07/03/2012

O EROTISMO A NU - De "HETERA" a "INSACIÁVEL"

HETERA – Nome requintado que se aplicava às cortesãs que, na época medieval, se dedicavam àquilo que, segundo Demóstenes, seriam as “volúpias da alma”. No fundo, porém, trata-se de designar, com mais um nome delicado, uma mulher que faz o mesmo que muitas outras, só que a um preço mais elevado e de forma mais refinada.

HETEROSSEXUAL – Aquele (ou aquela) que se considera "normal", em termos sexuais, isto é, que manifesta atracção sexual pelo sexo oposto. O homem heterossexual médio é atraído normalmente por uma mulher adulta, jovem, ao passo que a mulher heterossexual média é atraída por um homem adulto, em geral um pouco mais velho que ela. As variações muito pronunciadas a este padrão (homens ou mulheres com especial atracção por meninas impúberes, bem como mulheres ou homens atraídos por meninos muito jovens) entram no campo da pedofilia, considerada um desvio sexual, hoje punido legalmente. No entanto, estas tendências eram toleradas em civilizações antigas, a par da homossexualidade, masculina ou feminina, e tiveram grande aceitação, por exemplo, na civilização Grega.

HÍMEN – Membrana situada no orifício anterior da vagina, que marca o limite entre esta e o vestíbulo. A ruptura do hímen costuma dar-se, naturalmente, através da introdução do pénis, no primeiro coito. É o acto da desfloração, a que se dá, desde tempos imemoriais, uma importância fundamental, pois é partir desse momento que a mulher deixa de ser virgem. Quando isso acontece no contexto do casamento, o acto é socialmente aceite, sendo até, em certas épocas e em certos países, festejado com a exibição pública do lençol onde a mancha de sangue, resultante da pequena hemorragia provocada pela ruptura do hímen, é a prova de que a noiva estava realmente virgem. Pelo contrário, um hímen já perfurado (ainda que isso possa ter acontecido por acidente), é sinal, para alguns, de que a mulher está “desonrada” – e, nos povos em que o dote é constituído por cabeças de gado que se entregam ao pai da noiva, tal facto faz diminuir drasticamente o número dos animais desse dote. Com a rápida evolução dos costumes e, nomeadamente, com a sucessão de casamentos e uniões de facto que é hoje normal para a maioria das mulheres, a mitificação do hímen perdeu a força que tinha em gerações anteriores – e, hoje, só raros homens se preocupam em investigar previamente se a mulher é ou não virgem. Isto porque são muitíssimo maiores as probabilidades de o não ser, e de o seu hímen já ter sido rompido por um anterior namorado.

HIPERSSEXUAL – Aquele que tem uma capacidade extraordinária, acima da média, para praticar sexo. Costumam apresentar-se, como exemplos, os famosos Casanova e Don Juan – mas as suas proezas eróticas talvez façam mais parte da lenda que da realidade. Há, no entanto, casos conhecidos de homens e mulheres capazes de cometerem proezas sexuais espantosas. São, no entanto, excepções. Entre as mulheres, salvo no caso clínico das ninfomaníacas, não são muito frequentes os exemplos das que só se satisfazem com vários actos sexuais consecutivos. No entanto, há alguns exemplos históricos conhecidos, como o de Messalina, cujas proezas ficaram lendárias. Para os homens, há um factor suplementar que os limita em tais proezas: a erecção desaparece, ou dificilmente se mantém, após o orgasmo, e só volta a acontecer algum tempo depois. Claro que há excepções, e esses são os casos que fazem história. Os hiperssexuais são muito invejados pelas pessoas ditas “normais” – mas as suas proezas são um pouco como o tamanho dos peixes capturados pelos pescadores amadores: há que dar-lhes o devido desconto...

HISTERIA – Doença nervosa caracterizada por convulsões, provocadas por causas diversas, entre as quais têm papel preponderante alguns problemas de carácter sexual. Uma virgindade prolongada, por exemplo, pode dar origem a este tipo de problemas, daí que se tenha tornado habitual afirmar-se que uma mulher histérica tem “falta de homem”, o que nem sempre é verdade – mas, às vezes, é...
                     
HISTÓRIA – Relato dos acontecimentos ocorridos. Narração dos factos sociais, económicos, políticos, intelectuais, etc., que influíram na existência da Humanidade. Em contraponto a esta definição “séria”, existe, curiosamente, uma outra, muito mais ligeira e menos pragmática, que se refere a um acontecimento íntimo na vida das mulheres: estas, quando estão no seu período mensal de menstruação, costumam dizer, delicadamente, que “estão com a história”...

HOMOSSEXUAL – Indivíduo que tem tendências sexuais, exclusivas ou predominantes, para com pessoas do seu próprio sexo. Embora, tradicionalmente, o termo se aplique, quase exclusivamente, aos homens que preferem outros homens, a verdade é que a mesma designação pode ser usada para as mulheres que amam outras mulheres – embora, a estas, se dê habitualmente o nome de lésbicas (o nome tem origem na ilha grega de Lesbos, onde nasceu a poetisa Sapho, considerada a maior poetisa lírica da Antiguidade). Tais tendências foram, durante séculos, consideradas desvios, e os seus praticantes chamados “anormais”. Actualmente, porém, prevalece a ideia de que o homossexual é alguém que nasceu com determinadas características, contra as quais não pode lutar, e são essas características que o levam a preferir indivíduos do seu próprio sexo. Alguns homossexuais provocam reacções negativas de parte da sociedade dita “normal”, não propriamente por causa da sua homossexualidade, mas por outras razões, como o exibicionismo e o narcisismo que às vezes manifestam. As “paradas gay” tornaram-se uma forma particularmente visível desse exibicionismo, que não parece favorecer a aprovação dos homossexuais, embora estes, quando se apresentam com naturalidade, sejam geralmente bem aceites na sociedade.
            Freud afirmava que, em todos os indivíduos, há uma tendência homossexual mais ou menos escondida, que pode manifestar-se ocasionalmente, sem que isso signifique uma opção definitiva. São raras as pessoas que, numa ou noutra altura das suas vidas, não tiveram uma experiência (ou, pelo menos, uma tentação, uma breve "escapadinha") de cariz homossexual.

HORMONAS – Substâncias segregadas pelas glândulas endócrinas, com funções muito importantes no organismo. As hormonas sexuais são segregadas pelos testículos e pelos ovários, e têm influências sexuais determinantes, particularmente sobre o instinto sexual. Mas as que nos interessa destacar são as hormonas erotogénicas, ou seja, aquelas que têm um papel importante no desempenho sexual e no desejo erótico, não devendo confundir-se com as outras hormonas (testosterona, foliculina, etc.). A excitação sexual provocada pela simples imaginação erótica deve-se a estas hormonas, mas o seu papel, do ponto de vista químico, não é ainda bem conhecido. O que se sabe, isso sim, é que contribuem para bons momentos de prazer.

HOSPEDARIA – Dá-se este nome a uma casa que recebe hóspedes, mediante pagamento – tal como um hotel ou uma estalagem. No entanto, o termo, durante muito tempo, referia-se, com conotação um tanto ou quanto negativa, àquele tipo de casa onde se alugavam quartos destinados a encontros sexuais, por curtíssimos períodos de tempo. Daí que, nesse contexto, uma hospedaria fosse considerada como uma “casa de passe”, conceito que ainda hoje persiste, de certa forma, em algumas pessoas. Uma mulher que entrasse numa hospedaria via liquidada definitivamente a sua reputação. Hoje, uma mulher pode ser levada, mais discretamente, para um hotel, ou um motel, ou mesmo, sem discrição alguma, para casa dele... ou dela. 

I

IDIOSSINCRASIA – Disposição particular do temperamento do indivíduo, que faz com que ele manifeste, de modo especial e muito seu, a influência de diversos agentes. Do ponto de vista erótico, é o conjunto das características que definem a forma como cada um reage individualmente aos estímulos de tipo sexual. Por exemplo, uma pessoa poderá necessitar de uma boa dose de pornografia para se excitar, enquanto, para outra pessoa, bastará para isso a leitura de uma poesia mais ou menos licenciosa.

IMPOTÊNCIA – Impossibilidade de praticar o coito, provocada pela falta de erecção. Esta falta pode ter uma origem física ou psíquica, e impede, naturalmente, a reprodução da espécie. A impotência viril pode ser congénita (muito raramente), ou provocada por uma lesão física, por uma doença, por uma intoxicação (medicamentosa, alcoólica, etc.), pela idade – ou, mais frequentemente, por causas psicológicas, que podem incluir nevroses, receio de falhanço, timidez perante o outro elemento do par, resquícios de uma educação puritana, homossexualismo latente, etc. Existem actualmente alguns meios para ultrapassar o problema, que podem ser psicológicos (análise das causas escondidas), mecânicos (p.ex., implantes que mantêm o pénis erecto), ou medicinais (pastilhas tipo Viagra, que garantem uma erecção temporária).

INCESTO – Ligação carnal ilícita entre parentes próximos. Os psicanalistas designam o amor do filho por sua mãe “complexo de Édipo”, e o amor da filha por seu pai ”complexo de Electra”. O que é certo é que os primeiros aspectos do amor são de carácter sexual, o que é natural, pois a criança, como ser primitivo que ainda é, tem tendência a amar da única forma que conhece: aquela que lhe proporciona um prazer físico. Esse instinto, quando não é naturalmente conduzido para as formas mais tradicionais de relacionamento, pode levar ao incesto. Os psicanalistas dão grande importância a estes fenómenos entre pais e filhos, e não tanto ao que acontece entre irmãos e irmãs, que pode conduzir igualmente à mesma situação, considerada ilícita nos tempos actuais – mas que até já foi de bom tom, por exemplo, na antiga sociedade egípcia, em que o Faraó casava com sua irmã, para ter autoridade paternal sobre os filhos da sua esposa, de quem era simultaneamente tio. Uma trapalhada faraónica!

INFANTILISMO – Estado em que uma pessoa, embora adulta, mantém aspecto, modos e comportamentos próprios de criança – como acontece, por exemplo, com a mulher que dorme a chuchar no dedo, ou gosta de se sentar no colo das outras pessoas – e com o homem que brinca com os seios da mulher, ou da namorada, que acaricia, mordisca e chupa, recordando os seus tempos de bebé...

INFIBULAÇÃO – Prática usada entre certos povos, depois da excisão, ou seja, da ablação dos pequenos lábios e do clítoris, e tão primitiva como esta, que consiste em fechar a vagina das jovens, de tal forma que só uma faca, ou o pénis do marido, voltará a abri-la. Também se pratica com os rapazes, repuxando para a frente a pele do prepúcio e fixando-a com um anel. Parece que os Romanos praticavam a infibulação nos eunucos, como precaução suplementar contra o que lhes restasse (certamente não muito...) de ousadia sexual.
  
INFIDELIDADE – Em sentido amplo, é uma traição, uma deslealdade. Entre pessoas casadas, ou vivendo juntas, trata-se de uma traição específica, que significa envolvimento com outra pessoa, estranha ao casal. É um acto que, em tempos mais recuados, provocava grande escândalo a nível social, podendo levar a atitudes drásticas, como vinganças cruéis, assassinatos, duelos, heranças anuladas, etc. Actualmente, o fenómeno é encarado com maior naturalidade, embora ainda provoque, por vezes, algum mal-estar entre os protagonistas. Mas o seu efeito mais visível é o manancial de notícias maliciosas que se espalham nas revistas cor-de-rosa...

INIBIÇÃO – Estado de hesitação, dúvida e falta de coragem para assumir uma atitude positiva, perante uma outra pessoa, ou uma situação mais difícil. É o fenómeno que faz um rapaz corar ante a perspectiva de ter de se aproximar de uma rapariga, recuando no momento decisivo. Pior ainda quando se trata de acção mais atrevida, como uma fugaz apalpadela, ou ainda mais audaciosa, como um beijo.

INICIAÇÃO – O começo de qualquer coisa – por exemplo, o início da vida sexual. Esta iniciação dá-se, frequentemente, através da masturbação, que é um acto natural da adolescência, preparatório das acções mais complexas que hão-se realizar-se na idade adulta. A iniciação sexual dos jovens dá-se cada vez mais cedo, tanto para os rapazes como para as raparigas, dadas as facilidades de convívio que a vida moderna lhes oferece, e a informação facilitada a que têm acesso. Em tempos recuados, as raparigas (pelo menos, as “sérias”) só eram iniciadas na noite de núpcias, até à qual deviam manter intacta a sua virgindade. Quanto aos rapazes, iniciavam-se, geralmente, nas “casas de meninas”, o que era muito bem visto pela sociedade de então, a qual achava natural que eles “se fizessem homens” dessa forma.

INOCÊNCIA – Qualidade de quem é puro, ingénuo, simples – e, acima de tudo, virgem. Ao perder a inocência, muitos (e muitas) passam, na opinião dos puritanos, ao estado de "indecência".

INSACIÁVEL – Aquele ou aquela que não se farta facilmente. No que respeita ao sexo, refere-se ao indivíduo que o pratica incessantemente, sem nunca se dar por satisfeito. Não é uma situação tão agradável como parece à primeira vista. Uma pessoa sempre terá alguma dificuldade em encontrar outra que esteja disposta a satisfazer os seus repetidos e incontroláveis desejos, o que poderá levá-la a um estado de frustração, nada agradável. 

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