15/03/2012

O EROTISMO A NU - De "INSENSIBILIDADE" a "JURA"

INSENSIBILIDADE – Estado de impassibilidade e de indiferença, talvez até de apatia. A um homem insensível chama-se “duro” – mas, se essa dureza se manifestasse em certos aspectos físicos, isso até podia ser interessante para a sua parceira... Não será o caso. Pode, mesmo, confundir-se a insensibilidade com a frigidez, coisa muito negativa, dentro do campo da sexualidade.

INSTINTO – Impulso natural, independente da vontade. Toda a civilização está construída à volta do instinto sexual, que condiciona a moral, além de muitos outros aspectos da nossa vida, como as artes e, até, a economia. É esse instinto que dá origem à reprodução da espécie, fazendo aproximar o macho da fêmea (ou, em certos casos especiais, o macho do macho e a fêmea da fêmea, situações em que, obviamente, não existe a tal reprodução). Como “prémio” por esse tipo de acção, o sexo oferece, a quem o pratica, o bónus do prazer, o que o torna uma das actividades mais aliciantes da Humanidade.

INTENÇÃO – É curioso o significado que, na vida social, e durante muitas gerações, foi atribuído às chamadas intenções – significando o objectivo que estava na mente das pessoas, relativamente ao casamento. Assim, perguntava-se, ao rapaz que namorava uma rapariga, se ele tinha “boas intenções”, isto é, se tencionava mesmo casar com ela. Uma variante desta dúvida estava contida noutra forma de elaborar a pergunta, que seria: “Esse namoro é para casar, ou prò que é?”. Muitas vezes, a resposta subentendida revelaria que a intenção verdadeira estava no “prò que é”...    

INTERESSE – Elemento muito difícil de definir, dentro do campo do sexo, do erotismo e da atracção entre as pessoas. Ter interesse por alguém pode significar coisas tão diversas como amá-la platonicamente ou desejar ir com ela para a cama. O interesse pode ser de ordem espiritual, cultural, físico, sexual, ou outro qualquer. Uma mulher, ou um homem, podem ser considerados interessantes por alguém, devido a factores específicos que impressionam esse alguém, mas que não impressionam minimamente outra pessoa.

INTERESSEIRO – Aquele que atende principalmente aos seus próprios interesses, e pouco ou nada aos interesses dos outros. Egoísta. Pessoa que manifesta, aparentemente, um grande amor por outra, para se aproveitar da sua riqueza e usá-la em proveito próprio – aquilo a que os Brasileiros chamam, pitorescamente, “o golpe do baú”. É o caso típico da rica herdeira de uma grande fortuna, assediada por um malandro que se mostra muito carinhoso com ela, mas apenas pretende ter acesso ao seu dinheiro...

ÍNTIMO – O que está muito dentro, o que é profundo. Aquilo que está no mais fundo da nossa alma ou da nossa consciência, e que é difícil de revelar, a não ser àqueles a quem consideramos "amigos íntimos". Ter intimidade com alguém significa ter um relacionamento muito chegado, que pode ir até à partilha de casa e cama.

INTOLERANTE – Pessoa intransigente, que não admite liberdade de escolha, por exemplo, no que respeita a moral, religião ou política. Pode atingir extremos de fanatismo. As opiniões dos outros só são aceites se concordarem com as suas, que são, em geral, muito limitadas a padrões clássicos e antigos. Em matéria sexual, um intolerante não admitirá, nem em pensamentos nem em actos, as práticas que ele considere contrárias às suas ideias feitas. Por exemplo, poderá advogar que a única modalidade admissível para o coito será a posição chamada do missionário, e não aceitará, nem em sonhos, a ideia de praticar uma modalidade que tanta gente pratica: o sexo oral

INTOXICADO – Em sentido físico, significa “envenenado”. Num conceito mais amplo, refere-se a alguém que tem ideias ou pensamentos perturbadores da normalidade do seu discernimento, a tal ponto que nem distingue o real do imaginário. Também pode significar, em sentido mais restrito, um estado de fixação amorosa numa pessoa, com aspectos que podem tornar-se doentios.

INTRIGA – Enredo que, em termos amorosos, pode envolver mexericos, bisbilhotices, ciladas, traições e maquinações, mais ou menos graves. É o campo preferidos das alcoviteiras, que se servem de tais meios para cumprirem as suas tarefas facilitadoras de encontros amorosos. Mas também pode ser a arma daqueles ou daquelas que pretendem destruir uma relação com a qual não simpatizam ou não concordam, arranjando esquemas tendentes a complicar esse relacionamento, até conseguirem acabar com ele.

INTRODUÇÃO – Acto de introduzir ou inserir. No acto sexual mais clássico, o coito, refere-se à introdução do pénis na vagina. Mas este, como se sabe, pode ser introduzido noutros locais, como acontece na introdução anal, na mulher ou no homem; ou na boca, como no fellatio; já sem falar de outros locais menos comuns, como acontece no sexo com animais, ou com frutos, ou com objectos das mais diversas e inesperadas espécies. A introdução do pénis entre as mamas da mulher é considerada por muitos como altamente erótica. Mas, para além do órgão masculino, pode falar-se da introdução de objectos como os vibradores, ou de outros variadíssimos godemichés, bem como de objectos de todo o tipo, que vão desde gargalos de garrafas a maçanetas de portas, num imenso rol de soluções a que a inesgotável imaginação erótica dos homens e mulheres consegue recorrer. 

INTUMESCIDO – Também pode dizer-se “inturgescido”, referindo-se, em qualquer caso, àquilo que incha e aumenta de volume. Perante uma estimulação de carácter sexual, órgãos como o pénis e o clítoris ficam intumescidos, portanto preparados para cumprirem as suas respectivas funções. Aliás, sem essa intumescência, o homem não conseguirá executar a introdução do seu pénis na vagina da mulher, com todas as consequências que isso acarreta para o fracasso da relação, assim frustrada.

INVENTIVO – Diz-se daquele que é capaz de imaginar artifícios de todo o tipo para aumentar o seu prazer sexual, o que pode incluir quase tudo, desde as inúmeras posições possíveis até à panóplia de objectos auxiliares das manobras eróticas a desenvolver. A imaginação tem um papel importantíssimo numa relação amorosa, evitando um dos seus maiores perigos, que é a rotina. Sobretudo quando essas relações duram muitos anos, é inevitável que se caia na repetição sistemática das formas de fazer amor. Porém, se pelo menos um dos parceiros for suficientemente inventivo para ir introduzindo algumas novidades, são grandes as probabilidades de fazer perdurar o interesse mútuo durante muito tempo. Aliás, trata-se do mesmo princípio que se aplica a todas as actividades humanas, mas que é particularmente importante em tudo o que tem a ver com a sensualidade.

INVERTIDO – Palavra que designa a pessoa com inclinação sexual para com outro indivíduo do mesmo sexo. Actualmente, o termo está a cair em desuso, substituído por outros, como homossexual (mais “técnico”), ou gay (mais divertido). A palavra invertido foi, e ainda é, frequentemente, usada como designação depreciativa, por pessoas com ideias mais convencionais sobre o sexo e as suas variantes. Ainda há quem acredite que um invertido é um “doente”, com uma “enfermidade” que poderá ser “curada” por processos psicológicos ou medicamentosos. Ou então, e como último recurso – à força, com a ajuda de processos “mecânicos”, tais como uma boa tareia...


J

JEITOSO – É o rapaz, ou o homem, que, aos olhos de uma mulher, tem bom aspecto e boa figura, é atraente, e não fica nada mal ao lado de qualquer uma. Até pode não ser bonito, mas terá características que agradam logo à primeira vista. Existe uma variante menor, menos impressionante, mas ainda assim com algum interesse, que é o jeitosinho. Designações idênticas, no feminino, podem aplicar-se às raparigas e às mulheres, que também podem classificar-se como jeitosas ou jeitosinhas, conforme o grau de interesse que despertam.

JEJUM – Abstinência, total ou parcial, por penitência ou punição. Refere-se mais normalmente à privação de alimentos, mas também pode aplicar-se a qualquer outra abstinência, como as de carácter sexual, em que, por vontade própria ou por punição, alguém deixa de fazer sexo durante um certo período. Nestas circunstâncias, “estar de jejum” significa que alguém deixa de fazer sexo durante algum tempo, o que pode acontecer por opção, como, por exemplo, no caso de uma gravidez, em que o casal resolve abster-se (embora esse jejum não seja obrigatório, nem a sua quebra traga qualquer inconveniente); ou por castigo, quando um dos parceiros resolve evitar dessa forma o outro parceiro, punindo-o assim por qualquer maldade que este tenha feito. Aristófanes, o dramaturgo grego que viveu entre os anos 447 e 386 a.C., escreveu a peça “Lysistrata”, sendo este o nome de uma mulher ateniense de espírito forte, que conseguiu convencer as outras mulheres da sua cidade a sujeitarem os seus maridos a um terrível jejum sexual, recusando-se a fazer amor com eles, enquanto não acabassem com a cruel Guerra do Peloponeso, contra Esparta. Lysistrata conseguiu que também as espartanas obrigassem os seus maridos a um jejum semelhante... Quando voltavam das batalhas, sedentos de sexo, os homens esbarraram com a recusa firme das suas mulheres em satisfazê-los. Resultado desse original jejum: a guerra acabou.
              Em 2003, um movimento universal de mulheres promoveu a representação de “Lysistrata” nos teatros de 500 cidades de todo o mundo, agora como forma de protesto contra a Guerra do Iraque. Não se sabe se houve muitos homens a jejuar durante esse acontecimento, mas é natural que alguns se tivessem visto gregos para conseguirem fazer amor com as suas esposas pacifistas...

JÓIA – Objecto precioso, que serve de adorno e tem grande valor. Noutro sentido, jóia é uma espécie de propina que se paga, para ingressar numa associação – mas não é esse o significado que mais nos interessa realçar, e sim o de manifestação de apreço por uma pessoa com tão bons predicados que toda a gente a admira, a considera uma preciosidade rara e, por isso, acha que ela “é uma jóia!”.

JUÍZO – Para além das conotações judiciais desta palavra, que não nos interessa aprofundar aqui, ela refere-se às qualidades de seriedade, tino e circunspecção, apanágio daqueles indivíduos que são apelidados de “pessoas com juízo”. Curiosamente, estes passam, normalmente, despercebidos no meio da multidão, ao passo que dão muito mais nas vistas, e acabam por ser muito mais interessantes, as pessoas desgovernadas, inconvenientes, meio loucas, indiferentes às convenções – enfim, as “pessoas com falta de juízo”.

JUNTO – O que está ao pé, o que está perto, ou pegado, ou unido. Mas, também, o que não está casado, mas vive como se o estivesse. Assim, diz-se que “ele e ela vivem juntos”, ou “juntaram-se” (também se pode dizer amigaram-se ou, em linguagem mais pitoresca, “juntaram os trapinhos”). Em tempos recuados, a situação de um homem e uma mulher que viviam juntos não era socialmente muito bem aceite – a não ser, curiosamente, nas categorias mais altas, onde isso até era considerado “chic”; ao passo que tal condição, se acontecia entre as pessoas mais modestas, era vista como sinal de falta de classe. Hoje, tal situação é considerada perfeitamente normal. (v. legítima).

JURA – Promessa solene, geralmente feita em momento de especial emoção – e geralmente quebrada noutro momento de emoção também especial. As juras de amor são muito importantes para convencer a outra pessoa das boas intenções, da seriedade e da honestidade de quem as faz. No entanto, são talvez aquelas que mais frequentemente deixam de ser cumpridas. 

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