21/03/2012

O EROTISMO A NU - De "LENÇOL" a "LÚDICO"

LENÇOL – Peça de pano que cobre o colchão da cama, completada com outro, idêntico, que cobre o corpo da pessoa deitada, e o separa dos cobertores ou mantas. O lençol tem ainda um importante papel nos jogos eróticos: é com ele que se tapam, ou destapam, as partes do corpo que convém, momentaneamente, esconder ou revelar; é muitas vezes com ele que se enrola o corpo para ir até à casa de banho; e, em certos casamentos convencionais, é nele que fica registada a prova de virgindade da noiva (v. hímen e virgem).

LÉSBICA -  Mulher com atracção sexual dominante por outras mulheres (o nome tem origem na ilha grega de Lesbos). A homossexualidade feminina manifesta-se, em geral, desde a infância, através dos jogos eróticos preferencialmente praticados com outras raparigas. Não se trata de um desvio ou aberração, como se pensou durante muito tempo, mas de uma tendência, independente da vontade – embora certos psicólogos falem do lesbianismo como um mecanismo de fuga em relação às responsabilidades que acompanham o casamento e a maternidade. Muitas lésbicas escondem essa tendência, podendo mesmo casar-se, ou ter relações com homens, o que, afinal, as transforma em bissexuais. As que assumem a sua condição, escolhendo uma parceira com a qual formam um par idêntico a um casal heterossexual, acabam, normalmente, por ser aceites socialmente, tal como acontece com os casais homossexuais formados por dois homens. Mas, curiosamente, no caso das lésbicas, a sua situação costuma ser admitida com maior facilidade. O mais que lhes acontece é serem referidas como “aquelas duas fufas”... Nestes casais, por vezes, uma delas manifesta características de tipo mais viril, sendo o elemento dominante. As técnicas do lesbianismo incluem beijos, carícias manuais sobre os corpos, particularmente sobre os seios e o clítoris, masturbação mútua, cunnilinctus, imitação do coito por fricção dos clítoris (tribadismo) e, menos frequentemente, utilização de pénis artificiais (olisbos). Também é relativamente frequente a prática sexual a três, com a inclusão de um homem, ou de outra mulher, nos jogos eróticos.

LÉU – “Andar ao léu” ou “andar no laréu” significa “andar na vadiagem”, ou “andar nu”. Ou seja, trata-se de uma situação que, para muita gente, é muitíssimo agradável. E para quem observa, também!...

LEVAR – Gramaticalmente, pode significar “transportar”, “deslocar”, “conduzir”, etc. Mas, em sentido figurado mais livre, pode ter outros significados. “Levar pancada” é um deles – e dói. “Levar a mal” é outro. “Levar água no bico”, mais um. “Levar couro e cabelo” ou o seu equivalente, “levar muito caro”, não fazem ninguém feliz. “Levar a melhor” é o que toda a gente quer. “Ser levado do diabo” pode ser irritante. Mas, dentro do âmbito do Erotismo, a pior coisa que pode acontecer a uma pessoa é encontrar outra em quem julga poder confiar e que, afinal, é capaz de a “levar à certa”... Em linguagem popular, diz-se de um homossexual passivo que “leva no cu”.

LIBERDADE – Condição de uma pessoa poder dispor de si. Do ponto de vista do Erotismo, a liberdade sexual significa a possibilidade de cada um gozar o sexo da forma que achar mais agradável e mais gratificante. A única limitação admissível é a mesma que se aplica a todas as liberdades: é preciso que a sua prática não prejudique nem agrida outras pessoas. Esta condição é mais difícil de cumprir do que parece à primeira vista. Um exemplo entre vários: dois homossexuais podem achar que têm liberdade para se beijarem em público. No entanto, pode acontecer que, na terra onde o fazem, exista uma lei local que proíba essa manifestação de amor. Ou que, mesmo sem haver qualquer lei restritiva, as pessoas que assistam a esse acto o achem chocante, segundo os seus parâmetros morais. Estas limitações tornam impossível (tanto na primeira restrição como na segunda) afirmar que existe verdadeira liberdade, no caso apresentado como exemplo.

LIBERTINO – Aquele que não se sujeita, nem às crenças nem às práticas comuns, tanto no aspecto religioso como no sexual. Na sua vida amorosa, o libertino não se preocupa com aspectos sentimentais, não dá qualquer importância ao amor romanesco, e ainda menos a questões de continuação da espécie – mas sim, quase exclusivamente, à satisfação do seu próprio prazer. A figura de Casanova é geralmente referida como o exemplo mais paradigmático do perfeito libertino. Ele é considerado um modelo, do ponto de vista histórico, que continua a ser seguido entusiasticamente por homens de todas as épocas e de todos os países.

LÍBIDO – É a energia que leva à procura do prazer erótico. Engloba tudo o que tem a ver com o apetite sexual, desde a imaginação, em tudo o que nela se relaciona com a sensualidade, até às emoções provocadas por estímulos exteriores de todo o tipo. Em psicanálise, analisa-se a líbido e a sua energia segundo dois tipos de nevróticos, o introvertido e o extrovertido, conforme a resposta de cada um aos seus instintos. Uma íibido forte, mas recalcada por receio dos preconceitos e da censura alheia, pode dar origem a explosões sexuais inesperadas.

LICENCIOSIDADE – O mesmo que libertinagem. Desregramento em questões de sexo. Depravação, devassidão. Aquilo que as pessoas mais conservadoras recriminam noutras que, praticando livremente o amor, sem se preocuparem com regras, morais ou outras, visam apenas a satisfação dos seus instintos.

LIGA – Fita, geralmente elástica, que serve para apertar a meia à perna. Nos tempos em que o corpo feminino andava geralmente muito tapado, a visão fugaz de uma liga, quando o vento ou uma distracção momentânea erguiam as saias, excitava extraordinariamente os homens, que, através daquela visão, imaginavam tudo o resto que ficava escondido. Retirar delicadamente a liga de uma mulher era, para o homem que tinha esse privilégio, um acto altamente erótico. Tudo isto se devia ao mistério que então constituíam as partes escondidas do corpo feminino. Havia ligas muito ricas e trabalhadas, com rendas e enfeites variados, que serviam, precisamente, para aumentar a excitação através da sua descoberta. Só as mulheres modestas, de hábitos mais severamente reprimidos, usavam ligas pobres e sem graça, que não tinham qualquer papel erotisante, limitando-se à sua função prática de segurar as meias. Curiosamente, nos casamentos modernos, instalou-se o hábito um pouco ridículo de fazer o leilão da liga da noiva – mas nada que tenha a ver com cenas devassas: trata-se, apenas, de arranjar, por esse meio, dinheiro para ajudar a pagar a lua-de-mel...

LIGAÇÃO – Em qualquer sentido da palavra, significa “união”. No sentido que nos interessa, falamos da união entre duas pessoas, que mantêm, assim, uma ligação de tipo físico, sentimental, ou ambos. A palavra pode aplicar-se, naturalmente, a um casamento – mas o sentido mais comum vai para um tipo de união menos formal. Quando se diz “eles têm uma ligação”, isso equivale a dizer “eles não são casados, mas dormem um com o outro”. 

LINDO – Bonito, airoso, agradável, formoso... e mais uma dezena de outros sinónimos, que, quando aplicados a uma pessoa, significam admiração por ela. Quando um homem diz a uma mulher: “Estás linda!”, isso significa, muitas vezes, que ela passou uma boa hora a maquilhar-se. Quando uma mulher diz a um homem: “Estás lindo!”, isso pode significar, por vezes, que ele está num estado lastimável...

LINGERIE – Conjunto de roupas interiores, destinadas a valorizar o corpo, realçando as partes mais apetitosas e velando outras partes que convém manter num certo mistério. É imensa a variedade de peças de lingerie que estão à disposição de quem queira realçar os seus atributos físicos, excitando o parceiro através da exibição do corpo. Numa lista, sempre incompleta, podem citar-se as seguintes peças de lingerie: baby-dolls, bikinis, bodies, camisas de noite, catsuits, cintos de ligas, collants, combinações, corpetes, cuecas, espartilhos, fios dentais, kimonos, ligas, luvas, robes, shirts, shorts, sutiãs, strings, tangas, tomara-que-caia, topes – e uma infinidade de outras peças que tapam e destapam os corpos, tornando-os mais desejáveis.

LÍNGUA – Órgão musculoso, móvel, existente na boca, e que serve para deglutir, para falar e, ainda, para certas acções eróticas específicas (v. cunnilinctus, fellatio, lamber). Também pode significar “idioma”. Faz parte de expressões, algumas pitorescas, como “língua de palmo”, “língua materna”, “língua morta”, “língua viperina”, “língua de trapos”, “não ter papas na língua”, “puxar pela língua”, etc. Uma pessoa linguareira é aquela que usa a língua para espalhar palavras inconvenientes. Uma "língua-de-gato" é uma espécie de biscoitinho, e uma "língua-da-sogra" é algo que todos os genros detestam. As gerações mais antigas tendiam a pensar que o uso da língua para fins eróticos era pouco dignificante para um homem; mas a popularidade, cada vez maior, do "sexo oral" veio modificar essas ideias e, assim, a língua passou a ser considerada um órgão essencial nas relações amorosas actuais.  

LINGUADO – Peixe da família dos pleuronectídios, muito apreciado, especialmente quando é bem grelhado e temperado com manteiga. Mas a palavra tem outros significados. Também se dá o nome de linguado a uma tira de papel em que os escritores e os jornalistas escreviam os seus textos, antes de começarem a redigi-los directamente nos computadores, como acontece actualmente. Mas, no contexto que nos interessa abordar, aquilo a que se chama linguado é um beijo libidinoso, em que as línguas dos intervenientes se tocam e enroscam mutuamente, causando prazer erótico aos dois.

LISONJEAR – Elogiar, com algum exagero e, geralmente, com uma segunda intenção. Louvar de forma fingida, para obter alguma vantagem. É o que faz, por exemplo, o homem que diz, para uma mulher: “Os seus seios são lindíssimos!...” com a esperança de que ela lhos mostre e os deixe acariciar...

LIVRE – Diz-se de alguém que tem liberdade, que tem independência – e isso aplica-se, tanto a um país que não está sujeito à soberania de outro país, como a uma pessoa que não está constrangida por um contrato de casamento, ou semelhante, e pode usar o seu corpo como bem lhe apeteça. Fala-se de “uma mulher livre”, em tom que pode ser depreciativo (por parte das pessoas invejosas) ou, pelo contrário, bastante lisonjeiro (por parte de quem tem espírito aberto), quando se trata de uma mulher que dispõe da sua vida, corajosamente e sem preconceitos, não dando importância a convencionalismos e limitações sociais.

LIXO – Porcarias, detritos, imundícies – isto em sentido literal, porque lixo pode ser muito mais do que isso. Por exemplo, uma pessoa que está deprimida, que se acha feia, horrorosa, sem qualquer interesse, diz que “está um lixo!”. No entanto, com as modernas possibilidades de reciclar as coisas que, dantes, iam para as lixeiras e por lá se degradavam até acabarem por desaparecer, pode afirmar-se que tudo é hoje reaproveitável – seja uma garrafa vazia, seja uma mulher que, aparentemente, já perdeu o sex-appeal.

LODO – Lama. Terra misturada com detritos, no fundo da água. Aparentemente, perante estas definições, o lodo parece coisa desprezível – até porque, em frases como “ele está no lodo”, isso significa que “ele está completamente desgraçado”. No entanto, sob a forma de “lama” é usado para tratamentos de beleza, havendo lodos especiais que regeneram a pele e a curam de certas maleitas desagradáveis. Na verdade, os tratamentos com determinados lodos são, além de caríssimos, bastante eficientes.
 
LOIÇA – Também se pode dizer e escrever “louça”, e designa artefactos de barro, porcelana, metal ou ferro esmaltado, geralmente usados para serviço de mesa. É motivo de vaidade apresentar, em refeições de certo requinte, loiça de boas marcas. Frases populares, como “isto agora é outra loiça” significam que se está a falar de algo superior. O conceito também se pode aplicar às pessoas – isto é, quando se diz “a nova mulher dele é outra loiça!”, isso significa que a nova companheira do sujeito é muito melhor que a anterior...

LOIRA – Ou “loura”, é uma mulher que tem cabelos amarelos. Também pode significar “papagaio”, ou “cerveja”, mas não nos interessa analisar aqui estes conceitos. Quanto à mulher, tem sido objecto de numerosas histórias, que partem todas do pressuposto (de origem incerta) de que todas as loiras são estúpidas.
É infindável o número de “anedotas de loiras”, entre as quais algumas já são clássicas, como, por exemplo, a da loira que toma banho com o chuveiro desligado, porque o champô dizia no rótulo “para cabelos secos”; ou a da loira que pede uma pizza pelo telefone e, quando lhe perguntam se a quer cortada em 4 ou em 8 fatias, responde: “Em 4, porque eu nunca aguentaria comer 8 fatias de pizza!”...

LUA – Satélite da Terra. Popularmente, “uma lua” é o espaço de um mês (embora, para sermos rigorosos, o ciclo lunar dure 29 dias, que é, também, o espaço de tempo entre duas menstruações). Nos animais, “estar com a lua”, ou “estar aluado”, é o mesmo que “estar com o cio”. “Estar na lua” é “estar muito distraído”. Quanto à "lua-de-mel", é aquele período de tempo, logo a seguir ao casamento, em que toda a gente acredita que eles vão ser muito felizes para sempre...

LÚBRICO – Lascivo, sensual, afrodisíaco. Tudo o que excita e incita a praticar actos sexuais. Também se refere a tudo o que possui humidade, ou que é próprio para escorregar, provocando quedas com facilidade.

LUBRIFICANTES – Produtos que servem para tornar húmidas e escorregadias as superfícies em contacto. Sem lubrificação, a vagina é pouco menos que impraticável. Por isso, é necessário obter previamente a lubrificação vaginal, através da estimulação, por meios físicos ou psicológicos. Trata-se da manifestação mais importante da excitação sexual feminina, e será tanto maior e mais visível quanto mais eficaz for essa excitação. Esta lubrificação inclui a combinação da secreção de certas glândulas que lubrificam o orifício vaginal com a transudação das paredes da vagina. Durante o orgasmo, é frequente o aumento desta lubrificação, por vezes em grande abundância, confundindo-se com uma verdadeira ejaculação. Por outro lado, esta resposta física da mulher às manobras do seu parceiro ou parceira dá, a este segundo elemento do par, um acréscimo de excitação muito apreciável.

LUCRÉCIA BÓRGIA – Na sua juventude, ficou conhecida como uma das mulheres mais cruéis e mais devassas da História, embora uma boa parte da sua má fama se deva mais à vida de seu pai e de seus irmãos do que à dela própria. Nasceu em 1480, filha de Joana Cattanei e do Cardeal Rodrigo Bórgia, que viria a ser o Papa Alexandre VI. Era uma mulher belíssima, de cabelos de oiro, que fascinava os homens. Durante a sua vida, teve vários maridos e amantes, e criou fama de envenenar quem não lhe agradava, com um misterioso pó que guardaria num compartimento secreto do seu anel. Mesmo no século XVI, em que a devassidão reinava, a sua vida foi marcada pelo escândalo das suas alegadas orgias, no Vaticano, com os seus irmãos e, segundo se murmurava, com o próprio pai. Casou pela primeira vez, aos 13 anos, com Giovanni Sforza, mas o seu marido, que parece nunca ter consumado o matrimónio, acabaria mais tarde por ser morto por um dos ciumentos irmãos de Lucrécia, César Bórgia, então Cardeal. (Este serviria de modelo a Maquiavel para o seu livro “O Príncipe”). Lucrécia teve então um filho, que César reconheceu como seu, depois de ter largado a batina. Casou mais duas vezes, primeiro aos 18 anos, com Afonso de Aragão, que seria morto, diz-se que a mando de César Bórgia; e depois com Afonso d’Este, de quem teria vários filhos. A sua má fama deve-se, em grande parte, ao que dela contava o satirista Filofila, a quem se devem as histórias mais escabrosas da sua vida, que ele afirmava estar sempre envolvida em escândalos de sangue e de sexo. Lucrécia morreu com 39 anos, em 1519, em Ferrara, onde teve um papel importante na vida cultural, respeitada e admirada, não só pela sua beleza, como pela sua inteligência e talento. Lucrécia Bórgia passou assim à História como uma mulher frívola e maldosa, mas quem a conheceu de perto, na idade madura, descrevia-a como uma mulher sensível, inteligente e culta, preocupada com os pobres. Assim, a sua vida foi romanceada, dela ressaltando, como é natural, os aspectos mais escandalosos, envolvendo sexo e episódios de luxúria, escamoteando os que não atraíam o público. Victor Hugo escreveu uma tragédia que daria origem ao libreto para a ópera de Donizetti “Lucrezia Borgia”. No cinema, entre outras, Paulette Godard fez o papel de Lucrécia em “O Veneno dos Bórgias”. A sua vida deu origem a numerosas obras teatrais e cinematográficas e, até, a histórias em Banda Desenhada, em que aparece sempre como o símbolo da mulher devassa.

LÚDICO – Aquilo que se faz, apenas, por prazer, por divertimento, por gosto, sem qualquer outra preocupação que não seja a de gozar aquilo que se faz. Do ponto de vista erótico, é a tendência, que surge, na infância ou na adolescência, sob a forma de jogo ou de divertimento, sem qualquer outro propósito mais profundo. Por exemplo, a masturbação é um divertimento lúdico com o próprio corpo.    

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