08/10/2012

E SE O 25 DE ABRIL TIVESSE FALHADO? (1)


Começo hoje a publicar um texto que me veio parar às mãos, em circunstâncias que não posso revelar, devido ao melindre da situação em que ficaria o seu Autor (que tem toda a conveniência em manter o anonimato, por razões que compreendarão, lendo o polémico texto que ele escreveu, e que reproduzirei na íntegra). Essas razões são mais ou menos abordadas, logo no prólogo. Não acrescentei nem tirei uma vírgula ao seu trabalho, e quero com isto dizer que as opiniões e os conceitos apresentados nesta obra são da exclusiva responsabilidade do seu anónimo Autor - e podem ou não coincidir com as minhas próprias opiniões. Leiam e tirem as vossas conclusões. Uma coisa é certa: as ideias apresentadas pelo alegado "Patriota Anónimo" são muito originais e merecem toda a atenção de todos os outros Patriotas - anónimos ou não.

ANTÓNIO GOMES DALMEIDA


E se o 25 de Abril

tivesse falhado?




PRÓLOGO (OBRIGATÓRIO!)
  
Ó MEUS CAROS LEITORES, eu sei muito bem que ninguém Prólogos, oiu Prefácios, que são normalmente chatos e sem qualquer interesse. Costuma até dizer-se, por graça, que um Prólogo é uma coisa que se escreve no fim do livro, se coloca no princípio – e que ninguém lê, nem no princípio nem no fim... Mas, olhem lá, este Prólogo é mesmo importante – e, se Vocês não o lerem, não vão perceber nada da história. Portanto, moderem a vossa impaciência! Contenham o desejo natural de mergulharem imediatamente na suculenta prosa que se segue, e que tive o esforçado trabalho de elaborar – e leiam-no mesmo. São só dois minutos, vão ver que não custa nada...

Mandam as regras da boa educação, que muito prezo e sempre observo em todos os actos da minha vida (a qual, posso afirmá-lo, tem sido sempre muitíssimo séria e absolutamente impoluta), que comece por me apresentar.

Todavia, ao contrário do que seria talvez normal, não vos direi o meu nome... Nem nome, nem apelido, nem a minha morada actual. Não, não os direi... Por razões de modéstia – mas, também, confesso, por precaução!

Por um lado, aflige-me uma suspeita: a de que me possam atribuir o propósito (completamente infundado!) de pretender retirar, desta minha obra, algum proveito pessoal, ou imerecidas benesses materiais. As minhas intenções são meramente patrióticas e, também, culturais, como poderão verificar depois de lerem este meu trabalho, destinado a repor aquilo que, pelo menos na minha imaginação, é a verdade histórica sobre alguns acontecimentos que estiveram para se dar, e outros que realmente se deram, na nossa Bem Amada Pátria...

Outra razão para a minha não identificação baseia-se – tenho de o reconhecer, ainda que me custe – no receio de que alguns malandros que, infelizmente, ainda se encontram por aí, no nosso Querido País, conspirando clandestinamente contra a ordem estabelecida, me apanhem nalguma rua escura e (permitam-me a expressão um pouco rude) me dêem cabo do canastro...

É certo que o local, bastante discreto e reservado, onde me encontro actualmente, e onde escrevo este relato, me protege dos inconvenientes de uma exposição pública mais evidente... Também não vos revelarei onde fica esse local – sempre pelas mesmas razões combinadas, de modéstia natural e de precaução existencial. Lá para o fim da obra, talvez descubram…

Para ficarem a saber, ainda assim, algo a meu respeito, basta que vos diga que me considero – e que sou mesmo, sempre fui! – um Patriota e um adepto apaixonado do bendito e nunca por demais louvado regime que Sua Excelência o Senhor Professor Doutor António de Oliveira Salazar bondosamente instalou neste nosso lindo país, regime esse tão louvado por taxistas e donas-de-casa de meia idade, e que, felizmente, e apenas com ligeiras e naturais actualizações, se mantém até hoje, mesmo decorridos tantos anos sobre o infausto desaparecimento do seu mentor, e após tantos eventos infelizes, através dos quais as forças do Mal tentaram destruí-lo – o que nunca conseguiram, graças à Divina Providência, à Senhora de Fátima, e, principalmente, à benemérita PIDE, entre as Altas Entidades que continuam a proteger-nos!

Vários factores, como a minha provecta idade, a minha razoável memória e a minha comprovada rijeza – tudo isto mantido à custa de uma boa dieta, física e mental, com rejeição vigorosa, tanto dessas odiosas comidas que são as repelentes pizzas e os horrorosos hamburgers, como das ideias subversivas, vindas lá dessas terras a que o nosso Bom Povo chama candidamente o Estrangeiro-de-Fora – permitem-me recordar, deste longo período histórico, que se inicia entre a segunda e a terceira década do século Vinte, toda a evolução dos acontecimentos e dos factos políticos, sociais e outros, a que assisti, até à actualidade.

Informo, porém, desde já, que vou fixar particularmente a minha atenção, bem como a dos meus amáveis Leitores, numa fase crucial da nossa História e num acontecimento marcante da vida deste País, acontecimento esse que, por pouco, ia transformando a nossa maneira de estar no Mundo, abalando profundamente a tradição de tranquilidade e paz iniciada pelo saudoso Senhor Professor Doutor Oliveira Salazar. Refiro-me à frustrada Revolução do 25 de Abril, que ameaçou subverter os sagrados princípios do Salazarismo e virar o país de pernas para o ar. Ainda bem que isso não aconteceu, dado que essa Revolução, felizmente, falhou! Mas lá que foi um episódio muito perigoso e assustador, isso foi!
  
Vou, portanto, recordar, para as gerações mais novas, os acontecimentos a que assisti, nesses dias que poderiam ter sido fatais – especialmente nos dias 24 e 25 de Abril de 1974, mas, também, para melhor compreensão, nos tempos imediatamente antes e imediatamente depois, relacionados com essas datas.

Isto para quê? Para que todos possamos reflectir nos perigos que então nos ameaçaram e que poderiam ter transformado completamente as nossas vidas, caso essa malfadada Revolução tivesse vingado! 

A Bem da Nação.
                                                                        Um Patriota Anónimo

(CONTINUA, EM PUBLICAÇÕES REGULARES,
ÀS SEGUNDAS E QUINTAS-FEIRAS)

Sem comentários:

Enviar um comentário