03/03/2012

O EROTISMO A NU - De "FIXAÇÃO" a "HERMAFRODITA"

FIXAÇÃO – Fenómeno com características muito parecidas com as do fetichismo, pode concretizar-se numa adoração obsessiva por um objecto de cariz sexual, ou por uma determinada parte do corpo da pessoa amada. Assim, há quem tenha uma fixação absoluta por uma peça de vestuário, ou, mais frequentemente, por mamas, ou nádegas, observadas e apreciadas como as partes do corpo mais capazes de excitarem sexualmente o observador.

FODER – Palavra considerada muito feia, mesmo obscena, até há algum tempo, mas que, na actualidade, se vulgarizou e é utilizada com frequência e à-vontade, tanto na linguagem escrita como na oral. Foi um termo banido, durante muitos anos, dos dicionários normais, mas passou a ser frequente encontrá-lo em romances, artigos de imprensa ou legendas de filmes. Toda a gente sabe, como sempre soube, o seu significado: fornicar, copular, ter relações sexuais.

FORNICAR – Termo mais facilmente aceite, tanto que os próprios puritanos o citam, quando acusam as outras pessoas de se dedicarem, com demasiado interesse e frequência, aos prazeres do sexo. Claro que tais acusações acabam por ter um efeito oposto ao pretendido: quanto mais se critica o excesso de fornicação, mais os fornicadores fornicam...

FREUD – Sigmund Freud (1856-1939) foi o fundador da Psicanálise. Nasceu em Freiberg, Morávia. Em 1893, publicou, com Breuer, “Mecanismos Psíquicos dos Fenómenos Histéricos”. Em 1900, publicou “A Ciência dos Sonhos”. Em 1901, “Psicopatologia da Vida Quotidiana”. E, em 1905, os famosos “Três Ensaios sobre a Teoria da Sexualidade”. A sua primeira revista sobre Psicanálise saiu em 1908. Entre 1916 e 1918 foi professor na Universidade de Viena. Em 1922 fundou, nessa cidade, a primeira grande clínica psicanalítica. Seguiram-se anos de estudo e de lançamento de teorias, algumas bastante polémicas, sobre histeria, traumas, hipnotismo, sonhos, o "complexo de Édipo", o "complexo de castração", o "super-ego" e outros temas que fizeram dele a figura mais controversa da sua época. O famoso divã onde fazia deitar os seus pacientes, para que “confessassem” os seus problemas mais íntimos, tornou-se uma imagem do seu modo de actuar, depois bastante contestado, mas que veio dar um contributo precioso para a análise da alma humana, das suas contradições, dos desejos e tendências ocultas, e para a interpretação de muitos aspectos, até então obscuros, da personalidade de cada um, particularmente nos aspectos ligados à sexualidade. Foi muito combatido pela Igreja católica, em parte pelas reservas sobre o tipo de “confissões” obtidas no divã.

FRIGIDEZ – Inércia das funções genitais, na mulher, ou impotência, no homem, levando à impossibilidade de atingir o orgasmo. A mulher pode sentir, durante o coito, uma dor que a impede de sentir prazer. Essa dor pode ter várias causas, como, por exemplo, a diferença demasiado sensível entre os órgãos dos parceiros; a mulher reage então como se fosse frígida, sem necessariamente o ser. A brutalidade de um primeiro contacto também pode provocar uma anestesia genital duradoura. Porém, quase sempre, trata-se de uma série de processos psíquicos muito complexos, classificados cientificamente sob o título geral de “Dispareunia”, e que podem ter várias "nuances" e várias explicações, algumas de origem física, outras de carácter psicológico, que podem ir desde a sublimação do amor espiritual em contraste com o amor físico, até ao “terror do órgão masculino”, ao “terror da gravidez” e outros factores igualmente inesperados. Para um homem, copular com uma mulher frígida é como fazer amor com um tijolo.

FRUSTRAÇÃO – Estado que se segue à tensão sexual e que, se esta não conduzir ao orgasmo, provoca, segundo Freud, uma sensação de angústia. Na verdade, se os preliminares faziam prever uma agradável finalização, mas esta não se concretiza, o sentimento prevalecente é de falhanço. Existe a teoria de que a agressividade será uma reacção à frustração, pelo que a psicanálise poderá concluir que os povos em que o amor maternal é mais reservado ou mais fraco têm tendência a ser povos de guerreiros. A "frustração da ternura maternal" seria, então, a verdadeira origem dos “grandes heróis”.  


G

GAY – Designação, relativamente moderna, para homossexual, isto é, aquele que tem tendência para gostar de pessoas do mesmo sexo. As designações antigas mais aplicadas eram pederasta, ou invertido, que vão caindo em desuso, havendo ainda muitas outras, populares e mais ofensivas, como “paneleiro”, ”rabicho”, "maricas", etc. Chama-se gay tanto a um homossexual masculino como a um feminino, mas é mais usual aplicá-lo no primeiro caso, já que, para o caso das mulheres, há termos alternativos, como lésbica – isto apesar  da forte contestação dos habitantes da ilha grega de Lesbos, que reivindicam para si o exclusivo da designação, separando-a do seu contexto sexual (não devem ter grande êxito na sua reivindicação, tão difundido está, universalmente, o sentido da palavra).
É curiosa a origem da palavra gay, que, em Inglês, se traduz por “alegre”, “divertido”, “jovial”, mas também “enfeitado”, “adornado” – e, em tempos anteriores, e em linguagem popular, também significava “bêbado”.    

GENITAL – Órgão ou parte da corpo que serve para gerar. Genitais são, portanto, “partes genitais” ou “órgãos genitais”. Também são conhecidos, entre pessoas mais pudicas, sob o nome de “partes vergonhosas”, ou “partes pudendas”. Seja qual for o nome que se lhes dá, são as zonas do corpo humano mais desejadas e sobre as quais os jovens (e os menos jovens...) têm maior curiosidade.        

GERONTOLOGIA – Estudo acerca dos velhos e da velhice. Sabendo-se que a actividade sexual vai diminuindo com a idade, tem interesse estudar-se até quando essa actividade pode ser mantida com alguma intensidade, já que, em muitos casos, o desejo sexual se mantém, embora cada vez mais difícil de satisfazer, a não ser com a ajuda de meios auxiliares, entre os quais os meios químicos (p.ex. Viagra) ou mecânicos (implantes e outros).

GIGOLÔ – Homem que se considera muito esperto por viver à custa das mulheres, particularmente através do domínio que sobre elas exerce, fazendo com que elas se prostituam. Esse domínio nem sempre é de tipo sexual, isto é, o gigolô pode ou não praticar sexo com as mulheres que o sustentam, podendo limitar-se a extorquir-lhes o dinheiro que elas obtêm dos favores prestados a outros. Nomes alternativos para a espécie: chulo (em Português), souteneur (em Francês), pimp (em Inglês), caften (no Brasil), etc.

GINECOFOBIA – Receio mórbido do sexo feminino. Aversão às mulheres. Atenção, o ginecófobo não é, obrigatoriamente, homossexual; pode, simplesmente, detestar mulheres, sem que isso signifique que gosta de homens.

GODEMICHÉ – Também chamado olisbos, nome grego que designa um falo artificial. Trata-se de um artefacto, feito de qualquer material, que possa servir como substituto de um pénis, assumindo as formas mais variadas. Já Aristófanes faz referência ao godemiché em “Lysistrata”, o que comprova como a sua utilização vem de tempos muito antigos. Num catálogo belga de “Artigos Especiais em Borracha” apresentam-se três tamanhos, respectivamente com os comprimentos e diâmetros de 160/40, 140/35 e 120/30 mm.  Também conhecido por "consolo de viúva", evoluiu bastante nos últimos tempos, passando a incluir um sistema de pilhas que o transforma num vibrador, apresentando-se sob várias formas, tamanhos e cores, havendo alguns com capacidade para ejacular líquidos e espalhar odores.

GONORREIA – Doença venérea, muito comum durante gerações, presentemente em regressão, devido aos hábitos, mais generalizados, relacionados com a higiene, e aos cuidados, agora mais intensos, com a sua prevenção. Popularmente conhecida sob o nome de esquentamento, consiste num corrimento, bastante incómodo e doloroso, devido a uma infecção. A sua transmissão tornou-se habitual e dramática, através das relações com prostitutas que não mantenham hábitos de higiene mínimos.

GRANDES LÁBIOS – Pregas de tecido cutâneo que constituem a parte superficial e exterior da vulva. Protegem o clítoris e a vagina.

GRAVIDEZ – Estado da mulher prenhe, que começa na fecundação e termina no parto. A gravidez provoca na mulher uma grande reacção física e psíquica, podendo reactivar nela as experiências libidinosas da infância. Manteve-se, durante muito tempo, o mito de que as mulheres grávidas não deviam ter qualquer actividade sexual, mas esse conceito está hoje totalmente ultrapassado, e as grávidas sabem que podem fazer amor, sem grandes problemas e, praticamente, sem restrições, até ao fim da gravidez, apenas com algumas precauções quanto às posições adoptadas. Em muitos casos, o desejo sexual até aumenta bastante nessa fase. A gravidez tem um grande papel na explicação, às crianças, dos fenómenos sexuais, perante a pergunta habitual: “De onde vêm os bebés?”. As explicações tornam-se mais fáceis e evidentes.

GRITOS – Durante o coito, algumas pessoas ficam tão excitadas que não conseguem evitar a manifestação do gozo que sentem, através de suspiros, de gemidos ou de gritos bem sonoros. Põe-se aqui um problema. Há pessoas que se excitam com os gritos de prazer do parceiro ou parceira, os quais aumentam o seu próprio gozo; mas há quem, pelo contrário, não aprecie essas manifestações e chegue a perder a vontade de continuar, transformando-se assim o acto numa frustração para ambos. Por uma questão de pudor, de vergonha, de receio de incomodar os vizinhos, há quem prefira que tudo se passe em silêncio. Só que, para quem vibra com a excitação, nem sempre é possível abafar um grito pelo qual se manifesta o prazer sentido. A conciliação entre as duas atitudes opostas, num casal, não é fácil de conseguir. Por vezes, só uma almofada aplicada na altura crucial consegue abafar uma manifestação que uns consideram incómoda, ao passo que outros a consideram altamente erótica.

GUEISHA – Uma instituição tipicamente japonesa, que representa um compromisso entre a cortesã e a "acompanhante". Cortesã é um nome delicado para uma prostituta, ao passo que "acompanhante" (aquilo que os Americanos chamam "escort") é uma jovem bonita e atraente, contratado para sair com quem lhe paga, para ser exibida perante outras pessoas, conviver e partilhar uma boa refeição, e, eventualmente, acabar por passar a noite na cama de quem alugou os seus serviços. Uma gueisha é uma mistura de tudo isto; por vezes, limita-se a servir o chá segundo o ritual japonês; deve ser relativamente culta, saber conversar, ser boa companhia – e, por vezes, ficará por aí. Enfim, uma variante oriental de uma actividade que se pratica em todo o mundo.

GUESQUEL – Instrumento de erotismo que era usado pelos índios patagónios para fazerem gozar as suas mulheres. Era constituído por uma pequena coroa de tufos de crina de mula, cuidadosamente montados num cordel fino e colorido. O homem atava este cordel por detrás da glande e, durante o coito, introduzia o instrumento, com as escovas para diante, na vagina da mulher. O efeito era tão violento que a mulher sentia um prazer extremo, que a levava a um orgasmo extraordinariamente forte. Entre os índios, um bom guesquel chegava a valer três a seis cavalos, conforme o cuidado com que era montado, a abundância de escovas e a cores que o enfeitavam. Alguns incluíam pequenos sacos com conchinhas, que titilavam entre os testículos durante o coito, o que estimulava o homem. Como se verifica por este exemplo, os modernos preservativos especiais, com feitios e acessórios sofisticados, não fazem mais do que imitar o que já foi inventado há muito tempo, com a intenção de aumentar o prazer durante o acto sexual.


H

HARÉM – Divisão ocupada pelas mulheres, entre os muçulmanos. Confunde-se por vezes o harém com o serralho. Este é o palácio do sultão, enquanto o harém é a parte reservada às esposas e às concubinas. Os contos das “Mil e Uma Noites” e o cinema divulgaram uma imagem do harém que corresponde ao sonho de qualquer homem, desejoso de ter à sua disposição um lote numeroso de belas mulheres, prontas a satisfazer os seus desejos eróticos. Um muçulmano pode ter quatro esposas legítimas e, se for suficientemente rico, uma quantidade incontável de concubinas. O harém é o gineceu onde vivem todas estas mulheres, vigiando-se mutuamente e esperando a visita do seu senhor. Segundo certas histórias que contêm mais fantasia que realidade, elas entregam-se frequentemente, para passar o tempo, aos prazeres de Sapho – nada mais natural, uma vez que o seu senhor, perante uma tão grande fartura, deixará, decerto, passar muito tempo entre as suas visitas amorosas.    

HERMAFRODITA – Indivíduo que reúne as características dos dois sexos. Por vezes, embora raramente, os hermafroditas poderão mesmo possuir, simultaneamente, ovários e testículos. Trata-se, portanto, de um indivíduo bissexual, que enfrenta a confusão entre a condição ambígua do seu corpo e o sexo que lhe foi atribuído legalmente, o que só se resolve, por vezes, cirurgicamente, com a opção por um dos sexos – solução sempre difícil de concretizar, além de dificilmente aceite pela sociedade.

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