, porém, passou a designar uma mulher excepcionalmente bonita e bem feita. A expressão “Que grande lasca!” entrou na gíria corrente e nunca mais de lá saiu...

LASCÍVIA – Sinónimo de luxúria, impudicícia, voluptuosidade, concupiscência, libidinagem, sensualidade. Esta palavra implica uma excitação sem medida, muito profunda e muito absorvente. Mas, no fundo, todas estas expressões definem praticamente o mesmo: esse impulso universal que leva todos os homens e mulheres deste mundo a praticarem sexo e a darem ao erotismo um papel essencial nas suas vidas.

LATA – Mais uma palavra com dois significados completamente diferentes. Por um lado, é uma folha de ferro estanhado, relativamente delgada; ou uma caixa feita desse material, onde se guardam coisas: a "lata do pão", a "lata das bolachas", a "lata do chá", etc. Por outro lado, e em gíria corrente, significa “descaramento”, “desplante”, como, por exemplo, na frase “Ela tem cá uma lata para nos tentar convencer que ainda é virgem!...”

LATAGÃO – Mocetão ou homem de grande estatura. Muitas mulheres ficam emocionadíssimas à vista de um homem grande. Mas, por vezes, ao tamanho dos músculos visíveis não corresponde o tamanho de partes invisíveis à primeira vista, pelo que um grande latagão pode revelar-se uma grande decepção. Alguns dicionários apontam-lhe como sinónimo o termo “durão”, mas deve ser exagero...

LATINO – Homem que descende dos antigos Romanos do Lácio, e que tem características próprias bem marcadas: moreno, corpo bem talhado, olhos e cabelos escuros, nariz aquilino, boca sensual. Muito apreciado pela generalidade das mulheres, sobretudo as nórdicas e saxónicas, pelo contraste com os homens dessas latitudes, mais louros e mais frios. Daí o êxito do chamado "macho latino", que se tornou uma figura quase mítica, que toda a turista, de espírito e corpo aberto, anseia encontrar, nas suas “férias quentes” de cada Verão.

LAVABO – Tecnicamente, um lavabo não é mais que um “lavatório”, isto é, um depósito de água com uma torneira, para lavagens parciais (para a lavagem total, existe a “banheira” ou o “duche”). Também se chama assim a um “toalhete” ao qual se limpam as mãos. Mas o significado da palavra extravasou destas aplicações mais comuns, e chama-se lavabo, correntemente, a uma “casa-de-banho”, onde, evidentemente, se fazem outras coisas, além de lavar simplesmente as mãos. Quando se pergunta, ao empregado do restaurante: “Onde fica o lavabo?” – toda a gente sabe que se poderia perguntar, mais pragmaticamente: “Onde posso fazer chichi?”...

LAVAR – Limpar com água (e, geralmente, com algo mais, que pode ser sabão, sabonete, detergente ou qualquer outra coisa do género, que ajude à limpeza). Uma lavagem pode ser geral, significando que se “toma banho”; ou parcial (lavar as mãos, lavar os pés, lavar as “partes pudendas” (v. bidé). Não é apenas a higiene que aconselha as pessoas a lavarem-se, antes e depois de uma sessão amorosa. Antes, porque é aconselhável e importante a eliminação prévia de suores, sujidades e cheiros indesejáveis, assim como são aconselháveis todos os cuidados com as partes que vão estar em contacto. Depois, porque o bem estar que isso proporciona é muito relaxante, além de ser saudável.

LEDA – Filha do rei Thestios, que participara na expedição dos Argonautas, casou com Tyndaro, rei de Esparta, que exibia no seu palácio uma estátua de Vénus com os pés amarrados, numa alusão à fidelidade das mulheres, que exigia ser bem resguardada. Isso não impediu Leda de ser seduzida por Júpiter, que lhe surgiu sob a forma de um belíssimo cisne de brancura imaculada, que voava nos céus, perseguido por uma águia, e que veio refugiar-se nos seus braços. Leda acolheu-o, encantada, e não se surpreendeu quando o cisne lhe falou, dizendo que queria conceber com ela dois filhos tão brilhantes que viriam a servir de guias aos marinheiros perdidos nos oceanos. Para surpresa geral, Leda pôs no mundo dois ovos e, de cada ovo, surgiu um par de gémeos: de um deles, Pollux e Helena; do outro, Castor e Climenestra. Os dois rapazes tornaram-se inseparáveis e os seus nomes são lembrados nas estrelas que os evocam: a constelação dos Gémeos. A lenda de Leda e o Cisne foi abordada em inúmeros quadros, de autores tão conhecidos como Leonardo da Vinci, Miguel Ângelo, Correggio, Veronese e muitos outros. Acredita-se que a história terá sido inventada pela bela Leda, para justificar o nascimento de Castor e Pollux, Helena e Climenestra, que seriam filhos de um misterioso amante. Mas também se levantaram outras versões, em memória de um tempo em que as pessoas não se coibiam de amar certos representantes, mais atraentes, do reino animal...  (v. Bestialidade). 

LEGAL – O que está dentro da lei. Tudo o que está coberto por regulamentos, normas, decretos, estatutos, que sejam impostos à sociedade e por ela aceites. Um acontecimento ou um facto pode, inclusivamente, não ter fundamento moral e, até, ferir sentimentos e ir contra hábitos e tradições – mas, se houver uma lei que o justifique, terá que ser aceite como legal. A frase latina “Dura lex, sed lex” (“A Lei é dura mas é Lei”) é bem expressiva desta forma de analisar e julgar os factos.

LEGÍTIMO – O que está fundado no direito e na justiça. Durante muito tempo, chamou-se filho legítimo àquele que tinha nascido como fruto de um casamento; por outro lado, o que tivesse nascido de uma união diferente do matrimónio era um filho ilegítimo. Aliás, a própria união entre pessoas só era considerada legítima se tivesse existido previamente esse casamento. Senão... eram amantes. E, no tempo em que estas distinções eram muito importantes na vida social, os amantes não eram bem recebidos nas casas e nas famílias chamadas “sérias” – a não ser, curiosamente, nas de extracto social mais elevado, onde essas coisas eram vistas com muita complacência e aceites com bastante desprendimento. Já nas famílias mais pobres, ter uma ligação ilegítima era considerado inaceitável e chocante, sendo um exemplo de como os “maus costumes” contribuíam para a dissolução dos valores morais da sociedade...
            No feminino (legítima), trata-se da parte de uma herança que a lei reserva para certos herdeiros e de que, por isso mesmo, não se pode dispor livremente. 

LEI – Preceito obrigatório. Norma de direito, ou de moral. As chamadas "leis escritas" são as que são produzidas pelo poder legislativo, sendo depois publicadas oficialmente, e cujo cumprimento é obrigatório, não podendo alegar-se o seu desconhecimento. Quem as não cumprir é castigado. No vastíssimo campo abarcado pelo Erotismo, pelo Sexo e por tudo o que lhes está adstrito, existe um número incontável de leis, muito variadas e específicas, desde as que regulamentam casamentos, divórcios, etc., às que proíbem certos actos sexuais, como é o caso, por exemplo, das relações com menores, passando pelas que interditam os bordéis, como acontece em certos países (ou os toleram e regulamentam, como acontece noutros). A sua quantidade e variedade são grandes.

LEITE – Líquido branco, produzido pelas fêmeas dos mamíferos, e que é fornecido através das mamas, que as crias chupam, para se alimentarem. Além das crias, há quem, já adulto, imite o que fazia na infância, recordando como se mamava nesses tempos – embora já não o faça com a antiga intenção de obter leite. Chama-se "irmão de leite" a alguém que foi amamentado com o leite da mesma ama (portanto, da mesma mama).

LEITO – O mesmo que cama, com uma designação ligeiramente mais nobre. Quando alguém diz que “vai recolher ao leito”, isso quer dizer, geralmente, que “vai dormir” – ao passo que, se diz que “vai para a cama”, sobretudo se vai acompanhado, isso pode significar que é muito capaz de ficar acordado, pelo menos durante algum tempo...

15/03/2012

O EROTISMO A NU - De "INSENSIBILIDADE" a "JURA"

INSENSIBILIDADE – Estado de impassibilidade e de indiferença, talvez até de apatia. A um homem insensível chama-se “duro” – mas, se essa dureza se manifestasse em certos aspectos físicos, isso até podia ser interessante para a sua parceira... Não será o caso. Pode, mesmo, confundir-se a insensibilidade com a frigidez, coisa muito negativa, dentro do campo da sexualidade.

INSTINTO – Impulso natural, independente da vontade. Toda a civilização está construída à volta do instinto sexual, que condiciona a moral, além de muitos outros aspectos da nossa vida, como as artes e, até, a economia. É esse instinto que dá origem à reprodução da espécie, fazendo aproximar o macho da fêmea (ou, em certos casos especiais, o macho do macho e a fêmea da fêmea, situações em que, obviamente, não existe a tal reprodução). Como “prémio” por esse tipo de acção, o sexo oferece, a quem o pratica, o bónus do prazer, o que o torna uma das actividades mais aliciantes da Humanidade.

INTENÇÃO – É curioso o significado que, na vida social, e durante muitas gerações, foi atribuído às chamadas intenções – significando o objectivo que estava na mente das pessoas, relativamente ao casamento. Assim, perguntava-se, ao rapaz que namorava uma rapariga, se ele tinha “boas intenções”, isto é, se tencionava mesmo casar com ela. Uma variante desta dúvida estava contida noutra forma de elaborar a pergunta, que seria: “Esse namoro é para casar, ou prò que é?”. Muitas vezes, a resposta subentendida revelaria que a intenção verdadeira estava no “prò que é”...    

INTERESSE – Elemento muito difícil de definir, dentro do campo do sexo, do erotismo e da atracção entre as pessoas. Ter interesse por alguém pode significar coisas tão diversas como amá-la platonicamente ou desejar ir com ela para a cama. O interesse pode ser de ordem espiritual, cultural, físico, sexual, ou outro qualquer. Uma mulher, ou um homem, podem ser considerados interessantes por alguém, devido a factores específicos que impressionam esse alguém, mas que não impressionam minimamente outra pessoa.

INTERESSEIRO – Aquele que atende principalmente aos seus próprios interesses, e pouco ou nada aos interesses dos outros. Egoísta. Pessoa que manifesta, aparentemente, um grande amor por outra, para se aproveitar da sua riqueza e usá-la em proveito próprio – aquilo a que os Brasileiros chamam, pitorescamente, “o golpe do baú”. É o caso típico da rica herdeira de uma grande fortuna, assediada por um malandro que se mostra muito carinhoso com ela, mas apenas pretende ter acesso ao seu dinheiro...

ÍNTIMO – O que está muito dentro, o que é profundo. Aquilo que está no mais fundo da nossa alma ou da nossa consciência, e que é difícil de revelar, a não ser àqueles a quem consideramos "amigos íntimos". Ter intimidade com alguém significa ter um relacionamento muito chegado, que pode ir até à partilha de casa e cama.

INTOLERANTE – Pessoa intransigente, que não admite liberdade de escolha, por exemplo, no que respeita a moral, religião ou política. Pode atingir extremos de fanatismo. As opiniões dos outros só são aceites se concordarem com as suas, que são, em geral, muito limitadas a padrões clássicos e antigos. Em matéria sexual, um intolerante não admitirá, nem em pensamentos nem em actos, as práticas que ele considere contrárias às suas ideias feitas. Por exemplo, poderá advogar que a única modalidade admissível para o coito será a posição chamada do missionário, e não aceitará, nem em sonhos, a ideia de praticar uma modalidade que tanta gente pratica: o sexo oral

INTOXICADO – Em sentido físico, significa “envenenado”. Num conceito mais amplo, refere-se a alguém que tem ideias ou pensamentos perturbadores da normalidade do seu discernimento, a tal ponto que nem distingue o real do imaginário. Também pode significar, em sentido mais restrito, um estado de fixação amorosa numa pessoa, com aspectos que podem tornar-se doentios.

INTRIGA – Enredo que, em termos amorosos, pode envolver mexericos, bisbilhotices, ciladas, traições e maquinações, mais ou menos graves. É o campo preferidos das alcoviteiras, que se servem de tais meios para cumprirem as suas tarefas facilitadoras de encontros amorosos. Mas também pode ser a arma daqueles ou daquelas que pretendem destruir uma relação com a qual não simpatizam ou não concordam, arranjando esquemas tendentes a complicar esse relacionamento, até conseguirem acabar com ele.

INTRODUÇÃO – Acto de introduzir ou inserir. No acto sexual mais clássico, o coito, refere-se à introdução do pénis na vagina. Mas este, como se sabe, pode ser introduzido noutros locais, como acontece na introdução anal, na mulher ou no homem; ou na boca, como no fellatio; já sem falar de outros locais menos comuns, como acontece no sexo com animais, ou com frutos, ou com objectos das mais diversas e inesperadas espécies. A introdução do pénis entre as mamas da mulher é considerada por muitos como altamente erótica. Mas, para além do órgão masculino, pode falar-se da introdução de objectos como os vibradores, ou de outros variadíssimos godemichés, bem como de objectos de todo o tipo, que vão desde gargalos de garrafas a maçanetas de portas, num imenso rol de soluções a que a inesgotável imaginação erótica dos homens e mulheres consegue recorrer. 

INTUMESCIDO – Também pode dizer-se “inturgescido”, referindo-se, em qualquer caso, àquilo que incha e aumenta de volume. Perante uma estimulação de carácter sexual, órgãos como o pénis e o clítoris ficam intumescidos, portanto preparados para cumprirem as suas respectivas funções. Aliás, sem essa intumescência, o homem não conseguirá executar a introdução do seu pénis na vagina da mulher, com todas as consequências que isso acarreta para o fracasso da relação, assim frustrada.

INVENTIVO – Diz-se daquele que é capaz de imaginar artifícios de todo o tipo para aumentar o seu prazer sexual, o que pode incluir quase tudo, desde as inúmeras posições possíveis até à panóplia de objectos auxiliares das manobras eróticas a desenvolver. A imaginação tem um papel importantíssimo numa relação amorosa, evitando um dos seus maiores perigos, que é a rotina. Sobretudo quando essas relações duram muitos anos, é inevitável que se caia na repetição sistemática das formas de fazer amor. Porém, se pelo menos um dos parceiros for suficientemente inventivo para ir introduzindo algumas novidades, são grandes as probabilidades de fazer perdurar o interesse mútuo durante muito tempo. Aliás, trata-se do mesmo princípio que se aplica a todas as actividades humanas, mas que é particularmente importante em tudo o que tem a ver com a sensualidade.

INVERTIDO – Palavra que designa a pessoa com inclinação sexual para com outro indivíduo do mesmo sexo. Actualmente, o termo está a cair em desuso, substituído por outros, como homossexual (mais “técnico”), ou gay (mais divertido). A palavra invertido foi, e ainda é, frequentemente, usada como designação depreciativa, por pessoas com ideias mais convencionais sobre o sexo e as suas variantes. Ainda há quem acredite que um invertido é um “doente”, com uma “enfermidade” que poderá ser “curada” por processos psicológicos ou medicamentosos. Ou então, e como último recurso – à força, com a ajuda de processos “mecânicos”, tais como uma boa tareia...


J

JEITOSO – É o rapaz, ou o homem, que, aos olhos de uma mulher, tem bom aspecto e boa figura, é atraente, e não fica nada mal ao lado de qualquer uma. Até pode não ser bonito, mas terá características que agradam logo à primeira vista. Existe uma variante menor, menos impressionante, mas ainda assim com algum interesse, que é o jeitosinho. Designações idênticas, no feminino, podem aplicar-se às raparigas e às mulheres, que também podem classificar-se como jeitosas ou jeitosinhas, conforme o grau de interesse que despertam.

JEJUM – Abstinência, total ou parcial, por penitência ou punição. Refere-se mais normalmente à privação de alimentos, mas também pode aplicar-se a qualquer outra abstinência, como as de carácter sexual, em que, por vontade própria ou por punição, alguém deixa de fazer sexo durante um certo período. Nestas circunstâncias, “estar de jejum” significa que alguém deixa de fazer sexo durante algum tempo, o que pode acontecer por opção, como, por exemplo, no caso de uma gravidez, em que o casal resolve abster-se (embora esse jejum não seja obrigatório, nem a sua quebra traga qualquer inconveniente); ou por castigo, quando um dos parceiros resolve evitar dessa forma o outro parceiro, punindo-o assim por qualquer maldade que este tenha feito. Aristófanes, o dramaturgo grego que viveu entre os anos 447 e 386 a.C., escreveu a peça “Lysistrata”, sendo este o nome de uma mulher ateniense de espírito forte, que conseguiu convencer as outras mulheres da sua cidade a sujeitarem os seus maridos a um terrível jejum sexual, recusando-se a fazer amor com eles, enquanto não acabassem com a cruel Guerra do Peloponeso, contra Esparta. Lysistrata conseguiu que também as espartanas obrigassem os seus maridos a um jejum semelhante... Quando voltavam das batalhas, sedentos de sexo, os homens esbarraram com a recusa firme das suas mulheres em satisfazê-los. Resultado desse original jejum: a guerra acabou.
              Em 2003, um movimento universal de mulheres promoveu a representação de “Lysistrata” nos teatros de 500 cidades de todo o mundo, agora como forma de protesto contra a Guerra do Iraque. Não se sabe se houve muitos homens a jejuar durante esse acontecimento, mas é natural que alguns se tivessem visto gregos para conseguirem fazer amor com as suas esposas pacifistas...

JÓIA – Objecto precioso, que serve de adorno e tem grande valor. Noutro sentido, jóia é uma espécie de propina que se paga, para ingressar numa associação – mas não é esse o significado que mais nos interessa realçar, e sim o de manifestação de apreço por uma pessoa com tão bons predicados que toda a gente a admira, a considera uma preciosidade rara e, por isso, acha que ela “é uma jóia!”.

JUÍZO – Para além das conotações judiciais desta palavra, que não nos interessa aprofundar aqui, ela refere-se às qualidades de seriedade, tino e circunspecção, apanágio daqueles indivíduos que são apelidados de “pessoas com juízo”. Curiosamente, estes passam, normalmente, despercebidos no meio da multidão, ao passo que dão muito mais nas vistas, e acabam por ser muito mais interessantes, as pessoas desgovernadas, inconvenientes, meio loucas, indiferentes às convenções – enfim, as “pessoas com falta de juízo”.

JUNTO – O que está ao pé, o que está perto, ou pegado, ou unido. Mas, também, o que não está casado, mas vive como se o estivesse. Assim, diz-se que “ele e ela vivem juntos”, ou “juntaram-se” (também se pode dizer amigaram-se ou, em linguagem mais pitoresca, “juntaram os trapinhos”). Em tempos recuados, a situação de um homem e uma mulher que viviam juntos não era socialmente muito bem aceite – a não ser, curiosamente, nas categorias mais altas, onde isso até era considerado “chic”; ao passo que tal condição, se acontecia entre as pessoas mais modestas, era vista como sinal de falta de classe. Hoje, tal situação é considerada perfeitamente normal. (v. legítima).

JURA – Promessa solene, geralmente feita em momento de especial emoção – e geralmente quebrada noutro momento de emoção também especial. As juras de amor são muito importantes para convencer a outra pessoa das boas intenções, da seriedade e da honestidade de quem as faz. No entanto, são talvez aquelas que mais frequentemente deixam de ser cumpridas. 

12/03/2012

INTERLÚDIO - OS CÓMICOS 321

UM PEQUENO INTERVALO NA PUBLICAÇÃO DE "O EROTISMO A NU".
PARA DESANUVIAR, AÍ VAI UMA CRÓNICA DA SÉRIE "OS CÓMICOS"
PUBLICADA NO DIÁRIO DO SUL DE 12.3.2012

DENTRO DE UM DIA OU DOIS, SERÁ RETOMADA A PUBLICAÇÃO QUE TEM VINDO A SER FEITA REGULARMENTE; ÀS QUARTAS E SÁBADOS

EU TINHA UM CONTRATO
           
Já lá vai uma catrefada de anos, já nem sei quantos, fiz um contrato… Era eu, então, um rapaz novo… Há quem diga que é asneira dizer-se um rapaz novo, porque todos os rapazes são, por definição, novos… mas é mentira, há rapazes que já nascem velhos – mas isso agora não vem ao caso. O que vem ao caso é que eu, nesse tempo, era rapaz e era novo. E fiz, então, um Contrato... Ora, desde esses tempos de rapaz, habituei-me a levar muito a sério os Contratos feitos. E este, de que vos falo, foi estabelecido tacitamente entre eu próprio e os Senhores-Que-Mandam-Na-Gente. Refiro-me, naturalmente, aos Senhores-Que-Mandavam-Nesse-Tempo, e não aos Senhores-Que-Mandam-Agora. Mas sempre me disseram, foi o que me ensinaram na Escola, que estes Contratos são para cumprir, mesmo quando os Senhores são substituídos por outros Senhores… Para ser mais exacto, o Contrato foi feito entre duas entidades: eu próprio, como Cidadão, e o outro signatário, chamado Estado… Coisa séria, como se vê, coisa para valer, e para ser respeitada por ambas as partes… E agora vem a pergunta: de que tratava o Contrato? Eu explico. Havia três pontos principais. Vamos ao Primeiro. Da minha parte, haveria o compromisso de, durante um certo número de anos, trabalhar honestamente, e ganhar, como contrapartida do meu trabalho, um ordenado que me permitisse viver decentemente. Depois, havia alguns pormenores, também importantes – como, por exemplo, o de o meu ordenado ser maior ou menor, conforme eu trabalhasse mais ou menos, melhor ou pior, com mais competência ou com menos afinco… Mas, assim em termos gerais, era este o primeiro ponto do contrato. O Segundo ponto explicava que, uma vez terminada a minha carreira profissional activa, eu teria direito a receber uma pensão de reforma, calculada segundo umas tabelas muito bem feitas, isto quando já fosse velhote e já não pudesse com uma gata pela cauda… Falta só falar do Terceiro ponto; dizia que eu seria sempre tratado de forma igual à dos meus concidadãos que, todos eles, fariam contratos idênticos… Ora bem, o que eu gostava de ver esclarecido, pelos Senhores-Que-Mandam-Na-Gente, e agora refiro-me aos actuais, que são os continuadores dos antigos, mas que, segundo as leis e os costumes universalmente aceites, devem honrar os Contratos existentes – o que eu queria ver muito bem explicado era o seguinte: tendo eu cumprido escrupulosamente o primeiro ponto do Contrato (isto é, tendo trabalhado, dentro das minhas melhores capacidades, durante o período mais activo da minha vida, e tendo, nesse período, feito os devidos descontos para a pensão que o Contrato me concede), muito estranhei que os Senhores-Que-Mandam-Agora-Na-Gente me tenham rapinado uma fatia muito considerável da minha pensãozinha, a pretexto de isso ajudar a salvar a Pátria de um destino tenebroso. Não me pareceu bem – mas, enfim, sendo para um fim patriótico, ainda resmunguei, mas amochei… O que já não posso aceitar, nem suportar, é que o terceiro ponto do meu Contrato esteja agora a ser deitado para o caixote do lixo. E é como lixo que os Senhores-Que-Mandam-Na-Gente me estão a tratar – ao considerarem-me diferentemente de alguns dos meus concidadãos, ou seja, não em pé de igualdade, mas a pontapé! É que existe uma classe, entre esses meus concidadãos, que, tendo feito, certamente, Contratos perfeita e democraticamente iguais aos meus – está agora a ser beneficiada com condições muito especiais, segundo as quais não terá de fazer sacrifícios idênticos! Ou seja: para eles, e para os Senhores-Que-Mandam-Na-Gente, o Contrato é sagrado em todos os pontos – excepto no terceiro. Quanto a esse ponto, é um papelucho que se pode rasgar. Parece que eles, esses estranhos privilegiados, exigem não ser tratados exactamente como eu e a maioria dos parvos que acreditaram na validade de um Contrato honesto...
É no que dá isto de a gente confiar em Senhores-Que-Mandam-Na-Gente-E-Nos-Rapinam-O-Que-É-Nosso… mas não igualmente a todos!

07/03/2012

O EROTISMO A NU - De "HETERA" a "INSACIÁVEL"

HETERA – Nome requintado que se aplicava às cortesãs que, na época medieval, se dedicavam àquilo que, segundo Demóstenes, seriam as “volúpias da alma”. No fundo, porém, trata-se de designar, com mais um nome delicado, uma mulher que faz o mesmo que muitas outras, só que a um preço mais elevado e de forma mais refinada.

HETEROSSEXUAL – Aquele (ou aquela) que se considera "normal", em termos sexuais, isto é, que manifesta atracção sexual pelo sexo oposto. O homem heterossexual médio é atraído normalmente por uma mulher adulta, jovem, ao passo que a mulher heterossexual média é atraída por um homem adulto, em geral um pouco mais velho que ela. As variações muito pronunciadas a este padrão (homens ou mulheres com especial atracção por meninas impúberes, bem como mulheres ou homens atraídos por meninos muito jovens) entram no campo da pedofilia, considerada um desvio sexual, hoje punido legalmente. No entanto, estas tendências eram toleradas em civilizações antigas, a par da homossexualidade, masculina ou feminina, e tiveram grande aceitação, por exemplo, na civilização Grega.

HÍMEN – Membrana situada no orifício anterior da vagina, que marca o limite entre esta e o vestíbulo. A ruptura do hímen costuma dar-se, naturalmente, através da introdução do pénis, no primeiro coito. É o acto da desfloração, a que se dá, desde tempos imemoriais, uma importância fundamental, pois é partir desse momento que a mulher deixa de ser virgem. Quando isso acontece no contexto do casamento, o acto é socialmente aceite, sendo até, em certas épocas e em certos países, festejado com a exibição pública do lençol onde a mancha de sangue, resultante da pequena hemorragia provocada pela ruptura do hímen, é a prova de que a noiva estava realmente virgem. Pelo contrário, um hímen já perfurado (ainda que isso possa ter acontecido por acidente), é sinal, para alguns, de que a mulher está “desonrada” – e, nos povos em que o dote é constituído por cabeças de gado que se entregam ao pai da noiva, tal facto faz diminuir drasticamente o número dos animais desse dote. Com a rápida evolução dos costumes e, nomeadamente, com a sucessão de casamentos e uniões de facto que é hoje normal para a maioria das mulheres, a mitificação do hímen perdeu a força que tinha em gerações anteriores – e, hoje, só raros homens se preocupam em investigar previamente se a mulher é ou não virgem. Isto porque são muitíssimo maiores as probabilidades de o não ser, e de o seu hímen já ter sido rompido por um anterior namorado.

HIPERSSEXUAL – Aquele que tem uma capacidade extraordinária, acima da média, para praticar sexo. Costumam apresentar-se, como exemplos, os famosos Casanova e Don Juan – mas as suas proezas eróticas talvez façam mais parte da lenda que da realidade. Há, no entanto, casos conhecidos de homens e mulheres capazes de cometerem proezas sexuais espantosas. São, no entanto, excepções. Entre as mulheres, salvo no caso clínico das ninfomaníacas, não são muito frequentes os exemplos das que só se satisfazem com vários actos sexuais consecutivos. No entanto, há alguns exemplos históricos conhecidos, como o de Messalina, cujas proezas ficaram lendárias. Para os homens, há um factor suplementar que os limita em tais proezas: a erecção desaparece, ou dificilmente se mantém, após o orgasmo, e só volta a acontecer algum tempo depois. Claro que há excepções, e esses são os casos que fazem história. Os hiperssexuais são muito invejados pelas pessoas ditas “normais” – mas as suas proezas são um pouco como o tamanho dos peixes capturados pelos pescadores amadores: há que dar-lhes o devido desconto...

HISTERIA – Doença nervosa caracterizada por convulsões, provocadas por causas diversas, entre as quais têm papel preponderante alguns problemas de carácter sexual. Uma virgindade prolongada, por exemplo, pode dar origem a este tipo de problemas, daí que se tenha tornado habitual afirmar-se que uma mulher histérica tem “falta de homem”, o que nem sempre é verdade – mas, às vezes, é...
                     
HISTÓRIA – Relato dos acontecimentos ocorridos. Narração dos factos sociais, económicos, políticos, intelectuais, etc., que influíram na existência da Humanidade. Em contraponto a esta definição “séria”, existe, curiosamente, uma outra, muito mais ligeira e menos pragmática, que se refere a um acontecimento íntimo na vida das mulheres: estas, quando estão no seu período mensal de menstruação, costumam dizer, delicadamente, que “estão com a história”...

HOMOSSEXUAL – Indivíduo que tem tendências sexuais, exclusivas ou predominantes, para com pessoas do seu próprio sexo. Embora, tradicionalmente, o termo se aplique, quase exclusivamente, aos homens que preferem outros homens, a verdade é que a mesma designação pode ser usada para as mulheres que amam outras mulheres – embora, a estas, se dê habitualmente o nome de lésbicas (o nome tem origem na ilha grega de Lesbos, onde nasceu a poetisa Sapho, considerada a maior poetisa lírica da Antiguidade). Tais tendências foram, durante séculos, consideradas desvios, e os seus praticantes chamados “anormais”. Actualmente, porém, prevalece a ideia de que o homossexual é alguém que nasceu com determinadas características, contra as quais não pode lutar, e são essas características que o levam a preferir indivíduos do seu próprio sexo. Alguns homossexuais provocam reacções negativas de parte da sociedade dita “normal”, não propriamente por causa da sua homossexualidade, mas por outras razões, como o exibicionismo e o narcisismo que às vezes manifestam. As “paradas gay” tornaram-se uma forma particularmente visível desse exibicionismo, que não parece favorecer a aprovação dos homossexuais, embora estes, quando se apresentam com naturalidade, sejam geralmente bem aceites na sociedade.
            Freud afirmava que, em todos os indivíduos, há uma tendência homossexual mais ou menos escondida, que pode manifestar-se ocasionalmente, sem que isso signifique uma opção definitiva. São raras as pessoas que, numa ou noutra altura das suas vidas, não tiveram uma experiência (ou, pelo menos, uma tentação, uma breve "escapadinha") de cariz homossexual.

HORMONAS – Substâncias segregadas pelas glândulas endócrinas, com funções muito importantes no organismo. As hormonas sexuais são segregadas pelos testículos e pelos ovários, e têm influências sexuais determinantes, particularmente sobre o instinto sexual. Mas as que nos interessa destacar são as hormonas erotogénicas, ou seja, aquelas que têm um papel importante no desempenho sexual e no desejo erótico, não devendo confundir-se com as outras hormonas (testosterona, foliculina, etc.). A excitação sexual provocada pela simples imaginação erótica deve-se a estas hormonas, mas o seu papel, do ponto de vista químico, não é ainda bem conhecido. O que se sabe, isso sim, é que contribuem para bons momentos de prazer.

HOSPEDARIA – Dá-se este nome a uma casa que recebe hóspedes, mediante pagamento – tal como um hotel ou uma estalagem. No entanto, o termo, durante muito tempo, referia-se, com conotação um tanto ou quanto negativa, àquele tipo de casa onde se alugavam quartos destinados a encontros sexuais, por curtíssimos períodos de tempo. Daí que, nesse contexto, uma hospedaria fosse considerada como uma “casa de passe”, conceito que ainda hoje persiste, de certa forma, em algumas pessoas. Uma mulher que entrasse numa hospedaria via liquidada definitivamente a sua reputação. Hoje, uma mulher pode ser levada, mais discretamente, para um hotel, ou um motel, ou mesmo, sem discrição alguma, para casa dele... ou dela. 

I

IDIOSSINCRASIA – Disposição particular do temperamento do indivíduo, que faz com que ele manifeste, de modo especial e muito seu, a influência de diversos agentes. Do ponto de vista erótico, é o conjunto das características que definem a forma como cada um reage individualmente aos estímulos de tipo sexual. Por exemplo, uma pessoa poderá necessitar de uma boa dose de pornografia para se excitar, enquanto, para outra pessoa, bastará para isso a leitura de uma poesia mais ou menos licenciosa.

IMPOTÊNCIA – Impossibilidade de praticar o coito, provocada pela falta de erecção. Esta falta pode ter uma origem física ou psíquica, e impede, naturalmente, a reprodução da espécie. A impotência viril pode ser congénita (muito raramente), ou provocada por uma lesão física, por uma doença, por uma intoxicação (medicamentosa, alcoólica, etc.), pela idade – ou, mais frequentemente, por causas psicológicas, que podem incluir nevroses, receio de falhanço, timidez perante o outro elemento do par, resquícios de uma educação puritana, homossexualismo latente, etc. Existem actualmente alguns meios para ultrapassar o problema, que podem ser psicológicos (análise das causas escondidas), mecânicos (p.ex., implantes que mantêm o pénis erecto), ou medicinais (pastilhas tipo Viagra, que garantem uma erecção temporária).

INCESTO – Ligação carnal ilícita entre parentes próximos. Os psicanalistas designam o amor do filho por sua mãe “complexo de Édipo”, e o amor da filha por seu pai ”complexo de Electra”. O que é certo é que os primeiros aspectos do amor são de carácter sexual, o que é natural, pois a criança, como ser primitivo que ainda é, tem tendência a amar da única forma que conhece: aquela que lhe proporciona um prazer físico. Esse instinto, quando não é naturalmente conduzido para as formas mais tradicionais de relacionamento, pode levar ao incesto. Os psicanalistas dão grande importância a estes fenómenos entre pais e filhos, e não tanto ao que acontece entre irmãos e irmãs, que pode conduzir igualmente à mesma situação, considerada ilícita nos tempos actuais – mas que até já foi de bom tom, por exemplo, na antiga sociedade egípcia, em que o Faraó casava com sua irmã, para ter autoridade paternal sobre os filhos da sua esposa, de quem era simultaneamente tio. Uma trapalhada faraónica!

INFANTILISMO – Estado em que uma pessoa, embora adulta, mantém aspecto, modos e comportamentos próprios de criança – como acontece, por exemplo, com a mulher que dorme a chuchar no dedo, ou gosta de se sentar no colo das outras pessoas – e com o homem que brinca com os seios da mulher, ou da namorada, que acaricia, mordisca e chupa, recordando os seus tempos de bebé...

INFIBULAÇÃO – Prática usada entre certos povos, depois da excisão, ou seja, da ablação dos pequenos lábios e do clítoris, e tão primitiva como esta, que consiste em fechar a vagina das jovens, de tal forma que só uma faca, ou o pénis do marido, voltará a abri-la. Também se pratica com os rapazes, repuxando para a frente a pele do prepúcio e fixando-a com um anel. Parece que os Romanos praticavam a infibulação nos eunucos, como precaução suplementar contra o que lhes restasse (certamente não muito...) de ousadia sexual.
  
INFIDELIDADE – Em sentido amplo, é uma traição, uma deslealdade. Entre pessoas casadas, ou vivendo juntas, trata-se de uma traição específica, que significa envolvimento com outra pessoa, estranha ao casal. É um acto que, em tempos mais recuados, provocava grande escândalo a nível social, podendo levar a atitudes drásticas, como vinganças cruéis, assassinatos, duelos, heranças anuladas, etc. Actualmente, o fenómeno é encarado com maior naturalidade, embora ainda provoque, por vezes, algum mal-estar entre os protagonistas. Mas o seu efeito mais visível é o manancial de notícias maliciosas que se espalham nas revistas cor-de-rosa...

INIBIÇÃO – Estado de hesitação, dúvida e falta de coragem para assumir uma atitude positiva, perante uma outra pessoa, ou uma situação mais difícil. É o fenómeno que faz um rapaz corar ante a perspectiva de ter de se aproximar de uma rapariga, recuando no momento decisivo. Pior ainda quando se trata de acção mais atrevida, como uma fugaz apalpadela, ou ainda mais audaciosa, como um beijo.

INICIAÇÃO – O começo de qualquer coisa – por exemplo, o início da vida sexual. Esta iniciação dá-se, frequentemente, através da masturbação, que é um acto natural da adolescência, preparatório das acções mais complexas que hão-se realizar-se na idade adulta. A iniciação sexual dos jovens dá-se cada vez mais cedo, tanto para os rapazes como para as raparigas, dadas as facilidades de convívio que a vida moderna lhes oferece, e a informação facilitada a que têm acesso. Em tempos recuados, as raparigas (pelo menos, as “sérias”) só eram iniciadas na noite de núpcias, até à qual deviam manter intacta a sua virgindade. Quanto aos rapazes, iniciavam-se, geralmente, nas “casas de meninas”, o que era muito bem visto pela sociedade de então, a qual achava natural que eles “se fizessem homens” dessa forma.

INOCÊNCIA – Qualidade de quem é puro, ingénuo, simples – e, acima de tudo, virgem. Ao perder a inocência, muitos (e muitas) passam, na opinião dos puritanos, ao estado de "indecência".

INSACIÁVEL – Aquele ou aquela que não se farta facilmente. No que respeita ao sexo, refere-se ao indivíduo que o pratica incessantemente, sem nunca se dar por satisfeito. Não é uma situação tão agradável como parece à primeira vista. Uma pessoa sempre terá alguma dificuldade em encontrar outra que esteja disposta a satisfazer os seus repetidos e incontroláveis desejos, o que poderá levá-la a um estado de frustração, nada agradável. 

03/03/2012

O EROTISMO A NU - De "FIXAÇÃO" a "HERMAFRODITA"

FIXAÇÃO – Fenómeno com características muito parecidas com as do fetichismo, pode concretizar-se numa adoração obsessiva por um objecto de cariz sexual, ou por uma determinada parte do corpo da pessoa amada. Assim, há quem tenha uma fixação absoluta por uma peça de vestuário, ou, mais frequentemente, por mamas, ou nádegas, observadas e apreciadas como as partes do corpo mais capazes de excitarem sexualmente o observador.

FODER – Palavra considerada muito feia, mesmo obscena, até há algum tempo, mas que, na actualidade, se vulgarizou e é utilizada com frequência e à-vontade, tanto na linguagem escrita como na oral. Foi um termo banido, durante muitos anos, dos dicionários normais, mas passou a ser frequente encontrá-lo em romances, artigos de imprensa ou legendas de filmes. Toda a gente sabe, como sempre soube, o seu significado: fornicar, copular, ter relações sexuais.

FORNICAR – Termo mais facilmente aceite, tanto que os próprios puritanos o citam, quando acusam as outras pessoas de se dedicarem, com demasiado interesse e frequência, aos prazeres do sexo. Claro que tais acusações acabam por ter um efeito oposto ao pretendido: quanto mais se critica o excesso de fornicação, mais os fornicadores fornicam...

FREUD – Sigmund Freud (1856-1939) foi o fundador da Psicanálise. Nasceu em Freiberg, Morávia. Em 1893, publicou, com Breuer, “Mecanismos Psíquicos dos Fenómenos Histéricos”. Em 1900, publicou “A Ciência dos Sonhos”. Em 1901, “Psicopatologia da Vida Quotidiana”. E, em 1905, os famosos “Três Ensaios sobre a Teoria da Sexualidade”. A sua primeira revista sobre Psicanálise saiu em 1908. Entre 1916 e 1918 foi professor na Universidade de Viena. Em 1922 fundou, nessa cidade, a primeira grande clínica psicanalítica. Seguiram-se anos de estudo e de lançamento de teorias, algumas bastante polémicas, sobre histeria, traumas, hipnotismo, sonhos, o "complexo de Édipo", o "complexo de castração", o "super-ego" e outros temas que fizeram dele a figura mais controversa da sua época. O famoso divã onde fazia deitar os seus pacientes, para que “confessassem” os seus problemas mais íntimos, tornou-se uma imagem do seu modo de actuar, depois bastante contestado, mas que veio dar um contributo precioso para a análise da alma humana, das suas contradições, dos desejos e tendências ocultas, e para a interpretação de muitos aspectos, até então obscuros, da personalidade de cada um, particularmente nos aspectos ligados à sexualidade. Foi muito combatido pela Igreja católica, em parte pelas reservas sobre o tipo de “confissões” obtidas no divã.

FRIGIDEZ – Inércia das funções genitais, na mulher, ou impotência, no homem, levando à impossibilidade de atingir o orgasmo. A mulher pode sentir, durante o coito, uma dor que a impede de sentir prazer. Essa dor pode ter várias causas, como, por exemplo, a diferença demasiado sensível entre os órgãos dos parceiros; a mulher reage então como se fosse frígida, sem necessariamente o ser. A brutalidade de um primeiro contacto também pode provocar uma anestesia genital duradoura. Porém, quase sempre, trata-se de uma série de processos psíquicos muito complexos, classificados cientificamente sob o título geral de “Dispareunia”, e que podem ter várias "nuances" e várias explicações, algumas de origem física, outras de carácter psicológico, que podem ir desde a sublimação do amor espiritual em contraste com o amor físico, até ao “terror do órgão masculino”, ao “terror da gravidez” e outros factores igualmente inesperados. Para um homem, copular com uma mulher frígida é como fazer amor com um tijolo.

FRUSTRAÇÃO – Estado que se segue à tensão sexual e que, se esta não conduzir ao orgasmo, provoca, segundo Freud, uma sensação de angústia. Na verdade, se os preliminares faziam prever uma agradável finalização, mas esta não se concretiza, o sentimento prevalecente é de falhanço. Existe a teoria de que a agressividade será uma reacção à frustração, pelo que a psicanálise poderá concluir que os povos em que o amor maternal é mais reservado ou mais fraco têm tendência a ser povos de guerreiros. A "frustração da ternura maternal" seria, então, a verdadeira origem dos “grandes heróis”.  


G

GAY – Designação, relativamente moderna, para homossexual, isto é, aquele que tem tendência para gostar de pessoas do mesmo sexo. As designações antigas mais aplicadas eram pederasta, ou invertido, que vão caindo em desuso, havendo ainda muitas outras, populares e mais ofensivas, como “paneleiro”, ”rabicho”, "maricas", etc. Chama-se gay tanto a um homossexual masculino como a um feminino, mas é mais usual aplicá-lo no primeiro caso, já que, para o caso das mulheres, há termos alternativos, como lésbica – isto apesar  da forte contestação dos habitantes da ilha grega de Lesbos, que reivindicam para si o exclusivo da designação, separando-a do seu contexto sexual (não devem ter grande êxito na sua reivindicação, tão difundido está, universalmente, o sentido da palavra).
É curiosa a origem da palavra gay, que, em Inglês, se traduz por “alegre”, “divertido”, “jovial”, mas também “enfeitado”, “adornado” – e, em tempos anteriores, e em linguagem popular, também significava “bêbado”.    

GENITAL – Órgão ou parte da corpo que serve para gerar. Genitais são, portanto, “partes genitais” ou “órgãos genitais”. Também são conhecidos, entre pessoas mais pudicas, sob o nome de “partes vergonhosas”, ou “partes pudendas”. Seja qual for o nome que se lhes dá, são as zonas do corpo humano mais desejadas e sobre as quais os jovens (e os menos jovens...) têm maior curiosidade.        

GERONTOLOGIA – Estudo acerca dos velhos e da velhice. Sabendo-se que a actividade sexual vai diminuindo com a idade, tem interesse estudar-se até quando essa actividade pode ser mantida com alguma intensidade, já que, em muitos casos, o desejo sexual se mantém, embora cada vez mais difícil de satisfazer, a não ser com a ajuda de meios auxiliares, entre os quais os meios químicos (p.ex. Viagra) ou mecânicos (implantes e outros).

GIGOLÔ – Homem que se considera muito esperto por viver à custa das mulheres, particularmente através do domínio que sobre elas exerce, fazendo com que elas se prostituam. Esse domínio nem sempre é de tipo sexual, isto é, o gigolô pode ou não praticar sexo com as mulheres que o sustentam, podendo limitar-se a extorquir-lhes o dinheiro que elas obtêm dos favores prestados a outros. Nomes alternativos para a espécie: chulo (em Português), souteneur (em Francês), pimp (em Inglês), caften (no Brasil), etc.

GINECOFOBIA – Receio mórbido do sexo feminino. Aversão às mulheres. Atenção, o ginecófobo não é, obrigatoriamente, homossexual; pode, simplesmente, detestar mulheres, sem que isso signifique que gosta de homens.

GODEMICHÉ – Também chamado olisbos, nome grego que designa um falo artificial. Trata-se de um artefacto, feito de qualquer material, que possa servir como substituto de um pénis, assumindo as formas mais variadas. Já Aristófanes faz referência ao godemiché em “Lysistrata”, o que comprova como a sua utilização vem de tempos muito antigos. Num catálogo belga de “Artigos Especiais em Borracha” apresentam-se três tamanhos, respectivamente com os comprimentos e diâmetros de 160/40, 140/35 e 120/30 mm.  Também conhecido por "consolo de viúva", evoluiu bastante nos últimos tempos, passando a incluir um sistema de pilhas que o transforma num vibrador, apresentando-se sob várias formas, tamanhos e cores, havendo alguns com capacidade para ejacular líquidos e espalhar odores.

GONORREIA – Doença venérea, muito comum durante gerações, presentemente em regressão, devido aos hábitos, mais generalizados, relacionados com a higiene, e aos cuidados, agora mais intensos, com a sua prevenção. Popularmente conhecida sob o nome de esquentamento, consiste num corrimento, bastante incómodo e doloroso, devido a uma infecção. A sua transmissão tornou-se habitual e dramática, através das relações com prostitutas que não mantenham hábitos de higiene mínimos.

GRANDES LÁBIOS – Pregas de tecido cutâneo que constituem a parte superficial e exterior da vulva. Protegem o clítoris e a vagina.

GRAVIDEZ – Estado da mulher prenhe, que começa na fecundação e termina no parto. A gravidez provoca na mulher uma grande reacção física e psíquica, podendo reactivar nela as experiências libidinosas da infância. Manteve-se, durante muito tempo, o mito de que as mulheres grávidas não deviam ter qualquer actividade sexual, mas esse conceito está hoje totalmente ultrapassado, e as grávidas sabem que podem fazer amor, sem grandes problemas e, praticamente, sem restrições, até ao fim da gravidez, apenas com algumas precauções quanto às posições adoptadas. Em muitos casos, o desejo sexual até aumenta bastante nessa fase. A gravidez tem um grande papel na explicação, às crianças, dos fenómenos sexuais, perante a pergunta habitual: “De onde vêm os bebés?”. As explicações tornam-se mais fáceis e evidentes.

GRITOS – Durante o coito, algumas pessoas ficam tão excitadas que não conseguem evitar a manifestação do gozo que sentem, através de suspiros, de gemidos ou de gritos bem sonoros. Põe-se aqui um problema. Há pessoas que se excitam com os gritos de prazer do parceiro ou parceira, os quais aumentam o seu próprio gozo; mas há quem, pelo contrário, não aprecie essas manifestações e chegue a perder a vontade de continuar, transformando-se assim o acto numa frustração para ambos. Por uma questão de pudor, de vergonha, de receio de incomodar os vizinhos, há quem prefira que tudo se passe em silêncio. Só que, para quem vibra com a excitação, nem sempre é possível abafar um grito pelo qual se manifesta o prazer sentido. A conciliação entre as duas atitudes opostas, num casal, não é fácil de conseguir. Por vezes, só uma almofada aplicada na altura crucial consegue abafar uma manifestação que uns consideram incómoda, ao passo que outros a consideram altamente erótica.

GUEISHA – Uma instituição tipicamente japonesa, que representa um compromisso entre a cortesã e a "acompanhante". Cortesã é um nome delicado para uma prostituta, ao passo que "acompanhante" (aquilo que os Americanos chamam "escort") é uma jovem bonita e atraente, contratado para sair com quem lhe paga, para ser exibida perante outras pessoas, conviver e partilhar uma boa refeição, e, eventualmente, acabar por passar a noite na cama de quem alugou os seus serviços. Uma gueisha é uma mistura de tudo isto; por vezes, limita-se a servir o chá segundo o ritual japonês; deve ser relativamente culta, saber conversar, ser boa companhia – e, por vezes, ficará por aí. Enfim, uma variante oriental de uma actividade que se pratica em todo o mundo.

GUESQUEL – Instrumento de erotismo que era usado pelos índios patagónios para fazerem gozar as suas mulheres. Era constituído por uma pequena coroa de tufos de crina de mula, cuidadosamente montados num cordel fino e colorido. O homem atava este cordel por detrás da glande e, durante o coito, introduzia o instrumento, com as escovas para diante, na vagina da mulher. O efeito era tão violento que a mulher sentia um prazer extremo, que a levava a um orgasmo extraordinariamente forte. Entre os índios, um bom guesquel chegava a valer três a seis cavalos, conforme o cuidado com que era montado, a abundância de escovas e a cores que o enfeitavam. Alguns incluíam pequenos sacos com conchinhas, que titilavam entre os testículos durante o coito, o que estimulava o homem. Como se verifica por este exemplo, os modernos preservativos especiais, com feitios e acessórios sofisticados, não fazem mais do que imitar o que já foi inventado há muito tempo, com a intenção de aumentar o prazer durante o acto sexual.


H

HARÉM – Divisão ocupada pelas mulheres, entre os muçulmanos. Confunde-se por vezes o harém com o serralho. Este é o palácio do sultão, enquanto o harém é a parte reservada às esposas e às concubinas. Os contos das “Mil e Uma Noites” e o cinema divulgaram uma imagem do harém que corresponde ao sonho de qualquer homem, desejoso de ter à sua disposição um lote numeroso de belas mulheres, prontas a satisfazer os seus desejos eróticos. Um muçulmano pode ter quatro esposas legítimas e, se for suficientemente rico, uma quantidade incontável de concubinas. O harém é o gineceu onde vivem todas estas mulheres, vigiando-se mutuamente e esperando a visita do seu senhor. Segundo certas histórias que contêm mais fantasia que realidade, elas entregam-se frequentemente, para passar o tempo, aos prazeres de Sapho – nada mais natural, uma vez que o seu senhor, perante uma tão grande fartura, deixará, decerto, passar muito tempo entre as suas visitas amorosas.    

HERMAFRODITA – Indivíduo que reúne as características dos dois sexos. Por vezes, embora raramente, os hermafroditas poderão mesmo possuir, simultaneamente, ovários e testículos. Trata-se, portanto, de um indivíduo bissexual, que enfrenta a confusão entre a condição ambígua do seu corpo e o sexo que lhe foi atribuído legalmente, o que só se resolve, por vezes, cirurgicamente, com a opção por um dos sexos – solução sempre difícil de concretizar, além de dificilmente aceite pela sociedade.

01/03/2012

O EROTISMO A NU - De "ESPERMATOZÓIDES" a "FETICHISMO"

ESPERMATOZÓIDES – Células sexuais masculinas, que, ao juntarem-se aos óvulos, dão origem à vida. São tão pequenos que não se podem ver a olho nu, mas é deles que depende a concepção de um novo indivíduo. A sua vida não é fácil: em cada ejaculação podem produzir-se 200 milhões de espermatozóides, que têm uma longa e trabalhosa jornada a percorrer, até que apenas um atinja o óvulo e o fecunde. Mas, sem a existência e a persistência desse elemento microscópico, nenhum de nós existiria, neste momento, para tomar conhecimento destes factos.

ESQUENTAMENTO – É o nome vulgar que se dá à doença venérea chamada gonorreia ou blenorragia, caracterizada por um corrimento purulento, provocado por uma infecção. Este nome é tão popular como o foi, durante gerações, a doença a que ele se refere, e que era cuidadosamente escondida do conhecimento geral, por razões de ordem higiénica e social.  

ESTERILIDADE – Qualidade de quem não tem capacidade física para dar origem a novas vidas. Como é necessária a junção do espermatozóide com o óvulo para que isso aconteça, basta que um dos elementos do casal, o homem ou a mulher, seja estéril, para que não possa ter filhos naturais. A adopção é o recurso mais utilizado.

ESTERILIZAÇÃO – A esterilidade, ou infecundidade, pode ser causada por vários factores, físicos ou psicológicos, mas também pode ser alcançada por vontade própria. Para isso, é necessário fazer um certo tipo de operação. O homem, poderá, voluntariamente, fazer uma vasectomia; quanto à mulher, pode consegui-la através da laqueação das trompas. Mas é curioso verificar que, em grande parte destes casos, as pessoas que se dispõem a aceitar a esterilização acabam por arrepender-se, mais tarde, de terem tomado essa resolução drástica.

ESTIMULAÇÃO – Factor que desencadeia a actividade de uma zona sensível do corpo humano. Antes de qualquer acto amoroso, e para que este seja plenamente satisfatório, a estimulação, através dos mais variados meios, é muito importante e faz parte dos preliminares, sem os quais esse acto não terá graça alguma. A estimulação pode ser externa ou interna. Os estímulos físicos mais eficazes sobre as zonas erógenas são a fricção, a pressão, a sucção (acariciar essas zonas, esfregá-las, lambê-las). Mas a estimulação também pode ser alcançada por outros meios (fantasias voluptuosas, fotografias ou filmes, sonhos eróticos, etc.).

ESTROGÉNIOS – Hormonas esteróides que actuam no desenvolvimento das características sexuais femininas, contribuindo para a evolução do ciclo menstrual.

ESTUPRO – Atentado contra o pudor. Violação. É um nome muito feio para uma acção igualmente feia. Violar uma pessoa, isto é, praticar sexo contra a sua vontade, é uma estupidez, porque o próprio violador não retira desse acto a ínfima parte do prazer que sentiria num acto praticado de forma normal. Um desperdício, portanto, além de ser um crime.

EUGENISMO – Ciência que tem por objectivo estudar as condições para melhorar a reprodução da raça humana. Isto pode incluir muita coisa – desde o que acontecia na antiga Esparta, onde as pessoas se casavam nas idades consideradas mais favoráveis para terem filhos de qualidade – até às práticas de selecção racial da Alemanha no tempo do nazismo, quando se acreditava na superioridade da raça ariana e se eliminavam as raças consideradas inferiores. Em certas regiões do mundo e em certas épocas, as crianças fracas ou com defeitos físicos têm sido simplesmente eliminadas. Mas só a meio do século XIX, com a publicação da “Origem das Espécies”, de Charles Darwin, em 1859, e depois, em 1865, com as pesquisas do monge checo Gregor Mendel, o eugenismo começou a ter bases científicas. Estudos de Francis Gallon tentaram provar o papel da hereditariedade sobre o desenvolvimento da inteligência e da personalidade, as características ligadas ao génio e às capacidades excepcionais. Em certos países, o tema deu origem a normas legais, que resultaram na imposição da esterilização de indivíduos considerados abaixo dos parâmetros normais. As ligações do eugenismo ao racismo e aos sistemas de castas, bem como à segregação de doentes com enfermidades consideradas anti-sociais, são evidentes. Ora, aplicar às pessoas sistemas de selecção parecidos com os que se usam para melhorar o aspecto das orquídeas, não parece ser coisa muito aceitável...

EUNUCO – Homem castrado, que se empregava como guarda dos antigos haréns orientais. A palavra passou a designar todos os castrados – mesmo que não guardem qualquer harém, coisa que parece ter passado definitivamente de moda. Há quem empregue a designação eunuco por achá-la mais fina do que, por exemplo, "maricas".

EVA – A mulher de Adão e a mãe do género humano, segundo o “Génesis”. Símbolo universal que concentra em si a parte feminina da Humanidade, com todas as suas qualidades, todos os seus defeitos – mas, acima de tudo, com todo o seu encanto e mistério. Deve ser a figura mais repetidamente representada e citada na pintura, na escultura, na música, na literatura, na epistolografia, em todas as manifestações humanas conhecidas. Eva é a Mulher, a Amante, a Irmã, a Mãe, a Amiga, a metade a conquistar pelo Homem, para que o Amor torne o Mundo mais agradável.

EXCISÃO – Uma das práticas mais selvagens praticadas sobre as jovens, desde há mais de 5000 anos, o que lhe dá o estatuto de tradição muito antiga – mas não lhe concede justificação suficiente para dela retirar as características que tem, de acção bárbara e cruel. Consiste no corte do clítoris ou dos lábios vaginais, justificada por motivos religiosos e, alegadamente, para que as moças não possam ter orgasmos. Existe também a teoria de que se trata de uma manifestação de ciúme das mulheres mais velhas contra as jovens Seja como for, trata-se de uma operação desumana, feita habitualmente sem qualquer anestesia ou precaução sanitária, e que, muitas vezes, conduz à morte da pobre rapariga – ou, se ela sobrevive, à impossibilidade de gozar um dos maiores prazeres da vida.

EXCITAÇÃO – Estado de actividade acima do habitual, num órgão do corpo humano. A excitação sexual envolve uma certa tensão misturada com o princípio do prazer. Pode ser causada por uma estimulação, física ou psicológica, na antecipação do prazer sexual desejado. Quando, após a excitação, não se segue um orgasmo, a frustração daí resultante pode ser perigosa. A repressão, a inibição, relacionadas, por exemplo, com o "coito interrompido", dão origem a essa excitação frustrada, que terá como consequência um estado de angústia e outros problemas psicológicos graves. Conclusão: depois de se excitar, não se deve parar antes de consumar.  

EXIBICIONISMO – Obsessão mórbida, habitualmente manifestada, mais nos homens do que nas mulheres, através do acto de desnudar-se, total ou parcialmente, ou de exibir os órgãos sexuais, as chamadas “partes vergonhosas” do corpo, obtendo com isso prazer sexual. Nos homens, costuma concretizar-se, mais frequentemente, perante um público feminino jovem, pelo que os exibicionistas aparecem junto de escolas e colégios, esperando a saída das alunas para, de repente, abrirem a frente das gabardinas com que se tapam e assim assustarem as incautas rapariguinhas. A melhor coisa que as visadas podem fazer é não reagirem com ar de susto e, pelo contrário, desatarem a rir à gargalhada perante o “espectáculo”, ridicularizando o exibicionista, que, desta forma, ficará completamente desiludido e bastante confuso.
            Nas mulheres, o exibicionismo manifesta-se através do gosto de se vestirem e de se maquilharem, por vezes exageradamente, de forma ostensiva e vaidosa.
Nos dois sexos, o exibicionismo pode sublimar-se no chamado “complexo espectacular”. Quer isto dizer que a tendência para as Artes do Espectáculo contém, em si mesma, uma dose muito importante de exibicionismo, embora, normalmente, sem chegar aos exageros que fazem parte do exibicionismo de carácter sexual.

EXOGAMIA – União proibida entre pessoas não consanguíneas. Interdição de os membros de uma mesma família terem relações sexuais entre si. Esta regra tornou-se particularmente importante ao verificar-se que, dos casamentos entre familiares muito próximos, ou das uniões incestuosas, nascem por vezes crianças com malformações ou com deficiências físicas ou mentais. Foi por isso que, na Europa, houve tantos reis e príncipes meio tontos, ou mesmo completamente loucos: era o resultado dos casamentos cruzados entre famílias próximas.

ÊXTASE – Estado mental caracterizado por uma contemplação profunda, deixando a pessoa fora da realidade, como se tivesse passado para outro mundo. Volúpia íntima que absorve todo e qualquer outro sentimento, deixando o indivíduo aparvalhado. No êxtase, as funções intelectuais são desviadas e o mundo exterior como que desaparece. Em casos extremos de êxtase provocado, ou direccionado para figuras ou cenas sexualmente significativas, o indivíduo pode chegar involuntariamente ao orgasmo.


F

FALO – Termo usado, desde a Antiguidade, para designar o membro viril, considerado símbolo de fecundidade. Era, desde tempos remotos, objecto de adoração, como se comprova através de inúmeras esculturas, pinturas e outras obras de arte, tais como obeliscos no Egipto, monólitos na Córsega, torres na Irlanda, incontáveis representações na Macedónia, na Índia, na Polinésia, etc. As pinturas de Pompeia, embora representando um universo que tinha conhecido o seu esplendor cinco séculos antes, dão uma ideia dos rituais orgíacos, das festas dionisíacas, das bacanais, em que o sexo era uma componente dominante e em que aparecem falos por toda a parte – mesmo nas partes mais improváveis... São inúmeras as designações alternativas que se podem aplicar ao falo: pénis, pene, membro, pau, tora, cacete, moca, porra, vara, pila, picha, pichota – além de nomes tão carinhosos e tão íntimos como “zèzinho”, “minhoca”, “pirilau”, etc.

FANTASIA – Uma das componentes mais importantes do prazer sexual. Por vezes, a fantasia sobrepõe-se à realidade, no sentido em que a pessoa imagina certas situações, certas relações e, até, certas posições, que lhe proporcionam um acréscimo de prazer erótico. É vulgar, por exemplo, um jovem imaginar-se a beijar uma bonita rapariga que mal conhece, ou uma estrela de cinema; tal como pode acontecer a uma mulher, casada com um homem que detesta, suportar que este a possua enquanto ela pensa como seria bom ter ali, não o esposo, mas aquele operário robusto que trabalha na obra ao lado... Outras fantasias frequentes são as que levam as pessoas a imaginar-se protagonistas de cenas ousadas, como grandes bacanais, trocas de casais, amores homossexuais, sexo com dois, três ou mais parceiros, sexo com animais, etc.

FAUNO – Divindade mítica dos Gregos, com patas de bode, que habitava nos bosques e tinha fama de possuir grande potência sexual, praticada sobre as ninfas, suas companheiras nesses locais misteriosos onde viviam.

FECUNDAÇÃO – Acto de fecundar, ou seja, de juntar o espermatozóide ao óvulo, para assim nascer um novo ser. Um dos maiores mistérios da Natureza é o facto singular de esse acto dar tão grande prazer a quem o pratica, a tal ponto que muita gente esquece (ou faz por esquecer) que a fecundação é, afinal, um factor de conservação da espécie, e considera-o um acto destinado exclusivamente a dar-lhe gozo. Os puritanos não aceitam esta maneira de pensar e de agir, preconizando que a fecundação deve ser exclusivamente destinada a procriar. Pelo contrário, os sibaritas defendem que o prazer deve estar acima de tudo. E, por isso, têm, incontestavelmente, muito maior popularidade que os outros...

FELLATIO – Ou felação, é uma prática sexual muito frequente, uma das variantes do sexo oral (outra modalidade deste tipo de sexo é o cunnilinctus, que é, por assim dizer, o seu contraponto). No fellatio, o pénis é introduzido, para ser lambido e sugado, na boca de outra pessoa que, assim, dá prazer ao seu parceiro – e pode, igualmente, ter prazer. Praticado desde a Antiguidade mais remota, podem encontrar-se representações do acto em inúmeras esculturas, pinturas, decoração de objectos comuns, etc., em velhas civilizações europeias, asiáticas, americanas ou africanas. Pode ser usado como preliminar para o sexo mais convencional, ou como substituto desse tipo de relações. E os casais heterossexuais praticam-no tanto como os homossexuais. Considerado uma perversão pelos mais puritanos, a verdade é que se tornou um acto alternativo ao coito, para quem, por exemplo, deseja preservar a virgindade. Em linguagem popular, chama-se broche ou mamada.  

FETICHISMO – Tem a ver com fenómenos de idolatria e de subserviência perante certas partes do corpo, ou certos objectos. Assim, cada fetichista pode dedicar toda a sua atenção, por exemplo, aos cabelos, aos seios, às pernas ou aos pés (seus, ou do parceiro ou parceira). Ou então, fixar o seu interesse nos sapatos, nas jóias ou na roupa íntima do ser amado. Não há, praticamente, nenhuma parte do corpo, nem nenhum objecto relacionado com a pessoa adorada, que não possa constituir um fetiche. É muito vulgar este tipo de adoração conduzir à masturbação.